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Não que estivesse com ciúmes, apenas não gostei daquela mulher havia pedido para tirar foto com ele. Sua cara de periguete já revelava que dava em cima de tudo que é homem.
Me encaro no espelho encarando o meu vestido verde longo e soltinho, passo a mão pela minha barriga sentindo uma sensação estranha dentro do peito.
— Você não tem culpa de nada — sussurro baixinho e abro um sorriso leve
Meu celular apita indicando uma mensagem com o nome de Gabriel dizendo que já estava lá embaixo, saio do quarto pegando a minha bolsa e vou em direção a porta.
Tranco a casa e me aproximo dele que estava escorado no carro, vestia uma bermuda preta, uma regata branca, boné preto e nos pés um Nike clássico branco.
— Oi, docinho. — beijou minha bochecha
— Oi, vamos? — ele concordou abrindo a porta do carro e para mim e adentro — tô nervosa — digo assim que ele entrou no banco do motorista e deu partida.
— Tô com você, relaxa. — segurou em minha mão
— Acha que preciso contar para a médica que o bebê é fruto de estrupo?
— Sim, assim ela pode analisar a sua situação melhor e vê se tá tudo bem.
— Obrigada por estar me ajudando Gabriel, não é sua obrigação mas você está sendo incrível comigo. — beijo sua bochecha
— Sempre vou estar aqui — ele disse conectando o rádio do carro com o Spotify no celular — Vou colocar uma música, tudo bem?
— Qual?
— Como eu sei que você gosta do Luan Santana, decorei várias músicas dele.
— Sério? — arqueio a sobrancelha surpresa
— Sim — ele disse colocando a música: garotas não merecerem chorar — Ela é uma mulher menina que precisa urgentemente ser mais forte. — cantou batucando os dedos no volante
— Ela quer alguém que leia o seu sorriso antes de olhar o seu decote.
— Ela vê suas amigas se entregando ao primeiro que aparecer, numa tentativa boba de se preencher.
— Aprendeu mesmo — brinco e ele assentiu rindo
— O meu convite pro show dele ainda estar de pé.
— Sério? — ele concordou — Eu aceito ir com você ao show do Luan.
— Venci! — comemorou e dou risada — Ah, tenho um áudio que uma certa pessoinha mandou para você — ele disse rindo pegando o celular?
— Quem?
— Escuta — disse apertando — Tio, quando o senhor tiver com a gatinha diga que eu tô morrendo de saudades dela, tá? Um beijo, tio.
— O Miguel é tão fofinho — dou risada
— Eu amo esse menino demais.
— Da para perceber.
— Quer mandar um áudio para ele?
— Sim — digo animada e ele começou a gravar — Oi mu amor, como você tá coisa mais linda desse mundo? Tá com saudades de mim? É só vim me visitar na confeitaria ou na minha casa, também tô morrendo de saudades.
— Ele é esperto, com certeza vai para tua casa — brincou guardando o celular
— Foi você quem ensinou ele a ser assim?
— Eu e o Gerson, a Mi tem muito ciúmes.
— É o menininho dela, é normal. Já percebi que o Gerson tem muito ciúmes das filhas também.
— Parece que é assim: a mãe tem mais ciúmes do filho e o pai tem mais ciúmes da filha — ele disse rindo e concordei
— Já tá sabendo de tudo desse mundo ein?
— Tô preparado, pô — piscou e em seguida parou o carro — Vamos?
— Eu tô ainda com medo mas com você do meu lado me sinto mais confiante.
— Vou estar sempre com você em todos os momentos da gravidez caso queira levar em diante.
Suspirei saindo do carro e ele fez o mesmo, assim que adestramos o espaço, o jogador foi em direção a recepção informando alguns dados.
Não demorou para a obstetra nos chamar, entrelaço minha mão na do Gabriel sentindo o meu coração acelerar.
Nos sentamos cada um em poltrona na cor creme e observo a médica morena com o cabelo azul que parecia ser bem alegre.
— Bom dia casal, tudo bem?
— Não somos um casal — falamos juntos e nós olhamos dando risada
— Prazer, eu sou a Ava — a cumprimento
— Eu sou a doutora Vanessa, você está grávida, certo? — disse verificando o relatório
— Isso mesmo, foi fruto de um abuso — sou direta e percebo que ela ficou supresa
— Eu sinto muito, sua vagina tá muito machucada?
— Não
— Que bom, isso é um sinal de que não atingiu muito o útero e que bebê possa estar bem, vamos da uma olhada? — questionou se levantando e faço o mesmo
Me deito em uma maca e Gabriel olhou pro lado oposto já que ele sabia que eu tinha vergonha de mostrar o meu corpo.
A doutora levantou o meu vestido e passou um gel gelado na minha barriga e em seguida colocou um aparelho em cima que vibrava bem de leve.
Olho pro telão onde Gabriel também encara e era impossível ver alguma coisa mas só de imaginar que existia algo ali já me sentia estranha e diferente por dentro.
— Ainda está bem no início, eu vou te passar alguns exames, remédios, um plano alimentar para que você possa acompanhar tudo isso pro seu bebê nascer saudável — ela disse limpando minha barriga e em seguida abaixou o meu vestido
— Tá chorando, Gabriel? — mumurro baixo vendo que ele estava com as mãos no rosto em silêncio
— Não, pô. — negou me encarando — Só quero que vocês duas fiquem bem.
— Duas? — a médica arqueou a sobrancelha
— Eu sinto que é menina, não sei. — deu de ombros
— Bom, faça os exames e te aguardo daqui a dez dias — a doutora disse anotando algumas coisas nos papéis e saio de cima da maca, ficando em pe.
— Muito obrigada — me entregou
— Eu não vejo a hora de poder ver o rostinho e ouvir o seu coração batendo — Gabriel disse assim que saímos do consultório.
Vê Gabriel tão animado com a minha gravidez fazia com que eu também ficasse levemente animada. Eu ainda não sei qual será o futuro dessa criança mas acho que tô começando a gostar dessa ideia de ter alguém comigo até o fim da vida.