Acalla

By AllePereira

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Três nações disputam poder em um mundo mágico tomado por guerras políticas. Quando vê sua nação ameaçada, a r... More

🍃 Bem-vindas a Acalla 🍂
Episódio 01 - Origens I
Episódio 02 - Liera: O Início do Fim
Episódio 03 - Dranô: A Cidade em Chamas
Episódio 04 - Agda: Possessão I: Inconsequência
Episódio 05 - Liera: Pacto
Episódio 06 - Agda: Possessão II: Violação
Episódio 07 - Origens II
Episódio 08 - Dranô: Dualidade
Episódio 09 - Agda: Conexões I: Rompimento
Episódio 10 - Liera: Testemunhas
Episódio 11.1 - Dranô: A Palavra de Ordem
Episódio 11.2 - Liera: Anciã
Episódio 12 - Agda: Conexões II: Reconexão
Episódio 13 - Origens III
Episódio 14 - Liera: Traição
Episódio 16 - Liera: Sacrifício
Episódio 17 - Agda: Decadência
Episódio 18 - Origens IV
Episódio 19.1 - Liera: Cisão
Episódio 19.2 - Dranô: Intrusa
Episódio 20 - Agda: Sentença
Episódio 21 - Liera: Impugnação
Episódio 22 - Agda: Morte
Episódio 23 - Liera: Preservação
Episódio 24 - Leona: Exilados

Episódio 15 - Dranô: Contato

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By AllePereira

- Em que posso lhe servir? – Questionou a cuidadora designada por Kassandra. Eu desejava ver Tagi. Tudo ali era estranhamente novo e minha jovem companheira era meu único vínculo com a antiga vida. Eu não me expliquei, apenas deixei meus aposentos no alto da torre e desci à sua procura. Pensei que a serva de Liera me seguiria, o que não aconteceu. Eu não era um prisioneiro e a regente deu ordens expressas para que as minhas necessidades fossem atendidas, penso que a serviçal responsável por meus cuidados entendeu que minha única vontade era estar só.

Havia menos guardas do que eu esperava encontrar na parte interna do castelo de Acalla, em contrapartida, eu sentia a potência das magias de proteção que guardavam o símbolo máximo do poder da nação. O meu desconhecimento do palácio tornou difícil a tarefa de encontrá-la. Eu transitei pelos andares superiores à sala do trono e circulei por alguns corredores, no ar se condensava uma neutralidade que dificultava o reconhecimento das energias dos residentes do castelo, inclusive da regente:

- Dranô? - Disse Liera interrompendo o diálogo com um de seus ministros. - Em que posso lhe ser útil?

Eu respondi em pensamento, certo de que ela me entenderia de imediato.

- Eu não sei se é uma boa ideia. Tagi está em uma sala protegida, um lugar inacessível até mesmo aos anciões.

- Deixe-o vê-la, se este for o desejo do garoto. - Intercedeu o ministro – Eles passaram por traumas demais, não é justo privá-los do conforto do contato.

Ela ponderou por um instante.

- Eu precisarei cobrir os teus sentidos. A sala anulará os teus poderes então não estranhe se eles não funcionarem.

Liera sussurrou algumas palavras sobre mim, por um breve momento eu existi apenas como um ser alheio ao mundo físico. Mente e corpo desconectados por magia e o tempo em si parou de fazer sentido. Novas palavras ecoaram pelo vazio por onde eu pairava me trazendo aos poucos à experiência das minhas próprias sensações. Me tornar um praticante de magia aumentou minha sensibilidade às energias dos seres, a primeira coisa que senti antes mesmo de recobrar a visão foi o quão baixa estava a energia vital dos cidadãos feridos. Eles estavam perdendo a batalha contra a infecção causada pelos Executores.

Quando a turves dos meus olhos se esvaiu, a clareza da realidade me mostrou que a luta da minha companheira era pior do que as sensações poderiam me contar. As chagas tomaram quase todo o seu corpo e em certas partes mal se via sua pele. O sangue exposto e as veias saltadas mostravam a pressão interna que a acometia. Ela estava sofrendo.

- Eu também queria te poupar disso - Disse a líder de Acalla. Com os olhos fixados no corpo apodrecido de Tagi, eu estendi as mãos e busquei apoio me agarrando as vestes da regente. – Eu sinto muito que você tenha que ver isso. Sinto muito que ela tenha que passar por isso.

Ter Liera ali comigo me ajudou a não desmoronar. Até a presença silenciosa de Salazar me inspirou cuidados. O choque daquele contato e a materialização de mais uma perda seria demais sob outras circunstâncias, e não apenas por Tagi, mas também pelas indagações involuntárias que fiz a mim mesmo sobre as execuções de Cora e de minha mãe. Aqueles pensamentos me fizeram transitar entre a insanidade e a lucidez. Por fim, eu escolhi acreditar que a elas foi reservada uma execução rápida e misericordiosa.

- Eu coloquei o melhor curandeiro da nação a serviço dos sobreviventes, mas mesmo a magia dele parece não surtir efeito contra a infecção. Dranô, eu vi tudo o que você passou nas mãos dos Exilados. Já que estamos aqui eu preciso que se prepare para o pior. – Ela colocou a mão sobre meu ombro e me puxou para perto de si – Eu me coloco à disposição para que você se despeça dela. Um último contato, o encerramento e a despedida que os Exilados lhe roubaram antes. Não precisa ser assim agora.

Eu não consegui responder, apenas me esquivei do seu abraço e pedi para sair dali. Uma vez fora eu corri pelas escadarias passando pela sala do trono, alcancei o pátio e a brisa fresca tocou meu rosto junto com as lágrimas que não me esforcei para segurar. A proposta da despedida me doeu tanto quanto a perda abrupta de todas as minhas conexões mais íntimas. Eu me culpei por não ter me desculpado e acolhido suas perdas, por nunca me permitir conhecer as dores que os Executores lhe causaram, por não expressar o suficiente a minha gratidão na forma dos cuidados que ela também merecia receber. Eu passei muito tempo nos jardins do palácio pensando sobre tudo o que estava acontecendo, o choro e a culpa me consumiram as energias, o poder de Leona fazia meu corpo doer. Eu me afastei da área externa sob o fim da luz solar buscando a segurança dos meus aposentos no alto da torre. Os grossos tecidos acolchoados acolheram confortavelmente o meu corpo cansado, eles favoreceram o sono que me serviu como um forte entorpecente que silenciou minha mente caótica, mas que não fora forte o bastante para bloquear o chamado da minha anciã:

- Irmão exilado...

A voz de Leona me induziu ao despertar.

- O teu clã te espera...

O silêncio dos ciclos escuros deixou o eco do seu chamado ainda mais alto em meus pensamentos.

- Sirva à nossa causa!

Caminhei até a janela da torre e passei os olhos pelas copas das árvores. Eu estava muito acima de todas elas e o horizonte parecia não ter um fim. A faixa escura após a floresta contava com uma nuvem de poeira levantada pelos ventos secos. Subi os olhos aos céus e percebi que ela me aguardava pairando sob o luar, como um espectro que me sondava na escuridão. Leona estendeu as mãos requisitando minha presença. Eu apoiei os pés na janela e andei sobre o ar, sustentado por sua magia que não me falhou em momento algum.

Nossa aproximação me permitiu enxergá-la. Suas vestes em tons de sangue e as armas que portava manifestavam poder. Não havia dúvidas de que eu estava diante de uma guerreira. Em silêncio, Leona me tomou pela mão e descemos para a floresta. Eu estava confuso e queria sentir raiva, mas me senti estranhamente seguro com ela.

- Me disseram que o meu poder te causa dor. Portar o poder dos Filhos da Guerra deveria ser uma honra, mas se não é do teu desejo seguir assim, então me diga e eu o retomarei.

Eu não esperava aquela proposta de reparação. No momento, preferi apenas que Leona não interferisse em mais nada referente ao meu corpo. Eu neguei sua oferta com a cabeça.

- Que assim seja. Me disseram também que você acredita que eu esteja auxiliando os executores. Eu não tenho a obrigação de negar ou confirmar nada a você. Você está em meio a uma guerra que antecede a sua própria existência. Eu vou te dizer o que devo em respeito a nossa relação que se constrói. Um ancião Exilado estava entre os Executores naquele ataque, sei que foi Liera quem convenientemente o desmascarou. Eu não vou parar até entender a ligação de Sarsir com tudo isso e provar a inocência do meu povo.

Eu não escondi os meus sentimentos, ela precisava saber que eu a culpava especialmente após ela sequer negar que trabalhou em conjunto com o executor da minha família. Aquela conversa alimentou minha raiva.

- Eu sinto sua raiva. Sinto o seu desejo por justiça. Eu também sou movida por sentimentos muito parecidos, Dranô. Sentimentos que só serão correspondidos se fizermos o que estiver ao nosso alcance para acabar com isso!

Eu queria atacá-la. Queria fazê-la se arrepender de cada palavra, cada ato sob sua responsabilidade, mas não o fiz, apenas dei-lhe as costas na intenção de retornar ao palácio. Ter atendido ao seu chamado foi um erro.

- Onde está a sua... mãe?

A desestabilidade me fez arfar.

- E a sua irmã, onde está?

Eu busquei apoio no tronco de uma árvore, os pensamentos acelerados me cegaram completamente.

- Você sabe onde estão seus corpos? Você deseja... se despedir delas?

A injustiça naquelas palavras me inundou de ódio. Ela tirou suas vidas e agora corrompia suas memórias?

- Eu preciso de você, Dranô. Em retribuição te prometo uma despedida justa!

Eu me virei para ela, a única figura captada pelos meus olhos cegos pelo ódio. Eu levitei com violência decidido a entregar minha vida tentando tirar a dela. Leona me parou com o mínimo de seus esforços, ela se permitiu estender a mão e me conter pela cabeça, o bastante para me suspender no ar sem qualquer uso de magia. Ela invadiu meus pensamentos se valendo das magias mentais de Liera.

- EU QUERO OS CORPOS! – Gritei em silêncio.

- ELES NÃO ESTÃO COMIGO! Liera está coletando os corpos das vítimas em segredo! O corpo da sua mãe e da Cora também, ESTÃO TODOS SOB OS DOMÍNIOS DELA! Me diga, Dranô, por que ela faria isso? Por que impedir a você a despedida que te traria a paz?

- LIERA ME SALVOU E EU NÃO TENHO MOTIVOS PARA QUESTIONAR AS ESCOLHAS DELA PARA RESOLVER O PROBLEMA QUE VOCÊ CRIOU!

- POSSO CURAR SUA COMPANHEIRA! POSSO LIVRAR TAGI DO VENENO DOS EXECUTORES!

Ela estava disposta a me convencer a qualquer custo, mas eu estava descrente em todas aquelas promessas, Leona sentiu isso e forçou a situação ainda mais:

- EU TAMBÉM TENHO A INTENÇÃO DE TE ENTREGAR SUA FAMÍLIA! SE SUCEDERMOS EU VOU RECUPERAR OS CORPOS DA POSSE DE LIERA!

- COMO?!

- ENTRANDO NO PALÁCIO! COM A SUA AJUDA!

Ela me jogou no chão interrompendo a conexão.

- Eu retornarei junto com a próxima lua. Olhe aos céus e me encontre, eu virei buscando sua resposta. Não tente dizer sobre este encontro a ninguém, mesmo que leiam a sua mente essa lembrança estará corrompida. Tente me enfrentar de novo e eu não mostrarei misericórdia outra vez.

Leona entrou na floresta desaparecendo na escuridão. Eu não queria trair Liera, a regente que me acolheu no castelo e me ofereceu proteção. Mas eu estava diante de uma chance, uma chance real de que Leona conhecesse o antídoto para o veneno que seu povo administrou em Tagi. Se os Exilados causaram aquilo, então Leona era a magicista certa para conter a infecção, exceto talvez se houvesse alguma chance dela ser realmente inocente.

Ao surgir do sol eu procurei pela regente de Acalla. Liera estava acompanhada de seu conselheiro e do ancião curandeiro. Ao sentir minha chegada, a líder da nação me acolheu com o olhar e esboçou um sorriso reconfortante, ela entendeu de pronto que eu estava preparado para me despedir.

- Vamos – Disse ela com calma.

No salão oculto, a anciã mentalista tocou o corpo de Tagi e me estendeu a mão livre. Eu estava decidido e correspondi ao seu toque. Eu não me lembro de fechar os olhos, o transe arrastou meu corpo como folhas em um vendaval. Quando a calmaria enfim se fez presente, a tristeza a acompanhou confirmando que eu estava diante do seu espírito fragilizado.

- Você... veio me ver?

Eu abri os olhos marejados sem tentar resistir aos sentimentos. Ela estava mal. Mesmo fora de sua forma física, o sofrimento pareceu ter efeitos significativos sobre suas partes imateriais.

- Você me ouve? – Aquela foi a primeira vez que ouvi minha própria voz.

- Então assim é a sua voz... estou feliz em te ver. – Ela forçou um sorriso.

- Tagi, eu... sinto muito. Fui tão injusto com você.

- Acho que o oceano teria sido uma opção melhor... – Ela riu sem refletir bem sobre as próprias palavras.

- Você sente dor?

- Não mais. Eu ouvi uma voz, uma voz familiar e a dor se foi.

- Isso é bom. Certo?

- É, mas eu estou perdendo. Mesmo sem a dor eu sinto isso. Ainda tinha tanta coisa que eu desejava fazer, te conhecer melhor, permanecer ao seu lado cumprindo com o último desejo dela...

Seu olhar me atravessou se perdendo em delírio.

- O desejo de quem?

- Cora! Eu sinto tanto a falta dela, Dranô. Você era importante para ela e te proteger foi a forma que achei de honrar sua morte. Ela ficou para trás para que você... para que nós tivéssemos as melhores chances de salvação...

- Explique-se, por favor...

Ela estava distante, parecia confusa.

- O ataque! Quando a cidade ardeu, todos os meus sentimentos se voltaram a ela. Ela era a minha pessoa, minha conexão real no mundo. Ela sentiu que eu estava a caminho. Ela sabia que era tarde e me fez prometer... prometer pelo meu amor a ela que eu cuidaria de você.

Aquelas palavras, a dor e a culpa que elas me causaram foram insuportáveis.

- Me doeu, Dranô. Eu sofri a morte de Cora como eu nunca sofri em vida. Nem mesmo quando fui abandonada em Astandor. Mas eu sinto que cumpri com o desejo dela, sinto que ela me amou por isso.

Seu rosto evanescente mudou de expressão, era quase como se ela deixasse de acreditar nas próprias palavras e se rendesse ao remorso.

- Me desculpe, Dranô, me desculpe por correr e te deixar no vilarejo. Me desculpe por te abandonar! Talvez... talvez eu tenha merecido isso.

- Não. Essa culpa não está sobre você. Eu vou cuidar de você agora. Conta comigo, tá bem?

Ela não estava em condições de me responder, sua mente delirante sequer compreendeu a promessa que eu a fiz. Eu clamei pela regente que me tirou da mente de Tagi.

- Achei por bem destituí-la dos sentidos corpóreos para que não sinta dor.

Eu limpei o rosto nas minhas vestes e retomei as mãos de Liera para que ela lesse meus pensamentos:

- Eu posso vê-las? Posso ver minha mãe e minha irmã?

- A ordem foi dada para que os corpos fossem restituídos às famílias enlutadas. As vítimas não reclamadas foram enviadas aos clãs de origem, para o cumprimento dos devidos ritos de passagem conforme cada tradição. Me desculpe, Dranô, mas nós não as temos aqui. É provável que Cora esteja entre os metamorfos agora e eles são... um clã exilado. Sua mãe estará com a sua irmã, eu também dei a ordem da não separação.

A lua havia retornado e eu a esperava na janela. Leona fez sua aparição nos céus do horizonte e eu fui até a anciã. Na floresta, tomei sua mão e disparei:

- Ela não tem os corpos! Você mentiu!

Leona aproveitou o toque e performou a magia que nos levou de volta a Astandor.

- Ali, eu acho que foi ali, estou certa?

O tormento daquele ciclo parecia infinito com a expectativa do reencontro e o anseio pela verdade, uma contradição cuja resolução estava gravada na história daquela terra regada a sangue. Do chão, Leona desenhou um grande círculo que marcou as nuvens escassas que nos cobriam.

- O passado insuperado deixa suas marcas na história, desta terra desolada eu retomo suas memórias...

A área delimitada brilhou lançando luz sobre nós. Eu custei a acreditar em meus olhos. A magia dos Mestres do Tempo retomou em formas sombrias e etéreas a presença de várias pessoas sobre os escombros.

- O momento preciso da coleta dos desalmados, daqueles que pelo sangue ao meu servo estão ligados.

Uma das sombras se iluminou. Sua identidade revelada sanou qualquer questionamento quanto às palavras de Leona. O corpo de Cora foi o primeiro a ser recolhido por Kassandra. Outra vítima foi achada e, em seguida, o de minha mãe.

Mais uma sombra revelada e o ancião da cura surgiu das cinzas. Os corpos lhe foram entregues e um a um desapareceram de Astandor. As sombras perderam a identidade à medida que se deslocaram pela cidade e saíram do Círculo da Revelação. A líder dos Filhos da Guerra expandiu a magia me tomando pela mão:

- A conexão traz a verdade pela ligação carnal...

Leona feriu a palma da minha mão, o sangue expelido na adaga foi lançado sob a luz da revelação e ascendeu aos céus.

- O tempo que tudo vê denuncia o destino final.

As nuvens marcadas com o sangue responderam ao clamor de Leona, um rastro de luz escarlate apontou ao castelo de Acalla e se apagou com a mesma rapidez dos raios tempestuosos.

- Os corpos estão no palácio, na busca por Sarsir eu descobri isso e agora sabemos que sua família também repousa ali! Eu preciso de você, Dranô, quero livrar o meu povo da guerra que se aproxima! Quando eu encontrar o corpo do ancião exilado tenha por certo que poderei curar Tagi, mas ela precisará estar viva para isso! O tempo é contra nós e a decisão precisa ser tomada!

Eu estava decidido. Se Leona me traria aquelas respostas e, mais importante, a única família que me restava, então eu só poderia me render aos desejos absurdos da minha anciã.

***

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