Esposa Temporária (Completo)

By PudimdeUva

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Solteiro procura... Tyler Newroth, um executivo em ascensão, era o relutante objeto do desejo de sua nova sup... More

︿﹏︿﹏︿
PRÓLOGO
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X - Penúltimo
Capítulo XI - Último
Atrevida e Ardente
Definitivamente... Amor!

Capítulo VII

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By PudimdeUva

Uau! Se essa é uma cabine de luxo, posso até imaginar o que os pas­sageiros mais comuns estão fazendo no porão — Emily brin­cou, tentando imaginar como passaria por Tyler para chegar à pilha de bagagem junto do sofá-cama.

— Humm... — Tyler respondeu, segurando-a pela cintura ao perceber que ela tentava passar por ele, apesar do espaço reduzido. — O que vamos fazer com uma cabine tão grande?

— Podemos convidar os diretores da Connstarr para um baile.

— Grande idéia. Apenas trezentos ou quatrocentos ami­gos íntimos. Também posso convidar a chefe matadora...

— O funeral é seu — ela respondeu sorrindo, virando-se para encará-lo. — Pena não termos conseguido uma cabine vizinha à de Helga e Carmen. Vou ter de esgueirar-me por metade do corredor para chegar à minha cama.

Tyler começou a cantarolar, conduzindo-a numa valsa animada.

— Prática — explicou ao notar que ela o fitava confusa. — Esta é mais uma das coisas que teremos de fazer juntos. E quanto à cabine, pode ficar aqui comigo. Assim resolve­ríamos vários problemas.

Emily interrompeu a dança, livrou-se do abraço e riu.

— É verdade — respondeu irônica. Em seguida olhou para o vestido elegante e as sandálias de salto alto e con­cluiu: — Acho melhor mudar de roupa. O que vamos fazer?

Tyler sentou-se no sofá e apanhou o programa de bordo para colocar-se a par das atividades do navio.

— Vejamos... Domingo, 31 de julho. Que horas são? — E consultou o relógio. — Levantaremos âncora à uma em ponto. A uma e meia haverá uma simulação obrigatória num barco salva-vidas.

— Está falando sério? — ela perguntou tensa. Até agora não sentira enjôos, mas ainda não estavam em movimento. A simples idéia de entrar num bote de borracha e enfrentar o mar a enchia de terror.

— Sim, estou — Tyler respondeu, preocupando-se ao no­tar a palidez no rosto dela. — Fique calma, meu bem. É só uma simulação. A lei os obriga a cumprir essa rotina.

Emily respirou fundo para acalmar-se. Embarcar nesse navio havia sido uma péssima idéia. Por que embarcara, afinal? Arriscaria a vida no oceano... por quê? Por sua tese? Onde estava com a cabeça quando escolhera esse tópico? Já não fazia sentido. Por Deus, como estudaria os hábitos dos sem-teto num bote salva-vidas? Preferia enfrentar os perigos das ruas. Lá não tinha de preocupar-se com tuba­rões, afogamentos e...

Seria tarde demais para escapar dessa banheira? Ainda não haviam sequer deixado o porto em San Diego, e já estava apavorada.

— Tyler? — perguntou hesitante.

— O quê? — ele respondeu, desviando os olhos do pro­grama para estudar sua expressão amedrontada.

— Estou com medo...

— Oh, querida — ele sorriu, envolvendo-a com os braços. — Do que tem medo?

— Tubarões? Tyler riu.

— Meu bem, o único tubarão por aqui é Roxanne. E não precisa temer, porque não vou permitir que ela a ataque.

— Depois de beijá-la na testa, ele voltou ao programa de bordo. — Escute as instruções. Aqui diz que todos os pas­sageiros devem ir para suas cabines e colocar o colete sal­va-vidas. Depois temos de verificar o número e a localização do nosso bote e ir para o local indicado durante a simulação. É fácil. Se pudéssemos encontrar nosso bote...

Emily gemeu, o rosto enterrado em seu peito.

— Estamos perdidos...

Não, não... Aqui diz, convés principal, proa. Para que lado fica a proa?

— Ah... — Emily gemeu novamente.

— Muito bem, temos duas opções. O estilo mágico da Enchanted Cruise, a banda do navio, ou Lou Lewis e a Swinging All-Stars. O que prefere?

— A simulação — Emily respondeu com uma careta. Dis­cutir um possível acidente em alto-mar parecia mais inte­ressante que testemunhar o assassinato musical praticado pelo tal Lou Lewis. — Vamos torcer para que Roxanne perca a simulação...

— Quer contar com a possibilidade de perdermos Roxanne no mar? Você é indecente! Gosto disso nas mulheres — Tyler brincou.

— Roxanne é indecente.

— Não. Roxanne é diabólica. Existe uma grande diferença.

— Bem, já que estamos aqui, acho que devemos vestir nossos trajes de banho sob o short. Assim, quando nos li­vrarmos da simulação poderemos apanhar um pouco de sol à beira da piscina.

—Acha que está preparada para enfrentar a piscina dian­te dos diretores da Connstarr e do público em geral?

— Acho que sim — ela respondeu, abrindo a mala para apanhar o maio. Tinha de estar pronta. Depois das inter­mináveis aulas de natação e espanhol durante toda a se­mana, tinha a obrigação de estar preparada para acompa­nhar Jacques Cousteau numa expedição marítima à Espa­nha! Tyler se mostrara um professor paciente e divertido, e fizera questão de incluir Carmen nas aulas de natação. Helga já sabia nadar, e havia preferido aproveitar o tempo para praticar o estilo próprio.

Emily escolheu o biquíni preto que Tyler escolhera no primeiro dia de compras e fechou a mala. Se pretendia com­petir com a sofisticada Roxanne, tinha de usar todas as armas disponíveis.

— Vou ver se Helga e Carmen estão prontas para a si­mulação — ela avisou, levando o biquíni no bolso do vestido. — E aproveitarei para mudar de roupa por lá.

— É melhor correr. Partiremos em cerca de dois minutos.

— Não se preocupe. Pedi a Helga que ajudasse Carmen a mudar de roupa, e ela já deve estar pronta para a sala de brinquedos. — Carmen havia visto a sala dos brinquedos e a piscina infantil no momento em que embarcaram, e demonstrara um enorme entusiasmo. — Podemos deixá-la antes de... — e parou, fazendo sinal para que ele se apro­ximasse da porta. — Essa não é a voz de Roxanne?

Tyler olhou pelo buraco da fechadura.

— É ela. E parece estar criando problemas para um dos oficiais do navio.

— Não quero saber quem está lá! — ela gritava autori­tária, apontando para a porta à frente da cabine dos Newroth. — Quero que os tire de lá! Paguei um bom dinheiro por essas acomodações, e faço questão de ser instalada exa­tamente nesta cabine!

— Mas, madame...

— Não quero ouvir desculpas. É óbvio que não sabe quem sou — e abriu a bolsa para retirar o cartão que entregou ao oficial. — Onde está o rapaz a quem dei o dinheiro? Quero falar com ele imediatamente!

— Uau! — Emily exclamou, virando-se para Tyler com os olhos arregalados. — Ela subornou alguém da tripulação para ficar perto de você! Podíamos ter usado o mesmo truque para ficarmos perto de Helga e Carmen. Droga! Por que não pensamos nisso?

— Porque não somos como ela. Escute, acho melhor não sair agora — e abaixou-se para olhar novamente pela fechadura.

— Mas eu tenho de ir! Não posso mudar de roupa aqui!

— Por que não?

— Porque... porque é muito apertado.

— Odeio decepcioná-la, mas a cabine de mamãe não é maior que esta.

— Sim, mas... preciso ver se Carmen está bem.

— Mamãe pode cuidar dela.

— Eu sei, mas elas são mulheres!

— E daí?

— Bem, me sentiria mais confortável mudando de roupa na cabine de Helga.

— Shh! Meu Deus, não acredito no que essa mulher está dizendo! Mamãe devia aprender alguns palavrões no­vos com ela.

— Tyler, eu...

— Não — ele cortou exasperado. — Prometo que não vou olhar, está bem? Se preferir, use o banheiro.

— Mas o banheiro é ainda menor!

— De quanto espaço precisa para vestir um biquíni? Es­pecialmente desse tamanho... — ele perguntou, sorrindo.

— Preciso de espaço.

— Não está querendo dizer que também é claustrofóbica, está?

— Mais ou menos. Na verdade, só quando estou num barco — admitiu envergonhada. Era uma mulher saudável e bem ajustada emocionalmente, desde que estivesse num lugar amplo e em terra firme. Entretanto, entre o medo de afogar-se e o pânico causado por locais fechados, estava começando a imaginar se acabaria saindo do navio numa camisa de força.

— O que vou fazer com você? — ele perguntou, sorrindo e balançando a cabeça.

— Demitir-me?

— Não seja tola. Escute, estaremos partindo a qualquer instante. O que acha de mudar de roupa aqui, enquanto eu espero no banheiro?

Aliviada, Emily afirmou com a cabeça e abriu a porta do banheiro para ele.

— Prometo ser rápida.

Tyler entrou no banheiro e sentou-se no vaso sanitário para esperar. Ouvindo os ruídos de sua esposa no quarto, pensou que não havia uma única coisa nela que não apre­ciasse. Nem mesmo seus medos irracionais. Considerando-se que ela quase se afogara quando criança, não podia chamar esses temores de irracionais. Na verdade, admirava a co­ragem com que ela superara as próprias emoções para aprender a nadar.

Podia ouvi-la cantarolando enquanto vestia o provocante biquíni preto que quase o mandara para o hospital naquele primeiro dia de compras. Estava ansioso para exibi-la na piscina, e tinha certeza de que nenhuma outra mulher a bordo do navio seria capaz de superá-la em beleza.

Se houvesse passado meses procurando a mulher ideal para o papel de esposa, não teria encontrado outra mais adequada que Emily.

Emily havia acabado de despir o vestido quando ouviu aquele ruído. Era como se alguém estivesse girando uma maçaneta, mas Tyler não sairia do banheiro antes que o chamasse. Virando-se para a porta da cabine, viu a maça­neta girar e prendeu a respiração. Que diabos...?

Usando o vestido para proteger a frente do corpo, apro­ximou-se da porta sem fazer barulho e olhou pela fechadura. Roxanne estava parada do lado de fora.

— Tyler! — Emily sussurrou, batendo suavemente na porta do banheiro.

— Terminou?

— Não! — ela exclamou, segurando a porta para que ele não pudesse abri-la. — Roxanne está tentando entrar em nosso quarto!

— O quê? O que ela quer?

— Você, é claro! Ela está forçando a maçaneta, e ainda não estou vestida! O que devo fazer?

— Eu cuido disso — Tyler avisou, abrindo a porta do banheiro com um movimento brusco. De olhos fechados, os braços estendidos à frente como um sonâmbulo, caminhou lentamente em direção à porta. — Não se preocupe, não posso ver nada.

— Isso é óbvio — ela disse, rindo, vendo que ele apro­ximava-se da parede.

— Será que pode me guiar até a porta? Isto é, se ainda não estiver vestida. Isso é ridículo, sabe?

— Sei.

— E se eu abrir um olho? — ele perguntou, aproveitando a proximidade para tocar seu ombro. Um ruído mais alto na porta chamou sua atenção. — Quem é?

— Tyler? Sou eu, Roxanne. Posso entrar?

— Ah, Roxanne, adoraríamos convidá-la a entrar, mas minha esposa está despida e...

— Isso não é verdade — Emily garantiu, rindo.

— Não? Então posso abrir os olhos — Tyler sussurrou, deslizando a mão por suas costas nuas.

— É melhor não! — A risada nervosa foi mais alta do que esperava.

— O que está acontecendo aí? — Roxanne perguntou.

— Diga que não é da conta dela — Emily murmurou irritada. — Ou melhor, eu mesma direi.

— Ei, vá com calma — ele disse, cobrindo sua boca com a mão para silenciá-la. Abrindo os olhos, deliciou-se com a visão do corpo esguio e seminu.

Emily tentou protestar, mas a mão sobre seus lábios a impedia de falar.

— Fique quieta! Ela vai pensar que está tentando me agredir e tentará vir em meu socorro — ele pediu, rindo.

— Mmmm-mmm-mmm!

Emily tentou mordê-lo, mas o movimento dos lábios em sua mão provocou sensações que o tiraram do sério.

— É melhor parar com isso enquanto pode — Tyler acon­selhou, puxando-a para si.

— Tyler? — Roxanne chamou impaciente.

— Sim? — ele respondeu com voz estrangulada.

— Os diretores da Connstarr, categoria na qual você se inclui, estarão encontrando-se no convés dentro de dois mi­nutos para jogar confete, beber champanhe e divertir-se. Espero você e sua esposa lá, imediatamente! — O tom de sua voz traía a irritação por estar sendo mantida fora da cabine.

— Sim, senhora — Tyler respondeu. — Estamos quase terminando.

— Ótimo!

O som dos saltos altos ecoando no piso do corredor trouxe alívio aos dois.

— Acha que ela ficou zangada? — Emily riu quando ele retirou a mão de sobre sua boca.

— Quem se importa? — Tyler encolheu os ombros, surpreso com a tranqüilidade que experimentava pela primeira vez desde que chegara à Costa Oeste.

— Acho que seria inútil perguntar se ela tem de usar isso

— Tyler resmungou resignado quando subiram ao convés. Emily olhou para Helga e riu. O chapéu enfeitado por frutas artificiais havia chamado a atenção da Dama de Plás­tico na vitrina da loja de lembranças. Incapaz de resistir ao brilho de desejo em seus olhos, Emily convencera Tyler a comprá-lo.

— Está brincando? — ela perguntou em voz baixa, en­quanto Tyler acenava para diversos diretores da empresa.

— Dê graças a Deus por ela ter encontrado o chapéu, ou Helga estaria usando a capa de plástico que ganhou no salão de beleza.

— Posso imaginar — ele suspirou, cumprimentando um gerente da filial de Detroit. Mantendo um braço em torno da cintura de Emily, desfilava como um marido protetor e orgulhoso conduzindo a esposa a uma das poucas cadeiras vagas no convés. — Depois de nos acomodarmos, gostaria de apresentá-la a algumas pessoas. Sente-se preparada?

— É surpreendente, mas sinto-me perfeitamente pronta.

— Estava habituada a festas e reuniões sociais, e sabia que seria capaz de conversar com qualquer um dos presentes. A única coisa que a inquietava era o fato de estar vivendo uma situação atípica. Agora era uma estudante de classe média fingindo ser uma sem-teto que fingia ser uma esposa de classe abastada. Como conseguiria manter as três más­caras no lugar?

Tyler sorriu:

— Não se preocupe. Estou aqui para ajudá-la, meu bem. — E beijou-a nos lábios.

E Emily soube que ele estaria por perto sempre que pre­cisasse de ajuda. Era surpreendente, mas confiava nesse homem sem reservas. Na última semana, um laço invisível começara a se formar entre ela e Tyler, unindo-os e criando raízes em seu coração. Jamais esqueceria a bondade de Tyler Newroth, e esperava que pudessem manter contato quando a farsa acabasse.

— Acho que vou dar um mergulho — anunciou, tirando o short e a camiseta o revelando o biquíni que guardara para o cruzeiro.

— Boa idéia — Tyler concordou, passando a mão pelo músculo tenso da mandíbula. — Mergulhar na água fria é exatamente o que preciso.

Quando Tyler tirou a camiseta, Emily notou que todas as mulheres que cercavam a piscina viravam-se para ob­servá-lo. Enquanto ele atravessava a piscina diversas vezes com braçadas vigorosas, ela mantinha-se na parte mais rasa, divertindo-se com os olhares famintos da platéia. Lutando contra uma onda de ciúmes, disse a si mesma que ele não era seu... e jamais seria.

Tyler saiu da piscina pela parte mais funda e, parado, as mãos na cintura e o os ombros largos erguidos, sorriu para a esposa. Certa de que acabaria derretendo sob aquele olhar intenso, Emily mergulhou e manteve-se sob a super­fície até não ter mais fôlego. Quando retornou à tona ele havia ido juntar-se a Helga nas espreguiçadeiras. E Roxanne caminhava diretamente para lá.

Irritada, Emily a viu afastar sua toalha de praia da espreguiçadeira e substitui-la com a que levava sob o braço.

— Importa-se de passar bronzeador nas minhas costas, Tyler, querido? Nunca consigo alcançar as áreas mais... de­licadas. — E colocou o frasco de óleo nas mãos dele.

— É compreensível — Helga interferiu, inclinando-se na direção dela. — A área exposta de seu corpo é muito maior que o comprimento de seus braços. Chama isso de maio? Parece um pedaço de barbante sobre seu...

— Mamãe! — Tyler exclamou, tentando conter o riso. — Ainda não entrou na piscina. Por que não vai fazer com­panhia a Emily? — E virou-se para a falsa esposa, que havia mergulhado para não rir.

O dia havia sido maravilhoso. Helga fora apanhar Carmen no salão de brinquedos e a levara para a cabine para cochilo, deixando Tyler e Emily sozinhos para aproveitar a piscina e conversar com as pessoas da Connstarr. Depois apresentá-la a todos os diretores da Costa Oeste, ele a levara para conhecer os amigos da divisão de Boston na sala de aperitivos. Incapaz de lembrar quando rira tanto, Emily tinha finalmente compreendido por que ele sentia falta dos antigos colegas.

A chegada de Roxanne pusera um ponto final nos mo­ntes de diversão e os Newroth retiraram-se para se preparar-se para o jantar. Tyler vestira-se no banheiro, deixando-a todo o espaço do quarto para meter-se no vestido preto de decote amplo. Assim que terminou de dar os últimos retoques no cabelo e na maquiagem, Emily fora ao quarto Helga para verificar se tudo corria bem. A Connstarr levara uma equipe de babás para que todos os funcionários se divertissem, e Carmen estava feliz com déia de passar o tempo com os novos amigos no salão brinquedos, onde veriam filmes infantis e desenhariam.

Elegante em sua roupa escura e discreta, Helga acompanhou o casal ao salão de jantar, onde Denny e Roxanne os esperavam. Apesar da irritação provocada pela maneira como Tyler tratava a esposa, Roxanne comportou-se bem durante todo o jantar, talvez para agradar o tio. Não que ele estivesse interessado. Para surpresa de todos, Denny e Helga agiam como dois adolescentes felizes e entusiasmados.

— Quanto acha que Roxanne pagou ao maitre para conseguir um lugar em nossa mesa? — Tyler perguntou, conduzindo Emily pela pista de dança em direção à porta que levava ao convés.

— Muito. Ela não teve problemas para desalojar a família que ocupava a cabine na frente da nossa.

— Agora ela pode nos espionar o tempo todo.

— De certa forma, chego a sentir pena de Roxanne — Emily suspirou quando chegaram à porta.

Tyler parou de dançar para encará-la.

— Você é boa demais.

— Não sei — ela respondeu, seguindo-o até a balaustrada, de onde podiam apreciar o sol se pondo no horizonte aver­melhado. A brisa salgada e fresca provocava ondas suaves na superfície da água, e Emily ergueu o rosto e tentou cap­turar para sempre a sensação de magia que experimentava nesse momento. Era fácil ser generosa quando sentia-se tão perfeitamente feliz. — Normalmente, quando as pessoas agem como ela, existe um motivo.

Tyler sorriu. A expressão em seu rosto era doce, e Emily soube que jamais esqueceria o encanto desse instante.

Sentia-se viva nos braços dele, como se essa felicidade pudesse carregá-la para outro espaço e tempo, um lugar onde podia acreditar que ela e Tyler haviam sido feitos um para o outro. Um tempo em que o brilho apaixonado que iluminava seus olhos fosse realmente para ela, e não para enganar uma admiradora inconveniente. |

Dominada pela magia, Emily deixou-se acreditar que ele realmente a queria, e os braços em torno de sua cintura eram um refúgio permanente contra a dura realidade do mundo.

— Você é tão doce — Tyler comentou fitando-a como se buscasse a chave para sua alma em seus olhos. — Nunca conheci ninguém como você. Não sei como consegue ser tão adorável e compreensiva, apesar de tudo.

Emoções conflitantes a invadiram enquanto ela tentava esconder uma inquietante pontada de culpa. Se pudesse, revelaria toda a verdade, disse a si mesma, ignorando a voz que a prevenia contra os perigos de ceder ao encanto do momento. Ao encanto de Tyler.

— Não — ela sussurrou. — Não sou especial — disse, tentando encontrar uma maneira de fazê-lo perceber que não era nenhuma heroína das ruas, mas uma simples estudante em busca de um objetivo.

— Para mim você é muito especial.

O beijo foi eletrizante, e Emily descobriu-se retribuindo com ardor. Jamais sentira as estonteantes sensações que experimentara em seus braços, nem havia sido despertada tão rapidamente pelos beijos de outro homem.

— Se eu tivesse idéia de que ser casado era parecido com isso... — ele suspirou. — Já teria abandonado a vida de solteiro há anos.

— Eu também — Emily respondeu com voz trêmula.

— Você é incrível. De onde veio? Que segredos está es­condendo de mim? — Tyler brincou, traçando uma trilha de beijos em seu pescoço.

Inclinando a cabeça para oferecer-se às carícias, ela ar­repiou-se e estremeceu. Essas eram questões que não devia responder, decidiu, lutando para lembrar por que estabele­cera tal regra. Quem era ela? Por que estava ali? Perguntas oportunas que já não sabia mais responder.

Tyler suspirou e segurou seu rosto entre as mãos, os olhos iluminados por um brilho intenso que falava de desespero.

— Prometa que não vai desaparecer à meia-noite. Sorrindo, Emily abriu a boca para prometer, mas foi in­terrompida pelo grito agudo de Roxanne.

— Aí estão vocês! — ela exclamou, caminhando na direção deles com seu andar sinuoso. Batendo no ombro de Emily, perguntou com voz rouca: — Posso interromper?



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