Ciclos Eternos - Submundo Liv...

Por carolinefactum

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Esqueça tudo que você acha que sabe sobre o Submundo e seus habitantes. Esse livro mostra um romance mágico... Mais

Introdução
Reinos do Submundo
Dedicatória
Capítulo 1 - Não era um falcão?
Capítulo 2 - Uma visita já esperada?
Capítulo 3 - Férias no Submundo
Capítulo 4 - O Castelo
Capítulo 6 - Primeiro passo
Capítulo 7 - O segredo é ocupar o tempo
Capítulo 8 - Não haverá uma terceira vez
Capítulo 9 - A Terra Baixa
Capítulo 10 - Como uma rainha
Capítulo 11 - O Baile
Mural do carinho

Capítulo 5 - Livros

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Por carolinefactum



Seus olhos percorriam as estantes repletas. Do rodapé ao teto, havia milhares de livros. Ficou parada na porta, admirando para depois percorrer o ambiente. A sala era forrada por um carpete que ela imaginou ser persa, se acaso existisse esse tipo de tapete no Submundo. Seus pensamentos ficavam cada vez mais confusos. Seis anos atrás ela estivera ali e passara vinte e cinco horas tentando não ser morta. Depois seis anos tentando se convencer de que nada havia acontecido, agora estava ela tentando descobrir mais daquele mundo: como eram feitos os tapetes, as decorações, de onde vinha tanta gente que ela não tinha sequer imaginado existir.

Havia um grande lustre adornado por velas que garantia a luminosidade da leitura. Havia, ainda, algumas poltronas próximas das estantes e um divã. Aproximou-se de uma longa cômoda de marfim com lindas esculturas, imagens de cavaleiros, algo que acreditou serem deuses e deusas. A decoração chamou mais ainda sua atenção: as paredes esculpidas em gesso, sendo ornamentadas por enfeites de ouro. Do lado direito, havia outra parede recheada de livros e mais algumas poltronas com um jogo de sofá ao fundo, dando um ar de sala privativa. Os sofás se fechavam em um L e eram acompanhados por uma mesa de centro.

A sua direita havia uma mesa de aproximadamente dois metros e o brilho refletivo pelo candelabro despertou o seu interesse.

— O que é aquilo? — Sâmia perguntou, caminhando em direção ao brilho.

— A coleção de cristais.

Ela não acreditava em que seus olhos viam: era uma cidade de cristal, com estradas, casas, vales, tudo esculpido no mais fino cristal. Andava lentamente, acompanhando cada detalhe. Depois da cidade havia um grande castelo cercado por uma floresta e havia até pessoas caminhando pelo pátio. A última coleção fez seu coração parar por um minuto: estava diante do negro tabuleiro de xadrez.

Piscou os olhos repetidamente para ver se estava enxergando direito, e ele estava ali, exatamente como se lembrava: no alto daquela colina com suas peças com rostos e mãos, as peças vivas! Seu olhar estava perdido com as lembranças. Observou longamente o rei e a rainha do tabuleiro. Há seis anos, ela teria ocupado uma daquelas casas e havia feito a maior aposta de todas, a aposta que valia sua vida.

— Vejo que gostou dos cristais — disse Leander com um sorriso suave.

— Como foram feitas?

— É um trabalho élfico, vendem nas feiras da redondeza, há mais espalhadas pelos cômodos do castelo.

Sâmia já não ouvia uma palavra do que Leander dizia. Sua mente estava muito longe, olhando fixamente para aqueles cristais. Não seria nenhuma surpresa se aquelas miniaturas fossem outras meninas infelizes como ela, que tivessem ido lá jogar com o rei e, não tendo a mesma sorte que ela teve o vencendo, teriam recebido como punição a transformação e ali iriam permanecer eternamente imóveis.

— Mas me diga o que achou da biblioteca? — Leander perguntou, tirando-a de seu delírio.

— É maravilhosa.

Sâmia não podia esperar para começar a devorar todos os livros, passaria os três meses trancada ali dentro, com intuito de obter o máximo de informação que pudesse.

— Imaginei que gostaria de conhecer esse lugar.

A voz de Leander quebrou o silêncio mais uma vez.

— Você pode vir aqui sempre que quiser; é um lugar perfeito para relaxar e descansar um pouco. Eu lamento, mas realmente já se faz tarde e eu preciso ir.

— Tudo bem. — Sâmia respondeu, sem desviar os olhos dos milhares de livros a sua frente.

Assim que Leander saiu, ela corria rapidamente o olhar, pensando na oportunidade que estava tendo. Ali deveria haver livros de todos os tipos e assuntos, e ela poderia ampliar seu conhecimento, poderia finalmente começar a sua carreira de escritora. Com certeza naquele lugar inspiração não faltaria. Chegou a sorrir, apanhando um livro. Até que sua estada ali não seria tão ruim, era só se manter longe do rei.

Sua tranquilidade durou pouco mais que duas horas, quando Aédi retornou e começou as instruções. À medida que a criada falava, Sâmia pôde constatar que sua gentileza exagerada era apenas porque não havia entendido o que ela estava fazendo ali. A hora que soubesse que Jahean a detestava, ela iria, com prazer, ajudar a atormentá-la.

— Não sei como se comporta gente do seu tipo, mas aqui as regras são estritamente formais: sua roupa deve estar sempre impecável, seu cabelo, sua postura...

Sâmia tinha vontade de mandá-la ao inferno, mas teve que fazer esforço para se manter firme em seu propósito. Se queria ter três meses de paz, deveria evitar problemas com o rei.

— Uma dama nunca perde o controle, suas palavras devem sair sempre no mesmo tom, não importa se estiver com raiva, feliz ou desesperada...

Que sono que ela sentia. Nem ao menos prestava atenção no que a criada falava. Tudo o que ela queria era poder ficar sozinha. Depois de uma longa hora, a criada parou de falar e sua cabeça já doía. Não era apenas em seu mundo que se podia sentir a energia de pessoas negativas, ali também ela pôde constatar um terrível mal-estar ao ficar próxima de Aédi.

As duas saíram para o jardim seguindo as recomendações dela. Uma dama não deveria ficar tanto tempo lendo, deveria aproveitar o sol para corar as faces! Sâmia não precisava de mais nada para se sentir miserável. Agora nem ao menos podia escolher como passar seu tempo. "Ficará essa mulher grudada nela desde o momento que acordar até a hora de dormir? " Esse era um assunto que ela tinha até medo de pensar.

Um mensageiro chegou ao pátio central e se aproximou das duas; fez uma reverência e entregou uma carta endereçada ao rei. Assim que ele saiu, Aédi começou a resmungar.

— Imagino que deva estar acostumada com essas aberrações de onde você vem.

Sâmia estava surpresa, não havia notado nada de anormal no homem que acabara de sair.

— Aberração?

— Sim, como não? Esses malditos têm sorte. Esse desgraçado principalmente, por ser protegido pelo príncipe Fernando, senão já estaria morto.

Sua surpresa era tanta que ela não sabia o que dizer. Príncipe? Havia um príncipe no castelo de Jahean?

— Pois muito me alegravam os velhos tempos, onde se cortava a garganta e se enchia um grande balde com o sangue dessas aberrações.

— Não me diga que bebiam depois? — Sâmia disse em um tom sarcástico.

— Mas que beber que nada, nem mesmo os porcos merecem um sangue estragado assim! Mas qual!

E lá se foi Aédi de volta ao castelo para entregar a tal carta ao rei.

— Como está se sentindo?

Ela reconheceu a voz doce vinda de trás dela.

— Consegui escapar alguns minutos para te ver.

— É muito gentil de sua parte.

— Está tudo bem?

— Leander... eu... detesto essa mulher.

— Você não é a única. — Ele disse, segurando as mãos dela. —Não se preocupe, assim que tiver uma chance, vou falar com Jahean.

Aédi, que acabara de mandar outra criada levar a carta, observava os dois de mãos dadas da escadaria do castelo.

— Eu não posso demorar, mas aproveite o dia. Enquanto não falo com Jahean, vou dizer a Alethea que interceda. Nem mesmo damas de companhia passam tanto tempo sem fazer nada. Cuidarei para que Aédi tenha outras ocupações.

— Obrigada, Leander, você é um anjo.

Sâmia o beijou na face, despertando ainda mais o interesse de Aédi, que já se aproximava. Ele se despediu e foi ao encontro do rei enquanto Sâmia era deixada infeliz com a criada, que voltava a falar sobre os costumes e os modos das damas do reino.

— Majestade, se importa se eu lhe pedir um favor? — Leander perguntou, à medida que se sentava de frente para o rei.

Jahean apenas o olhou demoradamente e disse:

— Sua cota de favores comigo já ultrapassaram os limites — disse em tom nada amistoso.

— Por favor, Jahean, é sobre Aédi. Sabe como ela é desagradável. Gostaria de escolher outra criada para Sâmia.

— É mesmo? E por que não reúne todos os criados para que ela escolha a que mais lhe agrada? Meus criados não estão à disposição de seus convidados!

— Mas, Jahean...

— Não quero mais uma palavra sobre isso. Se não está satisfeito com Aédi, pode levá-la de volta de onde nunca deveria ter trazido.

Leander sabia que de nada adiantaria insistir. Já tinha tido muita sorte em conseguir fazer com que ele aceitasse a presença dela ali. Levaria mais tempo até que todo o ressentimento passasse e, se tudo desse certo, conseguiria estragar esse maldito casamento que ele inventou.




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