EPILOGO

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Apenas lembre-se / Você é a única coisa/ Da qual nunca me canso/ Então vou lhe falar o seguinte:/ Isto pode ser amor porque/ Eu tive as melhores horas da minha vida/ Não, eu nunca me senti assim/ Sim eu juro é verdade,/ E devo tudo a você (The Time of my Life)

Olho para as cadeiras bem arrumadas na praia. A "passarela" branca com alguns grãos de areia sobre, as pessoas viradas para o fim dela. O olhar dele lá na frente, seu sorriso que não pode ser reprimido. O juiz de paz. As orquídeas. Seguro com mais força meu pequeno buquê e abro meu melhor sorriso, não por obrigação, mas porque essa ocasião merece que eu demonstre toda minha felicidade em um sorriso que parece rasgar meu rosto ao meio. A marcha nupcial começa a tocar em um ritmo diferente, mais forte, mais agitado.

O olhar do Brian me acompanha em todo o momento e eu me contenho para revirar os olhos, para todas essas várias pessoas isso seria como algo de desdém, mas para nós é tão diferente. As coisas para nós é sempre diferente, tem outro significado, algo só nosso. E pensar nisso faz com que meu sorriso aumente, mesmo sem eu achar que isso era possível.

Paro no meu lugar e olho para a passarela de novo, minha mãe vem atrás de mim, com seu vestido em um lilás um pouco mais escuro que o meu, segurando um buquê um pouco maior. E então a Babi aparece no meu campo de visão novamente. Seu vestido solto, várias camadas de um tecido nobre leve, parece que ela é o próprio vento. Um buquê grande de orquídeas que ela parece apertar mais que o necessário, fazendo os nós dos seus dedos ficarem brancos.

Vejo a soltar completamente o ar, como se tivesse arfando, quando vê o Guilherme em um terno preto, com uma gravata roxa impecável. Aqueles olhos azuis é a única coisa que acalma o coração da Barbara. Eu a entendo completamente.

Sem querer nada religioso, a cerimônia foi bastante curta. E embora a noiva sempre deva ser a maior atração de qualquer cerimônia de religião, os olhos do Brian não desgrudavam de mim, sei disso porque também não conseguia me conter em olhar para ele a cada minuto.

Já fazem 3 meses que estamos juntos. E fama nenhuma, dinheiro, viagens, revistas ou desfiles me trouxe mais alegria, mais risadas, mais sensação de dever cumprido do que dormir quase todas as noites apertando sua mão. Quando vamos visitar sua mãe, e acordo com o barulho das ondas, o cheiro de mar e bolo saindo do forno.

Quando estamos no apartamento dele no Rio vendo um filme qualquer enquanto comemos pipoca doce e ele puxa sua câmera tirando fotos minha completamente desprevenida, com o cabelo bagunçado, a boca cheia de pipoca, os olhos espantados olhando para o flash e as mãos suja do caramelo, minha perna jogada sobre seu joelho e por vezes algumas lagrimas escorrendo pelas bochechas por causa de uma cena triste ou feliz demais. E eu posso jurar que essas são as fotos mais bonitas que já foram tiradas de mim.

E eu posso também perceber em qualquer um desses momentos que ele é meu lar. É no seu coração que eu quero morar. Porque lá, até nos dias mais frustrantes, nas maiores tempestades ou nos acessos de raiva, eu despojo de alguma risada escandalosa por uma piada inesperada. Consigo um abraço que acalma qualquer tempestade. Consigo um beijo na testa que faz meu coração se acalmar. E até seu aperto de mão faz com que tudo desacelere, perca a importância, e o que antes parecia girar, fica em seu lugar.

Quando a cerimônia acaba todos vamos para a casa da mãe do Brian. Ela cedeu o espaço para fazermos a festa. E, embora tenha perdido tão recentemente seu marido, o sorriso quase nunca sai de seu rosto, mesmo nos momentos que seus olhos estão completamente distantes, possivelmente passeando pelas suas lembranças.

- Você tem certeza que ela vai topar? Eu tô achando que isso vai ser um grande incomodo. – Babi diz pela webcam, o Guilherme ao fundo escrevendo os endereços nos poucos convites de casamento.

Just a Life // COMPLETO // Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora