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Quando Ava pediu para que eu viesse a confeitaria fiquei surpreso e ao mesmo tempo feliz. Será que ela vai me perdoar? Eu espero que sim.
Minha animação foi embora quando vejo Ava entrando com o Jerry na gaiola, com o olhar triste e perdido. Percebo muita maquiagem no seu rosto o que me fez cruzar o cenho confuso.
— Você tá bem? — questiono preocupado assim que ela colocou a gaiola em cima
— Eu vim te devolver o Jerry — engulo em seco sem acreditar no que ouvia
— Olha eu sei que eu errei mas devolver o Jerry é demais. Pô, Ava. Eu fui um babaca mas eu não te trair.
— Eu peço também que você não me procure mais, você sempre será bem vindo na confeitaria mas não apareça mais na minha casa — ela disse ajeitando o óculos escuro nos olhos
— Você tá estranha — digo analisando o seu comportamento.
— tô do mesmo jeito que sempre — deu de ombros
— Senta aí e vamos conversar como antes.
— Eu não quero conversar com você, Gabriel. — ela disse olhando para um ponto específico.
— Você me parece nervosa e aflita, eu tô preocupado
— Não precisa ficar preocupado, Gabriel. Tá tudo bem.
— Por que ta de óculos escuros?
— Ava, vamos? — Lucas questionou chegando e abraçando por trás
— Agora eu entendi o porque de você não querer conversar, ta ocupada com esse cara.
— exato, ela ta ocupada comigo — ele disse entrelaçando os seus dedos e sinto raiva dele
Eu não quero esse cara do lado dela, eles não tem nada a ver um com o outro.
— Vocês tão juntos, Ava? — arqueio a sobrancelha
— Sim — ele respondeu por ela e reviro os olhos — Vamos, Ava?
Ela assentiu saindo do lado dele e bufo irritado, olho pra Jerry confuso e ele me encarou com os olhos brilhando como se fosse chorar.
— Não foi só você quem ficou sem sua dona, Jerry. — encaro o coelhinho
— o que tá rolando? — Chloe perguntou se sentando a minha frente.
— a sua amiga tá rolando — bufo — ela tá ficando com aquele Lucas?
— Pelo o que eu saiba não, mas ele é um gato. — reviro os olhos
— Sério isso, Chloe? — resmungo suspirando — Você acha que a Ava acha ele mais bonito que eu?
— Não, você é bem mais bonito. Mas diferente de você, o Lucas não fez nenhuma besteira.
— Você não tá achando ela estranha?
— Sim, ela geralmente fica aqui mas hoje não quis ficar, tava com muita maquiagem algo que ela não gosta e ainda de óculos escuros. — A ruivinha disse pensativa
— Eu tenho medo dele machucar ela. Eu não consigo confiar nesse cara.
— Também não gosto dele. Mas pelo o que ela me falou dele, é um cara atencioso.
— O que eu faço para reconquistar ela? — questiono com sinceridade e a ruiva abriu um sorriso animada
— a Ava ama flores, ama sair pra jantar, ama animais, ama música. Vai ter um show do Luan Santana na próxima semana e ela tava querendo muito ir mas não conseguiu comprar os ingressos.
— Se eu arrumar os ingressos, você acha que ela toparia?
— Sim! Mas eu vou querer um também, por favor, Gabriel. — fez carinha de cachorrinho abandonado e dou risada com pena
— Tudo bem, eu arrumo um pra você também. Falando sobre sua vida agora, como ela tá? Da última vez você tava embaixo da minha mesa se escondendo de uma mulher — gargalho jogando a cabeça para trás
— Ah, é bem complicado — seu olhar ficou triste — É difícil quando você ama alguém e fica confuso, não sabe como agir. Eu fico te julgando por só fazer besteira mas eu faço o mesmo.
— Você gosta daquela mulher? — ela assentiu sorrindo — Então, porque não tão juntas?
— Eu não sei lidar muito bem com isso, com o fato de ser lésbica e também tô com muito medo da reação da minha família. Eu acho melhor deixar do jeito que tá, cada uma no seu canto.
Encaro bem o seu rosto e percebo que ela queria chorar, toco na sua mão acariciando e forço um sorriso.
— Sei que deve ser difícil mas quando se ama verdadeiramente alguém, devemos arriscar tudo. Os problemas são um detalhe, você tem que enxergar além, tem que ver que o seu sentimento é maior que qualquer coisa e por isso deve lutar por ela.
— Você devia seguir o mesmo conselho que me deu.
Tiro minha mão de cima da sua e solto um suspiro pensativo.
— Eu gosto muito da Ava mas a Letícia mexe comigo também, só que a Leh não me ver dessa forma, eu me sinto perdido entre duas mulheres que fazem o meu coração acelerar.
— Você é tão ciumento com a Letícia quando você é com a Ava? — ela perguntou divertida
— Ciúmes? Eu não to com ciúmes de ninguém, pô.
— Gabriel, tá sim. Tá se mordendo por dentro só em pensar que ela pode tá com o Lucas agora.
— Nem me fala o nome desse cara — faço careta e ela gargalhou — Eu não sinto ciúmes da Letícia. — digo coçando a nuca nervoso por ter admitido
— Não sente ciúmes da Letícia? — questionou mais uma vez e concordei — Você ficou mais triste quando a Ava terminou tudo com você ou quando a Letícia disse que não queria nada com você?
— Quando a Av...— paro de falar entendendo onde ela queria chegar com essas perguntas — Puta merda, eu gosto mais da Ava do que da Letícia. — passo a mão na barba e tento esconder o sorrisinho
— Sim, você gosta mais da Ava. Só estar confuso em relação a Letícia porque talvez você sempre sinta esse carinho, é normal. Quando eu amei muito alguém e terminei, o carinho ficou mas o amor morreu. Você continua com vontade de beijar a Letícia?
— Não. Eu agir por impulso, era a primeira vez que eu estava vendo ela depois de tanto tempo, minha cabeça voltou pro passado e esqueceu o presente, no momento ali eu só conseguia pensar nela mas depois que eu beijei eu só conseguia pensar em como a Ava se sentiria, eu fiquei muito mal como uma pessoa que trai sabe? — passo a mão no rosto — Eu tô muito confuso.
— Gabriel, eu já estive em dúvidas sobre duas pessoas também quando eu era adolescente, então eu vou te perguntar a mesma coisa que me perguntaram que fez com que eu decidisse. Se as duas te ligasse agora e chamasse para a casa delas, pra qual você iria?
— Óbvio que a Ava — falo no automático sentindo o meu coração sair pela boca
— Você gosta da Ava, a Letícia é só um carinho que sempre vai ficar. Gabi, se você amasse a Letícia, não se apaixonaria pela Ava. Porque quem ama a primeira pessoa é incapaz de se apaixonar pela segunda.
Sinto o meu coração disparar ainda mais forte e tento vontade de chorar, um alívio surge em meu peito ao entender os meus sentimentos.
— Obrigada, Chloe. Você me fez enxergar além. Todos que trabalham aqui fez curso de psicologia antes? — brinco
— Os conselhos da Ava são bem melhores mas eu sei algumas coisas. — ela disse rindo
A porta da confeitaria indicou que alguém havia chegado e olho em direção vendo a mesma mulher que a ruiva estava se escondendo naquele dia.
— Não vai para embaixo da mesa dessa vez — digo prendendo o riso e ela revirou os olhos
— eu acho que vou fazer o que você disse. — Chloe disse nervosa e observo a morena se aproximar da nossa mesa — Bom dia.
— Eu vim aqui pela última vez tentar conversar com você como duas adultas — a morena disse séria e a ruiva concordou se levantando.
— Vamos até a sala da Ava. — ela disse nervosa e observo suas mãos tremendo — Obrigada, Gabi.
— Ouça o que eu disse — digo alto por elas já estarem um pouco afastada.
Me lembro de Ava com aquele cara e fico com raiva só de imaginar. Tem alguma coisa que não tá certa, ele disse que estavam juntos mas ela ficou calada e tava desconfortável e a Chloe, melhor amiga dela, disse que ela não tá com ele.
Esse cara não me cheira coisa boa.