Esposa Temporária (Completo)

By PudimdeUva

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Solteiro procura... Tyler Newroth, um executivo em ascensão, era o relutante objeto do desejo de sua nova sup... More

︿﹏︿﹏︿
PRÓLOGO
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X - Penúltimo
Capítulo XI - Último
Atrevida e Ardente
Definitivamente... Amor!

Capítulo I

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By PudimdeUva

Tyler Newroth ajeitou a gravata que amea­çava estrangulá-lo. A reunião não estava transcorrendo como esperava. Devia ser algum tipo de piada. Se, antes de sua transferência, alguém houvesse dito que sua chefe ficaria atraída por ele, teria ficado lisonjeado. Mas, se houvessem avisado que essa atração poderia tor­nar-se fatal para sua promissora carreira, teria rejeitado essa lucrativa promoção. Não estava disposto a ser seu brin­quedo. Tinha trabalho a fazer.

Roxanne Delmonico inclinou-se sobre a mesa de Tyler e fitou-o nos olhos.

— E então? — ela sussurrou. — O que está achando do novo emprego? A divisão Costa Oeste da Connstarr é ad­ministrada de maneira... um pouco diferente da divisão Cos­ta Leste.

Tyler havia percebido esse detalhe nos primeiros dez mi­nutos de emprego. Desde o instante em que entrara no novo escritório, três dias antes, fora literalmente perseguido pela tal Roxanne Delmonico, vice-presidente da divisão Costa Oeste das Empresas Connstarr e sobrinha de Denny Del­monico, proprietário da companhia. Em todos esses anos na Connstarr, jamais havia passado por situação semelhan­te. A divisão Costa Leste, em Boston, era administrada por um grupo de homens cheirando a cigarro, e nenhum deles jamais fizera jogos estúpidos com os subordinados.

Sim, Tyler decidiu, os nervos tensos como cordas de vio­lino, estava sendo vítima de assédio sexual.

— A atmosfera por aqui é mais... informal — ele respondeu.

Roxanne jogou a cabeça para trás e riu.

— Tyler, querido. Francamente, vai ter de aprender a relaxar um pouco se quiser adaptar-se por aqui. Vamos lá! Você é tão rígido!

Tyler conteve o desejo de rir. A mulher parecia ter saído de um desses filmes de segunda categoria! A situação seria engraçada se não tivesse a enervante sensação de que ela estava falando sério. Podia interpretar uma ameaça velada a quilômetros de distância. Aceite o jogo, Tyler, querido, ou... Era isso que Roxanne estava dizendo.

Relaxar. Sim, é claro. Justamente o que sua carreira pre­cisava. Uma noite com a chefe sedutora, e no dia seguinte estaria sendo promovido. Não, obrigado. Sua carreira era importante demais para prejudicá-la em troca de uma noite de diversão. Preferia progredir à custa do próprio talento e da reputação de excelente homem de negócios, não por ter conquistado uma presa fácil como Roxanne.

Ignorando seu silêncio preocupado, ela prosseguiu:

— Estive pensando... Como teremos de trabalhar muito próximos, acho que seria ótimo se pudéssemos nos conhecer um pouco melhor. Talvez no final de semana?

Por que não antecipara a pergunta?

— Bem, eu... — Tyler começou, buscando uma saída di­plomática. Era diretor nacional de contas da Connstarr, em­presa líder no segmento de informática, e não queria pre­judicar-se no terceiro dia na nova posição.

Por outro lado, se e quando fosse passar o final de semana com uma ninfomaníaca, teria de ser por escolha própria, não porque ela poderia demiti-lo se a rejeitasse, ou se não apreciasse seu desempenho. Não queria recorrer a medidas drásticas, mas, se ela continuasse pressionando, não teria outra opção.

— Posso responder depois? Roxanne riu.

— Sim, é claro. Mas não tem muito tempo. Não esqueça que hoje é sexta-feira.

Graças a Deus, Tyler pensou ao vê-la cruzar as pernas sobre a mesa e jogar os cabelos dourados para trás.

— Por que não experimentamos meu presente de boas-vindas a Los Angeles? — ela murmurou.

— Presente?

— Eu o deixei em seu arquivo.

— Então foi você? — ele disparou, temendo que a voz traísse o quanto estava chocado. Não imaginara que Roxanne pudesse ser tão ousada. Havia deduzido que a garrafa de champanhe embrulhada em lingerie feminina e presa a um par de algemas fosse uma piada dos colegas da divisão de Boston.

— E então? — ela persistiu incansável. — O que me diz? Você e eu, amanhã à noite? Prometo que viverá momentos inesquecíveis.

Tyler respirou fundo. Que diabos ia fazer com essa ma­luca? Afinal, ela tinha nas mãos o seu futuro na empresa!

Precisava assumir o controle da situação antes que fosse tarde demais.

— Em outras circunstâncias eu não hesitaria em aceitar, Roxanne. Seria uma ótima idéia aprofundar nosso relacio­namento para melhorar o desempenho profissional, mas pro­meti à minha esposa que passaríamos o final de semana juntos — ele inventou.

— Tive a impressão de que era solteiro — ela respondeu desconfiada. — Sua ficha não menciona uma esposa.

— Humm... Bem... É que o casamento aconteceu há pouco tempo.

— Entendo. Fale-me sobre ela — Roxanne sugeriu com ar autoritário.

— Ah, ela é adorável. Eu a conheci no ginásio, e estamos juntos desde então.

— E só agora decidiu... enforcar-se? — ela suspeitou.

— É que... não suportei a idéia de deixá-la em Boston.

— Não é encantador? — Roxanne murmurou, deslizando a ponta da unha sobre a meia de seda. Tyler engoliu em seco.

— Você adoraria conhecê-la — disse, prevendo que uma mulher como ela jamais pensaria em conhecer a esposa de uma de suas vítimas.

— Tenho certeza de que sim. Felizmente terei oportunidade de conhecê-la em breve. Conhecê-la de verdade, que passaremos uma semana inteira juntos.

— Nós... passaremos? — Tyler apavorou-se.

— Esqueceu o cruzeiro da companhia? Partiremos na semana que vem.

Oh, não! Havia esquecido o maldito cruzeiro que a Connstarr estava oferecendo aos diretores e suas famílias! Com a correria da transferência de Boston para Los Angeles e a desagradável recepção oferecida por sua chefe, não tivera tempo para pensar na viagem.

E agora, onde conseguiria uma esposa em tão pouco tempo?

— Espero que a leve. — Roxanne sorriu.

— Oh, sim, ela está esperando pelo cruzeiro ansiosamente.

— Que bom. Devo admitir que estou desapontada. Es­perava que fosse sozinho, mas imagino que encontraremos uma forma de nos divertir mesmo assim.

Não podia acreditar no que ouvia! Roxanne estava suge­rindo que traísse sua suposta esposa!

— Já fui casada — ela contou, com um suspiro dramático.

— É mesmo? E o que aconteceu? — Provavelmente, teria devorado o coitado.

— O casamento foi uma experiência muito sufocante. Es­cute o que digo, Tyler, querido. Vai acabar chegando à mes­ma conclusão.

— Eu?

— Sim, você. Deve saber que é irresistível. Esses cabelos negros e abundantes, esses olhos verdes cheios de promes­sas, esse corpo musculoso... Sem mencionar seu talento pro­fissional, é claro. — Inesperadamente, ela estendeu a mão num gesto profissional. — Tenho certeza de que será um prazer trabalhar com você.

— Obrigado — Tyler respondeu, levantando-se para acompanhá-la até a porta do escritório.

Roxanne parou na soleira e ajustou o lenço no bolso do paletó do subordinado.

— Estou ansiosa para conhecer sua... esposa — ela riu antes de partir.

Agora tinha cerca de uma semana para encontrar uma esposa, e numa cidade onde não conhecia ninguém. Talvez pudesse contratar uma atriz desempregada. Sim, Hollywood devia estar repleta delas.

Emily limpou o suor da testa com o dorso da mão e sus­pirou. Não nascera para ser pedinte. Erguendo o cartaz para proteger-se do sol escaldante, ela virou-se para inspe­cionar Carmen e Helga.

Sentada no acostamento da estrada, elas dividiam a som­bra de uma placa de sinalização e esperavam que as pala­vras no cartaz de Emily operassem sua magia. TRABA­LHAMOS EM TROCA DE COMIDA. Emily prometera na­quela manhã que o cartaz seria o passaporte para um prato de comida decente e talvez um bom lugar para dormir. Ago­ra, depois de quatro horas sob o escaldante sol de Los An­geles, já não tinha tanta certeza.

A princípio esperava ser socorrida por um benfeitor ge­neroso, homem ou mulher, mas quando uma vovó decidida saltara de seu carro e dissera estar procurando ajuda para sua prática de tiro ao alvo, Emily agradecera e recusara a proposta.

— Tem certeza, querida? Só precisa ficar quieta — a velhinha insistira.

Depois sonhara com um jovem casal. Alguém que preci­sasse de ajuda para cortar um gramado ou lavar um carro. Mas só recebera um convite para acompanhar o sr. e a sra. Party em atividades sociais altamente questionáveis.

— Você é exatamente o que estamos procurando — o sr. Party confidenciou. — Alguém capaz de nos prestar alguns favores, se é que me entende.

Emily não entendera nem quisera entender.

Estava magoada, cansada, e começava a acreditar que não havia uma única alma na cidade capaz de importar-se com o sofrimento de outro ser humano. E, como se não fosse suficiente ter de enfrentar a realidade do abandono e do descaso, ainda tinha de ouvir obscenidades de jovens mal-educados e propostas indecentes de homens pervertidos.

— Hora de descansar um pouco — ela anunciou com voz exausta, fazendo o possível para parecer otimista.

— Cambada de desgraçados! — Helga gritou para os que passavam pela estrada. — E ainda têm coragem de dizer que eu sou a estranha!

Emily sorriu, divertindo-se com a espontaneidade de Helga.

— Como estão? — perguntou, afagando o rosto encantador de Carmen.

— Bem, obrigada. Gostaria de um cigarro e uma boa bebida. E o mesmo para minha amiga Carmen, por favor — Helga respondeu irritada, provocando o riso alegre da menina. — Ah, e uma massagem.

— Vou ver o que posso fazer — Emily riu, virando-se para Carmen. — Parece estar um pouco melhor.

Si — Carmen respondeu antes de espirrar. Emily franziu a testa.

— Se não conseguirmos ajuda até o final do dia, teremos de pensar em outra solução.

— Ninguém vai parar para nos ajudar. É melhor desistir e deixar que eu a ensine como se despir. Conheço um lugar onde as gorjetas são ótimas. Pelo menos eram...

— Obrigada, Helga. Não vou me esquecer. Enquanto isso, é melhor voltar ao trabalho. Nunca se sabe quando o ca­valeiro da armadura prateada está a caminho.

Emily voltou para a beira da estrada com o cartaz em punho. O que não daria por uma boa refeição e um banho quente!

Alguém tinha de importar-se. Alguém bom e normal que oferecesse um trabalho legítimo. Alguém que pudesse mudar a vida dessas duas sem-teto. Sim, saberia identificar essa pessoa quando a visse. Só precisava ter fé e esperar.

Hora do rush. O encerramento perfeito para um dia in­fernal. Tyler inclinou-se sobre o volante e tentou pensar em coisas relaxantes, mas era inútil. Levaria no mínimo mais uma hora para chegar em casa. Até lá, teria de ar­rastar-se pela maldita estrada em marcha reduzida sem nada para fazer além de pensar em sua terrível úlcera.

De onde havia tirado a idéia de mentir para Roxanne? Por que não a mandara para o inferno com seu maldito emprego? Porque trabalhara muito para permitir que a so­brinha do patrão atrapalhasse sua carreira promissora.

O telefone do carro interrompeu sua reflexão.

— Newroth — ele resmungou, sem disposição para conversar.

— Ora, ora, ora... Isso é jeito de falar com a chefe? Maldição! Não conseguia escapar da vampira nem na privacidade de um congestionamento! A tecnologia tinha seu lado negativo.

— Olá, Roxanne. O que posso fazer por você?

— Também estive pensando nisso — ela riu maliciosa. — Mas estou ligando em nome de tio Denny. Estaremos recebendo um grupo de clientes na noite de segunda-feira, e ele quer que você esteja presente.

— É claro! Onde receberão os clientes?

— Tio Denny comprou um camarote para o jogo dos Dodgers.

— Parece ótimo. Podem contar comigo.

— Excelente. Tio Denny mandou parabenizá-lo pelo re­cente... enlace, e disse que faz questão da presença de sua esposa. Um dos clientes é obcecado por família, sabe?

— É claro — Tyler respondeu, tentando esconder o ner­vosismo. — Pode contar conosco.

— Podemos? — Roxanne surpreendeu-se.

— Certamente.

— Ótimo. Então até lá — e desligou.

E agora? Onde encontraria uma esposa num final de semana?

Havia falado com todas as agências de Hollywood ao longo do dia, mas nenhuma delas quisera comprometer-se com tão pouco tempo de antecedência. Pensara em colocar um anúncio no jornal, mas também não havia tempo para isso.

Desesperado, Tyler percebeu que contava com menos de quarenta e oito horas para encontrar uma esposa. Pela primeira vez na vida arrependeu-se por não ter se casado. Sempre havia sido muito feliz com sua carreira, e os en­contros casuais o mantinham satisfeito. Além do mais, tinha apenas vinte e nove anos de idade, e a vida inteira para encontrar a mulher ideal!

Errado! Tinha quarenta e oito horas e nem um segundo a mais.

Tinha de haver uma mulher maravilhosa, afetiva, dedi­cada e razoavelmente atraente disposta a desempenhar o papel. Alguém que precisasse trabalhar, e que não se im­portasse em aceitar um emprego temporário. Alguém... tão desesperada quanto ele.

— Impossível — Tyler suspirou, vencendo mais alguns metros de estrada congestionada. Estava perdido.

Estava perdida! Emily sentiu a boca seca ao ver o sujeito gordo e asqueroso descendo do Cadillac. Agarrando o cartaz como se fosse uma arma, olhou rapidamente para Helga e Carmen, temendo desmaiar de pavor e aversão.

Um dente de ouro brilhou à luz do sol vespertino quando o sujeito sorriu. Emily retribuiu com um sorriso falso e começou a retroceder.

Desesperada, tentava encontrar uma rota de escape para ela e as duas inocentes companheiras. Carmen e Helga não conseguiriam correr para salvar suas vidas, e não permitiria que caíssem nas garras desse... maníaco pervertido!

Mas... o que estava fazendo? Levando o lobo aos cordeiros! Tinha de livrar-se do bandido antes que ele as visse.

Com uma confiança que estava longe de sentir, parou onde estava e esperou que ele se aproximasse. De perto era ainda mais asqueroso!

— Olá — Emily cumprimentou com falsa frieza. — O que posso fazer por você?

— Bem, acabei de ler seu cartaz — ele respondeu, girando um palito de dentes no canto da boca.

— Ah, o cartaz... Só estava tentando me proteger do sol.

— Aí diz que trabalha em troca de comida.

— É mesmo? Imagine só!

— Ah, vamos lá! Você precisa trabalhar e eu tenho tra­balho a oferecer. É simples. Venha comigo e não vai se arrepender.

— Oh, não! Obrigada, mas não preciso de ajuda — ela sorriu, retrocedendo alguns passos.

— Pare com isso, benzinho. Pode ganhar um bom dinheiro trabalhando para mim. Uma garota com a sua aparência pode ir longe...

Aparência? O sujeito devia ser maluco! Ou cego. Como diabos havia se metido nessa confusão?

Sua irmã gêmea tentara preveni-la, dizendo que era lou­cura arriscar a vida indo morar com os sem-teto só para realizar uma tese. Mas a escutara? Não, e agora... agora Erica finalmente realizaria o sonho de ser filha única.

Suja, descabelada e faminta, diante de um provável per­vertido sexual gordo e asqueroso, tinha de admitir que sua irmã estava certa. Era completamente maluca!

Durante toda a vida lutara pelos mais fracos, pelos in­defesos, e jamais havia sido capaz de resistir a uma pessoa encrencada, por piores que fossem os problemas. Ela e Erica podiam ser fisicamente idênticas, mas duvidava de que exis­tissem duas pessoas mais diferentes no mundo.

Erica herdara todos os genes do bom senso, e ela havia ficado com o coração mole. E pensar que havia convencido a irmã a tomar seu lugar no emprego de verão de babá da família Spencer! E por quê? Para ser morta por um gordo nojento numa estrada de Los Angeles!

Lágrimas brotaram de seus olhos. Deixara todos os do­cumentos em San Francisco, e ninguém saberia de quem era o cadáver dilacerado abandonado num matagal qual­quer. Que idiota, ela censurou-se, pensando numa forma de transformar o cartaz de papelão numa arma.

Que coisa mais idiota a se fazer. Depois de vencer qui­lômetro a quilômetro da maldita estrada congestionada, Tyler concluiu que havia cometido um terrível engano ao in­ventar a história do casamento. Estava encrencado e, com exceção de um milagre, não via nenhuma solução.

E, como se não bastasse, o dono da companhia e um dos clientes mais importantes também estavam metidos na con­fusão, e segunda-feira à noite teria de deixar cair a máscara diante deles. A menos...

Tyler esqueceu os próprios problemas momentaneamente ao passar por uma jovem pedinte carregando um cartaz de papelão. TRABALHAMOS EM TROCA DE COMIDA. Um sujeito gordo e mal-encarado estava parado ao lado dela, provavelmente tentando contratar seus serviços.

Ela parecia desesperada. Conhecia o sentimento.

Ei, espere um minuto! Ela precisava de um trabalho e ele precisava de uma mulher. Precisavam um do outro.

Quando se deu conta Tyler já havia parado o carro no acostamento e estava caminhando na direção da jovem.

Quanto mais se aproximava, mais certeza tinha de es­tar diante de uma heroína de Charles Dickens. Tentou imaginar-se apresentando a tal mulher ao proprietário da Connstarr. Senhor, gostaria que conhecesse minha es­posa, Olive Twist...

E Roxanne. Tinha certeza de que ela morreria de rir.

Por outro lado, essa pobre mulher era melhor que nada. E quem poderia saber como ficaria depois de limpa?

— Ei! — Tyler chamou, sorrindo para a mendiga apavo­rada. — Vi seu cartaz e imaginei se ainda haveria alguma chance de contratá-la para um trabalho...

— Sim — ela respondeu apressada. — É claro que ainda pode me contratar!

— Ótimo. Por que não vem comigo e começa a trabalhar imediatamente?

— Bem, eu... que tipo de trabalho tem a oferecer? — ela perguntou desconfiada.

— É uma longa história — ele começou, tentando en­contrar palavras que não a assustassem. — Mas é um trabalho honesto, com boa remuneração, e posso oferecer moradia e alimentação. Garanto que não terá de fazer nada que não queira.

— Ei, espere um minuto! — o gordo impacientou-se. — Eu cheguei primeiro.

— É verdade — Tyler admitiu. — Acho que teremos de esperar a decisão da moça.

— De jeito nenhum! Eu a encontrei primeiro, e ela vai comigo.

A pobre mulher escondeu-se atrás de Tyler em busca de proteção, visivelmente apavorada.

— Receio que não, companheiro — ele respondeu, er­guendo os ombros num gesto ameaçador. — Ela não é uma mercadoria que pode levar para onde quiser só porque a viu primeiro.

— Quem disse que não?

— Eu estou dizendo — Tyler irritou-se, dando um passo em sua direção. Não queria se meter numa briga com um sujeito que nem conhecia, mas, se fosse necessário, faria o possível para ser o primeiro a bater.

— Quem diabos é você? Que diferença fazia?

— Sou seu pior pesadelo — ele blefou, repetindo uma frase de um filme de ação. — Se não tem mais nada a fazer aqui, sinta-se à vontade para partir quando quiser.

Praguejando e fazendo ameaças vazias, o gordo voltou para o Cadillac e desapareceu no meio do tráfego.

Tyler ouviu um suspiro aliviado às suas costas e virou-se. A jovem estava pálida como se fosse desmaiar.

— Muito obrigada — ela disse. — Estava realmente co­meçando a me preocupar. Acho que ainda não sou muito boa nesse tipo de negócio.

— Não precisa me agradecer — Tyler respondeu comovido. — Qual é seu nome?

— Emily — foi a resposta doce.

Emily. Um lindo nome. E combinava com ela.

— É um prazer conhecê-la, Emily. Sou Tyler Newroth — Tyler apresentou-se, estendendo a mão e surpreendendo-se com a maciez de sua pele. — Se ainda não tem ne­nhuma oferta, posso lhe oferecer um trabalho. Só precisaria de uma ou duas semanas de seu tempo, e posso pagar bem. — A essa altura, estava pronto para dividir sua herança com ela.

— E o que eu teria de fazer em troca desse pagamento? — Emily perguntou desconfiada.

— Nada parecido com o que aquele canalha tinha em mente, se é o que quer saber. Minha proposta é absoluta­mente legal.

— Se você diz... — ela sorriu, olhando por sobre o ombro. — Mas minhas duas companheiras irão comigo.

— Está bem — Tyler aceitou sem protestar.

A mais velha poderia desempenhar o papel de sogra, e a menina... bem, a menina seria a criança. Era perfeito. Satisfeito, Tyler seguiu Emily até o local onde as duas estavam sentadas. Não poderia ter esperado coisa melhor. Partiria num cruzeiro com sua adorada esposa e a família. Engula essa, Roxanne!

Mas Tyler sentiu aprimeira pontada de dúvida ao apro­ximar-se da estranha mulher e seu carrinhode compras repleto de objetos plásticos. Ah, bem, pensou, olhando para oMercedes reluzente que estacionara no acostamento, ainda tinham uma semana para ensaiar.    

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