Meu NÃO querido diário

By iaanonimus13

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Kendra é uma adolescente "aparentemente" como qualquer outra do ensino médio, mas que diferente da maioria, p... More

1-Primeiro dia de um longo ano
2-Ele é diferente
3-Cada qual com sua inicial
4-Segredo entre "irmãs"
5-Apenas um chiclete
6-Sangue
7-Quebrando tradições
8-Festa
9-Uma noite fora de casa
10-Lobo ou vampiro?
11-O passo para mudar
12-Apenas amigos
13-Segure minha mão
14-Acampamento
15-Perigosa trilha
16-Perigosa trilha(parte 2)
17-Seu corpo não mente
18-Surpresa!
19-Culpada
20-Meu melhor remédio
21-Proibido para menores
22- Ela é sua amiga?
23-Que o dia termine bem
24-Profissional da sedução
25- Quem é ela?
26-Beleza é fundamental
27-Professor particular
28-Aluna exemplar
29- Selecionados
30-Não assopre as velinhas
31-Não assopre as velinhas(parte 2)
32- Ressaca moral
33- Tempo de crescer
34- Sorte no amor, azar no jogo
35- Minha melhor iniMIGA
36- Meu NÃO querido diário
37- A viagem
38-Perdidas para se encontrar(parte 1)
40- Inimigo ao lado
41- Verdade ou desafio?
42- Game over, amor
43- Fim do mistério
44- Rumo ao baile
45- Última página do diário
Aviso Importante!
Aviso!
AVISO! (LIVRO BÔNUS)

39-Perdidas para se encontrar(parte 2)

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By iaanonimus13

- Socorro! Alguém aí? - Brenna insistia em gritar e minha cabeça não aguentava mais de dor.

- Ninguém vai nos ouvir! Estamos muito distantes de onde eles estão.

- E o que espera que eu faça? Cruze os braços e espere a morte? - ela cruzou os braços enquanto falava.

- Eu tô com o mapa que nos deram aqui - retirei ele de dentro do bolso e abri - só precisamos nos situar e andar.

- Isso não vai dá certo. Eu vou subir esse morro! - falou completamente destemida.

Apenas observei ela escorregar mais de dez vezes, após não ter subido nem três metros direito. Subir ali certamente não era fácil como foi para descer.

- Você quer parar com isso?! - segurei ela antes que tentasse inutilmente subir mais uma vez - Vamos seguir o mapa!

Abri o mapa e não fazia ideia de onde estávamos. Mas resolvi seguir a intuição.

- Vamos por aqui! - apontei numa direção torcendo para ser o certo.

- Você tem certeza, Kendra?

- Claro que sim!

Começamos a andar, mas parecia que estávamos andando em ciclos. Minha cabaça latejava sem me dá sossego e ainda tinha que ouvir as reclamações da Brenna pelo caminho.
Não via saída, não via a estrada. Então após cerca de uma hora andando, desisti.

- Não aguento mais andar... - falei caindo no chão úmido e frio.

- Tá escurecendo Kendra...tô com medo - ela me olhou com olhos marejados.

- Minha cabeça tá doendo - passei a mão no ferimento que ainda sangrava.

- Você acha que estamos...- ela hesitou.

- Perdidas!

- Não pode ser, vamos morrer! - ela se desesperou e sentou no chão chorando - isso é culpa sua! - me encarou com ódio.

- Sim, claro. Eu adoro me colocar em situações de perigo. Então realmente deve ser minha culpa!

- Você fez a gente se perde seguindo esse mapa estúpido.

- Foi você quem escorregou da maldita encosta! - me levantei enfurecida - devia me agradecer por não ter te soltado, no meu lugar sei que você não teria feito o mesmo.

- VOCÊ NÃO SABE DE NADA, KENDRA! - ela berrou e saiu andando.

Segui atrás.

- EH FAZ ISSO MESMO! NÃO É O QUE SEMPRE FAZ? AS COSTAS PRA QUEM FALA A VERDADE NA SUA CARA!

- QUE VERDADE? - parou e me acarou de perto.

- Que você é uma mimada, dona da razão. Sempre foi e será assim, fútil e egoísta!

- Você deveria ter me soltado mesmo, pelo menos agora não teria que olhar pra você!

- É, deveria mesmo. Me arrependi de não ter soltado. Infelizmente ainda não sou tão filha da puta como você! - antes que ela ousasse responder um trovão ensurdecedor ecoou do céu.

Nos olhamos com olhos arregalados de medo. Só então percebi que a noite já havia chegado. A dificuldade de enxergar era grande. A copa das árvores encobriam qualquer claridade que a Lua quisesse proporcionar. O silêncio que fizemos após o barulho do trovão nos fez conseguir ouvir barulhos ao redor. Folhas se arrastando, animais correndo pelo mato. Quase não conseguia enxergar Brenna diante de mim, apenas o azul dos seus olhos ressaltava em seu rosto.

- Não pode chover, isso só pode ser castigo! - Brenna mal fechou a boca e senti um pingo cair sobre minha testa.

Em questão de segundos caía uma chuva intensa e constante.

- O que vamos fazer? - falei um pouco mais alto já que a chuva abafava o som de nossas vozes.

- Vamos subir numa árvore! - finalmente ela teve uma boa ideia.

Procuramos uma árvore com galhos baixos para subir, lá estaríamos livres de animais e menos expostas a chuva.

- Não vou conseguir subir aí - altura nunca foi o meu forte.

- Claro que vai! Fazíamos isso quando éramos crianças - ela subiu com habilidade e depois me ajudou a subir também.

Tentei não olhar para baixo, assim não ficaria tonta. A chuva ainda nos pegava só que menos que no chão. O barulho da água batendo forte contra as folhas de certa forma me tranquilizou e acho que a Brenna também, pois ela ficou em silêncio por um longo tempo.
Minha cabeça latejava tanto que tentei apertar a ferida aberta, havia um corte da ponta da minha sobrancelha até a testa. Torcia desde já para que não ficasse cicatriz. A ferida ainda sangrava, mas agora o sangue era lavado pela água da chuva.

- Deixa eu ver isso - Brenna se aproximou e analisou o corte - Caramba! Me passem o bisturi - ela falou e eu sorri.

Em seguida ela tirou o casaco que vestia e rasgou parte de sua manga. Não sei como, mas conseguiu envolver na minha cabeça e estancar o sangue. Observei ela enquanto fazia isso bem perto de mim. O cabelo bagunçado, a maquiagem borrada, a roupa suja e rasgada. Nem de longe parecia a Brenna que todos conheciam, parecia apenas a que eu conheci um dia.

- Deixa a cabeça levantada, vai ajudar a estancar o sangue - ela ergueu meu queixo e minha cabeça encostou na árvore.

Ela ficou sem se encostar já que estávamos no mesmo galho, mas não pareceu se importar.

- Desde quando você entende de primeiros socorros ?

- Eu fui escoteira, lembra? - ela falou orgulhosa - eles ensinavam essas coisas e davam lanche também.

- Obrigada!

- Obrigada também por não me soltar e ah... - hesitou antes de falar - ... Saiba que se fosse ao contrário eu também não te soltaria.

Senti que ela foi sincera, então sorri e ela sorriu  de volta.

Só não estávamos em silêncio absoluto porque a chuva não permitia. O frio começou a me fazer tremer, havia sido uma péssima ideia ter saído apenas se camiseta.
Tentei controlar os espasmos em meu corpo, mas à cada vez que o vento se encontrava com minha pele descoberta era impossível não tremer.

- Você tá tremendo! Pega - ela me deu o casaco que usava. Ficando apenas de camiseta como eu.

- Você vai sentir frio!

- Mas ainda não tô sentindo. Pega logo! - dessa vez peguei sem argumentar e o frio não passou, mas ajudou a controlar a sensação térmica no meu corpo.

- Obrigada de novo! - ela não respondeu nada e fiquei olhando ela por um longo tempo e pensando.

- Por que tá me olhando assim? Meu cabelo tá muito feio? - passou imediatamente a mão nos fios molhados.

- Relaxa, você continua parecendo que saiu duma capa de revista.

- Então estava me admirando? - falou convencida.

- Também não, tava pensado... Porque deixamos de ser amigas?

- Essa é fácil de responder. Pergunte ao meu cabeleireiro que teve que arrancar os chicletes do meu cabelo - ela ainda se referia ao assunto com mágoa.

- Você beijou o menino que gostava. Mas isso é motivo suficiente pra termos virado quase inimigas?

- Eu também gostava dele! Só queria chamar atenção porque ele não gostava de mim. Só tinha olhos pra você...aliás sempre foi assim.

- Sempre foi?

- Sempre! - ela franziu a testa - Você era a mais divertida, mais engraçada e as pessoas sempre gostavam mais de você. Lembra da Sofia, nossa amiga? Ela gostava mais de você e me conheceu primeiro. O menino que causou toda a nossa briga era louco por você e eu louca por ele. As pessoas só vinham até mim por algum interesse, eu era a menina rica que os pais deixavam sozinha o tempo todo, quer dizer, ainda sou. E você não, as pessoas chegavam perto de você porque te achavam legal e sempre mais legal que eu...

Fiquei digerindo as palavras que ela lançava sem parar.

- Brenna, você sempre teve tudo. As melhores viagens, os melhores brinquedos. Eu não tinha esses mimos...todo mundo sempre queria ir para sua casa...

- Não por mim né, pela casa - ela riu sem vontade - eu só queria que aquele garoto tivesse gostado de mim, poxa eu não era criança mas só tinha treze anos...Eh talvez eu tenha sido egoísta e não tenha pensando em você. Mas quando eu parei pra pensar você já tinha colado o chiclete no meu cabelo. Eu praticante comprei todos os meus amigos nos anos seguintes. Mas tem coisas que não se compram tipo, anos depois quando eu finalmente conheço um cara legal você vem e toma de mim - ela revirou os olhos e suspirou.

- Não tomei o Kaleb de você. Me apaixonei por ele... Talvez tenhamos o mesmo gosto pra homem...

- Talvez sejamos mais parecida do que você pensa - ela falou baixinho.

- Se eu voltasse no tempo não teria colado aquele maldito chiclete - falei e segurei a mão dela.

- E eu não teria beijado aquele garoto. Já viu como ele tá hoje? Cheio de espinhas. - rimos e eu abracei ela.

A Brenna não era má.
Ninguém nasce má.
Todos temos dois lados, e eu conhecia bem os dois lados dela.

- Desculpa não ter estado com você quando sua mãe se foi. Eu queria ter te ajudado, eu pensava todos os dias em ir na sua casa - ela começou a chorar ainda me abraçando.

- Desculpa por eu ter estragado seu aniversário com aquelas fotos...- falei.

- Desculpa pelas vezes que eu já te humilhei, por ter tentando te afogar, por ter te atropelado, por ter colocado droga na sua bebida na festa e cuspido no copo... - me afastei dela.

- Você cuspiu na minha bebida?

- Não! - ela riu - mas juro que tive vontade.

- Ah tá! Por que eu cuspi na sua - ela me olhou de boca aberta - Tô brincando também! - na verdade não era brincadeira, mas pra que estragar esse momento né?

- Eu senti tanto a sua falta, Kendra. As coisas eram mais sem graça sem você.

- Também senti a sua, muito - dessa vez ela que me abraçou.

- Eu não sou o monstro que você pensa - ela me olhou.

- Eu sei que não.

A chuva aos poucos cessava, junto com a nossa tempestade interna que se desfazia.

- Aí que lindo! - ela se afastou - vamos morrer juntas aqui.

- Já estivemos pior, pelo menos tá chovendo menos...

- Eh! Não tem como piorar - quando ela fechou a boca a árvore balançou.
Quer dizer, nosso galho balançou.
Estava quebrando.
Ele quebrou tão de repente que não tivemos como sair dele. Caímos de um galho de uns três metros de altura direto pro chão.
Dessa vez, felizmente não bati com a cabeça porque meu braço me apoiou. Caí de costas pro chão. A terra com folhas molhadas grudavam na pele exposta da minha coxa.

- Retiro o que disse - Brenna disse caída ao meu lado - Sempre tem como piorar.

- Essa sua boca...

- Se eu morrer diz que eu amo meus pais e que o Ian foi o cara mais gostoso que já peguei...e acho que amo ele.

- Eu morro antes de você - fechei os olhos sem força.

Ela se levantou e me estendeu a mão para levantar. Já parecia tarde e precisávamos dormir. Não tinha como sair dali naquela escuridão.
A chuva deu uma trégua também.
Eu me movimentava com dificuldade, haviam sido duas grandes quedas num mesmo dia.
Me encostei numa árvore e Brenna pegou uns gravetos e duas pedras.

- Você não acha mesmo que isso vai funcionar, né? - falei ao ver ela esfregando duas pedras.

- Nos filmes sempre funcionam e já disse que fui escoteira - ela insistiu por mais de quinze minutos até que se rendeu e sentou ao meu lado.

- Só ia pra comer...

- Eu ouvi isso! - falou fingindo uma falsa ofensa.

- Quando sairmos daqui...seremos amigas? - perguntei com um pouco de vergonha.

- Claro que não! - ela respondeu - você é minha melhor inimiga - me olhou com um sorriso nos lábios.

Conversamos e conversamos.
Contamos tanta coisa uma para outra.
Coisas que eu não tinha contado para mais ninguém.
Até que o sono nos pegou e dormimos ali mesmo, jogadas no chão frio daquela mata enquanto pingos de chuva ainda caíam sobre nós.

Acordei com o Sol quase nascendo.
Meus lábios batiam um no outro tremendo.
Eu respirava com dificuldade.
Meu corpo inteiro tremia freneticamente e eu não conseguia evitar. Nunca havia sentido isso antes, a frio era tão intenso que doía.

- BRENNA! - gritei quando passei a mão no nariz e o sangue escorreu.

Ela acordou tremendo um pouco também, mas estava visivelmente bem.

- Meu Deus, Kendra - ela tocou meu rosto - você tá queimando em febre!

- Vai buscar ajuda! - as palavras saíram com dificuldade.

- Não vou deixar você aqui sozinha! - ela tirou a blusa que vestia e colocou em mim. Não sei como ela aguentou ficar apenas de sutiã num frio daqueles.

Me levantou e colocou meu braço envolta do seu pescoço e saiu caminhado comigo, ou melhor, me arrastando.

O Sol já havia saído, mas estava encobertos por densas nuvens. Mesmo com ela perto de mim meus tremores não paravam e tive que limpar diversas vezes o sangue do nariz.
Caminhamos por mais de vinte minutos e quando senti minhas pernas faltarem ouvimos sons de motores.

- Estamos perto da estrada! - ela falou quase sem ar.
Não devia está sendo fácil caminhar e me arrastar ao mesmo tempo.

Minha cabeça começou a girar e minha visão escureceu. Vi quando chegamos na estrada e ao longe alguém gritou:

- Elas estão ali!

Brenna me deitou no chão da estrada não movimentada e esperou que eles viessem até nós.

- Ela não tá bem! - Brenna falou ao me colocar no chão.

-Kendra! Meu amor, olha pra mim - Nick falava e meus olhos insistiam em querer fechar.

- Chamem uma ambulância agora! - Natasha gritou.

- Não desmaia! - Nick me sacudia nos braços quase chorando.

Lutei para me manter acordada.
Desmaiei.

..


Espero que estejam gostando, principalmente agora que estamos na reta final da história.
Não esqueça daquela favoritada e comente também.

Beijo, até o próximo capítulo.

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