Lance Bandido

De escarlateee

4K 316 87

+18|| Nosso amor cresceu em meio às sombras do crime, como uma flor delicada em um jardim de concreto. Encont... Mais

Prólogo.
Elenco.
•Capítulo 1•
•Capitulo 2•
•Capítulo 3•
•Capítulo 4•
•Capítulo 5•
•Capítulo 7•
•Capítulo 8•
•Capítulo 9•
•Capítulo 10•
•Capítulo 11•
•Capítulo 12•
•Capítulo 13•
•Capítulo 14•
•Capítulo 15•
•Capítulo 16•
•Capitulo 17•
•Capítulo 18•
•Capítulo 19•
•Capítulo 20•
•Capítulo 21•
•Capítulo 22•
•Capítulo 23•
•Capítulo 24•
•Capítulo 25•
•Capítulo 26•
•Capítulo 27•
•Capítulo 28•
•Capítulo 29•
•Capítulo 30•
•Capítulo 31•
•Capítulo 32•
•Capítulo 33•
•Capítulo 34•
•Capítulo 35•
•Capítulo 36•

•Capítulo 6•

118 9 0
De escarlateee

Ayume Martins.
Segunda-feira/08:00 Da Manhã.

Na manhã seguinte, acordamos com o som da música que tocava na tv e o cheiro de café que Breno, já acordado, preparava na cozinha. Tomamos café juntos, relembrando os melhores momentos do dia anterior e rindo de nossas próprias piadas internas que haviam surgido.

Depois do café, começamos a arrumar nossas coisas para a viagem de volta a São Paulo. A energia no apartamento era de contentamento misturado com a relutância de deixar aquele retiro de fim de semana. Mas São Paulo nos chamava de volta, com suas responsabilidades e rotinas esperando.

— Próxima vez, temos que planejar algo assim de novo, talvez um destino diferente — disse Breno, enquanto fechava sua mochila.

— Com certeza, mas vamos ver se sem a parte do drama no WhatsApp, né? — brinquei, recebendo concordâncias risonhas.

Com tudo pronto, fizemos uma última verificação para garantir que nada havia sido esquecido, e saímos do apartamento. A viagem de volta prometia ser tranquila, mas as memórias do fim de semana garantiam que a sensação de aventura duraria muito mais.

(...)
14:14 Da Tarde.

Ao retornarmos para Heliópolis, o clima de descontração foi interrompido abruptamente. Ainda dentro do carro, Breno recebeu uma mensagem urgente de seu pai, Bruno, meu irmão mais velho. A mensagem era curta e direta, típica da maneira como Bruno lidava com assuntos sérios:

"Chega na boca agora comigo. Precisamos conversar. Urgente."

Breno olhou para mim, seu rosto refletindo a gravidade da mensagem. Sem perder tempo, dirigimos para o ponto de encontro, o coração da comunidade, onde as decisões importantes eram tomadas. Ao chegarmos, o cenário era tenso e carregado. Os principais membros da facção estavam todos reunidos. Meu pai estava lá com uma expressão sombria. Puma também estava presente, e ao notar sua presença, desviei o olhar, ainda magoada e confusa com tudo que tinha acontecido entre nós.

Assim que saímos do carro, Bruno veio ao nosso encontro, seu andar rápido e decidido.

— Breno, irmã, venham aqui. Precisamos falar. — Sua voz era baixa, quase um sussurro, mas a urgência era evidente.

Nos aproximamos, e todos os olhares se voltaram para nós. O meu pai começou a falar, sua voz firme ressoando com autoridade:

— Escuta aqui, a situação tá ficando feia. Teve uns bang na prisão, e as coisa pode desandar a qualquer momento. Guerra tá no ar, e isso pode vazar pra cá.

Puma, com uma expressão séria, acrescentou detalhes:

— A treta é pesada. As facção rivais tão se estranhando, e isso pode esquentar pra todo lado. Nós não quer garantir que cês tão em segurança aqui sem ter controle total.

Bruno olhou para mim e Breno, preocupação clara em seu olhar.

— A gente decidiu que cês dois, por enquanto, vão voltar pro Rio. Lá cês ficam sob a proteção do TCP, até as coisa se acalmar por aqui.

Meu coração acelerou com a notícia. Voltar ao Rio tão repentinamente parecia surreal, mas a seriedade da situação não deixava espaço para dúvidas.

— Como assim, pai? A gente vai só largar tudo aqui? — questionei, a ansiedade tingindo minha voz.

Meu pai se aproximou, colocando uma mão em meu ombro.

— É pro bem de vocês, filha. Não tá seguro aqui agora. Vai por mim, eu não ia mandar vocês dois embora se não fosse necessário.

Breno, tentando assimilar as informações, finalmente falou:

— Tá, mas como vai ser isso, pai? Quando a gente vai?

— Agora. Já tá tudo arranjado. Tem gente nossa que vai com vocês, garantir que cheguem lá tranquilo. — Bruno já estava movendo-se para organizar nossa partida.

As próximas horas foram um borrão. Arrumamos algumas malas rapidamente, mais movidos pela urgência do que pela vontade. A despedida foi apressada, repleta de abraços rápidos e palavras de cautela. Breno e eu partimos na companhia de dois homens de confiança do meu pai, rumo ao Rio, com a promessa de que aquela era a melhor decisão para nossa segurança.

Enquanto nos preparávamos apressadamente para a partida, uma reviravolta inesperada aconteceu. Puma se aproximou novamente, sua expressão mais determinada do que antes.

— Eu vou com vocês para o Rio — anunciou, a decisão clara em sua voz.

Todos no grupo se viraram para ele, surpresos. Breno e eu trocamos olhares de confusão e preocupação. Puma percebeu nossa hesitação e continuou:

— O foco sobre o assalto que rolou, aquele que a gente comandou, já diminuiu. Não tá mais tão quente aqui pra mim, e faz mais sentido eu ir junto garantir que tudo fique suave por lá e também retomar pra minha favela, tenho minhas coisas pra resolver por lá.

Bruno, nosso irmão, assentiu lentamente, avaliando a proposta de Puma. Meu pai, olhou para ele por um momento antes de concordar.

— Certo, Puma. Sua presença pode ajudar a manter as coisas controladas no Rio. Mas cuidado, qualquer sinal de problema, quero saber na hora.

Puma acenou com a cabeça, compreendendo a responsabilidade que lhe foi dada. Ele então se voltou para mim e Breno, um olhar mais suave substituindo a severidade anterior.

Ajeitamos rapidamente nossas coisas no carro que nos levaria de volta ao Rio. Puma ajudou com as malas, seu comportamento protetor me fazendo lembrar dos momentos antes de toda essa confusão começar.

No caminho, Breno quebrou o silêncio que se instaurara:

— Puma, como que a situação ficou mais tranquila tão rápido? Achei que ia demorar mais pra esfriar.

Puma olhou pela janela, observando as ruas de Heliópolis que passavam rapidamente.

— A gente fez umas movimentações estratégicas, desviou o foco pra outras áreas. Isso ajudou a tirar o calor de cima da gente. Agora é manter o perfil baixo, especialmente no Rio, até as coisas realmente se acalmarem.

O resto da viagem foi um misto de tensão e planejamento. Discutimos possíveis cenários e como nos manteríamos seguros sob a proteção do TCP no Rio. Puma, com sua experiência e conexões, propôs várias estratégias para nos mantermos fora do radar das facções rivais e da polícia.

RJ - Complexo da Maré - Vila do João
20:00 Da Noite.

Depois de uma viagem tensa e cheia de conversas sérias, finalmente chegamos ao Rio de Janeiro. Nosso destino era a Vila do João, um território dominado pelo TCP, onde tudo já estava preparado para a nossa chegada. Puma tinha organizado tudo, e havia uma casa onde eu e Breno ficaríamos até que as coisas se acalmassem lá em São Paulo.

Chegar ali foi um misto de alívio e ansiedade. A casa muito linda, dois andares, tudo no blindex. Puma fez questão de nos mostrar cada detalhe do local e explicar as regras de segurança que precisávamos seguir. Era tudo super controlado para garantir que nada de ruim acontecesse.

— Aqui é tranquilo, mas vocês dois precisam ficar ligados, sem dar bobeira na rua ou fazer algo que chame atenção — Puma nos alertou assim que chegamos. — Qualquer rolê fora daqui, me avisa primeiro.

Breno, que até então estava mais quieto, absorvendo toda a situação, finalmente soltou um suspiro longo e olhou para mim.

— Mano, que loucura, né? — ele disse, tentando fazer uma piada para aliviar o clima. — De festa no Rio para esconderijo do TCP.

— Pois é, quem diria... — respondi, tentando sorrir, mas a preocupação era evidente em minha voz. A realidade da nossa situação estava começando a bater.

Passamos o resto da noite tentando nos acomodar na nova realidade. Puma saiu para resolver algumas coisas, deixando instruções claras para não sairmos sem acompanhamento.

A noite chegou e com ela uma sensação estranha de calmaria. Breno e eu ficamos na varanda, olhando as estrelas. Não era como nossas noites normais em São Paulo, mas havia algo tranquilizante naquele silêncio.

— Sabe, apesar de tudo, acho que essa parada vai nos unir mais, sabe? Tipo, a gente tá aqui, nessa situação doida, mas pelo menos tá junto — Breno comentou, e eu pude ver sinceridade em seus olhos.

— Verdade. A gente sempre se vira, não importa o rolê — concordei, sentindo uma onda de gratidão por ter Breno ali comigo. — Vamos enfrentar isso juntos e sair mais fortes, pode apostar.

E assim, entre conversas leves e algumas risadas, tentamos esquecer um pouco os problemas. A casa na Vila do João se tornou nosso pequeno refúgio, um lugar onde, apesar das circunstâncias, podíamos encontrar um pouco de paz. Sabíamos que os próximos dias, ou semanas, seriam complicados, mas estar ali, um apoiando o outro, já fazia toda a diferença.

Depois de uma longa conversa na varanda com Breno, ele decidiu ir dormir. Ele estava visivelmente cansado da viagem e de todo o estresse acumulado. Disse boa noite e se recolheu ao quarto que ele passaria a dormir. Por um momento, fiquei sozinha na varanda, perdida em pensamentos sobre tudo o que estava acontecendo, quando percebi que Puma estava se aproximando. Ele parecia ter algo em mente, então me levantei e caminhamos juntos em direção ao meu quarto para uma conversa mais privada.

Ao entrar no quarto, Puma fechou a porta suavemente atrás de si e se encostou nela, cruzando os braços, com uma expressão séria que eu já conhecia bem quando ele tinha algo importante para dizer.

— Posso falar contigo um minuto? — ele começou, sua voz baixa.

— Claro, Puma, o que foi? — respondi, sentando na beirada da cama e indicando para ele fazer o mesmo.

Puma suspirou antes de começar, escolhendo suas palavras cuidadosamente.

— Sobre o outro dia... Eu vi o vídeo, e... eu reagi mal, eu sei. — Ele fez uma pausa, olhando para o chão antes de voltar a me encarar. — Eu fiquei com ciúmes, mais do que deveria, talvez. Mas é que, você sabe, eu me importo muito contigo e aquele menor é um filho da puta.

Eu ouvi atentamente, surpresa com sua abertura e sinceridade.

— Puma, eu... Eu não sabia que você sentia tudo isso. Mas a real é que não temos nada.

Puma assentiu, sua expressão mostrava que ele entendia a delicadeza do momento.

— Eu te entendo. E quero que saibas que respeito qualquer decisão tua. Se não quiser nada sério agora, tudo bem. Eu só queria que você soubesse como me sinto... — disse ele, com uma sinceridade que tocou fundo em mim.

— Puma, eu gosto muito de estar contigo, de verdade. E esses momentos juntos têm sido especiais para mim. Mas agora, com tudo que está acontecendo, não consigo me ver em algo sério. Prefiro manter as coisas mais leves, sabe? Só transas casuais, sem compromissos mais profundos. — Expliquei, esperando que ele não ficasse magoado com minha franqueza.

Houve uma breve pausa, um momento de silêncio enquanto Puma processava minhas palavras. Ele então suspirou levemente, um sinal de que havia entendido minha posição.

— Tudo bem. — Ele disse finalmente, com um leve sorriso triste que me fez sentir uma pontada de culpa. — O importante é que a gente esteja na mesma página. E se isso é o que você precisa agora, eu vou respeitar. Não quero te perder, de jeito nenhum. Então, se isso te mantém por perto, estou dentro.

Senti um alívio ao ouvir isso, sabendo que Puma realmente se importava com o que era melhor para mim. Ele então se aproximou e sentou ao meu lado na cama, seus movimentos cautelosos. Com um gesto suave, começou a fazer carinho na minha cabeça, um ato tranquilo e carinhoso que sempre me acalmava.

— Obrigada, Puma, por entender. — Murmurei, fechando os olhos para aproveitar o conforto daquele momento. — Isso significa muito para mim.

— Eu estou aqui para o que você precisar. Sempre. — Ele respondeu, sua voz baixa e reconfortante.

Nós continuamos ali, em silêncio, apenas compartilhando a companhia um do outro. Era um silêncio confortável, cheio de entendimento mútuo e um novo tipo de intimidade. Naquela noite, adormeci ao som das ondas distantes e do ritmo tranquilo da respiração de Puma, sentindo-me mais segura e menos confusa sobre onde nós dois estávamos.

Terça-feira / 09:40 Da Manhã.

Pela manhã, quando acordei, a primeira coisa que notei foi a ausência de Puma ao meu lado. A cama estava vazia. Ainda assim, levantei-me e segui a rotina matinal, tentando não pensar muito sobre as coisas.

Depois de fazer minhas necessidades, segui para a cozinha, onde já encontrava Breno sentado à mesa que estava farta, com várias opções de café da manhã — frutas, pães, sucos, e até mesmo alguns doces.

— Bom dia! Dormiu bem? — perguntei, enquanto me servia de um pouco de café.

— Oi, dormi sim. E você? O Puma já tinha saído quando eu acordei. — Breno respondeu, parecendo curioso sobre a situação.

— Aham, ele já não estava quando acordei. Não sei a que horas ele saiu. — Disse, tentando parecer despreocupada, enquanto pegava algumas frutas e um pedaço de pão.

Nós comemos em um silêncio confortável por alguns momentos, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Após o café, decidi que precisava cuidar de algumas pendências da faculdade, especialmente agora que tudo estava tão incerto. Peguei meu celular e comecei a organizar as coisas para transferir minha modalidade de estudo para Educação a Distância (EAD).

Enviei e-mails para a coordenação do meu curso, explicando que estava passando por alguns problemas familiares sérios e que precisaria continuar as aulas de forma remota por enquanto. Tentei ser o mais vaga possível para evitar muitas perguntas, mas deixei claro que era uma situação urgente e delicada.

— Está tudo bem? Precisa de ajuda com algo da faculdade? — Breno perguntou, percebendo minha expressão preocupada enquanto eu digitava no celular.

— Estou só ajustando algumas coisas para poder fazer as aulas online. Com tudo que está acontecendo, não vou poder voltar para a faculdade por um tempo. — Expliquei, agradecendo mentalmente por ter Breno por perto.

— Faz sentido. Se precisar que eu te ajude a acompanhar alguma matéria, é só falar. — Ele ofereceu, sempre disposto a ajudar.

— Obrigada, Breno. Isso ajuda muito. — Respondi com um sorriso leve.

Com as mensagens enviadas e as devidas notificações feitas à faculdade, senti que pelo menos uma parte do meu dia estava sob controle. Agora, restava esperar pelas respostas e ver como as coisas iriam se desenrolar daqui para frente, tanto em termos acadêmicos quanto na nossa situação atual no Rio.

(...)

Continue lendo

Você também vai gostar

1.1M 118K 59
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
3.6K 348 17
desde menor a minha escola e a minha favela não tem recuperação pra quem for reprovado nela ,a minha matemática soma só resultado,diminuir aqui já e...
13.7K 803 50
quero a liberdade de ser quem eu sou, amar como eu amei o meu primeiro amor
4.2K 111 27
após um desentendimento com sua mãe, Lívia resolve sair de casa e a mãe apoia ela dizendo que é o melhor a se fazer mesmo, então Lívia sai de sua cas...