180 dias de Inverno

Capítulo X

Eu havia acabado de sair do carro quando vejo Melany sair da casa de Julian com as mesmas roupas que ela usava de manhã. Não acreditei na cena que via. Julian e Melany.

Isso não PODIA estar acontecendo. 

Continuei olhando estática quando ela viu que eu a observava. E por impulso, fiz a primeira coisa que me veio a cabeça.

- SUA VACA, COMO... COMO VOCÊ PODE? – eu gritava para ela, sentindo meu rosto queimar de raiva. Ela rapidamente voltou para dentro da casa de Julian, então eu fui atrás. – QUAL O SEU PROBLEMA? COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE FAZER ISSO COM O HARRY, MELANY?

- Emma, por favor, eu posso explicar... – ela disse, quase como um sussurro.

- PODE EXPLICAR? ENTÃO ME EXPLICA COMO QUE VOCÊ VEIO PARAR NA CASA DO JULIAN, QUE VOCÊ NÃO SABIA ONDE ERA, COM AS MESMAS ROUPAS DE MANHÃ E COM ESSA CARA DE MERDA QUE VOCÊ TÁ AGORA – e nesse momento, Julian aparece no corredor, e adivinhem? Apenas com um short. – VOCÊ JULIAN! Você que tanto foi amigo do Harry, traindo a confiança dele assim, eu não acredito que vocês tiveram a coragem de fazer isso com ele. COMO VOCÊS TIVERAM CORAGEM?

- Emma, calma, a gente pode explicar... – Julian tentou se justificar. Eu sentia meus olhos cheios de lagrimas enquanto eles falavam. 

Foi aquela história: Julian ligou perguntando se eu passaria lá mais tarde, Melany atendeu e disse que havíamos saído então ele a convidou para um vinho, como "nos velhos tempos". Conversa vai e vem, Julian na seca há um tempo, Melany dizendo que Harry não demonstrava o "romantismo que ela desejava", mão na perna, no cabelo, boca com boca, os dois beberam vinho demais e transaram. Fim da história.

- Eu sabia, sabia que havia algo errado no momento que vocês se encontraram. Só que eu fui estupida de não ter percebido isso. Até Gemma percebeu.

- Gemma? Como assim? – Melany perguntou preocupada, agora enxugando as lagrimas – de desespero, eu suponho – que caiam. – O Harry sabe?

- É OBVIO QUE NÃO, ELES ESTAVAM COMIGO NO RADIO CITY ENQUANTO VOCÊS ESTAVAM SE COMENDO POR TRÁS DELE. – eu gritei. – E não pensei que vai ficar por isso, Melany. Você vai contar para ele. Ou conta você, ou conto eu.

- Não Emma, por favor... – Melany disse. – você não quer isso, quer? Ver Harry infeliz? Vamos só esquecer o dia de hoje. Todos nós sabemos que o Harry me ama. E eu o amo, isso foi um erro. Um grande erro. Nós nos amamos, e eu sei que ele me ama e não vai conseguir viver sem mim.

Eu não conseguia engolir mais nenhuma palavra que Melany havia dito. Aquilo sim, foi o cúmulo. 

- Existe uma grande diferença entre amar uma pessoa e não conseguir viver sem ela.

Eu disse isso e sai daquela casa, deixando pra trás todo o respeito que ainda restava por Melany e Julian.

Cheguei em casa e passei direto por Gemma e Harry, que estavam na cozinha. Ouvi a voz de Gemma me chamando, mas sabia que, se abrisse a boca, eu falaria algo que não devia. Não podia deixar isso assim, e acima de tudo, não podia deixar Harry infeliz. Se eu contasse o que aconteceu, ele talvez nunca encontrasse o estado de felicidade que tinha, porque eu sabia que toda vez que olhasse para mim veria o que eu fiz com o noivado e a vida dele. Deitei na cama, e sentindo as lagrimas pesarem no meu rosto e um aperto no meu coração, eu apaguei, com uma ultima lembrança da voz de Harry soando na minha cabeça.

- Emma? Você está acordada? – Gemma me chamava no outro lado da porta. – Emma? Nós estamos indo embora.

Merda, merda, merda. Eu havia dormido demais. Levantei rapidamente, e abri a porta, encontrando-a com duas malas em seu lado.

- Oi Gemma, desculpa, eu apaguei. – eu disse e a abracei. – queria muito que você ficasse mais. Sinto saudades de fazer compras com você.

- Eu também, Emma, demais – ela disse, saindo já do abraço. – e pode deixar que eu ainda volto para te visitar, e dessa vez sozinha. – ri em resposta.

- Pode deixar que eu vou estar esperando. Vocês precisam de carona? – perguntei em educação.

- Não, o taxi vai nos levar ao aeroporto, mamãe e vovó estarão nos esperando lá.

- Manda um beijo para os seus pais, diz pra eles que na próxima quero todos aqui, ok? – sorri e a abracei novamente. – se cuida, Gemma. E cuida dele pra mim.

- Pode deixar. – ela piscou e desapareceu no corredor. Segundos depois eu ouço passos vindos da direção oposta e Melany sai do quarto. Fecho minha cara na hora.

- Será que eu... posso falar com você um minuto? – ela diz, receosa. Aponto com a cabeça para o quarto e ela entra, então encosto a porta e espero que ela comece a falar. – olha, eu queria primeiro te agradecer por nos deixar ficar aqui, foi muito gratificante. E segundo, obrigada por não contar nada ao Harry, eu sei que o que eu fiz foi errado, muito errado, mas eu o amo e ele me ama também, e sei que pior que a gente viver com esse erro seria a gente viver separados. Então obrigada. – ela disse, olhando para o chão.

- Fique sabendo que eu fiz isso pelo Harry, apenas por ele. E não espere que eu vá esquecer isso algum dia, por que eu não vou. Isso foi muito, muito errado Melany, então não pense que eu vá te perdoar, porque eu não vou. – disse isso e abri a porta para que ela saísse, sumindo pelo corredor depois de murmurar um "eu sinto muito."

Continuei de olhos fechados até ouvir passos e um Harry de cara lavada vir em minha direção com duas malas em seu alcance.

- Bom, eu acho que é isso. – ele me diz.

- Pois é. – eu respondi, e o silêncio se instalou entre a gente. – Falei pra Gemma voltar mais vezes, se quiser pode acompanha-la.

- Ah sim, eu irei. E espero ver você no casamento, nós mandaremos o convite em breve. – ele sorriu, e foi quase impossível eu não sorrir de volta, apesar de sentir uma pontada no coração ao ouvir a palavra "casamento". Ele me encarou por meio segundo ate que, espontaneamente, me abraçou, então eu retribui o gesto. – Adeus Emma.

- Adeus, Harry. – eu o apertei no abraço como se assim, todo o amor que eu sentia por ele pudesse ser transmitido e ele sentisse isso. De alguma forma, eu acabei acreditando nisso porque no mesmo momento ele fez o mesmo. Nos abraçamos por segundos que pareceram uma eternidade, até ele me soltar e sumir pelo corredor, levando consigo toda a minha esperança de um dia, ter uma história de verão com ele.

Notas da autora: 

Oi gente! Sou eu de novo. Bem, primeiro eu tenho uma notícia boa e uma ruim.

A ruim é que, infelizmente, 180 dias de Inverno está chegando ao seu fim. É, eu também não acredito. Eu quis encurtar a história, e fazê-la mais rápido pra ter um bom entendimento, e *spoiler* uma parte dos capítulos final precisa ser relembrado com os primeiros, então ia ficar bem complicado caso vocês perdessem algum fato. 

A notícia boa, incrível aliás, é que eu tô escrevendo uma outra história, maior e mais fofinha que essa! Tô bem feliz, apesar dela ainda estar no começo.

Queria agradecer a cada um de vocês que estão lendo e acompanhando a história, eu vejo cada comentário (e respondo também com todo o amor <3) e fico muito feliz! Obrigada pelo apoio, significa muito pra mim. Não esqueçam de dar um like e deixar comentário nessa, inclusive o que vocês acham que vai ser daqui pra frente! sdjdsksdjks

Um beijo no coração, Luiza. xx

Acompanhem minhas outras histórias:

Reciprocidade. https://www.wattpad.com/story/34603934-reciprocidade

Diário de Amélia. https://www.wattpad.com/story/58757173-di%C3%A1rio-de-am%C3%A9lia