Just a Life // COMPLETO // Li...

By alexia-macedo

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Após cinco anos viajando pelo mundo e conquistando fama, Rebeca volta para o Brasil. Muito mais madura e deci... More

PROLOGO
Capitulo 1 - REBECA
Capitulo 2 - BRIAN
Capitulo 3 - REBECA
Capitulo 4- BRIAN
Capitulo 6 - BRIAN
Capitulo 7- REBECA
Capitulo 8 - BRIAN
Capitulo 9 - REBECA
Capítulo 10- BRIAN
Capitulo 11 - REBECA
Capitulo 12 - BRIAN
Capitulo 13- REBECA
Capitulo 14 - BRIAN
ATUALIZAÇÃO
Capitulo 15 - REBECA
Capitulo 16 - BRIAN
Capitulo 17 - REBECA (Parte 1)
Capitulo 17 - REBECA (Parte 2)
Capítulo 18 - BRIAN
Capitulo 19 - REBECA
E-MAIL
Capitulo 20 - BRIAN
Capitulo 21 - REBECA
Capitulo 22 - BRIAN
Capitulo 23 - REBECA
EPILOGO
Agradecimentos
NOVIDADES DE JAY/JAL

Capitulo 5 - REBECA

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By alexia-macedo

Quando a noite toma forma/ Quando as lágrimas opostas se compõem/ Sem te deixar a chance de olhar e compreender/ Mas tudo é tão vago, vago no mundo/ Nada além/ Daquelas mágoas que vivemos (Lugar Qualquer - Pública)

Assim que chegamos à casa do Antônio (já que ele me obrigou a dispensar o "seu" e "senhor") a chuva volta a cair, ainda mais forte. Respiro fundo pensando se vou realmente conseguir sair daqui hoje. Olho para o Brian e percebo que ele está me analisando. Torço para que minhas bochechas não revelem o incômodo.

Não sei o que aconteceu comigo nessa manhã, mas eu simplesmente cansei de toda minha postura. Às vezes machuca mais se proteger do que realmente ficar de cara com o perigo. Por isso resolvi baixar a guarda e revelar. As minhas feridas nunca vão cicatrizar se eu não parar de abafa-las e esconde-las.

Enquanto o Antônio entra em casa para contar a sua mulher sobre nossa visita, eu e Brian ficamos na varanda da casa. É uma casinha simples de interior, as paredes são pintadas de um verde água que traz uma certa paz. O barulho da chuva no telhado consegue acalmar os milhares de pensamentos que percorrem minha mente.

- Eu gosto desse som. - O Brian diz parando exatamente ao meu lado, nossos braços não encostam, mas eu posso sentir ele próximo o bastante.

Não posso deixar de me sentir suja e traidora por sentir um turbilhão de sentimentos só por causa de uma proximidade. Não é possível que eu ainda me deixe abalar com isso. Não é justo. Não é justo comigo, nem com o Dean. Afasto-me lentamente para que ele não perceba minha real intenção e, pior ainda, meus sentimentos.

- Venha, entrem! - Uma mulher aparece na porta com um sorriso fraco nos lábios. Ela é muito bonita, mas sua pele castigada revela uma vida sofrida. - Meu nome é Estela.

Assim que entramos, ela nos oferece uma xicara de café que aceito sem nem pensar duas vezes. Eu sou absolutamente viciada em café, mas nos últimos anos tirei essa bebida do meu cardápio. Não faz bem para o organismo e sono, ou seja, é inimigo de uma modelo.

- Achei que você não bebesse café. - O Brian diz enquanto leva sua xicara a boca e me olha por cima. Ele realmente não deveria deixar seu olhar assim, é tão tentador e sexy.

Engulo um gole de café quente rápido demais e o sinto queimar por dentro. Eu não sei o que está acontecendo comigo, nem sei se vou conseguir aguentar uma tarde toda ao lado desse homem. Imagine só se eu tiver que dormir aqui. Balanço a cabeça antes que eu me perca totalmente nos meus devaneios.

- Não bebo. Mas hoje o meu dia precisa de algo quente. - Sorrio sem graça e ele também. Estamos bem. E isso parece até mesmo ser um milagre. Nesse momento eu tenho tantas perguntas para fazer, tanta coisa que eu gostaria de saber. Eu sei que não devo ter essa curiosidade, que o passado deveria ficar exatamente lá. Mas eu não consigo.

- Então, o que vocês estavam fazendo por aqui? Essa estrada quase não é usada. - A mulher que nos ofereceu o café, Estela, se senta na poltrona ao lado do pequeno sofá em que estamos.

Lanço um olhar de repreensão para o Brian que apenas dá de ombros.

- Eu não sabia que a estrada era assim, apenas me informaram que esse era um caminho alternativo. - Ele diz se digerindo a mim e então volta sua atenção à Estela. - Nós estamos indo para a próxima cidade, eu sou fotografo e ela é modelo.

- Que chibata! - Ela abre um sorriso. E eu fico sem entender nada. Deve ser alguma gíria ou algo do tipo para "bom" ou "legal", julgo isso por sua expressão de alegria. - Vocês formam um belo casal até na profissão.

- Ah não! - Digo totalmente no automático enquanto meu coração acelera rápido e um sorriso de canto aparece na boca do Brian. - Nós só somos... velhos conhecidos.

Seu sorriso se desfaz no mesmo instante. O que mais eu poderia dizer? Que ele foi o primeiro cara que amei e que meu coração ainda tem a capacidade de se partir por sua causa mesmo eu já estando com outro alguém? Fui ainda muito generosa em falar que somos conhecidos, pois a impressão que eu tenho é que estou sentada ao lado de estranho com uma sensação de já ter conhecido alguém parecido com ele.

- Ah, que triste. - Estela diz, mas sua expressão é que não acredita nisso. - Bom, eu tenho que ir à horta, mas vocês podem descansar se quiserem. Vou mostrar o quarto.

Eu e o Brian nos levantamos e seguimos até o quarto. Ela começa a falar que é modesto, mas eu a interrompo. O sorriso da Estela, apesar de ter traços tristes e fracos, parece que aquece um pequeno pedaço do meu coração. Sua casa é tão simples, mas tem uma energia, ou algo do tipo, positiva.

O quarto também é verde, como o resto da sala, o chão é vermelho e tem uma cama de casal. Ela nos falou que era o quarto dos seus filhos, mas que eles foram para Brasília trabalhar e há muitos anos não volta.

Olho para a cama de casal e o meu coração gela. Não é que eu me sinta ameaçada pelo Brian ou qualquer coisa do tipo. Mas dormir na mesma cama é algo muito absurdo. O que o Dean pensaria disso? Eu com certeza não gostaria de saber que ele tinha ido parar no meio do nada e dormido na mesma cama com uma ex-namorada.

- Uau, eu durmo no chão. - O Brian diz e meu coração dá uma pontada. Eu realmente não quero que ele durma no chão, ainda mais com todo esse frio, mas não posso simplesmente dormir com ele, na mesma cama, como apenas algumas camadas de tecido entre nós. Não posso dormir com o Brian, mesmo que seja no sentido mais literal da palavra.

- Não, eu durmo no carro. Fica com a cama.

- De jeito nenhum, eu fico no carro então. Você precisa do seu sono de beleza. - Ele me lança seu sorriso sarcástico e tudo que eu posso fazer é revirar os olhos e reprimir o sorriso.

Ele segue até a frente da casa e eu entro no quarto. Deito na cama para conseguir dormir por alguns minutos, já que ficar espremida dentro daquele carro não me fez nada bem, mas não consigo. Olho para o telhado e meus pensamentos vagueiam por tantos "e se...".

E se eu não tivesse com o Dean? Será que meu coração ainda estaria com o Brian? E se eu não tivesse feito essa viagem? Será que meu coração ainda estaria acreditando na farsa de que eu não sou tão do Dean quanto eu pensei?

Depois de tantas suposições e imaginar como seria a minha vida se outras coisas tivessem acontecido, eu durmo. O som da chuva nas telhas e o cheiro das flores que estão em um jarro na mesa na sala ao lado me permitem um sono tranquilo.

Sinto uma mão no meu rosto, tirando levemente o cabelo que está sobre meus olhos ainda fechados e tomo um pulo levantando da cama como o flash. Vejo a expressão do Brian e meu coração se alivia antes de ter outro principio de ataque cardíaco.

- Desculpa, não queria te acordar no susto. - Balanço minha cabeça sem ainda conseguir falar nada. - Estela e Antônio estão nos chamando para jantar...

Sigo com o Brian até a pequena cozinha, onde tem uma mesa repleta de comida. Feijão, arroz e uma panela de carne cozida. Ao lado há uma jarra enorme de um suco amarelo que eu suponho ser de laranja.

Apesar de nunca comer tanto à noite, eu me permito isso por hoje. Fico pensamento nos olhares de reprovação do Roy, meu personal, se me visse comer tudo isso. Ele começaria a falar as calorias de cada alimento que parece ter gravado em uma lista mentalmente até que eu me sentisse péssima.

- Você não costuma comer essas coisas num é? - Antonio se vira para mim com um sorriso no rosto e eu também sorrio. - Estela disse que ocê é modelo, daquelas da TV.

- Sim, sou. - Sou uma leve risada. - E não, quase nunca como coisas do tipo.

- Mas ocê não tem desses problema de saúde que essas moças magras tem? - Ele me olha e eu percebo que sua pergunta não é na maldade, como a maioria das pessoas falam.

- Não. Eu prezo pelo meu físico, mas também pelo equilibro e bem estar. Também sou magra de natureza.

- Verdade, ela sempre foi bem magra. - O Brian diz e no mesmo instante parece ter se arrependido. Eu sorrio e dou de ombros, como se não me importasse. Mas parece que sempre algo em mim vai se sentir incomodado quando ele se referir ao passado.

- Então ocês se conhecem há muito tempo? - Estela pergunta assim que termina de colocar os pratos a mesa. O Brian me olha como se pedisse permissão para falar. Seria engraçado se não fosse ridículo.

- Sim. Nos conhecemos quando éramos adolescentes e agora nos reencontramos. - Ele sorri e vejo a mesma expressão que vi no rosto da Estela mais cedo, só que dessa vez ela e Antônio dão um sorriso de cumplicidade. Estou prestes a gritar que essa aliança no meu anel pertence a outra pessoa, assim como meu coração, mas eu apenas ignoro e finjo não notar.

- Que sorte então, num é? - Antônio diz e eu sorriso, colocando o máximo de comida na boca que as boas maneiras me permitem.

- Muita. - o Brian diz e então me olha. Isso tá ficando cada vez mais difícil e a cada minuto me arrependo mais de não ter permanecido firme no meu proposito inicial de me defender. Para que eu fui dar ideia a ele?

Depois disso o Antônio e a Estela falam sobre como é a vida aqui no Amazonas e escuto com toda minha atenção. Eu sou apaixonada por novos lugares e eu amo conhecer culturas diferentes. Meu amor cresce ainda mais quando é sobre o Brasil.

Eles acabam nos contando sobre como se conhecerem e como foi difícil seguir com o amor deles e eu tento não chorar a cada instante. É evidente que eu tenho coração mole para histórias de amor tristes, apesar do meu próprio coração já estar calejado com isso.

- Quero muito agradecer vocês por nos darem esse jantar. - Digo assim que volto à sala junta com a Estela, após tê-la ajudado a lavar a louça e guardar. - E por nos conceder o quarto.

- Magina, moça. - Antônio sorri e meu sorriso largo se expande no rosto. - Bom, agora eu vou dormir porque amanhã é dia de trabalhar.

Ele se levanta com a Estela e vai até o quarto, deixando somente eu e o Brian na sala. A TV tem um péssimo sinal e a tela está toda chuviscada. Eu finjo estar conseguindo ver alguma coisa, mas é só uma forma de me concentrar em outra coisa. Meu coração está uma mistura louca de coisas e eu não sei o que fazer. Esconder-me ou deixar o Brian se aproximar?

- Preciso tomar um banho. - Digo após alguns minutos. E o Brian se levanta.

- Vou lá ao carro buscar as roupas para você. - Ele diz e eu apenas aceno positivamente enquanto entro no quarto e pego a toalha que a Estela emprestou para quando eu quisesse tomar banho. Enquanto vou até o banheiro minha mente dá um estalo.

AI MEU DEUS. O que diabos eu estava pensando quando deixei o Brian ir até o carro buscar a roupa para mim? Ela vai mexer em minha mala, nas minhas roupas e... Ah não. As calcinhas e os sutiãs não.

Eu sou realmente idiota.

Entro no chuveiro e a água gelada me faz estremecer no mesmo instante. Mesmoc om todo o frio, molho o cabelo. Hoje parece realmente que eu estou esquecendo quem sou e fazendo tudo ao contrario. Se meu cabelereiro me visse molhando o cabelo antes de dormir acho que puxaria minha orelha até ela estar longe da minha cabeça.

- Suas coisas estão na cama. - O Brian diz assim que saio do banheiro, me fazendo dar um pulo e prender a toalha com mais força no corpo. Vejo um esboço de sorriso em seu rosto e sinto meu corpo inteiro arrepiar ao acompanhar seu olhar. Caminho rápido até o quarto.

Assim que chego vejo uma calça de moletom cinza e uma blusa de mangas compridas rosa. Graças a Deus ele teve com senso e trouxe isso. Assim que puxo a roupa vejo um sutiã preto cair sobre a cama com uma calcinha amarela. Bom, pelo menos ele não trouxe nada combinado. Sinto minhas bochechas corarem ao imaginar ele mexendo na minha mala.

Quando já estou colocando a blusa olho pelo espelho e vejo entre a fresta da porta mal fechada o olhar o Brian. Nossos olhos se cruzam por alguns segundos e então eu desvio.

Mas que droga! Minha bochecha queima ainda mais ao imaginar que ele me viu vestindo toda a roupa. Tirando a toalha.

Por isso mesmo eu não saiu do quarto até que perceba que ele saiu da casa. Então sigo até a varanda. O mal de dormir muito durante o dia é que à noite eu não tenho sono nenhum. Então provavelmente vou dormir somente de madrugada e isso irá desregular totalmente meus horários. Palmas para você, Rebeca!

Olho para os meus pés e começo a pensar nesses últimos dias. Faz só dois dias que vim para e já parece uma semana. Parece que faz um mês do Natal para cá. Todo mundo em casa, reunido, Dean, Babi... Meu coração aperta um pouco em um misto de saudade e decepção comigo mesma.

Dean sempre foi meu porto seguro em todos os anos. É como se ele estivesse sendo minha ancora em meio às tempestades. Quando eu queria fugir e desistir, ele estava lá. Seu amor, seu cuidado e sua compreensão e paciência comigo e todas minhas feridas foram o que me conquistou. E me dói o coração ver o que está acontecendo. Mas eu não consigo mandar nisso.

Nunca consegui, nunca tive o controle sobre meus sentimentos. E ver o efeito que o Brian causa em mim mesmo após tantos anos, mesmo eu sabendo o quanto ele não é mais o garoto que um dia eu amei, é completamente opressor. Eu sei que o meu noivo não merece isso. Porque ninguém como ele, que se doa por inteiro, dá o coração para o outro fazer morada, merece alguém pela metade, como eu estou me sentindo agora.

É como se eu tivesse caído no abismo entre Dean, Brian e o que eu realmente sou. Anos atrás minha mãe me disse para me conhecer antes de tudo, antes de amar, antes de querer ser de alguém. Eu deixei o Guilherme ir, eu deixei o Brian de lado e me foquei em tudo que eu era e em tudo o que eu queria ser.

Construí meus sonhos e batalhei por eles até conquista-los. Encontrei meu lugar. Meu lar. Soube, finalmente, quem eu era. Mas agora as coisas parecem estar bagunçadas. Parece que o passado voltou e jogou todos meus anos de trabalho árduo em vão.

Minha vontade é de correr até o carro onde o Brian está e bater nele. Socar sua cara até que ele aprenda de uma vez por todas que não pode entrar na minha vida assim e bagunçar tudo. Até porque eu sei que, depois disso tudo, vou estar sozinha para arrumar tudo que ele jogou para o alto.

Me levanto da rede e pego uma lamparina que está no canto da varanda e sigo até o caminho do carro. Apesar de minutos atrás estar com uma raiva mortal do Brian, agora meu coração está totalmente tranquilo, mas eu sei que não vou conseguir mais descansar até que eu resolva tudo que está acontecendo aqui. Até que eu realmente saiba o porquê dessa confusão toda. Vejo a cabeça do Brian sobre o vidro e seu rosto sendo iluminado pela tela do celular, bato de leve no vidro e ele se vira, assustado.

Chegou a hora.



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