Fic nova: Elsewhere Thereabouts. Quem for lá ler ganha um beijo!
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"Niall, pare de andar de um lugar para o outro! Você está me deixando mais nervoso ainda."
O loiro lançou um olhar afiado para o menor, inflando levemente as narinas e voltando a andar de um lado para o outro no quarto. Ele tinha um sério problema nas mãos. Seu primo tinha sentimentos pelo único menino da escola que ele supostamente não deveria nem sequer olhar. Seu melhor amigo, Brian, não fazia ideia de que o cretino do namorado pulava janelas alheias para ter uma foda incrível. Óbvio que Harry era em primeiro lugar, o que deixava aquele sentimento de culpa invadir o peito de Niall, sabendo que tecnicamente estaria traindo seu melhor amigo de infância. Tudo que ele podia fazer era aconselhar Harry da melhor forma, até que o mesmo parasse de besteiras e enxergasse que Louis era uma pessoa horrível que pouco se importava com os sentimentos dos outros.
"Nervoso? Nervoso estou eu por receber uma ligação do meu primo dizendo que está sem ar!" Niall explodiu, fazendo gestos rápidos com as mãos. "Você me assustou pra caramba! Achei que tinha sido a Gemma, aí eu chego aqui e você está com um bico enorme, o rosto todo inchado de tanto chorar e ainda tem a audácia de me dizer que é por causa daquele louco?!"
"Pare de gritar!" Harry revirou os olhos, se jogando na cama e tampando o rosto com as mãos. "Eu sou sensível!"
"Você é irritante!" O loiro parou de andar pelo quarto, vendo o corpo de Harry todo largado no colchão e resolveu que gritar com o menor não iria resolver esse inferno todo. Puxou lentamente o ar pelo nariz, se sentindo mais calmo, e então continuou com a voz mais baixa. "Me conta o que aconteceu."
"Eu disse que precisava dele aqui e ele foi embora." Harry disse abafado por causa das mãos que escondiam seu rosto. Niall pôde ouvir uma fungada molhada, suspeitando que o primo tinha começado a chorar novamente.
"Foi só isso que aconteceu?"
"Não."
"Então fala logo!" Se exasperou novamente, mas dessa vez Harry deu de ombros, tirando as mãos do rosto, as usando para enxugar as pequenas lágrimas que tinham começado a escorrer. Ele olhou para o primo em pé à sua frente antes de suspirar e prosseguir.
"Eu disse isso e comecei a beijá-lo. E ele meio que me beijou de volta, então eu achei que ele fosse ficar. Mas aí quando eu fui desabotoar a calça dele, ele se afastou..."
"E...?"
"E eu não aceitei e me ajoelhei pra... Você sabe, eu ia-"
Niall fechou os olhos, erguendo uma mão como se dissesse em silêncio para Harry parar de falar. "Me fala que você não ia fazer um boquete nele só pra ele ficar."
Harry engoliu em seco, desviando os olhos para as mãos ao sentir seu pescoço esquentar por vergonha. "Eu só queria que ele ficasse."
"Você tem noção do quão humilhante é isso? Pelo amor de Deus, Harry! Olhe pra você!"
"Eu sei, Niall!" Os olhos verdes encontraram as feições indignadas do loiro quase como uma súplica silenciosa. "Mas eu fiquei desesperado, ok? Eu odeio dividir as coisas, você sabe disso!"
Niall franziu o cenho, respirando fundo novamente. Ele se agachou perto do primo, posicionando carinhosamente uma mão em cima do joelho esquerdo do menor.
"Harry, você não está dividindo o Louis. Ele não é nada seu para você ter o privilégio de dividi-lo, quanto mais tê-lo. Ele namora com o Brian há muito tempo, e se por acaso está passando um tempo com você, eu sinto mesmo lhe informar que você é apenas uma diversão."
Niall tentou ser o mais gentil ao contar a verdade para o outro.
"Você não sabe como ele é comigo... Ele não é um monstro como você acha."
"Harry..." O loiro suspirou tristemente por ver os olhos de seu primo caindo por tanta mágoa. "Ele é incrível com você quando quer sexo, porque é o que ele quer. Sexo. Mas quando você precisa mesmo dele, ele está lá?"
"Não. Ele não entende essas coisas de sentimentos. Acho que ele é uma pessoa muito fria, até mesmo com o Brian ele é assim, não é? Mas ele é especial, eu sei que é... Tem alguma coisa nos olhos dele que me diz isso, algo que eu realmente amo."
"Ama?"
"Eu não o amo, não é isso. É complicado de explicar."
Depois de mais algumas palavras, Niall finalmente pareceu acalmar Harry e o convencer que continuar aquilo não fazia sentido. Então eles se aconchegaram no sofá, comendo um pote de sorvete enquanto assistiam Friends, exatamente como Niall tinha prometido que faria.
~*~*~*
A escola sempre foi algo previsível, ainda mais para Louis Tomlinson que sabia exatamente o que encontraria ali. Centenas de pessoas que se matariam para aprender a atravessar paredes ao invés de pensar em esbarrar com seu corpo pequeno. Nem mesmo os professores tinham liberdade com ele, não depois do que aconteceu com Stan.
Stan entrou no colégio um ano e meio depois de Brian intitular Louis uma pessoa intocável, e sem levar muito a sério, no segundo dia de aula quis fazer algum tipo de brincadeira para conseguir atenção o suficiente pro nível de sua popularidade aumentar e acabou passando o braço nos ombros de Louis num abraço lateral.
Louis se lembra muito bem o nojo que sentiu por ter seu corpo tocado por alguém que ele não tinha sequer permitido tal coisa. Mas isso ninguém sabia, o que todos se lembravam era de como o nariz de Stan começou a sangrar sem parar por Brian ter o acertado em cheio. Sem contar as duas costelas quebradas e outros fortes hematomas. Óbvio que Brian levou uma semana de suspensão junto com Ashton e Calum que sempre estão lá apara ajudá-lo. Stan nunca mais foi visto, não era como se ele tivesse morrido, porque Kate Biltson disse que sua prima lhe contou sobre ele ter sido transferido para o East College.
Stan só virou uma prova concreta de que Brian estava pronto pra acabar com qualquer um que ousasse tocar em Louis, e Louis não poderia estar mais agradecido com isso. Afinal, pessoas são nojentas e ele não as quer tocando nele.
Fora que andar pelos corredores daquele colégio e ouvir sussurros "cuidado, não toca nele", "Louis está passando", "pare de encará-lo" era extremamente satisfatório. Ele sempre sentiu-se superior ali porque todos o colocariam num trono, se possível.
Mas alguma coisa tinha mudado drasticamente desde que Harry apareceu naquela escola.
"Harry não vem para a aula?" Zayn perguntou para Niall, que pela primeira vez desde que apresentou o primo, entrou sozinho pelo colégio.
"Não, ele está ocupado essa semana." Respondeu rapidamente, procurando outro assunto para distrair todos. "Festa na sexta, Brian?"
"Com toda certeza!"
Então todos deram de ombros, entrando no assunto de preparativos da festa. Todos menos Louis, que por alguns segundos levantou o olhar até Niall, como se estivesse procurando pelo cacheado. Seus dedos foram rapidamente para suas mensagens no celular, não encontrado nenhum aviso do outro. Afinal, eles faziam aula de biologia juntos, o mínimo era avisá-lo que não poderia ir ao colégio.
Mas durante o dia todo, Harry não deu nem uma única satisfação para Louis.
Nem no dia seguinte.
Muito menos no outro...
Era quinta-feira e Niall tinha pedido para que não perguntassem sobre Harry e que logo ele voltaria. Louis pouco se importava se era ou não para perguntar, ele faria o que ele bem quisesse, então digitou rapidamente uma mensagem curta em seu celular.
Louis: onde você está? - 9:57 am.
Harry recebeu a mensagem, sem querer visualizá-la. Apenas leu no visor de seu celular, revirando os olhos por se odiar em sentir uma pequena pontada no peito por Louis não ter nem mesmo se preocupado em perguntar se Harry estava bem. Nada. Só uma frase fria e sem importância.
Era estupido o que Harry estava fazendo? Talvez... Mas ele definitivamente precisava parar com uma possível obsessão pelo garoto.
Hoje em dia, Harry entendia muito bem a loucura de Brian.
~*~*~*
"Não quero ficar sem você no final de semana de novo." Brian passou suas mãos por baixo da blusa de Louis, inalando profundamente o cabelo perfumado que o menor exalava.
"São só dois dias." Louis apoiou-se no colo do namorado, prendendo o quadril do maior entre seus joelhos, enquanto estalava beijos pela pele do pescoço.
Louis começou a mover seu quadril sutilmente, tocando suas ereções. Brian soltou um gemido abafado no peito do menor, apertando seus dedos na cintura do garoto até que o mesmo suspirasse perto de seu ouvido.
"Espera, Louis, espera..."
Louis franziu o cenho, se afastando o suficiente para poder encarar a expressão confusa do maior. "Você não quer?"
"Não é isso... Você sabe o que é."
"Já falamos sobre isso." Revirou os olhos azuis, saindo de cima do colo do namorado e se recostando na parede.
"Já falamos, e temos que falar de novo porque está piorando." Brian aproximou-se do menor, entrelaçando suas pernas nas do garoto e delicadamente passou a ponta do polegar sobre o maxilar bem desenhado de Louis.
"Não." Louis bufou, levantando-se da cama e indo até o outro lado do quarto, onde procurava algo em um dos bolsos de suas calças de moletom penduradas no guarda-roupa.
"Você não aceita nem conversar sobre?" O maior sentou-se na cama, apoiando seus cotovelos no joelhos, tentando deixar o tom da sua voz o mais calmo e suave que conseguia. "Você sabe que só quero seu bem."
"Sim." Louis retirou um cigarro do maço que tinha encontrado no bolso de sua calça, o levando entre os lábios e o acendendo rapidamente com um isqueiro que estava jogado na mesma.
"Desde quando voltou a fumar?" Revirou os olhos, bufando alto quando sentiu suas mãos tremerem levemente de nervoso. "Você está piorando."
"Não estou. Pare de ser chato comigo. Você sabe que eu odeio ser criticado." A voz de Louis saiu completamente calma, como se ele estivesse recitando alguma receita fácil de bolo em meio de longos tragos em seu cigarro.
"Como quiser." Brian forçou um sorriso irônico, dirigindo-se à porta do quarto.
"Hey!" Louis apressou os passos, ficando entre o namorado e a porta. A fumaça do cigarro dançava no meio dos dois, enquanto eles se encaravam friamente. "Você sabe que eu preciso. Eu não pediria se não precisasse."
"Há outros meios..."
"Não."
(...)
Era sexta-feira e Louis suspirou, sentando sobre a mesa do pátio do colégio como todos os dias. Seus olhos se fixaram no seu celular, vendo as postagens de todas suas redes sociais, completamente alheio de tudo que acontecia à sua volta
"O Harry não vem almoçar com a gente?" Nick franziu o cenho, procurando o garoto por toda a fila do almoço.
Os olhos azuis de Louis praticamente saltaram do rosto. "Harry está aqui?"
Como se todos tivessem visto um fantasma, seus olhares rapidamente foram para a direção do menino intocável que não costumava sequer falar. Sua voz saiu aguda, quase desconhecida pelos colegas ao redor. E se não fosse o suficiente, as pessoas das outras mesas também pararam seus murmurinhos paralelos, deixando a audição bem atenta para o que aconteceria a seguir.
"Eu fiz uma pergunta... Harry está aqui?"
"Uh-sim. Ele fez química comigo no primeiro tempo." Zayn disse meio incerto de como deveria proceder, sem olhar muito para o menino e logo desviando seu rosto para Liam, que o abraçou pelos ombros.
Brian franziu o cenho, semicerrando os olhos ao encarar o namorado que voltou com sua atenção para o visor do celular. "Por que quer saber do Styles?"
"Deve ser porque ele é meu parceiro de laboratório, e já faz uma semana que estou fazendo tudo sozinho." Deu de ombros, sem nem sequer dar o trabalho de olhar para o rosto do namorado.
O sinal tocou e rapidamente as mesas foram esvaziando, levando os alunos se amontoarem nos corredores, exceto por onde Louis passava. Poderia ser uma metáfora ridícula, mas na escola, Louis era Moisés e o restante era o mar vermelho que se partia no meio para deixarem o menino intocável passar.
Em passos calmos, Louis passou em linha reta, sem ter o infortúnio de ser levado pela multidão aglomerante daquele colégio. Entrou na sala de biologia, guardando o celular no bolso traseiro e caminhou até sua mesa, que mais uma vez estava vazia. Ele bufou, pegando as apostilas que usariam na aula de hoje. Harry estava no colégio e não iria na aula de biologia? Isso seria realmente muito infantil da parte do mais novo.
"Bom dia." Uma voz rouca soou baixa e um tanto grave, fazendo os pêlos da nuca do menor arrepiarem-se sutilmente.
"Bom dia." Louis virou seu rosto para encarar o cacheado, que já folheava a apostila à sua frente. "Onde você esteve?"
"Fui à Londres visitar minha irmã. Voltei ontem à noite." Harry deu de ombros, copiando um texto que a professora passava na lousa.
"Uh-claro, bem... Eu te mandei mensagem." Louis levantou as sobrancelhas, também começando a copiar o texto.
"Eu visualizei."
A caneta de Louis parou imediatamente, o menino praticamente tinha ficado congelado ao ouvir aquilo. Ele não era a pessoa mais sensível do mundo, óbvio que não, mas se tinha algo que ele não gostava era quando o rejeitavam.
Harry realmente estava rejeitando Louis.
~*~*~*
"Harry, vamos logo!" Niall gritou do andar debaixo da casa dos Styles, assustando Anne que descia as escadas.
"Droga, Niall! Seja mais silencioso." Ela colocou a mão no peito, soltando uma risada abafada. "Então..." Sentou-se no sofá ao lado do sobrinho, o encarando como se tentasse ler o que se passava em sua mente. "Harry está bem?"
"Mm-uh, sim. Claro que sim, tia!" O loiro abriu um sorriso forçado, lembrando do porquê de Harry ter ido tão repentinamente para Londres. Óbvio que ele não estava bem, tinha atravessado o oceano para tentar se livrar dos pensamentos que apenas envolviam Louis.
"Não sei... Vocês dois-hunf! Não me enganam. Estou de olho, entendeu?" Semicerrou os olhos ameaçadoramente e seguiu até a cozinha.
Harry desceu as escadas com passos pesados, indo em direção à porta da frente. "Vamos? Já está tarde. Não pretendo voltar depois da meia-noite."
"O quê?" Niall levantou-se, expressando sua mais forte feição de indignação que seus trações permitiam. "Você quer voltar da festa antes da meia-noite? Não seja um caipira ridículo!" Revirou os olhos, soltando uma risada alta e gostosa antes de sair pela porta. "Tchau, tia Anne!"
Harry balançou a cabeça negativamente, porque realmente queria ficar o menos possível naquela festa. Mas depois de sua mãe ter lhe dado um beijo melado na bochecha e falado repetidas vezes para tomar cuidado, ele bufou aliviado por estar indo para qualquer outro lugar.
"Você e o Louis... Tudo bem?" Niall perguntou cuidadosamente, enquanto encarava a rua movimentada.
"Não pergunte sobre isso. Só saiba que estou conformado." Harry deu de ombros, olhando pela janela do carro as casas que passavam rapidamente, tentando ignorar o fato de sua garganta ter doído só pelo fato do loiro ter citado o nome de Louis.
Niall apenas suspirou, desacelerando ao virar à direita, onde de longe já dava para ouvir uma música alta e sentir o tremor daquele som. A casa estava cheia, tinham pessoas por todo o jardim, gritando e fazendo coisas das quais Harry definitivamente não entendia o porquê de um ser humano chegar àquele ponto.
Eles passaram pelo jardim e Niall magicamente já estava com um copo vermelho de plástico na mão com alguma bebida alcoólica. Harry arregalou os olhos ao ver que tinham uns três meninos na janela do andar de cima, se pendurando em uma corda que fazia algum tipo de tirolesa, os levando até uma árvore alta ali, que automaticamente os desviavam para a parte detrás da casa, passando em cima de uma enorme piscina.
Harry não deixou de rir daquele absurdo, seguindo Niall que dava de ombros para tudo aquilo como se fosse realmente algo normal as pessoas pularem da janela até a piscina, algo que parecia comum aos olhos dele.
Os dois entraram na casa, e Harry quase foi atingido por um casal lésbico que se atacavam em beijos enquanto elas se empurravam contra as paredes. As luzes se mesclavam entre rosa, roxo e azul, dançando sobre os corpos de todos que estavam lá dentro. A música não tinha letra, era um som frenético e psicodélico que Harry cogitou-se internamente, se era realmente necessário drogar-se para ficar alucinado. As pessoas tinham tintas neon respingadas na pele, aparentemente a mesma que estava sendo usada para Liam e Zayn picharem as paredes brancas.
Outra dúvida surgiu, o fazendo se questionar sobre pichar as paredes de uma casa numa festa poderia ser considerado vandalismo ou não. Mas em poucos minutos viu Brian pular em cima de Liam, extremamente sorridente ao ajudá-lo com o desenho.
O garoto estava meio extasiado, vendo todas aquelas pessoas insanas se esfregando uma nas outras, quando um rosto conhecido o acordou do transe.
"Harry!" O rosto conhecido era de Ashton, que começou a chacoalhar o cacheado. "Vamos beber! Vamos beber!"
Como se Harry não tivesse vontade própria, ele simplesmente foi arrastado por entre as pessoas, resmungando quando respingos de tinta laranja neon atingiram sua camiseta branquinha. Ashton praticamente o jogou numa cadeira, onde haviam outras várias que circulavam uma mesa redonda de mármore.
"O que vocês-" Harry rapidamente foi interrompido, quando Mike colocou três garrafas de tequila em cima da mesa.
"Vamos beber." Nick sentou-se ao lado de Harry, dando uma piscadinha junto com um sorriso nada angelical. Era malicioso. Harry sabia exatamente o que o garoto estava fazendo, e ele estava gostando e muito.
Harry não era a pessoa mais confiável no momento. Depois de alguns jogos — os quais ele nunca entendia as regras, o que sempre o levava a beber mais um shot — sua cabeça girava e uma risada lenta saía por entre seus lábios. Ele já tinha dançado com metade das pessoas do seu colégio e toda vez que via Louis por perto, seu corpo automaticamente se virava para o lado contrário. Não importa o quanto ele quisesse agarrar o menor, ou o quanto seu coração se apertava toda vez que o via com Brian. Nada disso importava quando se lembrava do quão insignificante ele para o garoto. Mesmo que seu peito doesse por recordar os momentos de carinho, ou as conversas sem sentidos que tinham durante a madrugada.
Eles não tinham passado muito tempo juntos, mas algo sempre acabava puxando os olhos verdes a encararem aqueles olhos azuis tão misteriosos. Harry não sabia explicar, mas era como se ele precisasse tocar o intocável a cada segundo.
"Você!" Luke empurrou Harry até o sofá que Niall estava dormindo pesadamente, abraçado com um abajur amarelo por motivos totalmente desconhecidos. "Eu quero falar com você!"
"Estou me sentindo na obrigação." Harry se afundou no sofá, um tanto mal humorado por sempre ser arrastado para os lugares.
"Escuta o que eu tenho pra te dizer." Luke falava enrolado, apontando o dedo indicador de um modo meio incerto para o rosto do cacheado. "Eu tenho um amigo, que ele fala gostar de meninas, mas na verdade ele fica olhando o amigo dele. Isso é ser gay?"
"O quê? Eu? Como você-"
"Não você! Fica quieto!" Luke levou sua mão direita até os lábios do outro, o impedindo de continuar a frase. "Estou falando de um amigo que gosta de um amigo! Não está me ouvindo?"
Harry balbuciou algumas coisas entre a mão do garoto, assentindo para que ele pudesse dar continuidade.
"Como eu estava dizendo... Se os dois forem heteros, isso os tornam um casal hetero mesmo eles sendo dois meninos?"
Harry franziu o cenho ao ouvir algo tão absurdo. Ele achava que estava bêbado, mas a julgar pela linha de raciocínio do amigo, realmente estava muito lúcido.
"Achei você!" Mike se jogou, esparramando-se no colo de Luke, quase derramando a bebida em cima de Harry.
"Por que você me achou? Não era pra me achar!" Luke escondeu o rosto nas mãos, arrancando alguns suspiros sôfregos.
"Ele está chorado?" Harry enfatizou mais ainda seu cenho franzindo, realmente não entendendo a mente de um bêbado.
"Ele sempre chora..." Mike reprimiu os lábios, afagando o cabelo liso do menino que chorava sem parar. "Luke tem uma cabeça muito confusa, cheia de dúvidas. Ele bebe e fica atormentado. Pode deixar que daqui a pouco passa."
Harry definitivamente não estava com a mente mais calma para poder compreender os fantasmas de Luke, então assentiu quando Mike abraçou o garoto e o mesmo continuou chorando em sua camiseta. Harry seguiu por entre as pessoas, totalmente cambaleando enquanto esbarrava em rostos não tão desconhecidos, mas longe de serem conhecidos.
Mais à frente viu um grupo de pessoas usando pincéis com tintas e desenhando nos corpos. Harry só se viu sendo empurrado até chegar naquele pequeno bolo de gente. Sua camiseta foi arrancada por uma menina que ele mal sabia quem era, e logo em seguida sentiu cócegas e um arrepio caminhar pelas suas costas ao que outra menina passava um dos pincéis com uma tinta azul neon.
"Deixa que esse a gente pinta." Zayn agarrou o pulso de Harry, o puxando para o canto onde ele e Liam estavam pichando outra parede.
"Vão me pichar?" Harry respondeu risonho, vendo os sorrisos maliciosos vindo dos dois que pegavam as latas de spray.
"É a mesma tinta, ok? Totalmente saudável para sua pele. Só colocamos em latas spray pra poder pichar as paredes." Liam explicou, dando um longo trago no cigarro que há segundos estava entre os lábios de Zayn.
"Vai ser divertido."
Harry se arrepiou com o sorriso quase maligno que Zayn direcionou à ele, arqueando as sobrancelhas e pegando o cigarro de volta.
Poucos minutos depois, Harry estava entre Zayn e Liam, que habilidosamente pichavam seu corpo com diferentes cores em neon. Fazendo desenhos curvilíneos e abstratos que rodeavam os músculos dos seus braços, das costas e alguns poucos em seu peito e abdômen.
Em algum momento, o qual Harry havia realmente perdido, as latas spray pararam de espirrar tinta em sua pele, e no mesmo segundo, ele virou o rosto para a direita, vendo Liam e Zayn se beijando logo acima de seu ombro. Ele estava literalmente no meio de duas pessoas que estavam se beijando, e não era como se eles o quisessem ali, apenas aconteceu. Então meio sem jeito, Harry foi se afastando sutilmente, sem movimentos bruscos, e assim que conseguiu sair totalmente, Zayn puxou Liam pelo cós do jeans, fazendo seus corpos colarem.
Harry saiu rindo dali por algum motivo que nem ele mesmo sabia, porque não era uma cena engraçada, e antes que pudesse traçar um caminho para algum lugar qualquer, seu braço foi puxado.
"Hey."
"Nick." Harry sorriu um tanto decepcionado por apenas um mísero segundo achar que poderia ser Louis.
"Quer dançar?" Nick aproximou-se ficando perto demais para que aquele convite fosse apenas entre amigos.
"E-eu sou hetero." Gaguejou ridiculamente ao lembrar que deveria manter uma mentira extremamente ridícula da qual foi obrigado a inventar por causa de seu primo.
"Claro, vamos conversar sobre sua heterossexualidade numa dança mais heterossexual ainda." Nick sorriu sorrateiro antes de tocar levemente seus lábios na lateral do pescoço de Harry.
No mesmo segundo a pele de Harry se arrepiou, e ele soltou um pequeno suspiro por entre os lábios. Seus dedos foram entrelaçados nos dedos de Nick, que o puxou para o centro da pista de dança. Os olhos verdes vagaram pelas pessoas ao redor, procurando subconscientemente um rosto em específico.
Um rosto que tinha lindos olhos azuis, uma pele bronzeada, lábios finos e avermelhados e um nariz perfeitamente empinado.
Louis.
Ele se odiava por ser tão menininha quando se tratava do lado sentimental, mas era algo inevitável. Seu coração pedia pelo menor, seu corpo pedia para ser tocado por ele, suas mãos morriam para poder tocá-lo.
Mas então ele se lembrou muito bem que aquilo não era algo mútuo. Era doentio e platônico.
Foda-se.
Louis se esquivou para o lado quando um cara passou correndo por ele. Nas festas as pessoas não se importavam muito se trombavam umas nas outras, o nível de álcool era tanto que mal se lembravam que tinha um menino intocável ali, e Louis não podia exigir muito. Quem decidiu ir numa festa foi ele, mas mesmo com as luzes escuras e o excesso de bebida alcoólica circulando pelas veias alheias, quando alguém reconhecia que era Louis, automaticamente se afastava.
Ele levou o cigarro aos lábios, e antes mesmo que pudesse acender, seus olhos azuis se fixaram num ponto específico daquela muvuca de pessoas que dançavam. Ele franziu o cenho, sentindo uma forte pontada de dor em sua cabeça.
Era Harry dançando com Nick de um jeito que logo seus corpos iriam se fundir. Louis sentiu a ponta dos dedos formigarem, e a boca secar. No mesmo segundo achou que poderia estar com tontura por causa do lugar abafado, então apenas balançou a cabeça e direcionou seu corpo para fora da casa.
Ele ficou um bom tempo sentado na cadeira da piscina, completamente sozinho. Brian tinha sumido há alguns longos minutos, e Louis não poderia se importar menos, afinal, no final das contas ele sabia que seria assim, sozinho, para sempre.
A solidão não o assustava, e nem o fato de não ter pessoas à sua volta. Ele simplesmente não se importava se deveria se preocupar, assim como Brian se preocupava com ele. Aliás, ele mal entendia do porquê o mais alto ficar tão preocupado. Louis sabia que podia ser diferente dos outros, mas não era algo tão ruim de todo o modo, seria?
Ele acabou adormecendo por algumas horas na cadeira da piscina, e quando despertou encontrou o local praticamente morto. Tinham pessoas dormindo no piso em volta da piscina, outras nas cadeiras, e tudo piorou quando o garoto resolveu entrar na casa e viu o estado em que ela se encontrava. Tinha um casal dormindo debaixo da mesa, outro cara louco que resolveu se enrolar com o tapete, os sofás estavam lotados, corpos amontoados um por cima do outro, e Louis só sabia que estavam vivos porque aparentemente respiravam e alguns até roncavam.
Resolveu por fim procurar o namorado entre os quarto, abrindo todas as portas sem se importar se acordaria alguém ou não. Mas uma porta em especial ele com certeza não deveria ter aberto. Assim que seus olhos percorreram o quarto em busca de Brian, sua mente se confundiu quando tudo que ele viu foi Nick e Harry dormindo abraçados numa cama de casal. O corpo do cacheado estava coberto pela metade por um lençol, e o do Nick, aparentemente nu, se escondia atrás de Harry ao que abraçava-o por trás.
Louis arfou, não conseguindo manter sua respiração normal junto com a forte dor de cabeça que o invadiu milhões de vezes pior que a primeira vez. Ele apertou os olhos por causa da dor e fechou a porta para sair dali.
Não demorou muito para Harry acordar por causa do rangido da porta. Ele abriu os olhos lentamente, sentindo a ressaca já consumi-lo pela dor no corpo e a vontade louca de beber água. Pensou em acordar Nick, mas por algum motivo não tinha interesse algum em conversar com o outro. Então apenas colocou sua boxer e skinny, se xingando mentalmente por ter perdido sua camiseta em algum lugar da casa.
Meio cambaleante, ele seguiu pelo corredor em direção à cozinha, vendo seu corpo cheio de desenhos borrados pela fileira de enorme espelhos que haviam na parede da sala.
Assim que entrou na cozinha, seus olhos se arregalaram e seu coração disparou numa velocidade tão absurda, que no mesmo momento seu corpo todo acordou por causa do sangue que bombeou aceleradamente.
"O que você está fazendo acordado?" Harry disse com a voz completamente rouca, e logo se arrependendo de ter iniciado uma conversa com o menor.
Os olhos azuis direcionaram-se rapidamente para o dono da voz grave. Louis engoliu em seco ao ver o torso de Harry completamente exposto, com as curvas dos músculos levemente desenhadas e ressaltadas por partes pintadas pela tinta colorida. Ele sentiu seu coração bater mais forte e suas mãos suarem, mas tudo ficou confuso quando lembrou-se da cena que havia visto há minutos atrás, com Harry sendo abraçado por trás pelo Nick, exatamente como ele mesmo abraçava o cacheado. Sua cabeça latejou mais forte dessa vez, então apenas desviou o olhar e deu de ombros.
"Dor de cabeça." Louis começou a procurar alguma coisa freneticamente em sua carteira, arrancando de lá uma nota de cinquenta dólares e um cartão de crédito.
"Vai comprar remédio?" O maior indicou levemente com a cabeça para o dinheiro que Louis tinha colocado sobre o balcão de mármore, dando de ombros ao encher um copo de vidro com água e tomá-lo num único gole.
"Claro que não." Revirou os olhos, tirando um pequeno saquinho plástico com um pó branco dentro.
Harry franziu o cenho, não entendendo de imediato o que era aquilo, mas quando o de olhos azuis abriu o plástico, colocando o pó branco sobre o balcão de mármore e o dividindo em pequenas fileiras finas com o cartão de crédito, ele entendeu.
"Desde quando você é estúpido o bastante para usar drogas?" Harry se aproximou, colando suas mãos nas laterais do seu corpo para que não fizesse nenhuma besteira, como por exemplo assoprar todo aquele pó do balcão e dar um belo tapa naquela cara perfeitamente linda.
"Desde quando a porra da minha dor de cabeça voltou." Louis mordeu o maxilar, enrolando a nota de cinquenta num perfeito canudo. Sem delongas, ele colocou a ponta da nota na sua narina esquerda, tampando a outra com o indicador.
Harry realmente quis fazer algo sobre aquilo, mas quando decidiu empurrar o menino, o mesmo já tinha dado três longas respiradas em três fileiras que rapidamente sumiram.
Louis fechou os olhos, suspirando aliviado e fungando algumas vezes antes de encarar o maior, que o olhava completamente perplexo. "Você fodeu o Nick ou foi ao contrário?" Sorriu minimamente de lado antes de inconscientemente passar a língua por entre os lábios, fazendo um tilintar do piercing chocando com seus dentes.
Harry praticamente se engasgou com a própria saliva. Sua mente deu uma volta de 360º ao pensar em Nick ao mesmo tempo que aquele maldito piercing tinha aparecido por entre os lábios tão avermelhados do menor. Piercing e lábios que Harry sabia exatamente o gosto, sabia a textura, sabia o que faziam quando estavam maravilhosamente encaixados contra os seus próprios lábios. Seu olhar se desfocou ao divagar tão profundamente pelas lembranças que tinha sobre aquilo, mas logo sua cabeça deu um estalo com o barulho que Louis fez quando inalou as duas últimas fileiras de cocaína que restavam.
"Nenhum dos dois." Deu de ombros, tentando não passar o quanto ver aquela cena de Louis se drogando o machucava.
"Como assim?"
"Não que eu te deva satisfação, mas ele não tinha camisinha e nem eu, então não fizemos tudo."
"Se tivessem camisinha vocês fariam?" Louis cuspiu as palavras sem nem sequer pensar no impacto que sua pergunta podia causar. "Quer dizer, eu estava passando por todos os quartos para procurar o Brian, e então vi vocês abraçados... Eu só achei que... Você sabe."
Harry umedeceu os lábios, tentando esconder um sorriso que ia crescer a qualquer momento. Debruçou-se no balcão para se aproximar mais do menor, que apenas engoliu alto.
"Ficou com ciúmes?"
Louis soltou uma risada debochada.
"Eu estava mais preocupado em procurar meu namorado."
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eu sei que esse capítulo ta meio zzzzzz, mas ele era necessario, ok? ok.
não vou demorar mais pra att, porque eu voltei de viagem já YEY!
e sobre a fic: então, o louis tem bons motivos para ser assim, e tudo terá uma explicação. só continuem prestando atenção em como ele "sente" as coisas, que quando tudo for revelado as coisas vão se encaixar mais fáceis, ok?
eu shippo muke sim, e se reclamar coloco cashton.
1bj, e tomem bastante sorvete antes que o verão acabe!