Annabel se jogava contra a porta, grossa de metal, havia horas e nada dela abrir. O ombro estava bastante inchado e latejava. O desespero só aumentava a cada minuto naquele maldito quarto. Ela se lembrava de poucas coisas antes de ser sequestrada e trancafiada naquele mausoléu. Seus filhos indo para escola. Ela terminando de lavar a louça. Entrando em um dos carros que sobrou do falecido marido, um volvo, o outro ficou destruído por causa do acidente. Olhando no retrovisor interno e vendo um homem de cabelos pretos e olhos amarelos sentado no banco de trás. Annabel tentou gritar, mas apagou depois disso. E acordou deitada em uma cama de solteiro nesse maldito lugar.
- Alguém me tira daqui. – As lágrimas desciam descontroladamente pelo rosto da mulher. – Por favor... – Ela caiu de joelhos no chão frio.
Annabel nunca sentiu tanta falta de Otto na vida como naquele momento. Ela nunca tinha ficando tanto tempo sozinha para se lembrar da falta que o marido fazia. Otto a salvava dos problemas e situações extremamente normais até os mais anormais possíveis. Não precisavam lutar com seres sobrenaturais, só apenas com pessoas normais e chatas. Sentia falta dele a consolando. Queria muito que ele ligasse desesperado a procurando. Queria muito que ela aparecesse do nada e a salvassem daquela prisão. E na manhã seguinte acordar com ele ao lado. Tomar café da manhã com os seus filhos e fazer planos de uma vida perfeita para os dois. O choro aumentou assim como a saudade e a dificuldade de respirar.
Enquanto as cinco garotas estavam sentadas no sofá espaçoso da sala principal do casarão, no primeiro andar, HunterTown e Eudorick estavam na sala de reuniões, no segundo piso.
- O que você quer? – Kriss sentou-se em uma poltrona e uma xícara de chá apareceu em sua mão esquerda, chá mate de limão. Eudorick conseguia adivinhar.
- Conversar. – A voz saiu falha.
- O sobre que? – Kriss ergueu os olhos da xícara para o gato sentado no sofá a sua frente. – Sobre bruxas impostoras para o nosso círculo. Não, obrigada. – Bebericou o chá.
- Kriss, a gente não pode continuar nessa situação, você viu o que elas são capazes de fazer e...– Hunter o interrompeu.
- Eu não vi nada. Apenas vi uma garotinha me pegar desprevenida e me derrubar com um sopro e não fala mais nada sobre isso. – Ela se levantou e a xícara sumiu. – Agora, mande-as embora. – Quando estava preste a sair, Eudorick soltou.
- Lucian Veythan voltou! – Kriss virou lentamente para o gato e o encarou. Ela estava pálida e com os olhos arregalados.
- O que você disse? – O gato suspirou e prosseguiu com a conversar.
- Lucian voltou e não foi para uma simples conversa causal. Ele quer comandar Aliança, e principalmente agora, que estamos sem sucessora. Ele quer quebrar as barreiras para seres demoníacos entra nas terras de Aliança. – Aquilo fez o corpo de HunterTown estremecer.
- Quando você viu ele? – Perguntou com os olhos fechados.
- Ontem. Antes da chegada das meninas. – Eudo saiu de cima do sofá. – Tenho que as mandar embora. Se Lucian as pegarem... – Foi interrompido de novo.
- Vamos treina-las. – Ela tinha uma certa confiança no que tinha acabado de falar.
- Mas... – O cortou novamente.
- Mas nada. – Aquilo era pessoal. - Se Lucian acha que Aliança não tem sucessoras, ele está enganado. – Kriss se dirigia a porta, quando parou e disse: - Você não vem comigo?
- Temos que avisar as Ordens Supremas sobre a volta de Lucian. – O gato olhava fixo para as costa da mulher.
- As Ordens Supremas estão nesse casarão e não quero ter que lidar com Merlin de novo. Não quero ser chamada de incompetente. – Kriss abriu a porta e se virou para Eudorick ainda com os olhos fixados nela. – Vamos conhecer melhor os poderes de nossas pupilas? – O gato apenas assentiu e a seguiu.