twins ❀ au!l.s

By larrynatic

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"O destino costuma fazer estranhos trocadilhos, porém ele nunca esteve tão certo quanto no momento em que res... More

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By larrynatic

[N/A] Comentem bastante e fiquem com essa fotinha de larry no leeds festival xx

xx

- Por favor, me mate.

- Só ignore, Tristan. - Mike disse, puxando um dos braços do maior de para envolver sua coluna e aconchegando-se em seu ombro.

Tristan revirou os olhos quase tanto quanto revirava seu corpo em inquietação. Seu namorado dormiria em sua casa naquela noite e ele não conseguia dar-lhe atenção porque no quarto ao lado, Noah e Harry não paravam de gemer.

Céus, por quanto tempo ele teria que aturar tudo aquilo? Quando pensava que estava prestes a acabar, tudo voltava a ser como antes - ou talvez ainda pior. De qualquer maneira, por mais que tentasse não se importar, simplesmente não conseguia ignorar todo aquele barulho extremamente desconfortável.

- Oh meu Deus! - grunhiu Tristan - Será possível que alguém consiga gemer tanto?

Mike deu um risinho e inclinou-se sobre o corpo do garoto para distribuir-lhe um beijo sobre os lábios, o maior colocou uma das mãos sobre as costas do rapaz e alisou seus fios de cabelo macios.

- Talvez nós devêssemos testar a teoria. - Mike disse com um sorrisinho malicioso estampado na face

- Outro dia, quem sabe. - o maior o afastou, cruzando os braços e voltando sua atenção para os barulhos que vinham do quarto de seu irmão - Quando esses dois resolverem nos deixar escutar outra coisa que não sejam esses malditos gemidos.

Quanto mais tempo passava ao lado de Tristan, mais Mike notava que o garoto não o queria por perto.

Sentia-se mal pensando que havia feito algo para causá-lo algum tipo de repulsa. Talvez fosse algo de sua cabeça, ou talvez ele simplesmente não quisesse continuar preso àquele relacionamento. Mas por incrível que pareça, Tristan não queria deixar Mike. Era algo confuso demais para que possa ser explicado, mas ele havia se afeiçoado ao garoto e gostava de passar o tempo com o mesmo, só não tinha certeza se era do jeito que estava o fazendo.

Haveria um luau no sábado e eles iriam juntos. De primeira, Tristan se recusou a ir, mas Noah insistira para que ele fosse - mesmo que para isso fosse necessário levar consigo seu namoradinho irritante.

Harry adorava festas e estava planejando essa desde que acordara do coma, seria algo como sua festa de "boas-vindas de volta à vida" ou seja lá qual outro nome estupidamente anormal eles quisessem dar para toda àquela bagunça.

Tristan daria tudo para poder simplesmente não comparecer à festa, mas Noah insistira tanto e ainda convidara Mike, que havia aceitado na hora, dizendo que queria conhecer os "amigos" do namorado como se ele fosse uma pessoa cheia de contatos.

Mike era exatamente como Tristan. Ele não gostava de festas ou de conversar com muitas pessoas, mas conseguia divertir-se acompanhado da pessoa certa.

A probabilidade de Tristan se divertir em algum local público era a menor possível, mas no fundo ele sabia que, se tivesse a companhia que realmente queria, ele teria alguma diversão. O problema era que Mike não era a companhia que procurava.

A companhia que Tristan queria estava no quarto ao lado, gemendo em cima de seu irmão.

- Eu nunca pensei que fosse dizer isso, - Noah puxou o ar para seus pulmões, saindo de cima do garoto - mas minha bunda e eu estamos fartos de seu pênis, Harry. Eu nem sequer consigo olhar mais para essa coisa, por Deus!

- Céus, não pode estar doendo tanto assim. - o cacheado falou enquanto analisava o menor vestir suas roupas novamente - Volte aqui, Noah. Vamos apenas mais uma vez, certo?

Noah grunhiu.

- Talvez quando você resolver deixar de transar como um animal e voltar a agir como um ser humano decente. - berrou o menor, arrumando os cabelos

Não acreditava que realmente estava se prestando àquele papel ridiculamente vergonhoso. Se sentia como uma prostituta, mas ao invés de estar trocando sexo por dinheiro, ele trocava por silêncio.

De todas as pessoas do mundo, jamais passaria pela sua cabeça que justo Harry iria supô-lo à uma chantagem tão baixa quanto aquela.

Pela primeira vez durante muito tempo, ele quis acordar o pouco que restara do antigo Noah dentro de si para vingar-se daquele maldito garoto de cachos. Ele não sairia impune de toda aquela barbaridade.

Afastou-se da cama e foi puxado novamente pelo de olhos verdes, que mordeu-lhe os ombros e o envolveu com os braços pela cintura, deixando uma das mãos deslizar para dentro da parte de trás das calças do garoto.

- O que você está fazendo? - o menor tentou soltar-se dos braços de Styles - Eu disse que não quero mais, me solte!

- Seja um bom garoto e faça o que digo. - Harry beijou o pescoço de Noah e percorreu as mãos enormes pelo corpo magro do garoto.

Não importava o quanto o menor gritasse, Styles simplesmente não o deixava ir. Ele apertava-o contra seu corpo e descia as mãos pela epiderme nua do garoto.

O corpo de Noah era quente, mas seu suor era frio. O rapaz tremeu ao sentir as mãos de Harry esmagarem-lhe os ossos. Encarou seus olhos e não conseguiu mais enxergar o mesmo garoto que havia conhecido há um ano, agora Harry Styles era alguém diferente. Um estranho que ninguém conhecia.

- Ele disse para parar, - uma mão acertou o rosto de Harry, que cambaleou para trás e apoiou-se na parede - seu grande filho da puta!

Harry pousou a mão sobre o criado mudo e limpou a fresta de sangue que escorria do canto de seu lábio inferior.

Ele subiu seu olhar para o ser parado em sua frente e deixou um sorriso glorioso de deboche formar-se no canto de seus lábios. Seu corpo ergueu-se do chão e ele retomou à sua postura original. Noah havia dado alguns passos para trás com uma expressão horrorizada.

- Isso foi fofo. - Harry soltou uma gargalhada e se aproximou da figura que estava em frente à Noah - Quem sabe com um pouco mais de esforço você consiga fazer pelo menos cócegas da próxima vez, Louis.

Um grunhido surgiu nos lábios de Louis. Ele estava completamente furioso e sua linguagem corporal não negava isso.

Punhos cerrados, dentes rangidos e respiração ofegante formavam o conjunto de ódio e fúria que habitava o garoto de olhos azuis. A última coisa que ele precisava naquela noite era ver o rapaz por quem fora apaixonado prestes à estuprar seu irmão.

Sua face tornou-se vermelha e os batimentos cardíacos descompassados, iria explodir a qualquer momento e sabia muito bem que não seria bom quando acontecesse.

- A vadia precisa de um guarda-costas? - o cacheado continuou a rir, aproximando-se dos gêmeos - Estou decepcionado, Noah. Pensei que putinhas como você soubessem se defender sozinhas.

De certa maneira, aquelas palavras haviam atingido Noah. Há muito tempo ninguém o chamava daquela forma, porque ele havia mudado. Ele realmente havia mudado. O garoto estreitou os olhos e correu para o lado de fora da porta.

Louis se aproximou instantâneamente de Harry e puxou-o pela gola da camisa, cerrando o punho em frente ao rosto do garoto e tentando controlar-se pra não quebrar todos os seus dentes.

- Você vai me bater, Tomlinson? - gritou o garoto - Vamos, me acerte com seu melhor soco. Me mostre o grande macho que você é, seu covarde de merda.

- O que aconteceu com você?

Ambos se encararam, deixando que seus olhos se encontrassem. Harry não possuía mais o mesmo olhar de antes, não possuía mais aquele brilho verde incandescente que costumava florescer toda vez que seus olhos pousavam sobre os de Louis. Agora o verde de seus olhos haviam tomado uma cor amarga e sombria, a qual era responsável por esconder tudo o de bom que restara no garoto.

Se nada daquilo houvesse acontecido, se Louis não tivesse sido tão estúpido, o brilho no olhar do garoto de cachos jamais teria se apagado. Agora era tarde demais para se arrepender de seus erros.

- O que aconteceu com o Harry que eu amava? - o azul em seus olhos tornara-se teiste ao encontrar a curva sombreada das enormes esmeraldas do cacheado - Quem você se tornou?

- Você me chamou de assassino. E de fato eu sou. - ele encarou as mãos do garoto sobre a gola de sua camisa - Quando tentei me matar, eu consegui. Eu matei aquele maldito imbecil frágil e tolo demais para se deixar ser ferido. Eu matei tudo o que restava daquele babaca apaixonado, aquele idiota que se deixou ser rebaixado tantas vezes por você. Eu matei Harry Styles. Agora eu sou tudo o que resta de sua alma desgastada.

As lágrimas pareciam ricochetear pelas paredes dos olhos de Louis. Ele sentia que desabaria a qualquer momento.

Harry Styles era o garoto mais doce, amável e humano que Louis já tinha conhecido. Era provavelmente a única luz que iluminava a escuridão que sua vida se tornara. E, de certa maneira, ele o fez juntar-se as trevas e talvez nunca mais tivesse-o de volta.

- Você disse que eu era o amor de sua vida. - ele encarou o chão, sem corag suficiente para encarar aquela maldita face pálida que atormentava suas noites de sono

- Eu menti. - Harry riu e deixou que seu sorriso sacana aparecesse mais uma vez no rosto. Não era como seu antigo sorriso, não era mais puro, não era mais acompanhado de suas covinhas angelicais. Era vazio. - E você acreditou. Eu nunca seria capaz de amar alguém tão inútil e estúpido como você, doçura.

Algumas vezes, palavras tem o poder de reviver. Em outros momentos, tem o poder de ferir. As palavras de Harry alcançaram um novo nível que ainda não havia sido descoberto: Elas destroçaram Louis Tomlinson de dentro para fora.

A grande vontade do garoto baixo de punhos cerrados naquele momento era bater no maior até que o mesmo estivesse ferido o suficiente pra não pronunciar uma única palavra, mas sabia que ao ferir Harry estaria ferindo a si mesmo também. Por mais que tentasse negar, ele ainda fazia parte de si. Eles ainda eram parte um do outro.

- Eu te amei, Harry.

- Não foi o suficiente. - respondeu o garoto ao sentir Louis tirar as mãos da gola de sua camisa.

Uma última troca de olhares foi lançada e uma linha tênue formou-se entre as respirações descompassadas dos rapazes. A conexão era a mesma, mas o calor já não existia.

[...]

Noah Tomlinson não chorava.

Durante todos os seus dezoito anos de vida, ele não havia derramado uma única lágrima. Nem mesmo quando seu pai morrera e certamente não derramaria no resto, especialmente por causa de um ser humano tão insensível e estúpido.

Existem três formas diferentes de sofrer. Você pode chorar e desabafar com alguém próximo, receber alguns conselhos e em seguida ficar bem. Você pode fingir que está tudo bem e esperar até estar sozinho para desabar. Ou no caso de Noah, você pode simplesmente não sentir.

Era fácil para ele esconder de si mesmo o quanto se importava. Chegara a um ponto que já não fingia mais, simplesmente não se dava mais conta de que tinha um coração ou de que tinha sentimentos.

Todos sempre o trataram como bem entendessem, como uma vadia fácil ou um garoto fútil. Ninguém nunca o vira por quem realmente era e, por Deus, Noah tinha muito mais a oferecer do que todos pensavam.

Ser o centro das atenções antes lhe parecia bom. Ele ainda não tinha noção do quê ou de quem queria ser e, por tanto, não se importava em receber os piores rótulos possíveis, mas algo havia mudado.

Agora ele se importava o suficiente para ter se sentido mal com o comentário de Harry. Se importava o suficiente para não querer transar com ele. Noah estava cansado de se importar.

- Está tudo bem? - o irmão de Harry perguntou, aparecendo no corredor e atrapalhando a corrida do garoto ao segurá-lo pelos ombros

- Você. - Noah o encarou enfurecido - Não me toque. Não ouse dirigir a palavra à mim, entendeu?

- O que aconteceu? - arregalou os olhos verdes e retirou as mãos do ombro de Noah, dando um passo para trás - Eu ouvi alguns gritos, estou apenas tentando ajudar, Noah. Você é meu amigo.

Noah sentiu que iria vomitar a qualquer momento. Sua garganta estava fechada e ele mal conseguia respirar sem sentir uma vontade imensa de agredir a todos verbalmente.

Haviam momentos em que ele se perguntava se era a única pessoa com um pouco de cérebro que restava em toda aquela história.

Harry havia enlouquecido, Louis havia desistido de tudo e Tristan era a pessoa mais burra que já havia conhecido.

- Amigo? Você realmente quer se denominar meu amigo?

Tristan espremeu os olhos e o encarou com curiosidade, enquanto colocava as mãos nos bolsos e se balançava de frente para trás em um movimento contínuo.

- Eu posso não ser a pessoa mais experiente do mundo quando se trata de amizade, Tristan, mas você e eu não somos amigos. - estava prestes a gritar a plenos pulmões - Amigos atendem as ligações um do outro. Amigos respondem as mensagens um do outro. Amigos saem um com o outro. Amigos sabem o que se passa na vida um do outro. Desde que você começou a namorar Mike já não somos a mesma coisa, nós nos afastamos. Você tem o seu namoro, você tem coisas mais importantes para fazer agora. Você não atende minhas ligações e toda vez que te chamo para sair você desmarca porque tem algo para fazer e eu sei que você está fazendo isso de propósito, mas eu entendo. Eu não te julgo por isso, afinal ele é seu namorado e eu sou só... Sou apenas eu. Sou só o Noah.

- As coisas não são assim, você sabe disso. - Tristan suspirou fundo - Você não é "só o Noah", você é...

- Eu sei? Tem certeza que eu sei disso? O que eu sou pra você Tristan? - Noah abraçou o próprio corpo, recolhendo-se do frio. Ouviu uma voz conhecida chamar o garoto de olhos verdes por dentro do quarto e soube imediatamente que se tratava do namorado do mesmo - Bom, acho que isso responde a minha pergunta.

[...]

Quando estavam no mesmo carro, o costume dos irmãos Tomlinson sempre fora descutir durante todo o percurso. Desta vez as coisas haviam mudado um pouco, já não haviam discussões e tudo o que restara era apenas um silêncio desconfortável.

Noah não sabia exatamente como deveria se portar, afinal tinha uma breve noção do quanto tudo aquilo deveria estar sendo tão - ou ainda mais - estranho para Louis quanto para ele.

Quer dizer, ele tinha certeza de que seu irmão ainda era apaixonado por Harry e por mais que tivesse tentando evitar envolvê-lo na história durante todo esse tempo, acabou se tornando impossível quando o garoto de cachos decidiu de tornar um troglodita.

Louis estacionou o carro e pousou as mãos doloridas sobre o volante. Encarou as próprias pernas e esperou até que seu irmão quebrasse o silêncio. Esse, por sua vez, tirou um envelope de um dos bolsos de seu casaco e entregou ao irmão.

- Você conseguiu. - Louis sorriu ao ler as palavras escritas no envelope - Você realmente conseguiu! Estou tão orgulhoso de você. Meus parabéns, você merece, Noah. - o outro encarou o chão com o ar cabisbaixo - O que há de errado? Esse sempre foi o seu sonho e você finalmente vai realizá-lo.

- Eu não sei... - Noah suspirou fundo e puxou o casaco para perto de seu peito - É que de repente não me parece o suficiente, sabe? Parece que tem algo faltando pro sonho ser completo.

Louis sabia exatamente do que seu irmão estava falando. E sabia exatamente de quem estava falando, para ser mais específico.

No fundo, Louis sentia o mesmo, mas quando olhava para Harry não via o garoto de quem sentia falta e sim um completo estranho. Tudo o que ele queria era seu doce curly de volta, aquele garoto meigo que lhe arrancara tantos sorrisos e tanta felicidade mesmo quando tentou adormecê-la por tanto tempo.

Harry havia sido a alegria de Louis e Louis poderia ter sido o remédio de Harry, mas ele falhara drasticamente e por mais que tentasse consertar, os pedaços quebrados simplesmente não se encaixavam mais.

- Eu estou aqui por você, tudo bem? - Louis sorriu e estendeu a mão para apertar a de Noah - Você é meu irmão e eu nunca vou deixar nada de ruim acontecer com você. Sei que as vezes posso ser meio chato e mandão, mas é porque eu te amo, sabe disso.

- Eu sei. Eu também te amo loulou - disse com a voz suficiente melosa para receber uma careta de seu irmão.

Em todos aqueles anos de convivência, o abraço que seguira aquela conversa fora o mais sincero e caloroso que ambos deram um no outro. Naquele momento, eles não eram apenas gêmeos. Eles eram um só.

[...]

Luau.

Todas as vezes que ouvira essa palavra na vida, Tristan pensara que se tratava de uma típica festa havaiana com algumas dançarinas de hula com côcos acobertando-lhes os seios e músicas tranquilas que combinassem com a praia.

Pelo que parecia, Harry Styles tinha uma visão muito diferente da palavra luau.

Todo o evento iria acontecer em uma cabana próxima à praia, um lugar calmo e relaxante - ou pelo menos com potencial para isso, se não fosse por toda aquela bagunça.

A festa mal havia começado e a cabana já estava completamente destruída. Havia uma banda de heavy metal tocando no palco e quebrando os instrumentos ao redor de si, latas de cerveja pelo chão, um grupinho de pessoas compartilhando algumas gramas de cocaína em um canto próximo ao balcão e casais trepando em todos os lugares possíveis. Uma verdadeira orgia.

De primeira, Tristan ficou paralisando, cogitando a hipótese de ir embora e sair daquele ninho de pervertidos, mas seu namorado o puxou pelo braço para dentro do local, fazendo-o revirar os olhos.

Ele respirou fundo, retomando sua postura e seguindo em direção à uma das muitas mesas que ficavam espalhadas ao redor do local enquanto Mike se dirigia ao balcão para pegar as bebidas. A barulheira era tremenda e horrível aos ouvidos do garoto, o que fez com que enterasse as mãos nos ouvidos para acobertar todo aquele som estridente.

Avistou seu irmão e instantaneamente entrou em um conflito interno e bipolar consigo mesmo. Não sabia se ficava feliz por finalmente enxergar alguém conhecido ou se ficava com raiva por vê-lo agarrado à Noah.

- Engraçado, não é mesmo? - uma voz fraca interrompeu sua crise de bipolaridade e apontou um dos dedos para Noah e Harry - Eles parecem felizes, mas não estão. - deu um gole em seu copo de vodka e o pousou sobre a mesma - Você é tão feliz quanto parece, Tristan?

O garoto de curtos cabelos cacheados levantou os olhos para a pessoa sentada ao seu lado. Possuía belos olhos azuis, pele bronzeada e o sobrenome Tomlinson, mas não era Noah.

Tristan não sabia a resposta para aquela pergunta. Na realidade, nem sequer sabia se aparentava estar feliz, quanto mais se realmente era feliz. Ele gostava de sua família, gostava de seu namorado e gostava de Noah. Isso era suficiente para considerar alguém feliz?

Um pequeno riso abafado escapou de seus lábios. Estava nervoso, não sabia o que fazia naquela festa e de repente era como se a pergunta de Louis lhe cercasse a mente e tirasse seu descanso. Nunca havia se perguntado aquilo desde então, já estava tão conformado com seus livros e suéteres que esquecera de uma das questões mais importantes da vida.

- Você é? - retrucou a pergunta em uma jogada esperta para desviar da questão

- Aí está o problema. - Louis sorriu - Acredito que não. - levantou-se da cadeira e ajeitou a blusa - Nos vemos por aí, Tristan.

O maior assentiu e voltou os olhos ao chão, percebendo Louis se afastar e cruzando as próprias mãos. Evitou qualquer tipo de contato visual com seu irmão e Noah, não precisava de algo para ficar mais desconfortável do que já estava.

A cabana cheirava à o que parecia uma mistura de álcool, cigarro e sexo. Todos estavam espalhados pelo chão ou até mesmo pelas paredes fazendo o que bem entendessem, com exceção de Tristan, o único parada em uma das mesas de centro com uma expressão enojada no rosto.

A banda de rock havia parado de tocar devido ao fato de que quebraram todos os intrumentos possíveis e não tinham mais condições de fazer música.

Alguns males vem para o bem, Tristan pensou consigo mesmo ao raciocinar que se não tivessem quebrado os intrumentos, ele ainda estaria sendo obrigado a ouvir as tentativas frustradas do vocalista de conseguir alcançar uma das notas culturais de Ozzy Osbourne.

Subiu seu olhar e encarou o balcão novamente. Harry já não estava mais lá, agora restava apenas Noah.

Cercando o garoto estavam mais três rapazes extremamente altos e fortes. Um deles tinha sobrancelhas extremamente grossas e um sorriso malicioso estampado no rosto que era derivado da posição de suas mãos. O outro usava uma calça rasgada nos joelhos e uma gargantilha preta prendia-lhe o pescoço enquanto beijava a nuca nua de Tomlinson. O último deles estava entre as pernas de Noah e arrodeava-lhe a cintura com as enormes mãos, seus lábios roçavam ferozmente na boca rosada do garoto.

Tristan levantou-se impacientemente de sua cadeira e foi em direção ao balcão, limpando a garganta para que Noah e seus seguidores notassem sua presença.

- Tristan! - ele exclamou e em seguida soltou um risinho

- O que está acontecendo aqui? - Tristan colocou uma das mãos no bolso e bagunçou o próprio cabelo com a outra - Quem são esses caras?

O cacheado podia sentir o cheiro de álcool que vinha do garoto, ele estava completamente bêbado e esse era o motivo pelo qual estava tão sorridente e ainda mais estridente que o normal.

- Esses são meus amigos. - Noah envolveu os dois garotos com os braços - Ethan, John e... - ele virou-se para o garoto que estava entre suas pernas - Qual é seu nome mesmo, querido?

- Nathaniel.

- Oh, é claro! - o de olhos azuis continuou a rir - Nathaniel! Este é o Nate, pequeno Tris. Garotos, este é Tristan.

Tristan revirou os olhos, se contorcendo para não arrancar Noah do meio dos rapazes e arrastá-lo para fora daquele lugar.

Os garotos ainda acariciavam o corpo do menor e Noah agia como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo, mal se movia, apenas continuava sorrindo e mordendo os lábios na direção do maior. Por uma fração de segundos, Tristan jurou que pôde vê-lo piscar em sua direção.

Noah empurrou Nathaniel de suas pernas soltando um grito risonho e estrondoso e puxando Tristan para o lugar que o garoto ocupara anteriormente. Ele mordeu os lábios e analisou o cacheado por inteiro. Foi então que pôs-se a passar as mãos por cima da camisa do maior e se inclinou para sussurrar algo no ouvido do mesmo.

- Você está tão gostoso hoje, pequeno Tris.

Essas foram as palavras que por pouco não fizeram o garoto de olhos verdes cambalear para trás. Continuou com os pés firmes no chão e antes que pudesse perceber, suas mãos já estavam na cintura do menor.

- Você está bêbado. - Tristan resmungou - Vamos embora.

- Não seja tão chato, pequeno Tris. Você só está estressado. - o garoto mordeu os próprios lábios - Eu posso te ajudar a relaxar.

O rapaz de olhos azuis possuía os cabelos arrumados em um topete, eles nunca estavam bagunçados, nem mesmo quando estava completamente bêbado ou quando alguém tentara bagunçá-los. Usava calças de couro e uma camisa regata vermelha, essa cor sempre lhe caíra bem. Mesmo assim não eram as curvas insanas ou o rosto angelical do menino que atraíam todas as pessoas, inclusive Tristan. Noah conseguia ser uma mistura de inocência com vulgaridade e esse era seu maior charme.

No caso de Tristan, não se restringia apenas a seu charme, tudo ia muito além de um pouco de diversão. Ele enxergava um Noah diferente de todo o resto. Um garoto inteligente, engraçado, incrível e, claro, lindo além de sua bela pele macia e delicada.

- Eu quero dançar. - Noah levantou-se do balcão e puxou Tristan consigo - Vamos, dance comigo.

Quando sentiu o corpo de Noah grudando-se à sua epiderme cálida, Tristan teve certeza de que aquela seria uma longa noite.

[...]

Haviam duas coisas que Louis Tomlinson tentava ao máximo evitar: Banheiros públicos e Harry Styles. Ou algo ainda pior: Harry Styles em banheiros públicos.

Voltemos a história para vinte minutos antes de ambos se chocarem mais uma vez.

Depois de sua conversa íntima e amigável com seu irmão, Louis decidiu que tentaria se esforçar ao máximo para fazê-lo feliz e provar que poderia ser um bom irmão, assim Noah poderia se lembrar dele como a figura que o apoiara mesmo depois de fechar-se emocionalmente para seu próprio sangue durante todo o tempo.

À princípio, não haviam rivalidades entre os Tomlinson. Era tudo harmonioso e bem estruturado. Os problemas começaram a surgir de fato quando o pai dos garotos foi morto. Havia sido um choque para toda a família e o fato de ele ter um relacionamento secreto com outro homem e que este fora responsável pelo seu assassinato não havia ajudado em nada.

Foi justamente nessa época que Noah decidiu se assumir gay. Boa parte das pessoas já desconfiava e bem, o garoto não fazia questão de esconder. Sempre soube de seu interesse por garotos e nunca o negara, apenas omitia. Se alguém o perguntasse aos sete anos sobre sua sexualidade, ele responderia "gay" com total firmeza e sem pestanejar.

Lottie nunca fora a favor de relacionamento entre pessoas do mesmo sexo e Louis, bem, ele havia tido algumas namoradas. Beth, Hanna e sucessivamente Eleanor. Não que ele tivesse realmente se apaixonado por alguma delas, mas chegou a pensar que talvez não tivesse encontrado a garota certa até descobrir que, na realidade, se interessava por outro tipo de coisa, e com "outro tipo" queremos dizer o tipo de coisa que não possui seios avantajados ou uma vagina.

Até então estava tudo muito bem. Após a morte de seu pai, Louis recusou-se a aceitar qualquer tipo de contato homossexual e foi então que começara a namorar Eleanor Calder, uma garota doce, inteligente e bonita além do significado. Ela era gentil e ele gostava de passar as tardes em sua companhia, mas sentia como se faltasse algo.

No fundo, Louis sabia que estava apenas a usando para esconder-se de si mesmo. Esse havia sido seu maior erro até então. E então ele conheceu Harry Styles. Aquele maldito garoto pálido de cabelos cacheados e covinhas irresistivelmente fundas.

Jamais iria imaginar que um garoto tão angelical poderia tornar-se um verdadeiro demônio com apenas alguns cortes horizontais nos pulsos outros poucos comprimidos enfiados na garganta.

Ao ser mandado embora do hospital pelo garoto, perguntou-se o que havia feito de errado. Tudo bem que talvez ele não tivesse sido a pessoa mais simpática do mundo quando se tratava de lidar com os problemas e ideais alheios. Ele esmagava qualquer coisa para satisfazer-se, mas Harry acabou o ensinando que essa não era a maneira correta de lidar com todas as pedras que a vida colocava em seu caminho.

Louis tentou se redimir. Ele mal pregava os olhos no hospital, levantava-se apenas para tomar banho e mal comia. Sua fome se fora junto com toda a vivacidade de Harry. Ele cantara todos os dias para o garoto, acompanhado de seu violão. Eram inúmeras as cantigas que propunha ao mesmo, como se pedidos de arrependimento fossem trazê-lo de volta.

E Harry havia voltado, de fato, mas já não era o mesmo.

Agora voltando a parte que interessa, a parte em que Louis decidiu que seria um bom irmão para Noah, ele decidiu ajudá-lo a conquistar seu amor. Já que Louis não podia ter seu grande amor de volta, ficaria feliz de ver o irmão recebendo e doando amor.

Foi por isso que Louis fez o que fez ao trancar Michael - ou Mike, como prefira chamar - no armário do zelador.

O garoto não entendeu bem o que estava acontecendo. Um minuto estava levando as bebidas para seu namorado e no outro fora empurrado em algum lugar fechado e escuro e, por mais que tentasse sair ao se debater, estava trancado e seus ossos frágeis jamais teriam capacidade para lidar com aquilo sozinho.

Louis olhou ao seu redor para ter certeza de que ninguém tinha visto toda aquela cena e se retirou em direção ao banheiro tão rápido quanto pôde.

Certamente alguém iria ouvir os gritos do garoto pela manhã, nada com que Louis ou qulaquer outra pesssoa daquela festa precisasse se preocupar. Noah não sabia do plano do irmão, mas com certeza tiraria alguns bons proveitos de tudo aquilo.

Os cabelos do garoto estavam totalmente bagunçados e desgrenhados, suas roupas eram as mais desarrumadas possíveis, uma calça de moletom velha e uma camisa polo branca. Assim que terminou de olhar sua imagem desgastada e fazer uma expressão de nojo para o próprio reflexo, Louis voltou-se para a saída do banheiro, chocando-se com um corpo pelo menos nove centímetros maior que o seu.

- Oops. - falou antes de erguer a cabeça e enxergar aquelas malditas covinhas o encarando.

- Olá.

Louis encarou o chão desconfortável e esfregou as mãos antes de cruzar seus braços em uma proteção perfeita. Não queria ser obrigado a ter outra conversa com Harry da qual não gostaria de se lembrar.

- Parece que voltamos ao começo, não é mesmo Tomlinson? - ele gargalhou e andou até um dos muitos mictórios espalhados pelo local - Eu, você, um banheiro e duas palavrinhas clássicas. Talvez se você me der um soco poderemos repetir a cena da primeira vez em que nos conhecemos.

- Às vezes eu me surpreendo com o quão inconveniente você consegue ser quando quer, Harry. - Louis revirou os olhos.

Harry não disse absolutamente nada, apenas abriu seu zíper e abaixou as calças, mirando seu pênis para dentro do mictório tentando urinar no lugar certo. Louis soltou um grunhido, o que fez com que o cacheado soltasse alguns poucos risos abafados.

- O quê?! - o maior levantou as sobrancelhas - Não é nada que você não tenha visto antes, doçura.

- Você poderia fazer um favor a todos e enfiar esse seu pau onde ninguém possa ver? - os olhos azuis de Louis estavam estreitos de angústia

- E onde seria isso? - Harry riu mais uma vez - Na sua bunda?

A expressão no rosto de Louis foi a mistura de reações. Ao mesmo tempo que queria socar a cara de Harry por ter dito aquilo, estava também irritado por saber que mesmo o tratando como lixo, Harry ainda conseguia manter toda a bipolaridade para si e fazer comentários estúpidos em momentos inadequados.

Descruzou os braços e ergueu um de seus punhos não para acertar o maior e sim para apontar o indicador para o rosto dele e começar seu típico escândalo de sempre. Céus, ele estava começando a pegar as manias de seu irmão.

Antes que pudesse abrir a boca para falar algo, Harry puxou o pulso do rapaz para si e encarou a pulseira do mesmo por um bom tempo. Por uma fresta de segundos, Louis jurou que vira os olhos do garoto tornarem-se radiantes mais uma vez, porém tudo isso passou quando o mesmo voltou a sua postura original e a típica expressão carruncada que adquirira ao acordar do coma.

A mão de Harry ainda envolvia o pulso do maior e seus olhos controlavam-se para não arregalarem-se. Ajeitou a própria blusa e coçou a garganta, lendo o que havia escrito no bracelete.

- Leeds 2011.

Louis espremeu os olhos e se perguntou qual seria o interesse do garoto naquela pulseira.

Ele quase nunca a usava, mas a tinha guardada há algum tempo e decidira repô-la desde que havia rompido um outro bracelete em uma de suas rodadas de boxe. Não gostava de ficar descoberto e por mais que não se cortasse ou algo do tipo, sentia-se protegido usando aquela pulseira. Era especial.

- É um belo festival. - ele fechou o zíper da calça e a subiu mais uma vez - Estive nele nessa época. Interessante, não é? Você poderia ter estragado minha vida há muito tempo, teria me poupado o trabalho de esperar como o bom otário que sou.

- O que você está sugerindo? - ele deu um passo para trás

Harry se aproximou do garoto e curvou-se para sussurrar em seu ouvido.

- Talvez você não se lembre de mim, Tomlinson. Mas eu certamente lembro de você. - ele deu um sorriso convincente - É como eles dizem, a primeira vez é inesquecível.

[...]

Álcool e cigarros são duas palavras que definitivamente não formam um bom par.

Esse é o motivo pelo qual ambas as palavras decidiram dividirem-se em dois quando os irmãos Tomlinson nasceram. Louis sempre fora mais chegado aos cigarros, pelo menos até conhecer Harry. Enquanto Noah sempre gostara de beber o suficiente para fazer algo que poderia se arrepender depois. E foi isso o que ele fez.

Depois de alguma danças se esfregando no irmão de Harry, ele simplesmente evaporara. Não importava em quantos lugares as pessoas o procurassem, Noah não aparecia. Ele não apareceria até que quisesse ser achado e mesmo em pocuo tempo de convivência, Tristan sabia disso.

De qualquer forma, não demorou muito para encontrá-lo. Tristan teria ficado contente de não tê-lo perdido de vista e claramente havia sido um alívio que ele não estivesse sendo estuprado por um dos pervertidos ao redor da festa, mas o que o garoto fez não foi bom.

Basicamente, tínhamos um Noah Tomlinson completamente embriagado em cima do palco com uma garrafa de vodka em uma das mãos e uma estrelinha de fogos de artifício noutra. As coisas não poderiam ficar piores, ou pelo menos foi o que todos pensaram até que Noah pegasse o microfone.

- Som, som! Alô! Senhoras e senhores, eu tenho algumas coisas importantes sobre as quais preciso falar nessa noite magnífica! - Noah deu uma risada infantil - Quem está comigo? - todos gritaram e levantaram as mãos. Tristan subiu até o palco e arrastou o garoto pelo braço, o mesmo soltou-se das mãos do maior e mostrou a língua para ele - Eu estou falando, não me interrompa. Seja um cavalheiro, pequeno Tris. Bom, por onde devo começar? - ele posicionou os dedos no queixo e os bateu sobre o mesmo repetidas vezes. Louis e Harry, que haviam acabado de deixar o banheiro um tanto tensos, avistaram o rapaz no palco e imediatamente souberam que aquilo não daria certo - Vocês dois, é claro.

Ambos se olharam e questionaram o que o garoto estaria fazendo. Nem mesmo Tristan tinha ideia mas pelo que já havia testemunhado do rapaz naquelas condições, sabia que não iria funcionar muito bem.

Isso não impediu Noah de continuar o discurso. Ele entregou a garrafa de vodka para o bateirista da banda - o qual não possuía mais nada além de suas baquetas, já que havia destroçado todo o resto - e deu o seu melhor sorriso atrevido para a platéia.

- Oh, Louis! Meu querido irmão. - uma gargalhada ecoou - Quando eu te vejo ao lado de Harry, a única coisa que passa pela minha cabeça é qual dos dois é mais estúpido. Você começou sendo um completo imbecil o julgando por tudo e é por sua culpa que ele se tornou esse ser humano asqueroso que está agora. - Noah fez uma cara inocente - Aliás, gostaria de avisar aos pretendentes de Harry pra irem com calma porque esse garoto está trepando como um animal, céus!

As pessoas ao redor começaram a rir enquanto Tristan continuava a tentar puxar o garoto, mas nada tirava seus pés firmes do palco.

Noah estava quase encerrando seu discurso quando viu um garoto de óculos e cabelos loiros entrar no local. Justamente a pessoa que precisava.

- Mike! Era você mesmo quem eu estava esperando! - Noah gritou

- Vamos, Noah. - Tristan o pegou pelo braço - Desça já desse palco, não faça algo de que vá se arrepender.

Um sorriso debochado surgiu nos lábios de Noah. Ele estava prestes a fazer tudo o que não fizera mas sempre tivera vontade quando estava sóbrio.

- Cale essa boca e me deixe terminar. - ele cambaleou até o centro do palco - Eu queria agradecer a você, Michael. Sabe por que? Por tirar a única coisa com a qual eu realmente me importo de mim, por tirar a única pessoa que foi verdadeira comigo durante toda a minha vida. Então obrigada por tudo. Você conseguiu algo mesmo sem querer, Mike. Você tirou o meu melhor amigo de mim.

Ele encarou Tristan com o olhar cabisbaixo uma última vez e correu para fora da cabana.

[...]

Já haviam se passado algumas horas desde o ocorrido. Aqueles foram, definitivamente, os minutos mais angustiantes da vida de Tristan até então.

Ele e Mike haviam tido uma longa discussão sobre tudo o que Noah havia dito. Mike havia desabafado sobre como sentia-se deixado de lado, até mesmo falara que ficara trancado no armário do zelador e o garoto não havia tido consideração de procurá-lo, o que só esclarecia que não sentia sua falta porque estava ocupado de mais com Noah.

Toda a briga não terminara nada bem. Mike deixara a festa irritado o suficiente para não trocar mais uma palavra sequer com o garoto de cachos e Harry fuzilara Noah com o olhar por tudo o que tinha declarado.

Algumas horas depois de toda a confusão tornar-se calmaria, Tristan encontrou Noah em frente ao mar atirando algumas poucas pedrinhas dentro do oceano.

- Podemos conversar? - ele se aproximou de cabeça baixa

Noah virou-se para encará-lo e revirou os olhos.

Não suportava ter que olhar para o rapaz, não naquelas condições. O efeito do álcool havia passado e tudo o que lhe restava agora era remorso por ter sido tão estúpido a ponto de dizer todas aquelas coisas.

A vergonha era o sentimento que lhe dominava por completo naquele momento, mal conseguia erguer a cabeça sem sentir as bochechas corando. Entrelaçou as próprias mãos e voltou-se para o garoto de belos cachos parado em sua frente.

- Eu sinto muito. - suspirou fundo, afundando seus pés na areia macia e noturna - Não queria causar problemas entre você e Mike.

- Não tem problema, você só estava bêbado. - Tristan deu um passo a frente - Não é sua culpa.

Existem momentos em nossas vidas que a única coisa que nos resta a fazer é nos escondermos ou simplesmente sentir aquela imensa vontade de afundar o rosto na areia e só retirá-lo de lá quando tudo estiver resolvido. Aquele fora definitivamente o momento mais vergonhoso da vida de Noah e o que estava por vir seria ainda mais humilhante para ele.

Em todos os seus dezoito anos de vida, Noah jamais se deixara abater por algo e em hipótese alguma havia sido honesto em relação à seus sentimentos, mas sentiu que aquele era o momento certo para deixar toda a coisa fluir.

- Você não percebeu mesmo, não é Tristan? - ele deu um sorriso fraco - É o único que ainda não notou o que está bem diante de seus olhos.

- Do que você está falando?

- De mim. De nós dois. - Noah respirou fundo antes de deixar as palavras seguintes saírem de sua boca - Eu estou apaixonado por você.

Tristan não sabia o que dizer. Era chocante demais para ele ouvir aquelas palavras. Todas as vezes que Louis, Gemma e até mesmo Harry sugeriram que Noah estivesse apaixonado por ele, ele apenas ignorara. Tristan não parecia bom suficiente para alguém como Noah e também não se enquadrava no tipo do garoto.

Seu coração deu um salto tão extremo, acelerou tão rápido e bateu tão alto que por alguns segundos podia jurar que desabaria no chão.

Os dois se fitaram por alguns momentos, totalmente silenciosos e sem saber o que dizer um para o outro. Tristan queria falar o que sentia, mas as palavras simplesmente não achavam um caminho para sair de sua boca. Abriu os lábios para se pronunciar quando foi interrompido.

- Por favor, não diga nada só... Você não sabe o quanto é difícil para mim. - Noah se aproximou do rapaz e tocou seu rosto com uma de suas pequeninas mãos - A princípio, você era apenas mais uma parte do meu jogo, mas de alguma maneira, você se tornou o meu prêmio. E eu o perdi em minha própria jogada.

Noah ajeitou a gola da camisa de Tristan e sorriu fraco ao ver o pescoço do garoto estremecer com seu toque. Ele encostou seu corpo nos braços do rapaz para envolvê-lo em um abraço.

- Você é um príncipe, Tristan. - o de olhos azuis disse com o rosto aconchegado no peito do maior - Você merece alguém a sua altura, merece achar sua princesa, ou seu príncipe, seja lá o que preferir. Eu sou apenas um plebeu sem nada a oferecer em seu conto de fadas. Eu não mereço você.

Os braços de Tristan tornaram-se rigidamente apertados ao redor do menor, que fungava com toda sua voracidade.

Sentia um peso enorme nos ombros mas uma leveza quase infinita ao ter Noah em seus braços. Ele poderia segurá-lo ali para sempre.

- Eu não sou bom com despedidas. - Noah fechou os olhos suavemente - Eu não quero dizer adeus.

- Adeus? Do que está falando? - Tristan envolveu o rosto do garoto com suas enormes mãos, olhando fundo em seus olhos

- Eu consegui um estágio na Vanity Fair, Tristan. - ele abaixou o olhar para a areia debaixo de seus pés - Estou indo para Nova York pelos próximos dois anos.

O rapaz desprendeu-se dos braços do maior e deu passos apressados para trás, evitando tocá-lo mais uma vez.

- Você não pode! - Tristan gritou - Não pode ir embora. Você não pode deixar tudo aqui, não pode me deixar.

- Qual diferença faria, Tristan? Me diga, qual seria a grande diferença? - o menor abraçou o próprio corpo afim de cobrir-se da brisa que era soprada do mar - Amanhã você e Mike estarão juntos novamente e hoje eu irei deixar a festa com Harry porque não quero que você me odeie para sempre.

Tristan se calou, colocando as mãos atrás da nuca e dando mais alguns passos em direção ao garoto.

- Alguém como eu não merece alguém como você. - ele contraiu os lábios - Você é precioso demais, é como um diamante. Eu não quero ser alguém que roube os diamantes alheios, eu só... Eu só estou cansado de ser sempre a pessoa que irá quebrar os diamantes. Eu não quero quebrar você, não quero magoá-lo. Você é meu diamante, mas você não me pertence e é por isso que eu preciso deixá-lo. - um último olhar foi lançado - Adeus Tristan. e então Noah virou-se de costas para o garoto e andou na direção oposta.

Antes que pudesse responder por qualquer um de seus atos, Tristan correu em direção à Noah e puxou o garoto pelos pulsos, voltando-o para si e ficando tão próximo do mesmo que podia sentir sua respiração ricochetear contra seu rosto.

- Você não vai me deixar, porque quero que você fique. - e então o trouxe para um beijo lento e caloroso.

xxx

[N/A] Mas que capítulo bosta nossa senhora, sinto muito gente

Me perdoem os erros, escrevi tudo pelo celular 7 fucking mil palavras.

Aliás estou adaptando titanic pra larry, o nome é "unsinkable" e é o roteiiro original, não escrevi nada estou apenas traduzindo e modificando os nomes e tal então quem quiser ler tamo junto.

Até mais *_*_*_*

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