SANGUE E FOGO

By Myany_whincherste

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" O Rei Jaehaerys disse-me um dia que a loucura e a grandeza eram dois lados da mesma moeda. "Sempre que um... More

epilogo.
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VERMELHO, AZUL E VERDE
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By Myany_whincherste

    

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer entendimento.
— Clarice Lispector”

_

________

o pequeno príncipe descansava em seus aposentos quando fora acordado de forma brusca após, novamente, baterem a porta contra a parede, ele não conseguia entender exatamente qual era o fascínio em quererem quebrar a porta sempre que entravam. ele suspirou desgostado, o que não passou despercebido por Haelyz. ela se aproximou com um sorriso beirando seus lábios perversos, e então, pulou sobre o corpo do príncipe que arfou quando seu ar fora tirado de seus pulmões. ela não era pesada, pela falta de nutrientes fortes em seu corpo jovem e esguio, porém, ela pesava o suficiente para tomá-lo o ar.

Aemond descobriu pela convivência que tiverem durantes os meses anteriores que a menina tinha entre seis a sete anos, Haelyz nasceu no sul do norte da grande muralha, sendo uma bastarda de uma casa bastante prestigiada no reino, seu pai era desconhecido pela mesma, pois, segundo sua mãe, o homem a atraiu com belas mentiras sobre a tornar uma senhora na sociedade. a curiosidade quase o consumiu quando ela falou que era tudo que ouviu de sua mãe.

Assim que seus olhos se abriram há um mês atrás, ele pode confirmar suas suspeitas, Haelyz era uma criança, batendo em seu peitoral, um pouco maior que as crianças de Rhaenyra. seus cabelos amarrados pela gola da roupa serviçal, ele pode observar uma pequena mecha marrom avermelhado em um pequeno cacho escapando. seu rosto continha pequenas sardas, seus olhos eram em um escuro intenso, pele pálida e desidratada. ela era simples, como qualquer criança, mas olha-lá… dava um sentimento estranho no peito do príncipe, ele não saberia explicar mesmo se tentasse.

-meu príncipe, está na hora de acordar  - disse enquanto se levantava de cima dele, o sorriso nunca deixando seus lábios. - não finja que está dormindo, eu o ouvi suspirar.

Aemond abriu seus olhos contra sua vontade, tendo a visão de um sorriso travesso em Haelyz, novamente ele suspirou. ela se aproximou ficando na altura de seus olhos - agora eu vou deixá-lo sentado para conseguir pentear seus cabelos, tudo bem? - Aemond apenas revirou seus olhos, ela sorriu pelo ato infantil de seu superior. Haelyz fez um pequeno esforço para conseguir erguer o príncipe até que ficasse sentado, ela colocou travesseiros em suas costas e o escorou neles.  Aemond cansou de se perguntar o por que que ela consegue ter forças o suficiente para erguê-lo sendo mais nova e desnutrida que ele. ela era forte demais para seu próprio corpo.

ela começou a pentear seus cabelos assim que confirmou que ele estava bem seguro, passou-se o tempo enquanto ela penteava e falava sobre as pequenas fofocas que reunia dos outros servos no castelo, Aemond ouviu atentamente sem dizer uma palavra, já que, sua voz não havia retornado mesmo depois de meses, o meistre lhe deu falsas esperanças de que logo ele estaria falando como antigamente, que seu processo aumentou durante os dias e as chances de sucesso eram grandes. mas Aemond viu seu olhar recuar dos olhos atentos da rainha, provando que ele não tinha certeza de suas próprias palavras, então ele sorriu para o meistre, fingindo que acreditava em suas palavras. Alicent estava chorosa e feliz em ouvir tais pronúncias, talvez desesperada em se agarrar em uma meia verdade.

ele sentiu por sua mãe.       

o tempo passou e a tarde veio, junto com sua preciosa irmã, ela se juntou a eles falando sobre seu novo inseto que encontrou nas redondezas do castelo enquanto passeava, Aemond olhou aterrorizado para o inseto pernudo e com asas, mas acostumado, não seria a primeira e muito menos a última vez que ele veria esses bichento nas mãos da irmã, Haelyz por outro lado ficou encantada pelo inseto, logo se juntando com Helaena para acariciá-lo.

Aemond não sabe como sua irmã que sentia repulsa a aproximação de estranhos, permitiu que a Haelyz chegasse perto o bastante para tocá-la. ele poderia julgar que a convivência entre os três, o interesse da menina sobre as histórias que Helaena contava poderia ter influenciado na relação.

ele estava feliz ao ver sua irmã interagindo com outras pessoas, era gratificante vê-la sorrir sem medo enquanto conversavam com Haelyz. -Espero que meu príncipe recupere seus movimentos o mais rápido possível!  - exclamou animada. - Para podermos ajudá-la a encontrar mais insetos desconhecidos, já pensou o quanto seria mais rápido e prático ter três pessoas buscando a mesma causa?

Helaena a olhou estupefata. - você iria junto também…?

-Claro, eu estou curiosa para encontrá-los! - de repente, a animação escapou de suas feições. Aemond observou sua postura contrair, ele rolou seu olhar  para sua irmã que ainda permanecia surpresa - bom… se assim vossa alteza permitir, eu o farei.

-não seja boba, Haelyz. sua presença é mais que bem vinda - Helaena tocou a mão pequena com um sorriso encantador -  minha surpresa foi por ter sugerido fazê-lo sem que eu precisasse implorar - ela olhou feio para seu irmão, que revirou os olhos contra a acusação. ela não necessariamente implorou, só teve que pedir-lo por dias, escrever dez folhas sobre a cultura valiriana e suas conquistas, da-lo um livro novo sobre os conquistadores e ler-lo. - mas enfim, poderia prosseguir com o que disseste antes, sobre os servos com suas Ladys? 

  
O rosto da pequena Haelyz cresceu em um sorriso travesso, seus olhos infantis saíram da vislumbre tristeza para um brilho mais maldoso. - se assim minha princesa desejar, eu estarei mais que disposta em continuar.

seus olhos se encontraram em sintonia, Helaena sorriu contente.

Aemond mais uma vez admirou a ligação das garotas, Helaena parecia completa na presença de Haelyz.

Talvez voltar no tempo não fosse tão ruim assim.  

ou talvez não?
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                                                    Atualmente.
  
                                               Fortaleza vermelha.

Sete meses à frente.

a rainha cutucou a carne da unha já arruinada com os dentes, o gosto metálico do sangue nos lábios deviam tê-la feito parar, mesmo com os dedos machucados ela não conseguia parar… ansiedade que corria no corpo estava consumindo seus sentidos, ela precisava descontar em algo. hoje seria a última avaliação do Meistre, seria a decisão final sobre os movimentos das pernas do seu filho. Aemond estava indo bem, mais bem do que esperavam, seu progresso foi avançando durante os meses. o menino abriu seus olhos no terceiro mês, no quinto conseguiu mexer os braços e, no sétimo mês, Alicent foi acordada às pressas com uma promessa de que seu filho se levantou da cama sozinho da boca de uma serva eufórica.   

ela não pensou duas vezes e saiu disparada mal tendo tempo de fechar o roupão verde cintilante, mas ela não deu importância. ao chegar no quarto seus olhos derramaram lágrimas em abundância, seu menino estava em pé, apoiado na serva com um sorriso orgulhoso, a felicidade cantou dentro dela, era inexplicável por em palavras o sentimento de alívio, ela só conseguia chorar.  

-Alicent, querida - Viserys chamou a atenção da esposa, ela havia esquecido que estava na presença de mais pessoas, seus olhos percorreram a sala do rei encontrando a Mão, a princesa herdeira e o rei. Todos a encaravam. - Pare de roer as unhas, está me deixando ansioso.

Alicent retirou o dedo machucado, ela não encarava ninguém com vergonha de sua conduta. - sim, marido…  - ela cruzou os dedos sentindo uma coceira misturada com a dor contornar os dedos.

O silêncio implacável, todos esperando ansiosamente o retorno do Meistre. Essa demora a matava lentamente, ela não conseguia esperar mais, seus dedos coçaram querendo confortá-la, Alicent relutante recusou ceder ao desejo. Mas seus pensamentos dispararam em escalas tão altas que era impossível parar a ansiedade.

E se fosse impossível reverter os danos? Seu menino ficaria aleijado para sempre… talvez nunca se casasse devido a sua situação, muitas Ladys preferiam deitar-se com um corrompido… mas estava tudo bem, ela cuidaria dele até seu último suspiro se assim os deuses permitirem.

E se ele nunca recuperasse sua voz? Fazem meses e nenhum único sinal, Aemond não conseguia pronunciar nenhum som além dos pequenos ruídos e gemidos que escapavam sempre que tinha um pesadelo, mas nada saia, ela tentou, céus como ela tentou, ajudá-lo a falar novamente.

Nenhuma palavra, nada. Deuses, ela estava quase esquecendo o som de sua voz infantil!

Sem notar que havia colocado o dedo novamente na boca, o mordeu com ansiedade. Ela não estava em juízo perfeito com todas as probabilidades que vinham sem parar da sua mente traiçoeira. Aemond não poderia ficar sem sua voz, pelos deuses.

Ela não percebeu a aproximação da princesa por está perdida em pensamentos, como também não notou quando ela pegou sua mão e puxou para baixo, mantendo longe de seus dentes, o sangue ainda em seus lábios, Rhaenyra observou o local percebendo que o vermelho combinava nos lábios da rainha.

Rhaenyra se aproximou, sussurrando para somente ela pudesse ouvir. - não volte aos seus costumes antigos, minha rainha. Se roer demais, não haverá mais nada.

Com suas palavras, Alicent pareceu perceber o quão perto a princesa estava, ela se afastou imediatamente dela. Seus olhos caíram na barriga inchada, não demoraria muito para o nascimento. Seria um bastardo, como seus outros…

Antes que pudesse dizer algo a porta foi aberta e a presença do Meistre fora solidificada. O Meistre entrou na sala com um semblante sério, atacando direto na ansiedade da rainha, todos esperaram seu pronunciamento.

– o príncipe está perfeitamente apto, os meses em repouso serviram de grande ajuda para seu processo. Ele recuperou os movimentos dos braços e com pouco tempo e cuidado poderá treinar a escrita novamente – ele parou abruptamente, Alicent observou seu rosto, tão sério e uma calma disfarçada. - suas pernas estão respondendo bem aos comandos, fizemos uma rotina de treino diário para ajudar a acelerar seus movimentos., logo elas serão passadas para as mãos do rei para sabermos se aprova…

–são ótimas notícias, os deuses certamente estão sorrindo para meu filho - Alicent sorriu para a fala do marido, ignorando o persistente pensamento de que algo estava faltando.

–quanto tempo até que Aemond volte a falar? – ela perguntou, não aguentando mais. O que recebeu em troca foi o olhar sombrio de pena do Meistre. – ele voltará a falar, certo?

A sala mais uma vez caiu em silêncio, esse parecia perturbador o suficiente para ao rei intervir. - pelos deuses, prossiga. Não nos deixe esperando mais.

-Fizemos várias tentativas…  – ele tossiu, sua voz saiu arrastada, talvez culpa? Alicent não saberia.  – mas nenhum surtiu resultado, o príncipe não fala. Não sabemos o que o levou a ficar assim, mas conversamos e chegamos a solução que levará tempo até que sua voz saia naturalmente.

-Quanto tempo? - Rhaenyra pergunta.

–não sabemos… pode levar semanas, meses ou séculos. O que podemos fazer é pedir que os deuses tenham misericórdia e o ajude a recuperar….

Após terminar, nada disseram. Todos perdidos em seus próprios pensamentos, entretanto, todos observaram a rainha. Os olhos dela encheram de lágrimas, sua mão tampava a boca para não deixar sair nenhum som, apenas fungos eram ouvidos.

Seu corpo curvado, abraçado pelo próprio cabelo. Rhaenyra observou o tamanho, fazia meses que não via a rainha amarrá-lo e sempre usá-lo solto. Alicent não aguentando mais, saiu da sala em passos rápidos.

As lágrimas ainda estavam rolando, ela não poderia acreditar, não queria.

–Alicent…– o rei a chama, sendo parado por sua filha que se pôs na frente.

-A deixe ir, meu pai.

O que restou após sua partida foi o silêncio.
.
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N/t

Olá!

Mais um capítulo, devo dizer que rodei muito tentando encaixar e encontrar uma forma de torná-lo bem.

Vocês devem estar se perguntando o que exatamente Balerion fez, mas devo avisá-los que o velho tá trabalhando ainda mexendo os pauzinhos aos poucos.

Haelyz é um personagem interessante na minha opinião, ela tem muito a esconder e que serão revelados aos poucos para vocês, quem será o pai dessa menininha?

Alicent está cada vez caindo, e eu tenho uma explicação para isso no futuro!

Mas enfim, até o próximo capítulo! Por favor não esqueça de comentar suas opiniões, aceitaria todas!

Bjs e até o próximo🌬️🌪️

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