Algumas semanas depois...
Henri
Já se passaram três semanas. Três semanas que não tenho noticia de Melissa, ela tem faltado muito minhas aulas. Queria saber como está, na verdade, já tentei falar com ela, mas nunca atende minhas ligações ou responde minhas mensagens.
Ando ligando para Nick a fim de saber algo sobre ela, mas tenho que ser cuidadoso ao tocar no assunto, pois parece que ele não sabe de nada.
John como sempre não fala comigo e Clara foge toda vez que a encontro, assim fica realmente difícil.
Não faz sentido ela sumir desse jeito.
Estava perdido em meus pensamentos quando escuto alguém me chamar.
"Henri, querido. Está ai?" Laura aparece agitando a mão na frente de meu rosto no intervalo entre uma turma e outra.
"O que é, Laura?" pergunto.
"Só vim ver você antes de ir dar aula, esquentadinho. Você estava viajando ai..." ela diz enquanto se senta em cima da minha mesa de frente para mim.
"Certo, desculpe." Digo. Laura está sendo uma boa amiga, ficou lá em casa esses dias comigo.
"Tudo bem... Tava pensando na melissa?" ela pergunta e se inclina. Eu apenas afirmo com a cabeça. "Se ela ainda não te procurou, você também não deveria." Ela diz e dá de ombros. "Sei lá, é só um conselho de amiga. Quero o seu bem, querido."
Não quero mais ouvir esse assunto.
"Bom, a aula já vai começar. Você deveria ir para sua turma também." Levanto e vou até a porta. Abro e fico esperando ela se levantar da minha mesa.
"Ok, Henri." Ela diz, já se levantando. "Alias, nem te contei. Melissa também vai ser minha aluna a partir de semana que vem." Mas o que? Laura só da aula para turmas mais avançadas.
Antes que eu pergunte, ela sai e os alunos começam a entrar. Pelo visto, Melissa não veio de novo. Prevejo mais uma longa semana de espera.
Melissa
Sai da faculdade e acabei de chegar ao dormitório.
Estou cheia de trabalhos e matérias atrasadas, então decido almoçar e cair em cima dos estudos a fim de me atualizar na matéria.
Estou frequentando todas as aulas normalmente, menos as do Professor Thomas, ainda não quero olhar para a cara dele depois de tudo. Clara me contou que ele sempre a segue no fim da aula, mas pedi para ela não falar nada com ele. Espero realmente que ela me ouça, apesar de ficar falando o tempo todo que alguma coisa nessa história toda não parece certa. Realmente não é certo, uma pessoa trair sua namorada com alguém que conheceu no bar e ficar perseguindo ela depois.
Não entendo essa loucura em querer falar comigo, ele já tem alguém. Alguém bem bonita, alias. Laura é alta, loira e uma aparência de mulher que eu, com certeza, não chegaria aos pés nem com muito esforço. O único problema é aquele olhar de superior que ela lançou para mim, alem do fato de eu estar apaixonada pelo seu namorado.
Calma ai, Melissa, apaixonada não!
Balanço a cabeça para espantar esses pensamentos.
Henri me mandou algumas mensagens e me ligou nessas ultimas semanas. Como ele conseguiu meu numero? Não faço ideia, mas passei a ignorar na segunda ligação. Eu realmente não o entendo.
O celular vibra e vejo que ele acabou de mandar uma mensagem perguntando se eu iria à aula, pois precisava conversar. Ignoro, como ando fazendo com todas as outras.
O meu celular vibra novamente e eu já pego preparada para excluir sem ver o que ele diz, mas percebo que é uma mensagem de Clara.
"Você não deveria faltar tanta aula por causa dele!" Clara me manda.
"Eu sei. Semana que vem eu vou, prometo ;)" Respondo.
"Ok. Fique sabendo que ele não está nem um pouco bonito com aqueles olhos cinzas e aquele sorriso estúpido no rosto." Eu rio.
"Gostaria de acreditar nisso, Clara." Realmente gostaria.
"A aula vai começar, devo chegar tarde ao dormitório. Vou sair com o seu irmão, xoxo"
Nick e Clara estão saindo, alias. Nunca o vi tão feliz, estou feliz por ele também. Clara também está radiante, desde o dia que fomos para o bar/restaurante, eles não se desgrudam. Chega a ser um pouco sufocante, mas quem sou eu para dizer algo? Não o vejo feliz e com alguém fixo há muito tempo, só espero que ele não faça nenhuma besteira com ela como é acostumado a fazer com outras. Nick, ao contrário de Math, nunca foi ligado em relacionamentos, cada semana estava com uma diferente e não, eu não estou exagerando, ele é – ou era – realmente assim.
Ser amiga de alguém que meu irmão machucou não deve ser a coisa mais legal do mundo e preciso me lembrar de ameaçar suas bolas, se me fizer perder a amizade de Clara. Espero mesmo que ele goste dela e tente se controlar perto de outras. Tento não pensar muito nisso, até porque já estou cheia dos meus problemas, pensar nos problemas dos outros só vai me deixar mais agitada.
Largo o celular e vou tomar banho.
Saio do banheiro e vou direto para a nossa pequena cozinha no dormitório. Não tem nada na geladeira pronto e eu realmente não estou a fim de cozinhar. Olho no relógio e vejo que está no fim da aula de Clara com Henri, poderia ligar e chamá-la para almoçar, com certeza aceitaria, mas logo me lembro que ela disse algo sobre sair com o Nick. Então ligo para o Math, faz um tempo que não nos falamos.
"Ei, minha irmã preferida, aconteceu alguma coisa? Tá precisando de algo?" Math diz assim que me atende. Sempre preocupado.
"Eu sou a única irmã, Math." Digo rindo. "Aconteceu uma coisa sim."
"Pode falar." Ele diz.
"Bem, Clara me deixou no dormitório sem comida e saiu para almoçar com o nick, eles estão saindo sabia?"
"Nick e Clara, sua colega de quarto?"
"Uhum, nunca vi Nick assim com nenhuma garota, finalmente né... já estava na hora. Só falta você e eu!"
"Eu sim, você jamais. Para algum homem namorar com você precisa falar comigo primeiro e já aviso que sou muito exigente." Cada dia que passa, eu tenho mais dúvida se Math é meu irmão ou meu pai. Nunca vi parecer tanto.
"Vou ignorar essa parte." Digo rindo. "Almoça comigo, você sabe que eu odeio comer sozinha."
"Claro, aonde quer ir?" ele pergunta.
"Pode escolher. Não tive muito tempo ainda para conhecer os restaurantes daqui." Eu digo.
"Ok, vou passar no seu dormitório daqui a 15 minutos, pode ser?" ele pergunta.
"Ai, eu te amo! Você é o melhor irmão." digo e ele começa a rir.
"Sei que fala isso para o Nick também, mas vou fingir que é verdade. Vou pegar meu carro e vou pra ai, tchau." Ele diz e desliga.
Vou procurar alguma roupa para sair com Math, ele sempre implica com todas. Decido colocar uma saia curta rodada, um cropped branco e uma rasteirinha mesmo.
Math como é sempre pontual, chega em 15 minutos exatos e saímos.
Fomos a um restaurante perto do apartamento do Henri, meu coração chega a apertar quando vejo seu prédio, mas logo penso que um almoço com Math é difícil de conseguir, então espanto esses pensamentos e me concentro na tarde que vou passar com meu irmão.
Sentamos em nossa mesa e logo um garçom se aproximou.
"Olá, senhorita. Deseja algo?" o garçom pergunta, simpático. Olho para ele e o reconheço de algum lugar.
"Uma coca-cola, por enquanto, por favor." Eu digo, sorrindo. Ele sai de vista e volta trazendo uma garrafa pequena.
"Aqui está, senhorita." Ele para e fica me encarando. Eu vejo que ele me olha, então levanto o rosto para olha-lo também e arqueio a sobrancelha.
Ele e Math começam a rir e eu fico sem entender. Olho para Math franzindo o cenho, bem confusa com a situação. Eu perdi alguma coisa?
"Você não se lembra de mim, não é?" ele pergunta e eu fico parada um tempo.
"Desculpa, mas eu deveria?" pergunto.
"Bem, considerando que nós casamos." Ele diz isso enquanto levo o copo a boca, me engasgo, sai refrigerante pelo meu nariz e ele cai na gargalhada.
"Nós o que?" eu pergunto um pouco alto demais, olho para Math que parece estar se divertindo com a cena.
"Como não se lembra? Você estava linda e no auge de seus 10 anos." NÃO PODE SER!
"Sem chance." Olho incrédula para ele. "Marcos?" ele ri e confirma com a cabeça.
Marcos era meu melhor amigo de infância. Sua família era vizinha da minha avó, como eu sempre ia para lá em praticamente todas as férias e feriados prolongados, nós viramos amigos e nós 'casamos' no quintal da casa da minha avó. Claro que tudo era parte de uma brincadeira entre a gente, mas eu gostava dele. Chega a ser engraçado como a vida nos surpreende trazendo de volta um amigo antigo em um momento em que preciso tanto de um. Depois do ultimo verão que passamos juntos, sua mãe ficou doente e ele se mudou para casa dos parentes, desde então nunca mais o vi.
"Meu Deus, quantos anos não te vejo. Que saudade." Me levanto e o abraço.
"Também estava com saudades, pequena." Ele diz retribuindo meu abraço.
"Você sabia disso, Matheus?" Eu pergunta, ele afirma com a cabeça e eu abraço Marcos novamente.
"Ok, chega né..." Math diz me puxando. Sempre controlador.
"Como nunca mais tive noticias suas e porque você tá trabalhando aqui no Rio de Janeiro?" Eu pergunto.
"Bem, to fazendo faculdade de gastronomia e preciso desse emprego para me manter, minha mãe ainda está doente e meu pai foi embora, as coisas estão bem difíceis." Ele diz abaixando a cabeça.
"E sua mãe está morando onde?" Digo passando a mão pelo seu braço.
"Ela tá morando com uma tia dela na zona norte e eu moro no dormitório da faculdade porque fica mais fácil para mim, é perto da faculdade, do trabalho e também é barato, então é perfeito." Ele diz.
"Entendi..." Marcos tem uma vida tão complicada, assim como a minha é ou foi. Sua mãe descobriu um câncer e não muito tempo depois o seu pai os abandonou. Eles tiveram que se mudar e Marcos teve que crescer antes do tempo para poder ajudar sua mãe. "Ai, que bom que nos encontramos." Eu o abraço de novo e Math já está revirando os olhos na sua cadeira.
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Hey, leitores lindosos!
Essa nota é para agradecer ao 1K de visualização que recebi essa semana, vocês são demais ❤️
Ah, feliz natal e boas festas a todos! ❤️🎄🎅