Esposa Temporária (Completo)

By PudimdeUva

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Solteiro procura... Tyler Newroth, um executivo em ascensão, era o relutante objeto do desejo de sua nova sup... More

︿﹏︿﹏︿
PRÓLOGO
Capítulo I
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X - Penúltimo
Capítulo XI - Último
Atrevida e Ardente
Definitivamente... Amor!

Capítulo II

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By PudimdeUva

Odeio ser desmancha-prazeres — Tyler comentou em voz baixa de modo que apenas Emily pudesse ouvi-lo —, mas temos de levar isso? — e apontou para os objetos de plástico que Helga carregava no velho carrinho de compras.

— É claro que sim — Emily respondeu com firmeza. — Esses são todos os bens que ela possui.

— Mas... — Odiava a idéia de enfiar todo àquele lixo malcheiroso no porta-malas de seu automóvel. — Tenho uma infinidade de objetos de plástico em minha casa, todos novos e limpos. Ela pode ficar com todos, se quiser.

— Não seria a mesma coisa.

É claro que não. Tinha uma sogra há menos de dez mi­nutos e ela já estava ameaçando enlouquecê-lo.

— Bem, vamos lá — Tyler murmurou, preparando-se para acomodar todo o lixo de Helga no porta-malas.

— Ei, cuidado com minhas coisas, seu cabeça-oca! Nem pense em estragar alguma coisa!

— Oh, eu nem sonharia com isso — ele respondeu mal-humorado. Estava começando a suspeitar de que havia co­metido o segundo grande engano do dia. Seria capaz de ensinar essa maluca a falar como uma mulher decente? Tivera uma infância difícil, praticamente uma criança de rua, mas chegara ao topo graças à própria inteligência e ambição. Poderia encontrar as mesmas qualidades nesse estranho trio?

Não tinha importância. A única coisa que importava era tirar Roxanne de seu caminho. Estava desesperado a ponto de acreditar que essa farsa funcionaria.

Terminada a odiosa tarefa, Tyler limpou as mãos na calça e virou-se para Emily.

— Pronto — anunciou. — Onde estão suas coisas? Emily o surpreendeu com a beleza de seu sorriso. Apesar da sujeira e do cansaço, algo nessa mulher sugeria classe. Estranho como uma mendiga de beira de estrada podia ter mais classe num dedo da mão do que Roxanne em todo o corpo.

Segurando um caderno espiral numa das mãos e a mão da garotinha na outra, ela respondeu:

— Essas são minhas coisas.

— Só isso? — Como alguém conseguia sobreviver tendo apenas um caderno? E para que precisava daquilo?

— Sim, só isso. Estamos prontas para ir.

Ela sorriu novamente, ajeitou os cabelos sujos e a roupa amarrotada, e Tyler ficou surpreso com a elegância de seus gestos. Adoraria saber como Emily se tornara uma sem-teto.

Sorrindo, ele anunciou:

— Também estou pronto.

— Então pare de olhar para Emily e ponha seu maldito traseiro no carro! — Helga gritou. — Não temos a noite toda. Ainda tenho de montar acampamento quando chegar­mos a sua casa. Mexa-se! — e, jogando o banco do motorista para a frente, ela acomodou-se no assento traseiro sem fazer cerimônia.

— Vou precisar de algum tempo para me acostumar com sua mãe. — Pior seria convencer Roxanne de que se casara com alguém dessa família.

Emily ajudou Carmen a entrar no carro enquanto respondia:

— Oh, ela não é minha mãe.

— Não?

— Não. E é melhor partirmos de uma vez, porque ela tem muito o que fazer antes do anoitecer.

Tyler entrou no carro e voltou para a estrada movimentada, oh objetos de plástico chacoalhando em seu porta-malas.

Embora estivessem viajando por alguns minutos, para Emily parecia uma eternidade. Por que diabos demoravam tanto a chegar? Tyler dissera que estavam perto.

Notando a tensão no rosto do motorista, ficou subitamente preocupada. O que sabia sobre esse homem? E se ele fosse uma espécie de assassino perigoso? Nervosa, olhou para o velocímetro e imaginou como conseguiria tirar Helga e Carmen do banco traseiro a setenta quilômetros por hora.

Carmen espirrou e Emily resignou-se com o destino, de­cidida a assumir os riscos com esse estranho. Afinal, essa era a essência de ser um sem-teto, não? Viver correndo riscos? Se queria que sua tese fosse autêntica, tinha de enfrentar a dura realidade das ruas.

Mais uma vez, olhou para o belo rosto do motorista e tentou adivinhar o que um homem elegante e fino como ele poderia querer com uma pessoa da rua. Não conseguira grandes explicações sobre o tal trabalho, e sabia que ele estava escondendo alguma coisa. Talvez fosse um perverti­do, um maníaco sexual...

Que piada! Nem um maníaco sexual se interessaria por uma mulher suja, descabelada, de unhas quebradas e sem maquiagem. Se ao menos tivesse um batom...

Mas o que estava pensando? O que faria com um batom nas circunstâncias que enfrentava? Não queria saber se o belo estranho a considerava atraente ou não. Não. Estava ali com um único objetivo. Conseguir ajuda para Carmen e Helga e reunir material para sua tese.

Tyler devia ter sentido seu olhar curioso, porque virou-se e sorriu. E, de repente, por razões que não conseguia ima­ginar, Emily soube que estavam seguras.

Simplesmente sentia, da mesma forma que pressentira o desespero desse homem naquele acostamento. Mesmo de­pois de uma semana de pesadelo nas ruas de Los Angeles, ainda se comovia com os que precisavam de sua ajuda. Mas que tipo de problemas teria o tal Tyler Newroth?

— Estamos chegando. Mais dez minutos e estaremos em casa — ele avisou em voz baixa, temendo despertar Helga, que roncava no banco de trás. — Espero que não repare na bagunça. Acabei de me mudar de Boston, e ainda não terminei de arrumar as coisas.

— Por isso precisa de ajuda? Para terminar de arrumar sua casa?

— De certa forma, sim. Explicarei tudo assim que esti­vermos em casa. É realmente uma longa história.

O estômago de Emily escolheu justamente esse momento para roncar, deixando-a mortificada.

— Que tal uma pizza? — Tyler sugeriu.

— Perfeito.

Usando o telefone do carro, ele entrou em contacto com a pizzaria mais próxima de sua casa e fez o pedido.

— Que sabor prefere?

— Qualquer um — Emily suspirou, sonhando com uma refeição quente.

— É melhor pedir duas, não?

— Pelo menos — Emily concordou. Seria capaz de co­mer uma pizza inteira sozinha, e sabia que Helga não faria cerimônia.

Minutos depois Tyler acionava um botão ao lado do es­pelho retrovisor e abria os imponentes portões de uma man­são. Boquiaberta, Emily resistia ao desejo de beliscar-se para ter certeza de que não estava sonhando. De onde es­tavam era possível ver a piscina bem cuidada, um quiosque e um grande pátio que devia abrigar festas maravilhosas.

— A pizza chegará em meia hora — Tyler avisou ao desligar o carro. — Tempo suficiente para acomodá-las.

— Sem dúvida. Por que não tira as coisas de Helga do porta-malas, enquanto acordo essas duas?

— Parece uma boa idéia — ele riu, aceitando a sugestão.

— Venha, meu amor — Emily murmurou, erguendo Carmen nos braços. — Estamos em casa.

— Ei, ei, ei! — Helga gritou. — Eu disse para tomar cuidado com as minhas coisas! O que está tentando fazer?

Tentando entender o comportamento de Helga, normal­mente pacífica e amiga, Emily esperou que ela descesse do carro para aproximar-se.

— O que está fazendo? — sussurrou, a testa franzida.

— Vendo do que ele é feito — Helga piscou. — Quero testá-lo para ter certeza de que é um bom rapaz.

— Pois trate de ir mais devagar com esse teste, ouviu bem? Precisamos de remédios para Carmen.

— Deixe comigo.

— Ela é sempre assim? — Tyler perguntou a Emily assim, que Helga afastou-se alguns passos.

Emily surpreendeu-se mais uma vez com a aparência de Tyler. Havia algo de vulnerável por trás da fachada de em­presário bem-sucedido, algo terno e carinhoso.

— Não — ela respondeu com um sorriso. — Às vezes Helga é pior.

— Ótimo. Simplesmente ótimo. Roxanne vai adorar. Venha, vou levá-las ao quarto.

Roxanne? Sim, é claro. Por que não pensara nisso antes? Ele era casado. Lutando contra uma inexplicável onda de melancolia, Emily segurou a mão de Carmen e seguiu o dono da casa. Que diferença fazia se ele era casado ou sol­teiro? Não estava diante de nenhum cavaleiro de armadura prateada. Além do mais, só aceitara a proposta do sujeito para conseguir ajuda para as duas amigas, não para bancar a donzela desamparada.

E quanto a Will? Já estava interessada num homem. Will Spencer, o homem para quem trabalhava como babá durante este verão, ou melhor, trabalhara, até a universi­dade solicitar os resultados de sua pesquisa com três meses de antecedência. Will acreditava que ela ainda estivesse lá, desempenhando seu trabalho. E estava... na pessoa de sua irmã gêmea. Gostaria de saber como Erica estava se saindo em Harvest Valley, ocupando seu lugar. Bem, provavelmen­te. Além do mais, Will jamais prestara muita atenção nela. Sua paixão por ele sempre havia sido unilateral. Não, Will jamais perceberia a diferença. Era engraçado como quase não pensara nele desde sua partida.

La casa es muy bonita — Carmen dizia entusiasmada, puxando sua mão e espirrando várias vezes, os olhos bem abertos captando todos os detalhes do interior da mansão, j

— Qual é o problema com ela? — Tyler perguntou.

— Um vírus, acho.

— Não! Quero dizer, por que ela está falando desse jeito?

— Em espanhol, você quer dizer?

— Espanhol? Ela fala espanhol?

— Sim, ela é mexicana.

— Que maravilha! Uma filha que fala espanhol. Roxanne vai morrer de rir.

Que história era essa de filha? Esse homem e sua esposa queriam uma filha? Não conhecia essa tal Roxanne, mas tinha a impressão de que ela não era exatamente o tipo maternal.

Tyler suspirou.

— Bem, não cheguei ao lugar em que estou sem ter apren­dido a resolver um problema tão simples como um idioma estrangeiro. Disse que ela tem um vírus?

— Acho que sim. Ela teve febre ontem à noite, e está espirrando e tossindo há alguns dias. Receio que o quadro piore se ela não for medicada com alguma urgência.

— Temos um médico na Connstarr que costuma atender os funcionários em suas casas. Vou telefonar para ele assim que terminar de acomodá-las.

— Obrigada — Emily suspirou, notando que Carmen es­fregava os olhos sonolenta. Passava das sete da noite. Talvez o médico não atendesse a esta hora. Esperava estar enga­nada, pois sabia que não seria capaz de dormir enquanto Carmen não fosse examinada e medicada. Desta vez foi o estômago da menina que apresentou-se.

— A pizza já deve estar chegando — Tyler comentou com um sorriso compreensivo. — Venham, os quartos ficam no segundo andar — ele indicou, dirigindo-se à escada.

Antes que houvesse chegado ao terceiro degrau, a porta da frente se abriu e Helga invadiu o hall da mansão com seu amontoado de lixo.

— Onde ponho essas coisas? — ela gritou, olhando em volta com curiosidade.

Tyler olhou para o carrinho repleto de objetos plásticos, suspirou e respondeu:

— Venha por aqui.

— Que diabos ela está fazendo? — Tyler perguntou, equi­librando três pizzas.

Emily o empurrou para fora do quarto de Helga e fechou a porta.

— Ela está... construindo o ninho — explicou.

— Ninho? Para quê? Ela tem uma enorme cama de casal com lençóis limpos bem no meio do quarto! Por que precisa de uma barraca imunda?

— Porque foi nessa barraca imunda que ela passou os últimos anos. É como uma criança com seu cobertor, en­tende? Deixe-a seguir os próprios hábitos, por favor.

Uma sogra lunática e uma filha que falava espanhol, Roxanne teria um dia inesquecível!

— Está bem... — ele suspirou. — Traga a criança e a velha maluca para a cozinha. O jantar está servido. Con­versaremos sobre seus novos deveres depois de comermos.

Emily parecia tão grata que Tyler sentia-se culpado por ter reclamado da confusão no quarto de Helga. Por que ficava tão confuso cada vez que ela sorria?

Emily jamais havia comido uma pizza tão deliciosa. A única pessoa capaz de comer mais depressa e com maior apetite era Helga.

— Vai comer isso? — a velha perguntou, apontando para uma beirada de massa no prato de Tyler.

— Não, não... Sirva-se.

— Obrigada. — Helga enfiou a massa na boca e piscou para Emily.

Tinha de admitir que admirava a maneira como Tyler estava lidando com Helga. Ela o infernizara durante todo o jantar, e era evidente que estava rendendo-se lentamente ao charme do dono da casa.

— Bem, vou levar nossa amiga Carmen para a cama — Helga anunciou enquanto levantava-se da mesa. — Já passou da hora de uma criança estar dormindo.

— Tem razão — Emily concordou. — Obrigada, Helga, e boa noite.

Tyler a observava intensamente. Gostaria que ele dissesse de uma vez o que esperava dela, pois a expectativa estava mexendo com seus nervos.

Num esforço para quebrar o gelo, decidiu agradecer por ele ter providenciado a visita do médico com tanta rapidez. Sentia-se muito melhor agora que sabia que Carmen não tinha nada mais sério.

— O médico disse que Carmen vai ficar boa — começou. — É apenas um resfriado, e ela já está superando a pior fase. Não sabia que os médicos ainda faziam consultas do­miciliares — disse, sem entender por que ele a fitava com tanto interesse.

Tyler sorriu.

— É bom saber que ela vai ficar boa, porque amanhã todos nós teremos um dia cheio — ele disse, amassando o guardanapo de papel e jogando-o dentro do prato. Em se­guida ele recostou-se na cadeira e cruzou as mãos sobre o estômago. Interpretando a expressão confusa de Emily, ofe­receu mais um sorriso e comentou: — Deve estar imagi­nando por que a trouxe aqui.

— Para ser franca, sim. — Impossível evitar o medo e a ansiedade.

— Boa pergunta — Tyler suspirou, estudando seu rosto com ar crítico. — Por que a trouxe aqui? — ele repetiu a pergunta, os olhos fixos no teto como se buscasse respostas para as próprias dúvidas. — Bem... — começou, voltando a encará-la. — Resumindo, eu a trouxe aqui porque preciso de uma esposa.



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