Mi Ojos Verdes - Camren -

By dearjames55

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Lauren Jauregui se vê presa em uma vida na qual não vê sentido, sendo controlada pelos desejos dos pais e o p... More

Capítulo 2 - 5 de maio de 2015
Capítulo 3 - 12 de maio de 2015
Capítulo 4 - 16 de maio de 2015
Capítulo 5 - 23 de maio de 2015
Capítulo 6 - 30 de maio de 2015
Capítulo 7 - 4 de junho de 2015
Capítulo 8 - 10 de junho de 2015
Capítulo 9 - 15 de junho de 2015
Capítulo 10 - 17 de junho de 2015
Capítulo 11 - 18 de junho de 2015
Capítulo 12 - 20 de junho de 2015
Capítulo 13 - 23 de junho de 2015
Capítulo 14 - 27 de Junho de 2015
Capítulo 15 - 03 de Julho de 2015.
Capítulo 16 - 10 de Julho de 2015
Capítulo 17 - 15 de Julho de 2015
Capítulo 18 - 24 de Julho de 2015
Capítulo 19 - 24 de Julho de 2015-
Capítulo 20 - 04 de Agosto de 2015
Capítulo 21 - 05 de Agosto de 2015
Capítulo 22 - 11 de Agosto de 2015
Capítulo 23 - 29 de agosto de 2015
Capítulo 24 - 4 de setembro de 2015
Capítulo 25 - 14 de setembro de 2015
Capítulo 26 - 15 de setembro de 2015
Capítulo 27 - 22 de setembro de 2015
Capítulo 28 - 4 de outubro de 2015
Capítulo 29 - 4 de outubro de 2015 - parte 2
Capítulo 30 - 15 de outubro de 2015
Capítulo 31 - 30 de outubro de 2015
Capítulo 32 - 3 de novembro de 2015
Capítulo 33 - 4 de novembro de 2015
Capítulo 34 - 5 de novembro de 2015
Capítulo 35 - 26 de fevereiro de 2019
Capítulo 36 - 20 de setembro de 2016
Capítulo 37 - 6 de abril de 2017
Capítulo 38 - 8 de agosto de 2017
Capítulo 39 - 31 de dezembro de 2017
Capítulo 40 - 19 de julho de 2018
Capítulo 41 - 24 de dezembro de 2018
Capítulo 42 - 24 de fevereiro de 2019
Capítulo 43 - 25 de fevereiro de 2019
Capítulo 44 - 2 de março de 2019
Capítulo 45 - 16 de março de 2019
Capítulo 46 - 12 de abril de 2019
Capítulo 47 - 13 de abril de 2019
Capítulo 48 - 13 de abril de 2019 - Part 2
Capítulo 49 - 14 de abril de 2019
Especial Norminah - Parte 1
Especial Norminah - Parte 2
Especial Norminah - Parte 3
Capítulo 50 - 20 de maio de 2019
Fim.

O começo do fim.

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By dearjames55

Meus olhos estavam marejados e algumas leves lágrimas já começavam a querer escorrer pelo meu rosto novamente naquele dia. Eu tinha uma das minhas mãos apoiadas em meu queixo, observando pela pequena janela do avião, ainda parado, a pista de decolagem e sentindo minha respiração pesada, com meu coração cada vez mais apertado.

Minha mente estava uma completa confusão, analisando como que em tão pouco tempo, tantas coisas mudaram em minha vida... Eu não era mais a mesma, meus pensamentos estavam diferentes, meu jeito de agir estava diferente e até mesmo meu modo de me vestir estava diferente... Meu coração também não era mais o mesmo e eu sabia que todas essas coisas nunca mais voltariam a ser como eram antes... Eu não queria que elas voltassem a ser como eram antes...

Eu soltei um longo e profundo suspiro, recostando minha cabeça na poltrona do avião, deixando minhas mãos apoiadas em minhas pernas, fechando meus olhos e permitindo minha mente flutuar a exatamente três meses atrás... Quando tudo isso começou.

TRÊS MESES ATRÁS...

04 de maio de 2015.

Eu tinha meus olhos focados na pequena tela de led, assistindo a mais um filme entediante hollywoodiano, quando a transmissão foi cortada repentinamente, as luzes do lugar foram acessas e uma voz automática começava a soar pelo microfone.

"Sras. e Srs passageiros, solicitamos que afivelem os cintos de segurança. A partir deste momento é proibida a utilização de qualquer equipamento eletrônico.

Dentro de instantes pousaremos no aeroporto Mahón em Minorca. Mantenham o encosto de suas poltronas na posição vertical, sua mesa fechada e travada."

Eu soltei um longo suspiro, me acomodando melhor na poltrona da classe executiva do avião, enquanto apertava o botão automático que reclinava o assento para sua posição original. Eu abri a pequena proteção da janela ao meu lado e tudo o que eu podia ver era o céu completamente azul, um sol brilhante e forte, o mar, praias e mais praias, além de algumas construções ficando cada vez maiores, conforme o avião diminuía sua altitude.

Eu desviei minha atenção para o Rolex, com pulseira de couro legítimo e ouro 18 quilates, em meu pulso, movendo meus dedos pelo botão de ajustes e adiantando os ponteiros em quatro horas. Em New York meu relógio marcaria 9h20min da manhã, mas aqui em Minorca, pela diferença de fuso horário, ele marcaria agora 13h20min da tarde.

Minorca, uma ilha localizada em um arquipélago perto da Espanha, que eu nem fazia ideia de que existia... Eu simplesmente não sei onde estava com a cabeça quando aceitei essa loucura toda da mulher que se diz minha melhor amiga.

Passaram-se alguns minutos e aquela típica sensação de estomago flutuando apareceu, quando o piloto diminui mais rapidamente a altitude do avião, o pousando na pista do aeroporto de uma forma tranquila e sem nenhum imprevisto.

"Bem vindos a Minorca, ilha pertencente ao arquipélago Baleares. São exatamente 13: 47hs. Permaneçam sentados até que os sinais de afivelar os cintos sejam apagados. Verifiquem se estão de posse de seus pertences antes do desembarque, que poderão ser efetuados pelas portas dianteira e traseira. Para outras informações, dirijam-se aos nossos funcionários de recepção em terra. Informamos que é proibido fumar e utilizar o telefone celular até a chegada ao saguão do Aeroporto. Nossa campainha de aviação agradece sua escolha por viajar conosco e desejamos a todos uma boa tarde."

Mesmo antes da autorização para a retirada do cinto, eu já tinha me livrado dele, passando minhas mãos levemente pelo meu rosto e me levantando para pegar minha bagagem de mão, no compartimento acima de mim. Depois de pegar minha pequena maleta, com itens pessoais, alguns utensílios de higiene, documentos e mais algumas tralhas, como meu carregador de celular, eu ajeitei os botões do meu casaco azul escuro e bem cortado Giorgio Armani e segui pelo estreito corredor do avião até uma das portas de saída.

Uma das aeromoças havia acabado de abrir a passagem e eu segui minha caminhada de forma ágil, ignorando até mesmo o "Tenha uma boa tarde, senhorita." da aeromoça de sorriso forçado e cabelo tingindo com uma coloração amarelo ovo terrível. Não havia mais aeromoças com classe, impressionante...

Eu caminhei pelo aeroporto, fazendo todas as coisas típicas de quem acabava de fazer uma viagem internacional e depois de alguns minutos, eu já estava com minhas duas malas médias e minha maleta, me dirigindo para pegar um táxi ao lado de fora do aeroporto.

Calor.

Muito Calor.

Assim que eu coloquei meus pés para fora do saguão, eu senti um bafo de vento quente atingir meu corpo em cheio, junto com uma enxurrada de barulhos. Eram pessoas falando alto e buzinas de carros, tudo muito misturado... Aquela pequena cidade da ilha me parecia mais agitada e confusa do que eu imaginava.

Eu acabei decidindo retirar meu casaco grosso, ficando apenas com minha calça de brim bege e minha blusa social branca, antes de fazer sinal para um taxista que havia acabado de estacionar a poucos passos de mim.

-Buenas tardes, señorita! - O homem, com uma camisa velha e calça jeans, falou aproximando seu corpo gorducho, com um sorriso e ostentando um bigode mal feito. Por Deus, quem usa bigodes ainda?

Eu não entendia nada de espanhol, então retirei rapidamente um pequeno caderno de anotações da minha maleta, onde havia anotado o endereço do hotel e que minha melhor amiga aparentemente havia reservado para mim.

Hum... Alcaufar Vell, por favor. - Eu tentei falar soltando um espanhol terrível e ele franziu a testa, se aproximando mais para olhar o que estava escrito no papel.

-Ah Bueno! Alcaufar Vell, sí! - Ele disse abrindo um sorriso antes de pegar minhas malas e acenar para que eu entrasse no carro.

Bom, parecia que ele tinha entendido. Ótimo... Eu entrei no carro Volkswagen antigo e depois de ele colocar minhas malas no porta-malas, ele foi para o assento do motorista, deu partida no carro e começou a dirigir.

Ele dirigia enquanto falava um espanhol animado, que por sinal eu não entendia absolutamente nada e apenas me contentei a esboçar um sorriso amarelo, enquanto observava as ruas pela janela do carro. Tudo parecia bem movimentado nas ruas, mas ao mesmo tempo, as coisas pareciam que tinham ficado no século passado... Quer dizer, conforme o carro passava pela cidade, eu observava as ruas de pedra, as casas simples, aquelas típicas de vilas, todas praticamente brancas e com roupas penduradas em suas janelas, pequenos comércios e tudo muito bem arborizado e limpo. Parecia que quanto mais me afastava do aeroporto, mais pacata e simples aquela cidade ficava.

Em pouco mais de vinte minutos, escutando o motorista tagarelar, ele estacionou o carro em frente a uma praia e fez sinal para que eu saísse do carro. Eu dei de ombros, escorregando meu corpo pelo banco de couro velho e abrindo a porta do carro, enquanto ele fazia a mesma coisa e caminhava até o porta-malas.

Depois de já estar com minhas malas ao meu lado, na calçada, em frente à praia, eu olhava ao redor tentando achar o hotel em que eu estava hospedada, mas não encontrava sequer uma placa indicando o lugar. Tudo o que eu enxergava eram casas privadas e pequenos comércios, além de obviamente a praia praticamente vazia...

Deus, como aquele lugar estava quente, o sol parecia que ficava mais forte a cada minuto... Eu decidi arregaçar as mangas da minha camisa social até os cotovelos, em uma tentativa de aliviar um pouco o calor, mas parecia que não estava adiantando muita coisa... Eu ainda estava sentindo meu corpo quente.

O homem se virou para mim sorridente e eu me toquei que ele certamente estava esperando pelo seu pagamento. Eu peguei minha carteira no bolso de trás da minha calça e ele fez um sinal com os dez dedos das mãos apontados para mim... 10 euros, até que estava barato...

Eu estendi a nota de dez euros para ele, mas tudo o que eu recebi em troca foi uma testa franzida e uma negação com a cabeça. O que era agora?

-No! No! - Ele falava fazendo novamente o sinal com os dez dedos e eu pensei que na verdade ele queria mais dez euros, ou seja, vinte euros...

Ok... Eu tirei mais uma nota de dez euros da carteira, mas o homem fez o mesmo sinal... Mas que merda esse cara quer? 100 euros? Ele só pode estar brincando!

Ele continuava a encarar a mim e a minha carteira e eu apenas revirei os olhos estendendo a ele 100 euros... Agora sim, ele abriu um enorme sorriso com aquele maldito bigode. Um baita de um aproveitador, isso sim... Esse povo não pode ver um turista e já quer extorquir a pessoa, um absurdo.

―Ei... Onde fica o hotel? Dónde está? - Eu perguntei rapidamente, tentando arranhar no espanhol, enquanto apontava para o endereço do hotel anotado no papel.

-En el extremo de la playa. - Ele respondeu apontando com sua mão em direção ao final da praia e eu fiz uma sobra sobre meu rosto, colocando minha mão acima da testa, enquanto estreitava os olhos na direção apontada.

Eu podia ver que tinha alguma construção na praia, bem ao longe, mas não é possível que lá seja o hotel... Quer dizer, parece até um negócio isolado e como eu vou chegar até lá? Vou ter que andar nesse sol infernal por toda a praia e ainda por cima arrastando minhas malas pela areia? Só pode ser brincadeira!

―Espera! Como diabos eu vou para lá? - Eu tentei perguntar ao taxista, mas o maldito de bigode já tinha entrado sorrateiramente em seu carro e dado partida, se afastando de mim.

Ótimo! Simplesmente ótimo!

Eu peguei as minhas malas e comecei a caminhar pela areia da praia, em direção ao hotel, sentindo o suor começando a escorrer pela minha testa e minha boca começar a ficar seca. Aquele lugar parecia a porta do inferno e agora, mais do que nunca, eu estava com vontade de matar demoradamente e dolorosamente a Verônica... Tudo isso é por culpa daquela babaca!

Meu sapato social de camurça arrastava a areia quente debaixo dos meus pés, enquanto eu percorria aquele trajeto, que poderia ser comparado facilmente ao deserto do Saara, pensando em como a Verônica havia encontrado esse hotel no cú do mundo... Quer dizer, custava alguma coisa ela simplesmente reservar algum resort cinco estrelas no centro? Não! Mas a vadia tinha que me ferrar.

Depois de quase vinte minutos caminhando debaixo do sol e ainda ter que subir uma pequena escada com minhas malas pesadas, eu finalmente cheguei ao hotel de paredes brancas e que pelo o pouco que pude reparar, tinha um porte médio e nada de especial.

Assim que cheguei à recepção, eu praticamente joguei minhas malas no chão, já sem um pingo de paciência, com a blusa totalmente molhada de suor e com a boca seca, atraindo a atenção de uma mulher alta, bem maquiada, com os cabelos castanhos pintados com mechas loiras e que até então, estava distraída com alguma coisa no computador.

Buenas tardes, bienvenida a Alcaufar Vell! - A mulher disse com um sorriso e mais uma vez, eu não sabia o que aquilo significava direito. Eu voltei a pegar, em meu bolso, o caderno com algumas anotações e depois de folheá-lo um pouco, eu achei a frase que queria.

- Tengo una habitacíon reservada... Meu nome é Lauren Jauregui. - Eu pronunciei a primeira parte, com meu péssimo espanhol e a mulher me encarou atentamente.

―Americana? - Ela perguntou agora em inglês.

―Sim, sim. - Eu respondi rapidamente, sentindo um alívio interno por ela saber falar minha língua.

-Mila! La Americana llegó! - A mulher gritou estridente, me fazendo dar um leve sobressalto surpreso. Mas que diabos...

Ya me voy! - Outra voz soou pelo lugar e eu continuei ali parada, sem entender absolutamente nada e com a mulher ainda me encarando, mas dessa vez, sem sorrir...

Ela parecia me analisar cuidadosamente e eu, por outro lado, já estava pronta para reclamar de um modo bem rude pelo péssimo atendimento, quando fui interrompida pela outra voz.

- Hola bella! Bem-vinda ao Alcaufar Vell! - Eu virei meu rosto na direção da voz e me deparei com uma mulher, aparentemente mais nova do que eu, vestindo um leve vestido rodado amarelo claro, um largo sorriso nos lábios, olhos castanhos brilhantes, cabelos escuros e longos, enfeitados com uma única flor colorida presa a sua orelha direita, descendo, saltitante, os degraus das escadas. Ela era... Interessante... ― Sou Camila Cabello e você deve ser a Lauren Jauregui, estou certa? - Ela perguntou num tom simpático depois de se aproximar de mim.

-Ah sim... Sou eu... Eu tenho uma reserva aqui em meu nome. - Eu confirmei séria depois de pigarrear levemente.

―Nós já estávamos esperando sua chegada, só um minutinho e eu já lhe entrego a chave do seu quarto. - A tal Camila, que aparentemente era mais uma funcionária do hotel, avisou com um sorriso, enquanto se posicionava atrás da bancada, ao lado da outra mulher de cara fechada.

Eu tinha as mãos apoiadas na cintura e alternava meu olhar, entre minhas malas jogadas no chão, a mulher carrancuda e a Camila, que digitava algo no computado, enquanto esperava que o check-in fosse concluído. Eu estava cansada, impaciente, com sede e completamente suada, tendo que esperar o péssimo serviço daquele hotel. Isso era realmente maravilhoso.

-Ok, sua suíte é a 206, aqui está a sua chave. - Camila disse com seu sorriso, enquanto me entregava literalmente uma chave... Como eles ainda não usam ainda cartões magnéticos nesse lugar? Qualquer hotel descente é assim hoje em dia... E espera... 206? Nada de suíte máster ou presidencial? Como assim?

―Um momento, acho que pode haver um engano, minha reserva não está na suíte principal? - Eu perguntei franzindo a testa e as duas mulheres se entreolharam.

-Sinto muito, mas a reserva está certa e bom... todas as suítes aqui são iguais. - Camila falou me mostrando meu nome ao lado da reserva na planilha do computador e eu soltei um longo suspiro.

―Tudo bem, só peço que levem minhas malas para o quarto o quanto antes. - Eu pedi no meu tom sério, olhando rapidamente meu relógio.

Eu estava cansada, esgotada e tudo o que eu queria agora era um banho. Mais uma vez as duas se entreolharam e eu arqueei minha sobrancelha sem entender porque elas ainda não haviam mandado alguém vir buscar minhas malas.

-Não há ninguém aqui encarregado de levar as malas? - Eu perguntei tentando controlar minha impaciência.

-Bom, não... Mas eu posso levar para você. - Camila disse um tanto sem jeito, mordendo levemente os lábios.

Eu bufei com a péssima qualidade do hotel e depois de reparar mais alguns segundos os braços finos daquela mulher, eu tinha certeza que se ela tentasse carregar minhas malas iria demorar um século.

―Não, não precisa... Eu mesma carrego, onde fica o elevador? - Eu falei revirando os olhos, enquanto me abaixava para pegar minhas malas.

-Não temos elevador, somente essa escada principal... Seu quarto fica no final do corredor. - Camila informou com um leve sorriso apontando na direção da escada espaçosa de mármore clara.

Nem a porra de um elevador esse lugar tem?! Quer saber, foda-se, eu já fiz a travessia do Saara agora pouco, posso lidar com uma escada.

Eu nem me dei ao trabalho de responder e caminhei em direção à escada, logo depois segui pelo longo corredor de piso e paredes claras, enfeitado com vasos de plantas bem ornamentadas, quando finalmente cheguei à porta da minha suíte.

O lugar simplesmente minúsculo e definitivamente não chegava nem aos pés dos quartos de hotel que eu estava acostumada... Quer dizer, o quarto até que era ajeitado e a vista parecia ser boa, mas era básico demais...

Depois de arrastar minhas malas para dentro, a primeira coisa que eu fiz foi seguir para o banheiro, tomar uma ducha gelada e logo depois me jogar na cama. Eu estava exausta e algo me dizia que esses meus três meses de férias forçadas seriam longos.

Quando eu acordei, pela escuridão do quarto, deu para notar que já estava de noite e eu simplesmente tinha apagado depois do banho, somente de calcinha e com meu corpo atravessado de um modo totalmente torto na cama.

Eu caminhei até uma das malas abertas no chão do quarto, esfregando meu rosto com a mão, tentando afastar um pouco meu sono e peguei uma das minhas camisas sociais. Depois de vesti-la, eu fui até minha maleta, peguei meu isqueiro, junto com meu maço de cigarros e caminhei até a varanda, apoiando meus braços no parapeito e focado meu olhar na vista a minha frente.

O lugar era bonito, na verdade, arrisco a dizer que era esplêndido... A areia branca, junto com o mar sereno, iluminado pela lua cheia e o céu completamente estrelado. Eu fechei os olhos por alguns segundos, tragando meu cigarro e sentindo a brisa fresca bater contra meus cabelos e minhas pernas descobertas. Aquilo era bom e me trazia a distante lembrança de quando eu costumava passar minhas férias de verão, na infância e na adolescência, com meus avós, Mani e a Vero, na casa de verão da minha família em Miami... Bons tempos, que infelizmente não voltam mais... Tudo naquela época era tão mais fácil...

Eu continuei por ali, observando as ondas no mar e as folhas das palmeiras balançando com a força do vento, quando terminei de fumar meu terceiro cigarro e voltei para dentro do quarto, buscando meu Iphone em uma das mesas de cabeceira do quarto. Não havia sinal e muito menos wifi... Era de se esperar que naquele lugar isso acontecesse, mas eu ainda tinha esperanças de que o hotel tivesse alguma rede de internet disponível para oferecer aos hóspedes, quando coloquei minha calça que vestia mais cedo, ajeitei minha blusa abotoando todos os botões, coloquei meu sapato, organizei rapidamente meus cabelos e desci em direção à recepção do hotel.

Dessa vez, atrás do balcão e concentrada em uma revista que parecia ser de fofocas, daquelas bem sensacionalistas, não estavam nenhuma das duas mulheres que eu havia visto mais cedo e sim uma mulher morena de praia, com cabelos negros, olhos castanhos claros, grandes brincos de argolas de ouro barato, unhas vermelhas chamativas e uma blusa apertada com um generoso decote.

-Com licença. - Eu chamei sua atenção, pousando minhas mãos sobre o balcão de pedra clara polida e torcendo para que a mulher falasse minha língua.

Oh hola! Você é a hóspede americana, certo? - A mulher falou rapidamente, com um forte sotaque espanhol, enquanto esboçava um sorriso de lado no rosto.

-Hum... Suponho que seja eu. - Eu falei simples... Porque todo mundo aqui parece estar tão animado por eu ser americana? Lugar estranho...

―Muito prazer, eu sou Rosário, mas pode me chamar só de Rosie. - Ela disse mordendo lentamente os lábios, se debruçando levemente sobre o balão e estendendo sua mão. Meus olhos desceram automaticamente por seus seios fartos, com a ponta de seu sutiã vermelho rendado escapando pela blusa, até finalmente chegar a sua mão. Surpreendente uma funcionária ostentar um decote dessa proporção... Não que eu estivesse reclamando... Só estava surpresa.

-Lauren Jauregui. - Eu apertei sua mão firmemente, tentando ignorar a visão do decote a minha frente.

―Então, no que posso te ajudar, Srta. Jauregui? - Ela perguntou arrastando meu nome em sua boca e eu passei levemente minha mão sobre meu cabelo.

-Eu preciso me comunicar com algumas pessoas, mas meu celular não está pegando sinal por aqui, então eu quero saber como posso usar a internet do hotel. - Eu pedi colocando minhas mãos no bolso da calça.

―Sinto te decepcionar guapa, mas nós não temos internet por aqui e geralmente não pega sinal de celular mesmo. - Ela informou começando a lixar suas garras... quero dizer, unhas, como uma lixa que tinha acabado de tirar de uma das gavetas do balcão.

-Como assim aqui não tem internet? - Eu perguntei custando a acreditar no que ela havia acabado de dizer.

―Nós só conseguimos usar internet discada aqui no computador da recepção quando é extremamente necessário... Você pode tentar ir a algum café que tenha internet no centro da cidade durante o dia, é mais comum por lá... Já se você quiser ligar para alguém, tem um telefone fixo no quarto, é só discar os prefixos do seu país e da sua cidade. - Ela explicou naturalmente.

-Inacreditável... - Eu murmurei negando com a cabeça. Isso aqui era o fim do mundo mesmo...

Rosário, usted ha terminado la comprobación de las reservas? - Outra voz soou pelo local e ao girar minha cabeça eu observei a tal Camila se aproximar de nós. - Ah Olá, Srta. Jauregui, precisa de algo? - Camila me perguntou simpática assim que reparou na minha presença.

-Só Lauren, por favor... Preciso de internet, mas Rosário já me explicou que isso não é uma tarefa muito fácil por aqui. - Eu falei com um sorriso irônico, enquanto Camila olhava rapidamente na direção da outra mulher.

―Infelizmente você só irá encontrar internet de boa qualidade no centro da cidade, nossa ilha sofre com isso, mas você pode usar o telefone do quarto. - Camila explicou calma e eu soltei um suspiro frustrado.

-Tudo bem, obrigada pela informação. - Eu me dei por vencida, antes de começar a caminhada de volta a escada.

―O jantar será servido em alguns minutos, não vai querer comer? Imagino que esteja faminta depois de uma viagem longa. - Camila perguntou no seu tom simpático, antes que eu alcançasse o primeiro degrau da escada.

―Obrigada, mas estou sem fome... Tenham uma boa noite. - Eu falei simples, recebendo um aceno com a mão de Rosário e um sorriso tímido de Camila em resposta.

Quando voltei ao quarto, meus olhos procuraram rapidamente o tal telefone e encontrei o aparelho antigo posicionada na escrivaninha em frente à cama. Eu me sentei na poltrona que havia no quarto, trazendo o aparelho de telefone comigo, o deixando apoiado em meu colo, antes de tirar o telefone do gancho e começar a discar os números. Só espero que isso funcione...

Um toque... Dois toques... Três toques... Quatro toques...

―Alô? - A voz conhecida soou do outro lado da linha.

-Liguei só para dizer que morri e aqui no inferno não tem internet, mas milagrosamente tem telefone. - Eu falei sarcástica.

―VADIA! - O grito ecoou pelo autofalante, me fazendo afastar o telefone do ouvido.

-Caralho Verônica, quer me deixar surda?! - Eu perguntei irritadiça.

―Exagerada... Mas e aí, gostou do lugar? - Ela perguntou animada e eu revirei os olhos.

―Que parte de "aqui no inferno", você não entendeu? Sério, precisava me mandar para o cú do mundo? Aqui faz um calor infernal, tive que arrastar minhas malas por uma praia, com o sol quente na minha cabeça... - Eu começava a reclamar.

-Blá, blá, blá... Me diz qual o propósito de eu te mandar para um lugar cheio de gente, shoppings, internet e essas coisas, como sempre? Você sabe que não era esse nosso acordo, então pode sossegar essa sua bunda branca aí e não vem reclamar no meu ouvido não. - Ela me interrompeu no seu tom nada sutil.

-Eu te odeio tanto... - Eu murmurei acariciando minhas têmporas, escutando uma risada dela do outro lado. - Mas fiquei curiosa em como você achou esse hotel em que estou... - Eu comentei.

―Ah bom, eu acessei um site desses especializado em hotéis e eles me deram uma lista dos hotéis que tem por aí, eu só tive que fechar o olho e meu dedo parou nesse daí. - Ela falou naturalmente.

-Jeito muito maduro de escolha, Verônica... O hotel é péssimo, para sua informação. - Eu falei irônica.

―Péssimo por quê? Só porque não tem internet? - Ela perguntou na defensiva.

―Porque não tem internet, porque fica praticamente isolado, porque não tem elevador e muito menos alguém para levar as malas... - Eu explicava num tom incomodado.

-Tem um teto, uma cama e um chuveiro? Aposto que tem, então para com esse drama de criança mimada e relaxa... Cruzes, você não era assim não... Esses anos todos na empresa fizeram uma lavagem cerebral em você, tá amarrado! - Ela disse curta e grossa.

―Tanto faz... - Eu falei desanimada, jogando minha cabeça para trás.

-Agora falando sério, fantasminha camarada, você precisa relaxar, tenta se desligar um pouco das coisas por aqui, eu estou cuidado de tudo. - Ela pediu calma.

―Eu vou tentar. - Eu disse com um suspiro, mesmo sabendo que aquilo seria difícil.

-Ótimo, eu vou ligar para os seus pais mais tarde avisando que você está bem. - Ela afirmou.

―Você vai contar para eles por aonde eu vim parar? - Eu perguntei interessada.

-Não, eu não vou contar nada... Eles têm que te deixar descansar e eu sei que se eu contar onde você está, eles vão dar um jeito de falarem com você. - Ela falou coerente.

―Ok, você tem razão. - Eu concordei simples.

-Eu sempre tenho razão, Gasparzinho. - Ela disse convencida e eu soltei uma risada sem humor.

―Até parece... Enfim, vou desligar, eu já dormi à tarde, mas ainda estou cansada por causa da viagem... Dê um beijo e um abraço na Mani e na Lucy por mim. - Eu avisei calma.

-Tudo bem, nós vamos nos falando... Se cuida, vadia... - Ela se despediu e eu sorri.

―Tudo bem, se cuida por aí também, chatinha. - Eu falei tranquila e desliguei o telefone.

Eu sempre fui muito grudada com a Vero, desde que éramos crianças nós nos dávamos bem e ela era uma das poucas pessoas que conseguiam me entender completamente e me aclamar, mesmo com seu jeito meio maluco. Eu também era muito próxima à Mani e a Lucy, mas conhecia a Vero há mais tempo.

Eu coloquei o aparelho de volta à escrivaninha, fui até a mala pegar meu pijama, uma calça cinza e uma camisa branca, ambos de um algodão confortável e peguei um dos livros que havia comprado há pouco tempo na minha maleta.

Peguei uma garrafa de água no pequeno frigobar que havia em um dos quartos, tomei um gole e fui me deitar na cama, deixando a luz do abajur acesa e começando a ler o livro.

Em pouco tempo, eu já tinha apagado novamente... Pela primeira vez em anos, eu tinha conseguido dormir uma noite inteira, sem ao menos ter que tomar minhas pílulas para insônia.


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