29 de agosto 2015.
Eu deixei a minha prancha encostada no lado de fora da casa, antes de me secar um pouco e entrar pela porta da cozinha. Camila estava por lá, encostada no balcão, tomando uma xícara de chá, enquanto lia um jornal qualquer.
―Ei... bom dia. – Eu disse simples, enquanto me aproximava dela para deixar um beijo em sua testa.
—Buenos días, mi amor... – Ela falou com um sorriso. – Acordou cedo, quando levantei você já tinha saído da cama. – Ela comentou, enquanto eu pegava um copo de suco para mim.
―Fui surfar um pouco, tinha combinado com o Troy ontem. – Eu expliquei simples, me sentando ao lado dela.
—Senti sua falta na cama. – Ela murmurou com um bico e eu soltei uma risada.
―Prometo que amanhã eu fico na cama até a hora que você quiser, amor. – Eu disse beijando seus lábios.
—Gosto dessa ideia. – Ela rebateu piscando em minha direção e eu ri.
—Troy comentou comigo, mais cedo, que vão chegar mais hóspedes hoje, está sabendo de alguma coisa? – Eu perguntei naturalmente.
―A Ally também comentou comigo, mas eu não tive tempo de checar ontem... Esse negócio de colocar internet aqui está me deixando de cabelos em pé. – Ela disse com um suspiro.
—Eu sei, mas é um ponto importante, Camz... Pode atrair mais hóspedes e eu vou falar com a empresa da instalação hoje, vou pressionar um pouco eles para terminarem logo, pode ficar tranquila. – Eu afirmei acariciando levemente sua coxa.
―Ok, obrigada. – Ela falou com um sorriso simples.
—Vou ir tomar um banho para tirar a água salgada antes de ir para o hotel, quer ir comigo? – Eu perguntei beijando seus lábios.
―Não sei... – Ela se fez charme e eu sorri.
—Não sabe mesmo? – Eu perguntei deslizando minha mão por entre suas coxas.
―Hum... – Ela murmurou mordendo os lábios.
—Acho que isso é um sim. – Eu disse antes de pegá-la no colo, arrancando, de sua garganta, mais uma de suas risadas gostosas.
Nós tomamos um banho demorado, vestimos nossas roupas e logo depois seguimos até o hotel. Eu estava conversando distraidamente com a Camila, sobre uma reforma que estávamos pensando em fazer na área externa do hotel, quando parei de repente na recepção. Dinah estava parada no balcão gesticulando com três mulheres, que mesmo de costas, pareciam muito conhecidas para mim. Não era possível...
―Gente? – Eu perguntei me aproximando e as três se viraram no mesmo momento.
—Laur! – Mani praticamente gritou antes de correr para me abraçar junto com a Lucy e a Verônica. Se eu estava surpresa? Para caralho!
―Eu não acredito que vocês estão mesmo aqui! Caramba! Eu estava morrendo de saudades! – Eu falei quase explodindo de felicidade, enquanto apertava nosso abraço.
—Pensou que fosse se livrar fácil assim de nós, Jauregay? – Vero comentou com um olhar esperto e eu ri.
―Talvez... – Eu brinquei. – O que vocês estão fazendo aqui? – Eu perguntei ainda surpresa.
―Estávamos precisando de férias também e bom, como estávamos de saudades de você, viemos para cá, mas só vamos ficar por alguns dias mesmo. – Lucy explicou com um sorriso.
—Mesmo? Vero também conseguiu tirar férias da empresa? Meus pais devem estar um humor realmente bom para deixarem. – Eu comentei estranhando a situação.
―É... eles estão ocupados com a inauguração de uma nova filial em Seattle... – Vero disse dando de ombros e eu assenti. Não sei por que, mas aquilo não me desceu...
—Bom, fico feliz que vocês tenham vindo então... vocês vão adorar esse lugar. – Eu falei animada e elas voltaram a me abraçar. Como eu senti falta dessas garotas. – Ah, Camila e Mani já se conhecem, mas de qualquer maneira, garotas, essas são a Camila e a Dinah... Dinah e Camila, essas são minhas melhores amigas, Normani, Lucy e Verônica. – Eu as apresentei rapidamente e elas trocaram sorrisos e cumprimentos entre si.
―Lo, leva elas para a sala, acho que vocês tem muita coisa para conversar... Eu vou levar as malas delas, junto com a DJ, para os quartos e depois vou it resolver outras coisas... Nos vemos depois? – Camila sugeriu e eu concordei, deixando um beijo em seus lábios.
Eu me virei para as garotas, que me olhavam atentamente, e as levei até a sala do hotel, me sentando em um dos sofás, enquanto elas se acomodavam em outro maior. Eu ainda sorria me adaptando com a ideia que elas estavam aqui.
—Vocês poderiam ter me avisado, iria buscar vocês no aeroporto. – Eu comentei calma.
―Poderíamos mesmo, eu me arrependi por não ter ligado quando tive que andar nessa praia, debaixo desse sol infernal, arrastando as malas. – Verônica reclamou e eu ri lembrado de quando passei por isso.
—Nem andamos tanto assim, Vê... – Lucy argumentou revirando os olhos.
―É fácil você falar, eu carreguei as minhas malas e a de vocês duas, donzelas. – Vero rebateu sarcástica.
—Olha, você não morreu por isso... É um ótimo sinal... Mas enfim, nós queríamos te fazer uma surpresa, Laur. – Mani falou naturalmente e eu sorri.
―E vocês conseguiram. – Eu disse soltando uma risada. – E se te alivia, Vero, o hotel vai comprar alguns carrinhos elétricos para transportar as malas, em breve. – Eu adicionei simples e ela me encarou curiosa.
―Mas me conta, Laur, como andam as coisas por aqui? Você parece tão feliz. – Lucy perguntou interessada e eu sorri.
—Eu estou mais feliz do que podia imaginar e as coisas estão ótimas... Eu estou morando com a Camz, na casa que ela tem aqui atrás do hotel, tenho um ateliê para mim lá e consigo resolver as coisas da empresa pela internet, além de ajudá-la aqui no hotel. – Eu disse naturalmente.
―Own, meu baby urso polar fica tão bonitinho apaixonada. – Mani comentou brincando e eu ri.
—Esse de longe foi um dos piores apelidos que você me deu, Mani. – Eu rebati e ela me olhou como se não ligasse a mínima para isso.
―Ela parece ser uma boa pessoa, pelo menos pelo olhar. – Lucy analisou se referindo a Camila.
—Vou te dizer pelo o que a Lauren se apaixonou... Pela a bunda. – Vero argumentou com seu jeito indelicado de sempre e eu cerrei os olhos.
―Ela é uma ótima pessoa, me transformou para melhor, de verdade, eu me apaixonei de uma forma pura, sabe? - Eu disse com um olhar brilhante. – E a bunda dela também é maravilhosa. – Eu adicionei com uma voz baixa, arrancando algumas risadas.
Nós continuamos a conversar por um longo tempo, mas eu as deixei irem para o quarto, elas deveriam estar cansadas da viagem e um banho, junto com alguns minutos de sono seriam rejuvenescedores para elas.
Quando eu entrei novamente pelo hall do hotel, Camila já falava impaciente com um dos técnicos responsáveis pela instalação da internet. Ela era extremamente paciente, mas tudo tinha seu limite e eu me aproximei dela para resolver a situação. Foram apenas meia dúzias de ameaças ao melhor estilo Jauregui e o problema estava resolvido. Nessas horas isso era uma vantagem. Tudo estava instalado da melhor maneira possível e a Camila parecia bem mais calma.
—Finalmente isso ficou pronto. – Ela comentou respirando fundo.
―Está tudo resolvido, já pode relaxar agora. – Eu disse calma, massageando suavemente seus ombros.
—Por falar em relaxar... Estava pensando em convidar suas amigas para jantarem lá em casa hoje, posso chamar a Dinah, Troy e a Ally também. – Ela sugeriu se virando em meus braços.
―Mesmo? Algum motivo especial para isso? – Eu perguntei surpresa com a ideia, deslizando minhas mãos pela sua cintura.
—Não, mas elas são suas amigas, achei que seria bom fazer alguma coisa para vocês. – Ela disse naturalmente e eu sorri.
―Bom, acho isso uma ótima ideia. – Eu afirmei beijando rapidamente seus lábios.
—Como foi a conversa com elas? – Ela perguntou calma, deixando suas mãos sobre meus ombros.
―Tranquila, mas estou notando a Vero um pouco tensa. – Eu disse pensativa.
—Vai ver ela estava cansada da viagem. – Ela argumentou coerente e eu maneei a cabeça.
―Talvez... – Eu falei soltando um suspiro. – Enfim, eu vou ir ver se o Troy precisa de ajuda para limpar o barco e quando as garotas aparecerem por aqui, eu falo com elas sobre o jantar. – Eu informei tranquila.
—Ok, eu também já vou avisar a Dinah e a Ally, depois vou lá para casa arrumar algumas coisas. – Ela assentiu, deixando um beijo calmo em meus lábios e eu sorri, a puxando mais para perto aprofundando nosso beijo.
Nós só nos separamos porque escutamos alguém pigarrear por perto. A avó da Camila tinha um sorriso esperto no rosto, nos olhando atentamente e a Camila me deu mais um beijo, antes de se afastar, enquanto eu sorri na direção da senhora perguntando se ela topava uma partida de xadrez.
Depois de algumas partidas, tendo que escutar as brincadeiras da avó da Camila dizendo que eu parecia um pequeno coelho apaixonado, eu fui até o Troy o ajudar a terminar de limpar o barco do hotel.
Já de noite, depois de ter avisado as garotas sobre o jantar, evento que elas aceitaram na mesma hora, eu já estava arrumada, e enquanto a Camila terminava algumas coisas do jantar, eu fui até o hotel buscar as garotas.
—Nossa carona chegou! – Mani disse animada se levantando do sofá do hotel e eu as encarei sorridente.
―Hum... gente, é só um jantar entre amigos, não precisava de tudo isso. – Eu comentei observando as três muito bem vestidas e maquiadas.
—Ué, estamos normais, eu que não te reconheço mais, nem sabia que você usava short. – Lucy argumentou naturalmente, analisando meu short simples com uma blusa qualquer.
―Bom, acho que essa ilha fez bem para o meu guarda-roupa, usar aquelas camisas sócias todos dias era loucura. – Eu disse dando de ombros. – Enfim, vamos indo, Camz já está terminando o jantar. – Eu avisei com um leve sorriso e elas me seguiram também com sorrisos nos rostos.
No breve caminho entre o hotel e a casa, eu fui comentando algumas coisas sobre a ilha e os passeios que elas poderiam aproveitar por aqui. Lucy e Mani pareciam bem animadas, mas a Vero estava mais quieta que o normal e isso me preocupava. Algo me dizia que ela estava me escondendo alguma coisa, mas eu iria falar com ela essa noite, mesmo que ela tentasse se esquivar do assunto.
—Holá... que bom que chegaram, eu e Ally acabamos de terminar a paella. – Camila avisou sorridente assim que entramos na casa.
Antes de seguirmos para a mesa do jantar, eu apresentei rapidamente Ally e Troy às garotas, e em seguida me acomodei em uma das cadeiras ao lado da Camila.
―Meu Deus, isso é muito bom! – Mani comentou depois que deu a primeira garfada na comida.
—Fico feliz que tenha gostado. – Camila disse sorridente.
―Isso... é... um pouco apimentado. – Vero murmurou com a cara vermelha e eu soltei uma risada.
—Você se acostuma. – Eu disse ainda rindo.
―Vero é exagerada, está ótimo, Mila... – Lucy falou depois de dar um breve beijo no rosto da Vero. – Eu adorei a casa, é linda. – Ela adicionou percorrendo seu olhar pela sala.
—Obrigada... E eu ainda estou terminando algumas coisas com a Lo, mas está praticamente tudo pronto. – Camila afirmou com um sorriso.
—Eu ainda quero a minha claraboia. – Eu comentei tomando um gole de suco.
—Você quer é quebrar duas costelas quando cair lá de cima, isso sim. – Dinah comentou no seu tom sarcástico, arrancando risadas.
―Eu não vou cair, ok? Troy vai me ajudar... será simples, já fiz os cálculos na minha cabeça. – Eu tentei me defender.
—Você lembra que reprovou três vezes matemática no colégio né? – Mani falou franzindo a testa.
―Isso é detalhe! – Eu rebati naturalmente, enquanto observava Camila negar com a cabeça enquanto ria. – Enfim, tirando a claraboia, o meu ateliê já está pronto, vou mostrá-lo a vocês depois do jantar.
―Finalmente você decidiu compartilhas seus desenhos de mulheres nuas com a nação, Jauregay. – Vero ironizou animada.
—Verônica! – Lucy a chamou a atenção.
―Eu tenho ótimos desenhos da sua irmã mais nova, eu ainda me lembro dela. – Eu devolvi a provocação.
—Lauren! – Foi a vez de a Camila me chamar a atenção.
―É... A Lauren fez umas pinturas muito bonitas das paisagens da ilha, nós levamos até algumas para pendurarmos na nossa casa. – Ally se intrometeu tentando suavizar o clima.
—Eu adorava quando você desenhava nos cadernos do colégio, se lembra quando você fez uma caricatura da professora de matemática? Ficou tão engraçado! Acho que foi por isso que você repetiu tantas vezes. – Mani analisou no seu tom animado.
―Eu me lembro, ela ficou uma fera quando viu o desenho, eu fiquei dois dias suspensa. – Eu falei soltando uma risada. – Era uma boa época. – Eu adicionei ainda sorrindo.
Nós continuamos a conversar, enquanto jantávamos, e até agora, todos pareciam se dar muito bem... quer dizer, Dinah estava sabendo lidar com seu lado rabugento, mesmo ficando mais calada na maior parte do tempo, Lucy estava em uma conversa animada com a Camila e a Ally, enquanto Mani estava muito distraída comendo sem parar.
Quando já estávamos na sala, dando continuidade à conversas, eu puxei a Vero para o quintal da casa, que mesmo resmungando me acompanhou.
―Ok, eu conheço o seu lado vadia, mas você está mais idiota comigo do que o normal desde a hora que chegou... quer me dizer o que está acontecendo? – Eu perguntei direta a encarando seriamente.
—Você está vendo coisas... – Ela tentou dissimular e eu soltei uma risada sem humor.
―Qual é Verônica, eu te conheço. – Eu disse firme e ela ficou em silêncio por alguns segundos, alternando seu olhar entre mim e o jardim.
—Você a ama de verdade? Tem certeza que não é uma coisa passageira, uma paixão de verão? – Ela perguntou séria.
―Eu tenho certeza, Vero... Eu a amo com todo o meu coração. – Eu disse convicta e ela suspirou.
—Bom, agora eu tenho certeza que essa viagem não foi como o planejado. – Ela murmurou colocando as mãos no bolso da calça.
―Planejado? – Eu perguntei franzindo a testa e ela desviou o olhar... Oh, eu conhecia esse olhar, ela fazia isso quando estava fugindo de algum assunto. – Espera... Você não veio para cá na esperança que eu desistisse e voltasse com você para NY, não é? – Eu insisti séria.
—Bem... – Ela começou a falar coçando a cabeça e eu neguei coma cabeça.
―Eu sabia que tinha alguma coisa nisso tudo, já deveria ter desconfiado... Aliás, foram meus pais que te mandaram aqui, não foi? – Eu perguntei num tom irritadiço.
—Não! Não foram eles... Na verdade, eles meio que não sabem ainda de todo esse rolo... –Ela comentou sem jeito.
―Como não sabem? – Eu perguntei franzindo a testa.
—Eu falei para eles que você queria ficar mais um mês por aqui para fechar um negócio para empresa, eles não ficaram muito satisfeitos, mas aceitaram e bom... eu pensei que vindo aqui talvez você voltasse... pronto, falei! – Ela despejou as palavras movendo suas mãos nervosamente no ar.
―Você o quê?! Verônica! – Eu disse num tom incrédulo, enquanto negava com a cabeça.
—Eu precisava ter certeza que você queria mudar toda a sua vida de verdade, ok? Você sabe que é como uma irmã para mim, eu me preocupo com você. – Ela tentou se defender e eu respirei fundo controlando minha mente.
―Eu não tenho medo das consequências, Verônica, minha decisão está feita e ninguém vai mudar isso. – Eu disse firme e ela me encarou séria.
—Essa é a primeira vez, em toda a minha vida, que eu vejo você tomar uma decisão para a sua própria felicidade. – Ela comentou depois de alguns segundos em silêncio, enquanto se aproximava de mim. – Eu estou orgulhosa de você. – Ela adicionou com um sorriso de lado e eu apenas suspirei a puxando para um abraço apertado.
―Você sabe que me irrita às vezes, mas eu ainda te amo, Velcrônica. – Eu falei soltando uma risada.
—Eu também te amo, Jauregay. – Ela rebateu rindo. – E bom, pelo menos a bunda da sua musa vale a treta que você vai ter com seus pais. – Ela comentou naturalmente e eu neguei com a cabeça, revirando os olhos.
―Estava demorando para você falar da bunda dela de novo. – Eu reclamei e ela riu.
—Meu jeitinho. – Ela disse dando de ombros e eu ri antes de levá-la para dentro da casa novamente.