Soul Solid (l.s. au spirit!lo...

By LarryIsMyHome

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Louis: Um acidente que lhe custou a vida; Harry: Um péssimo dia que lhe concedeu uma aparição. Uma amizade tã... More

Capitulo Um - The Music Room
Capitulo Dois - Ghost/Spirit
Capitulo Três - A Different Help
Capitulo Quatro - Creeping
Capitulo Cinco - Betrayal
Capitulo Sete - Now They Know
Capitulo Oito - What Is This Feeling?
Capitulo Nove - Love Is Worth It?
Capitulo Dez - A Diary For A Week
Capitulo Onze - Louis?
Capitulo Doze - Come Back, Please
Capitulo Treze - Make A Wish
Capitulo Quatorze - Our Song
Capitulo Quinze - Shared Dream
Capitulo Dezesseis - Amusement Park
Capitulo Dezessete - Roses
Capitulo Dezoito - Is It So Wrong?
Capitulo Dezenove - Don't Be Surprised
Capitulo Vinte - Blue Autumn
Final ALTERNATIVO

Capitulo Seis - Let's Start Again

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By LarryIsMyHome


Boa leitura, gasparzinhos <3

~o~

É quinta-feira e os meninos estão se alongando no campo. Eu estou indo para o meu armário. O clima continua tenso entre todos nós. Eu e Niall falamos diversas vezes sobre o assunto em sala de aula e ele tentou sugerir ideias, mas eu disse para confiar em mim que eu já tinha um plano e logo tudo se resolveria.

No intervalo, nem Zayn ou Liam ficam conosco. Quando estávamos com Zayn pelo corredor, Liam nos evitava e ficava com a Karen. Quando estávamos com Liam, Zayn nos evitava e conversava com a Casey. É realmente chato. Zayn nem quis assistir o jogo hoje, mas Niall insistiu dizendo que não precisa ser pelo Liam, mas por ele. Isso o convenceu após um tempo.

Todo dia abro o armário esperando encontrar as maravilhas que Louis prometeu entregar. Eu tinha dado uma câmera para ele e mostrado quem é a Karen. Essa ultima parte foi difícil porque tive que subir na hora do intervalo sem ser notado e chamar Louis para me acompanhar. Fingi que ele não estava perto de mim para as pessoas não estranharem e apenas apontei discretamente na direção de Karen que estava com Liam. Ele viu, acenou com a cabeça e sumiu.

Abri o armário e troquei os livros, mas algo caiu no chão. Agachei-me para pegar. É a câmera. Preocupei-me de ela ter quebrado, mas espera... Como Louis abriu meu armário já que ele não atravessa objetos? Mesmo que sim, não poderia atravessar com a câmera. Talvez saiba os números da senha por ter me vigiado por conta dos valentões.

A câmera está intacta. Eu liguei e coloquei nas fotos. Meu coração acelerou e um sorriso se formou nos meus lábios. Tem fotos de vários ângulos da Karen com um garoto moreno; Theo. Ambos abraçados, sorrindo ou se beijando em um local reservado do parque.

- Louis, você é incrível – acabei falando em voz alta, caso estivesse por perto.

Fechei o armário e coloquei a mochila nas costas. Corri o mais rápido que pude para chegar ao campo. Eu vou esperar o jogo terminar, mas preciso mostrar para Zayn primeiro. Ele está no local de sempre da arquibancada. Subi e me sentei, o olhando com um sorriso bobo. Ele suspendeu uma sobrancelha para mim.

- O que é? Tem algo no meu rosto? Está parecendo com as meninas da minha sala – passou a mão no rosto.

Eu ri e coloquei a mochila do meu lado, pegando a câmera.

- Olha.

Liguei e coloquei nas fotos, entregando para Zayn. Ele pegou e arregalou os olhos. Começou a ver uma por uma e sorriu como eu. É logico que estamos mal pelo Liam, mas não estamos sorrindo do que ele vai sentir e sim de poder provar a verdade e acabar com essa briga sem sentido. Eu quero voltar a lanchar com todos os meus amigos.

- Vamos mostrar para ele? – Zayn levantou e eu o puxei pelo braço, o fazendo sentar de novo.

- Calma aí, não vamos estragar o jogo – ponderei. – Deixa o jogo acabar e a gente mostra.

Ele concordou. Eu estou ansioso e acho que Zayn também. Não só com isso, mas por que é jogo mesmo. Nossa escola contra outra. Zayn ia ficar quieto, mas agora que temos as provas para o Liam, ele levantou para torcer e gritar comigo.

Acabou o primeiro tempo e está empatado. Niall lançou um beijo de palhaçada, nos fazendo rir. Iniciou o segundo tempo e um cara enorme começou a marcar o Niall. Depois de uns minutos, Niall fez gol e Liam correu para abraçá-lo com os outros do time. Eu e Zayn gritamos pelo nosso amigo irlandês juntamente com os demais torcedores. Tem lideres de torcida, mas mal reparei nelas.

O jogo continuou e o mesmo cara voltou a marcar Niall, mas dessa vez colocou a perna na frente do loiro, o fazendo cair. O juiz apitou falta e Niall rolou no chão, fazendo rosto de dor.

- MAS QUE MERDA É ESSA?! – Zayn ficou irritado.

- VAI SE FERRAR! – sim, eu também fiquei.

- FILHO DA MÃE, VAI SER PERDEDOR ASSIM NA TUA CASA! – Zayn tinha o rosto vermelho. – EU VOU QUEBRAR COM A TUA CARA!

- Que idiota! Só porque Niall fez gol – eu me sentei, fuzilando o camisa 5 que tinha derrubado Niall. – Imbecil perdedor.

O pessoal ajudou Niall a levantar e ele mancou um pouco, mas parece bem. Ele nem ficou irritado, mas Liam já está batendo boca com o infeliz.

- ARREBENTA ELE, LIAM! – Zayn encorajou.

O juiz se colocou no meio dos dois quando ameaçaram se bater e levantou cartão vermelho para o camisa 5.

- TOMA, SEU VIADO! – Zayn gritou, rindo de satisfação.

- Hey! – me ofendi. – Isso não é insulto!

- Foi mal, Harry. Você sabe o que eu quis dizer – sorriu e bateu nas minhas costas.

Sorri de volta. O jogo continuou e nós ganhamos. Os alunos ficaram de pé, comemorando e gritando. As lideres de torcida fizeram coreografias e eu desci com Zayn, tentando passar pelas pessoas para chegar lá embaixo. Assim que pisamos no campo, Niall e Liam nos viram.

Liam parece ter se esquecido qualquer briga. Ele correu na nossa direção com Niall e nos abraçamos em grupo, berrando empolgados. Eu ri bastante e apesar de estarem suados, Zayn e eu abraçamos com vontade. Estamos felizes por nossos companheiros. É o primeiro jogo do ano e se saíram bem.

- Cara, isso foi demais! – Zayn elogiou quando nos separamos do abraço.

- Parabéns! – bati na mão do Liam e do Niall.

Liam falou alegremente com Zayn e Niall. Eles insultaram mais o camisa 5, mas retornaram a comemorar, comentando o gol do Niall e dribles do Liam. Eu escuto tudo com um sorriso e comento aqui e ali, mas ao olhar o brilho nos olhos do Liam e o quanto está feliz, abaixei a cabeça. Pensei nas fotos... Eu não quero estragar esse momento. Agora sei como Zayn se sentiu fazendo Liam se entristecer com a verdade.

- Harry? – Niall percebeu minha mudança de humor e pegou no meu ombro.

Os meninos também pararam para me olhar.

- Zayn – olhei para ele e depois de uns segundos parece que entendeu.

- Ah – desviou o olhar.

Niall e Liam se entreolharam em confusão. Devo fazer isso ou não?

- Acho que quanto mais cedo mostrar, melhor. Mesmo que seja em um momento desses – Zayn disse suavemente. – A Karen vai aparecer para querer comemorar com ele e isso não é justo.

Ele tem razão. Não podemos deixar alguém traindo Liam comemorar uma alegria, sem ele nem fazer ideia. Liam riu e colocou as mãos nos nossos ombros.

- Vocês estão falando da Karen?

Eu e Zayn afirmamos com a cabeça.

- Tenho algo para te mostrar, Liam – o olhei com tristeza. – São provas de que ela te traiu.

- Tudo bem, pessoal – ele retirou as mãos e começou a andar.

Niall se aproximou perguntando do que eu estou falando e respondi que finalmente consegui as provas que prometi. Fotos da Karen com o vizinho de Zayn. Paramos quando Liam se aproximou do banco de reserva, pegando uma garrafa de água depois de lançar outra para Niall.

- Eu sei que ela me traiu – Liam se sentou, tomando um gole antes de voltar a falar. – Eu falei com ela ontem. Resolvi tomar vergonha na cara e acreditar no meu parceiro – sorriu amigavelmente para Zayn que retribuiu.

- Isso é sério? – sentei do lado dele.

- Yup.

- Por que você não ficou com a gente no intervalo, então? – estranhei.

- Fiquei com vergonha – admitiu.

Niall riu, jogando água nele. Liam levou um susto e reclamou, nos fazendo rir também.

- Não seja idiota, somos amigos – Niall se aproximou apontando para o braço de Liam. – Você não fez essa tatuagem para nada.

Ele se referiu à frase "Tudo que sempre quis, mas nada que jamais precisarei..." que Liam tem dedicado sobre as coisas boas que acontecem com ele, mas não precisa. As pessoas que estão com ele nesses momentos e nos difíceis também é que importam. Liam disse que pensou na gente e na família ao fazê-la. Zayn também tem tatuagens e eu tenho varias no braço direito, algumas sobre minha sexualidade. Comecei quando me assumi.

- Vocês terminaram? – eu quis ter certeza.

- Terminamos – Liam ficou sério, mexendo a grama com a chuteira para se distrair.

Olhei para os meninos e nos entendemos por olhar.

- Sinto muito, Liam, mas foi melhor. Ela não te merece – levantei e estendi a mão para ele.

Liam olhou para minha mão e a pegou. Eu o levantei.

- Por que não vamos comemorar na sorveteria? – Niall propôs.

- Por que você acha que tudo se resolve com comida? – Zayn riu.

- E não resolve? – ele retrucou.

Zayn deu de ombros. Olhei para Liam.

- E então?

- A Karen costumava ir naquela sorveteria comigo – fez bico.

- Sério, Liam? – indaguei, suspendendo a sobrancelha.

Ele desfez o bico e sorriu verdadeiramente, me puxando para uma chave de braço. Os meninos riram, mas consegui me livrar.

- Veja pelo lado bom – Niall levantou o dedo. – Ao menos você não namora mais uma garota com o mesmo nome da sua mãe.

Fizemos careta. Era bizarro esse detalhe.

- Vamos lá, rapazes! – Liam quase berrou. – Só precisamos trocar de roupa e pegar nossas coisas, né, Niall? – abaixou o tom, se olhando com o uniforme do time.

Niall e Liam foram correndo para o vestiário. Zayn e eu esperamos.

- Que bom que as coisas se resolveram – comentei, sorrindo de forma relaxada.

- Sim... Mas Harry? – ele virou a cabeça para mim. – Como conseguiu aquelas fotos? Você tirou daqueles ângulos e ela nem te viu?

Eu acabei arregalando os olhos e me xinguei mentalmente pela reação. Tentei olhar normalmente para ele, fazendo pouco caso.

- Tenho minhas fontes.

Ah, sério Harry? Que reposta mais idiota. Ao menos também posso ser misterioso.

Liam e Niall retornaram bem depressa porque não trocaram de roupa, resolveram ficar com a do time mesmo para não demorar muito. O campo já está vazio e as últimas pessoas estão saindo das arquibancadas. Foi aí que me lembrei da minha mochila com a câmera.

Pedi para os meninos ir em frente que os alcançava depois. Subi até o local que ficamos. Peguei a câmera dentro da mochila e resolvi apagar logo as fotos. Acabou não adiantando nada, eu não iria mostrar se Liam já sabe. Só vai fazê-lo sofrer mais se olhar. Após apagar, eu guardei a câmera e coloquei a mochila nas costas. Desci, mas parei quando vi tudo vazio e uma única pessoa no banco de reserva.

Camisa branca, calça preta com suspensórios. Uma bola na mão.

Hesitei, mas quando percebi que ele está de cabeça baixa girando a bola distraidamente, decidi me aproximar e falar com ele.

- Louis?

Eu fiquei na sua frente. Olhei ao redor para ter certeza de que ninguém está por perto.

- Ah! Oi, Harry – levantou a visão para mim e sorriu.

- O que foi? O que está fazendo aqui? – estranhei, ficando curioso.

- Eu vi o jogo, claro – ele parou de girar a bola e a levantou no nível do meu rosto. – Vamos jogar? – perguntou com animação.

Eu encarei a bola, não vendo o rosto do Louis. O sentimento de culpa tinha desaparecido, mas se reinstalou lentamente porque não vou poder fazer aceitar seu pedido. Eu vou para a sorveteria com os meninos e não quero que Louis continue se aproximando dessa forma, vai ser pior para ele e para mim.

- Não dá – toquei na bola e a abaixei para conseguir ver o seu rosto.

Tudo que vi foi o sorriso diminuindo e isso me incomoda mais do que deveria.

- Okay – ele abaixou a cabeça e voltou a girar a bola na mão. – Espero que as coisas tenham se resolvido com seus amigos – sua voz saiu num sussurro.

- Ah! Sim... É, acabamos de resolver isso e vamos numa sorveteria comemorar pelo jogo e... É – me enrolei para falar. – Obrigado.

Ele não disse nada, continuando a brincar com a bola.

Eu abri a boca para pedir desculpa, ou ao menos dizer tchau... Mas fechei de novo. Acho melhor simplesmente ir. Saí correndo sem dizer mais nada, nem olhar para trás. Preciso alcançar meus amigos e já perdi muito tempo.

Por que sinto como se tivesse chutado um filhote, ou batido em um bebê? Sei que Louis não é nada disso e sim um espirito, mas sinto que estou sendo incrivelmente cruel com ele. Não é minha intenção magoa-lo, é só aterrorizante pensar em uma amizade.

Parei de correr quando os alcancei e esse último pensamento latejou na minha cabeça.

- Que demora, Harreh! – Zayn bateu nas minhas costas e me puxou para perto. – Já estamos quase chegando na sorveteria.

- Você devia deixar sua mochila nas costas como o Zayn faz – Niall sugeriu, logo depois dando um pulo e correndo para acabar com o resto de distancia entre ele e a sorveteria.

Eu apenas sorri para quem quisesse ver, mas as sensações misturadas no meu estomago tornam impossível minha concentração para fazer qualquer outra coisa. Quando chegamos na sorveteria encontramos outros alunos que também vieram do jogo.

Sentamos em uma mesa de quatro lugares perto da parede e o pessoal se aproximou para parabenizar Niall e Liam. Outros jogadores conversaram com eles e Zayn pegou os cardápios, entregando um para mim.

- Olha que legal – Zayn falou só para eu escutar, apontando para uma das paginas do cardápio. – Dá para fazer seu próprio sabor de sorvete com a junção de outros.

- A gente já veio aqui, Zayn. Você não se lembra disso?

- Sei lá, cara. Eu estou vendo agora, então não faz perguntas difíceis – ele voltou a se concentrar no cardápio e eu ri levemente.

Resolvi olhar para o meu e me decidi por sabor de morango. Coisa simples, mas estou sem humor, então dá nisso. Quando levantei os olhos do cardápio, os veteranos do time tinham se afastado de Liam e Niall. Olhei por um tempo mais longo para o Freddie, capitão do time. Ele tem o cabelo loiro picotado e uma pele linda, além do sorriso maravilhoso e olhos azuis. Os dois últimos só não superam o Louis. Na verdade, até o cabelo do Louis é mais legal, mas essa não é a questão.

- Harry, você está encarando – Zayn avisou, sussurrando no meu ouvido.

Arregalei os olhos e os desviei antes que Freddie percebesse, sentindo minhas bochechas esquentarem. Acho estou mais envergonhado pelas ultimas coisas que pensei ao comparar ele com o Louis. Zayn riu com Liam que acabou escutando, mas Niall está ocupado de mais com uma luta interna em qual sabor escolher. Ele pragueja que sabores são como filhos. Você não pode escolher um preferido se for uma mãe de verdade e ele é um consumidor de verdade.

- Oi, meninos! – levantamos a cabeça, encontrando Casey. – Bom jogo, Liam e Niall.

- E aí, Casey! – Liam sorriu abertamente com Niall que logo voltou a atenção para o cardápio. – Obrigado, você estava assistindo?

- Sim e lendo um livro ao mesmo tempo – ela riu, indicando o livro na mão.

- Sua cara – Zayn sorriu de lado e ela sorriu timidamente.

- Por que não senta com a gente? – Liam ofereceu, puxando uma cadeira da mesa de trás e colocando na ponta da mesa perto dele e do Zayn.

- Obrigada – ela sentou e Zayn no mesmo instante se aproximou com o cardápio, mostrando a opção de fazer sabor de sorvete.

A garçonete chegou e fizemos nossos pedidos depois de muita demora da parte do Niall. Liam deu um tapa na cabeça dele porque até a garçonete estava ficando entediada. Zayn e Casey decidiram fazer novos sabores, Liam pediu uma bola de chocolate e Niall pediu uma banana Split com quatro bolas de sabores diferentes, caldas e doces. Como esse cara pode ser tão magro e comer desse jeito? Eu pedi duas bolas de morango.

O local está barulhento com as risadas e escândalos dos outros grupos espalhados, mas todos podem se escutar. A sorveteria é coberta no teto, mas as laterais são abertas, exceto na parte do balcão onde você pode ver as meninas fazendo os pedidos de sorvete e os vários sabores expostos na vidraça.

Conversamos com Casey e ela falou um pouco sobre o livro que está lendo, algo a ver com espiritismo. Eu senti meu coração palpitar e me mexi de forma incomoda na cadeira, desviando o olhar, mas escutando atentamente.

A historia é sobre um homem que tem a vida perfeita, mas sente como se faltasse alguém apesar de ter uma namorada. Um dia quando ele viaja a trabalho, encontra uma mulher e sente algo forte por ela, como se a conhecesse há anos. O vazio que ele sentia se preenche, então ele tenta descobrir mais sobre reencarnação e reviver um amor de vidas passadas.

Não consegui deixar de pensar no Louis porque eu não acreditava nessas coisas espiritas, mas agora é impossível dizer que não existe. Talvez Casey saiba mais sobre o assunto, mas não faço ideia de como posso começar essa conversa com ela. Se eu me interessar, posso buscar por mim mesmo.

De repente, um vento forte passou pela sorveteria fazendo algumas garotas darem gritinhos e os garotos rirem. Olhei para o lado de fora, o céu está completamente nublado e cinzento. Vai chover. O tempo mudou rápido.

- Ainda bem que eu trouxe o guarda- chuva, eu previ isso – Casey mostrou.

- Ah, mas fala aí – Zayn voltou ao assunto. – Você acha que espíritos existem?

- Sim – ela disse sem traço de duvidas. – Não só existem como muitos ficam por aqui pela Terra. Pode ter vários agora mesmo ao nosso redor.

Zayn abriu a boca e olhou para os lados.

- Espero que não.

Eles riram com Casey, mas eu não consegui rir.

- São fantasmas – Niall colocou a língua para fora em uma careta de susto.

- Não, são espíritos. É diferente – corrigi e desviei o olhar.

Força de habito, culpa do Louis.

- Por que ficariam aqui? Eles não vão para o céu, ou algo assim? – Zayn parece interessado e pelo jeito que Liam espera a resposta, ele também.

Niall começou a brincar com os objetos em cima da mesa.

- Tem vários motivos. O céu e inferno não existem no espiritualismo. Deus não criaria um lugar de sofrimento eterno para os filhos. Os humanos vêm para a Terra completar missões, procurando sempre aprimorar o espirito. Quando falham, precisam retornar quantas vezes forem necessárias até alcançar a evolução plena. Se um espirito se prende a coisas mesquinhas, se encontra no Umbral. É um sofrimento passageiro de suas próprias ações, dura até que se arrependa verdadeiramente e queira recomeçar.

Então, é assim que funciona?

- Tem espíritos que vem por opção para ajudar os entes queridos. Nunca lembramos as nossas vidas passadas quando nascemos porque como humanos iriamos tentar acertar o que erramos para evoluir e não porque realmente tomamos essa decisão com tantas coisas nos impedindo.

Casey colocou o livro em cima da mesa, cruzando as mãos na capa e continuando:

– Quem fica no plano terrestre pode ser as pessoas que se suicidam, as que não aceitam ir embora por medo, ou os que se prendem a coisas materiais da Terra e gostam de ficar perturbando a vida de quem está aqui... É bom você não ter pensamentos negativos porque atraem esses tipos de espíritos que se aproveitam da sua fraqueza, colocando pensamentos ruins em sua cabeça e sugando sua energia.

Eu comecei a mexer em uma das minhas pulseiras do pulso, me sentindo nervoso com o rumo do assunto. Nenhum desses tipos se encaixa com o caso do Louis.

- E claro, há aqueles que ainda precisam fazer algo aqui antes de ir.

Oh, talvez esse sirva para Louis.

- Uau – Zayn está maravilhado. – Isso é até legal! Não sei se acredito, mas seria da hora. Você gosta mesmo disso, não é, Casey? Fica toda empolgada falando.

Casey riu e a garçonete apareceu com nossos pedidos, menos o do Niall que por ser maior não deu para colocar na bandeja. Niall bufou, cruzando os braços, mas não reclamou. Rimos dele e comi o meu. A banana Split chegou e Niall ficou com os olhos enormes. Se pudesse, ele teria devorado só pelo olhar.

- Podemos ver espíritos? – Liam formulou a pergunta após um silencio em que cada um aproveita o próprio sorvete.

- Tem gente que pode ver. Os médiuns – ela assentiu brevemente, colocando o lábio inferior para fora. – Eu gostaria de poder ver.

- Sério? – suspendi a sobrancelha, duvidando, afinal eu fiquei bem assustado quando vi o Louis pela primeira vez.

- Claro – ela olhou para mim mais firmemente, abaixando a colher de sorvete. – Tem umas imagens muito ruins, mas tem as boas também. Quem olha normalmente pode ajudar esses espíritos.

Sorri. Ainda bem que não vejo as imagens ruins, só consigo ver o Louis e ele é um bom espirito. Será que posso ajuda-lo?

- Eles são transparentes? – Zayn fez um rosto de satisfação com outra colherada da mistura que criou, deve ter dado certo.

- São imagens – Casey repetiu. - Podem parecer reais como um corpo, mas não é a mesma coisa.

- Eles podem mexer os objetos?

Por que estamos falando sobre isso? Parece até que sabem sobre o Louis, ou estão lendo meus pensamentos. Isso é estranho. Sou muito sortudo e azarado, não decidi.

- Nem todos. Geralmente são os espíritos que ainda não estão livres o suficiente da influencia material. Como aqueles que permanecem na Terra.

- Eles mexem com a mão ou a mente? – Liam se inclinou para frente.

- Não necessariamente. Tem a ver com certos fluidos – ela mostrou a colher com um pedaço do sorvete que criou para Zayn experimentar. – Bom?

Zayn assentiu e ofereceu um pedaço do dele, também. Ela aprovou. Liam fez careta e se virou para conversar com Niall, me fazendo rir. Prestei atenção na conversa dos dois, mas quando ouvi Zayn e Casey voltando a conversar de espíritos, não pude evitar.

- Os sentimentos mudam quando não são mais humanos? No caso de tristeza, saudade, amor... Sentem da mesma forma? – Zayn olhou de forma obvia para Casey, dando uma indireta.

- Sim. Só porque não estão mais entre nós, não quer dizer que não tenham mais sentimentos. Pelo contrario – Casey fingiu que não viu o olhar de Zayn. – Principalmente os que estão presos aqui por missão. Eles se sentem sozinhos e confusos até descobrirem o que devem fazer.

Meu coração deu um aperto e perdi o apetite, afastando meu sorvete. Estou sentindo um enjoo na barriga.

- Harry? – Niall notou. – O que foi? Não vai mais comer?

Balancei a cabeça, não conseguindo esconder meu sentimento de culpa e tristeza no olhar.

- O que aconteceu? – Liam falou um pouco mais preocupado. – Você parece triste.

- Nada, eu só... – apoiei o cotovelo na mesa e passei a mão pelo cabelo, me sentindo um completo idiota.

- Posso comer seu sorvete, então? – Niall pediu.

- Niall! – Liam reprovou e com isso Zayn e Casey nos deram atenção.

- O que foi? – Zayn me perguntou e fechei os olhos.

Eu tenho que fazer algo. Não aguento mais esse sentimento dentro de mim. Talvez tenha sido um aviso. Talvez esse seja o certo a fazer. Eu estou com medo, sim. Mas justamente porque Louis é um cara legal. Eu também acho que podemos ser amigos, mas é tudo tão novo. Será uma amizade diferente de qualquer coisa antes. Vamos ter dificuldades diferentes e eu nem posso mostra-lo, ou falar dele para ninguém.

Essa é a pior parte porque eu quero poder contar para todo mundo. Eu quero dizer que conheço o Louis que sofreu um acidente ano passado. Um cara super infantil, mas gente boa. Eu quero dizer que posso vê-lo e sou o único capaz de fazer isso, mas não acreditariam e achariam que estou louco, ou velho de mais para ter um amigo imaginário.

Eu tenho é que esquecer um pouco do que quero e focar no que posso fazer. Não é ruim conversar com ele quando não tenho mais a quem recorrer, ou jogar bola, mesmo eu sendo péssimo e ele sumindo para me assustar.

Louis esteve comigo quando precisei. Eu não estou fazendo o mesmo por ele.

Louis é meu amigo, eu que não o considerei um com medo por já me preocupar, me interessar e querer estar perto dele como um. Por medo desse dom estranho e novo de poder vê-lo, da responsabilidade que isso pode carregar.

Não posso magoar alguém e deixar uma amizade verdadeira escapar só por causa do meu medo idiota de ele ser diferente. Preciso tentar, antes de qualquer coisa.

- Ele está triste do nada e Niall está falando em sorvete – Liam revirou os olhos.

- Desculpa, Harry – Niall pediu honestamente. – Eu não falei com essa intenção, foi sem pensar.

Eu sorri para o meu amigo irlandês, sem nem me importar com algo assim.

- Mas por que está triste, Harry? – Zayn quis saber.

Não respondi, apenas levantei da cadeira. Tirei minha parte da conta e coloquei o dinheiro em cima da mesa.

- Eu preciso ir.

- O quê? Para onde? – Zayn ficou mais confuso.

- Está chovendo, você não trouxe o guarda- chuva. É melhor esperar – Niall ressaltou.

- Não posso esperar, já adiei muito – murmurei, olhando para baixo.

Eles se entreolharam e Casey suspirou. Eu olhei para ela.

- Toma – ela entregou o guarda-chuva fechado que estava encostado contra a mesa. – Pode levar o meu. Eu posso ir embora quando a chuva parar.

- Sério? – sorri me aproximando para pega-lo.

- Sim, amanhã você me devolve – ela sorriu de volta e eu segurei o guarda-chuva azul.

- Obrigado, Casey! – falei alegremente. – Você deveria ficar com o Zayn.

Zayn abriu a boca e me olhou em perplexidade, quase cuspindo o sorvete.

- Oops – sorri sem graça e abri o guarda-chuva, saindo correndo com minha mochila nas costas.

- Harry Edward Styles! – escutei Zayn berrar acompanhado da gargalhada dos meninos.

A forma que corro faz algumas gotas da chuva atingir meu rosto por que estou contra o vento, mas o guarda-chuva ajudou bastante. Cheguei na escola e a porta da frente está fechada, então corri para a porta de trás, passando direto pelo campo. Aqui sempre fica aberto até tarde para os alunos de detenção, ou alguma atividade extra.

Puxei as portas e deixei o guarda-chuva no chão. Meus tênis rangem no piso por causa da água. Subi quase voando nos degraus das escadas, determinado em chegar à sala de música o mais rápido possível e consertar as coisas com Louis.

Se eu sou o único que pode vê-lo, talvez eu seja o único que pode estar aqui por ele e ajuda-lo como fez por mim. Cheguei ao andar familiar e abri porta com tudo.

- Louis!

Parei, respirando alto e com dificuldade. Esfreguei a mão no rosto, afastando as gotas que tinham me acertado. Procurei por alguém sentado no piano, segurando o violão, ou qualquer instrumento suspenso no ar. Nada.

- Louis? Está aqui?

Silencio e nenhum movimento. Esperei mais uns segundos e meu cérebro trabalhou para o próximo passo. Fechei a porta e voltei a correr lá para baixo, quase deslizando no ultimo degrau, o que me fez arregalar os olhos. Meu coração bateu mais forte. Eu me segurei fortemente no corrimão com as duas mãos bem a tempo. Essa foi por pouco. Depois que me recompus, fui para a porta dos fundos, pegando o guarda-chuva e saindo.

Olhei o campo da distancia em que estou em busca do garoto de camisa branca. A chuva está mais intensa, fazendo tudo virar um borrão. O céu está escuro. Um raio ecoou ao longe.

Caminhei para o campo com cuidado por onde piso. Parei perto das arquibancadas e não o encontrei, mas meus olhos se moveram pelo banco reserva que ele estava da ultima vez que o vi. Eu prendi o ar.

Lá, no escuro e debaixo da chuva, uma imagem iluminada suavemente se destaca.

Um garoto sentado com uma bola na mão de cabeça baixa.

Louis não tinha saído dessa posição até agora e isso fez meu coração se partir com a cena. Soltei o ar e me aproximei com passos barulhentos na grama molhada. Eu sei que ele pode escutar. Parei de frente para ele, que levantou a cabeça surpreso.

- Harry?

Sorri para ele em desculpas e alivio.

- O que está fazendo aqui?

- Poderia te fazer a mesma pergunta – franzi as sobrancelhas, olhando para o céu atrás dele. – Está chovendo.

- A chuva não me atinge – respondeu assim que terminei de falar, me fazendo olhá-lo novamente. – Eu quis ficar porque faz tempo que não vejo a chuva.

Louis, sua beleza é maior quando fala de coisas tão simples que o satisfaz. Ele tem razão sobre a chuva. Ela não pode atingi-lo e isso me deixou mais fascinado em relação ao menino de olhos azuis. Agora, Louis realmente parece algo mais puro e leve que um corpo normal. Superando a chuva. A luz que emana é sua aura.

- Mas o que veio fazer aqui, Harry? – ele ainda quer saber, já que não fiz nada além de observa-lo. – Está tarde.

- Eu vim jogar bola com um amigo.

Escondi o sorriso e ele abriu a boca, desviando o olhar.

- Na chuva?

- Yup.

Louis formou um bico, mas o desfez rapidamente para que eu não percebesse. Tarde demais.

- Pode me dar essa bola? – pedi, me divertindo com suas reações.

Ele franziu o cenho, apertando a bola contra o peito, mas entristeceu o olhar e balançou a cabeça uma vez. Louis estendeu a bola para mim e eu a peguei. Fechei o guarda-chuva, colocando embaixo do banco para não sair voando. A chuva me encharcou no mesmo instante e nos primeiros segundos, estremeci com o tecido frio grudando na minha pele, mas depois se tornou algo agradável e refrescante. Louis arregalou os olhos.

- Harry! Você está se molhando! – ele se mostrou ansioso, levantando do banco. – Você pode pegar um resfriado! Tem certeza que é uma boa hora jogar agora? – olhou ao redor. – Além do mais, cadê o seu amigo?

Ri levemente de sua doce ingenuidade.

- Estou olhando para ele.

Louis olhou para mim em busca do local que olho, mas ficou confuso quando meu olhar permaneceu sustentando o seu.

- Mas você-

- Vamos, Louis – dei uns passos para trás. – Antes que eu desista. Posso deslizar feio na grama lamacenta do jeito que sou péssimo nisso.

Ele demorou em ingerir minhas palavras e quando o fez, soltou uma exclamação, me olhando sem acreditar.

- Mas você disse que não somos amigos – um rastro de tristeza permaneceu em seus olhos e eu suavizei minha expressão.

- Eu sei o que eu disse. Eu sinto muito – coloquei a bola no chão e afastei minha franja dos olhos. – Mas agora estou aqui.

Louis continua duvidando. Então, eu sorri para ele mostrando minhas covinhas.

- Vamos começar de novo.

Aos poucos, seus lábios se curvaram no sorriso familiar e mais lindo que vi alguém ter até hoje. Sua imagem tremulou levemente. Não sei muito bem por quê. Talvez pela euforia e a risada animada que deu, correndo para o outro lado do campo quando consegui jogar uma bola certa e decente pela primeira vez?

Louis. O meu mais novo e único amigo espirito.

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Eu fui o arqueira, eu fui a presa Gritando, quem poderia me deixar, querido Mas quem poderia ficar? (Eu vejo através de mim, vejo através de mim) Por...