•Capitulo 2•

112 13 3
                                    

Puma🐺

Desde muito jovem, estou envolvido com o crime. Cresci nas ruas da Maré, um lugar onde a violência e a criminalidade são uma realidade diária.

Desde cedo, aprendi que sobreviver neste ambiente hostil significa estar disposto a fazer coisas das quais muitos desviam o olhar.

Meu primeiro assalto foi aos 12 anos, na praia de Copacabana. Foi um ato impulsivo, motivado pela necessidade de dinheiro rápido e pelo desejo de provar meu valor para os mais velhos do morro. A sensação de poder que senti ao roubar aquelas carteiras e celulares foi intoxicante, e logo me vi mergulhado cada vez mais fundo nesse mundo sombrio.

Aos 13 anos, cometi meu primeiro homicídio. Foi um momento que mudou minha vida para sempre, mas na época, parecia apenas mais um passo necessário para ganhar respeito e reconhecimento nas fileiras do crime organizado. Na Maré, a violência é a moeda corrente, e estava determinado a me destacar entre os demais.

À medida que o tempo passa, cresço na hierarquia do tráfico de drogas. Torno-me cada vez mais respeitado e temido, um verdadeiro "cria da Maré". Minha reputação me precede onde quer que eu vá, e alimento meu ego com o poder que exerço sobre os outros. Mas por trás da fachada de frieza e indiferença, há um vazio dentro de mim, uma sensação de que algo está faltando em minha vida.
Mesmo mergulhado neste mundo de crime e sangue, há momentos em que me pego questionando minhas escolhas. Será que é isso que quero para o resto da minha vida? Será que não há mais nada lá fora além do ciclo interminável de violência e morte?
Esses questionamentos ecoam em minha mente, mas os reprimo, afogando-os no álcool, nas drogas e na adrenalina das ruas. No entanto, algo dentro de mim sabe que um dia terei que enfrentar essas perguntas de frente, que um dia terei que decidir que tipo de homem realmente quero ser.

Minha infância foi marcada por uma realidade cruel e implacável. Minha mãe se prostituía para sustentar a família, mas sempre pude ver a dor e o desespero em seus olhos toda vez que voltava para casa. Ela não gostava daquilo, mas não via outra opção para nos manter alimentados e com um teto sobre nossas cabeças.

Meu pai, por outro lado, estava preso por grande parte da minha vida. Eu era apenas uma criança pequena quando ele foi levado, e sua ausência deixou um vazio imenso em nossa família. Crescer sem um pai para me orientar e me proteger foi difícil, e muitas vezes me vi buscando figuras paternas nas ruas, nos líderes do tráfico que dominavam a Maré. Éramos uma família disfuncional, lutando para sobreviver em um ambiente hostil e impiedoso. Enquanto minha mãe se prostituía para nos sustentar, eu vagava pelas ruas, tentando encontrar meu lugar em meio ao caos que nos cercava. A violência e o crime eram uma parte inevitável do nosso dia a dia, e desde cedo aprendi que precisava ser duro e implacável para sobreviver naquele ambiente hostil.

Minha infância foi roubada pela miséria e pelo crime, e essas experiências moldaram o homem que me tornei. Eu me tornei o Puma, um predador das ruas, determinado a dominar meu território e garantir minha sobrevivência a qualquer custo. Mas por baixo da minha fachada de dureza, havia uma criança ferida, procurando desesperadamente por um sentido de pertencimento e uma razão para continuar lutando.

Encontrava-me abrigado em Heliópolis, São Paulo, pois não podia permanecer no Rio de Janeiro. Tudo porque havia acabado de comandar um grande assalto em Criciúma, Santa Catarina, que havia chamado a atenção das autoridades e da mídia nacional.

Após o assalto, a pressão policial aumentou significativamente no Rio, e ficar lá seria arriscado demais. Optei por buscar refúgio em Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, onde eu tenho grandes aliados e onde poderia me manter escondido temporariamente.

A tensão era palpável enquanto eu me escondia nas sombras da favela, sempre atento a qualquer movimento suspeito ao meu redor. Sabia que não podia baixar a guarda.

Lance BandidoWhere stories live. Discover now