Senti os passos de Harry se aproximarem de mim lentamente. Logo, consegui ver pelo canto dos olhos o seu corpo se sentar ao meu lado do sofá. Dei outro gole no vinho e coloquei a taça na mesa ao lado da garrafa. Vi Harry se aproximar da mesa e pegar a mesma que tinha acabado de depositar ali, também dando um grande gole e logo devolvendo para o lugar de origem.
Continuei a olhar para frente, sabia que se virasse a cabeça para olhá-lo, eu teria uma recaída e todos nós saberíamos o que iria acontecer. Continuei a olhar para frente, torcendo para que ele falasse qualquer coisa menos continuasse com esse silêncio constrangedor.
- Então... bela vista daqui. - Harry disse, apreciando a mesma paisagem que eu. Conseguiamos ver algumas casas e boa parte do Central Park que se encontrava iluminado no momento.
- É, meu pai quem escolheu essa casa. A vista foi um bônus. - eu respondi sorrindo, me lembrando da memória. Sentia saudades do meu pai. Com ele morando no Canadá com sua nova esposa e novo filho quase não nos falávamos.
- Quando tempo que eu não vejo o Sr. Collins, como ele vai?
- Vai bem. Na verdade, eu não tenho tido muito contado com ele. Mas ele vai casar.
- Nossa, quem diria que ele se apaixonaria de novo, não é? Fico feliz por ele. - ele disse e eu sorri em resposta. E novamente, aquele silêncio constrangedor se instalou entre a gente.
Naquele momento, como se um tsunami de memórias estivesse acontecendo na minha cabeça, minha mente se deu a relembrar todos os momentos em que eu vivi com Harry. Aquele Harry bem ali, que agora estava sentado ao meu lado, mas que agora, estava prestes a se casar, mas que falava de amor eterno comigo.
- É até engraçado. - eu murmurei.
- O que? - Harry perguntou, agora virando a abeça para me observar.
- O fato dele ter arranjado alguém, mesmo sabendo que o verdadeiro amor dele ainda tinha esperanças de ficar com ele. - Eu disse, e tive a exata reação que esperava.
- Emma... você sabe que não foi assim...
- Não foi, Harry? Você tem certeza que não foi? Porque olha em que estado chegamos. Eu sempre fui honesta com você. Acima de tudo e de todos. E agora você está aqui, em Nova York, na minha sacada, me culpando por eu ter vindo atrás do meu sonhos quando é você que está com um anel de noivado no dedo e com uma garota dormindo no outro quarto.
- Isso não teria acontecido se você tivesse me explicado tudo. Eu não ia te julgar Emma, eu te apoiaria. Sempre te apoiei, porque dessa vez seria diferente? A gente ia dar um jeito.
- Porque é ai que tá, Harry.. A gente sempre tem que "dar um jeito". Nenhum lado nunca cede. Mas agora é tarde demais, não acha?
- O que você quer dizer com isso? - Ele disse ainda me olhando, enquanto tudo que eu fazia era encarar a taça em minhas mãos e sentir meus olhos enchendo d'agua.
- Você sabe o que eu quero dizer, Harry. Só que agora é tarde demais. Boa noite.
Eu disse isso e me levantei, levando comigo todo o resto do meu coração quebrado que ainda o pertencia.
Dois dias se passaram desde que Harry e eu conversamos na sacada. Logo, dois dias também que Julian e Melany se reencontraram e do desentendido no sofá. Nesse meio tempo, ele apareceu duas vezes na minha casa com a desculpa de que precisaria da minha opinião para algum arranjo, mas que no final, continuava o mesmo de sua escolha. Percebi também que nesses dois dias, Harry saia mais com Gemma do que Melany. Isso sim, era uma coisa de se estranhar.
- Gemma, você já separou suas coisas? Nós vamos sair daqui amanhã a noite. - Harry dizia enquanto comia o frango que havíamos preparado. Hoje era sábado então era dia de folga da empregada.
- Sim, só falta recolher as coisas do banheiro e as toalhas, mas eu faço isso de manhã. - ela respondeu ainda comendo. Melany continuava em silêncio, frequentemente olhando a tela do seu celular em seu colo. Aquilo era estranho, mas decidi ignorar.
- Como vocês vão amanhã a noite, eu consegui ingressos para o Radio City Music Hall amanhã a tarde. Digamos que eu tenha uns conhecidos lá. - eu sorri, vendo a reação deles. - Eles vão fazer uma série de shows lá, e eu tenho que estar presente, e nada melhor para vocês fazerem no ultimo dia do que me acompanhar.
- Ai Emma, logo amanhã que eu estava querendo descansar. - Melany disse, e todos voltamos o olhar para ela. - porque a gente não faz assim, vocês vão enquanto eu descanso para o vôo, e quando vocês voltarem, vocês me contam como foi.
- Bem, se você prefere. - Gemma disse, e me olhou em seguida. Observei Harry e pude ver que ele não estava nem um pouco feliz, consequência disso foi o silêncio no resto da refeição. E do dia.
Passei o resto do dia na sala de musica, nesse meio tempo fiz duas vídeos-conferências com duas gravadoras diferentes que estavam precisando de materiais novos. Liguei para Julian e disse que depois do show passaria na casa dele para resolver isso.
Depois de quase cinco horas trancada naquela sala, subi para o meu quarto e me joguei na cama. A ultima coisa que lembro de pensar foi nos olhos esmeraldas de Harry e em seu sorriso, antes de entrar em um sono profundo.
No dia seguinte o café da manhã foi tenso. Ninguém falava com ninguém. E para um bom entendedor, meia ação basta. Havia algo errado ali. Muito errado.
- Como a Melany não vai, a gente pode almoçar no Japa e ir para a Radio City. O Taylor vem buscar a gente. - eu disse, tentando cortar o clima.
- E com que roupa a gente tem que ir, Emma? - Gemma me perguntou.
- Ah, aquelas roupas chiques de sempre, mas nada muito formal, por se tratar de uma apresentação. Se quiser, eu tenho uns vestidos novos que sempre trazem pra mim, passa lá no meu quarto. E Harry, eu posso pedir pra Taylor trazer algo pra você.- eu disse e ela concordou animadamente, ao contrário de Harry, que apenas balançou a cabeça e deu um sorriso fraco. Logo o silêncio voltou a se instalar no cômodo.
Quando deu onze horas a stylist chegou com a maquiadora. Eu odiava quando tinham que escolher minhas roupas e fazer minha maquiagem, mas sabia que se aquilo era importante, o local era extremamente necessário. Depois de uma hora e meia eu já estava pronta. Estava com uma maquiagem em tons claros e um batom vermelho. Vestia um vestido simples preto de manga longa e saltos pretos. Sai do quarto sendo acompanhada pelas duas, e fui de encontro a Harry e Gemma. Gemma usava um vestido florido amarelo e rasteiras que amarravam-se até o começo da canela. Já Harry, ah, ele estava magnifico. Estava com uma calça jeans preta e uma camisa cinza de manga longa, mas que estava puxada para cima, até a altura de seus cotovelos. Ele estava simplesmente maravilhoso.
Espantei os pensamentos que me faziam ficar submersa a esse mundo paralelo e chamei Gemma e Harry para me acompanharem até o carro, que já estava a nossa espera. Chegamos na Radio City, e Harry e Gemma entraram primeiro enquanto eu, acompanhada de Ana, minha empresária, respondia a algumas perguntas e tirava fotos. Nada muito diferente do normal, apenas aquelas dezenas de luzes atrapalhando a minha visão. Entrando no local, Ana indicou que lugar da segunda fileira sentaríamos, e onde era para espera-la no final da première.
Depois do show ter acabado, o que, diga-se de passagem, foi incrível, fizemos nosso caminho pelo backstage para encontrar Taylor, que já estava com o carro a nossa espera. Entramos e fomos em direção a casa. Eram umas dezessete horas quando mandei uma mensagem para Julian avisando que passaria lá para resolver com ele sobre o material das duas gravadoras, mas não obtive nenhuma resposta.
Chegamos em casa e estava um silêncio absoluto. Onde estava Melany? Gemma fez a mesma pergunta e foi ver se ela estava no quarto, o que não aconteceu. Harry foi em direção a cozinha e disse que "talvez ela tenha ido comprar algo, ela só faz isso" e abriu a geladeira, pegando uma garrafa d'agua e enchendo um copo. Gemma, que já se encontrava ao meu lado, me olhou com o mesmo olhar de hoje mais cedo. De alguma forma, ela sabia.
Ela não foi fazer compras.
Deixando Gemma e Harry em casa com a justificativa de que tinha que resolver pendencias da gravadora com Julian, peguei o carro e sai da garagem seguindo o final do quarteirão. Não podia arriscar sair assim na rua. Estacionei o carro no outro lado da casa de Julian, que, apesar de o sol estar se preparando para se por, ainda não tinha nenhuma luz acesa. Estava descendo do carro quando a porta de entrada se abre, e Melany sai por ela, vestindo a mesma roupa que estava de manhã.
Aquilo só podia ser um pesadelo.
Notas da Autora:
alô alô graças a deus!!!! Gente, me perdoem pela demora pra postar, foram apenas três semanas, ok? Meu recorde. Então, não tenho muito a dizer, a história está se encaminhando para o fim, quase lá.
To muito feliz com cada comentário e cada mensagem que eu recebo de vocês!!! Eu vejo cada um e fico muito feliz! Não esqueçam de dar o famoso like e compartilhar a história com os amigos. Obrigada pelo carinho!!!
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