Amor e Amizade (1790)

By ClassicosLP

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Obra da autora inglesa Jane Austen. More

Carta primeira
Carta segunda
Carta terceira
Carta quarta
Carta sexta
Carta sétima
Carta oitava
Carta nona
Carta décima
Carta décima primeira
Carta décima segunda
Carta décima terceira
Carta décima quarta
Carta décima quinta

Carta quinta

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By ClassicosLP

Laura para Marianne

Certa noite de dezembro, enquanto meu pai, minha mãe e eu empreendíamos conversação social em torno de nossa lareira, fomos acometidos, de súbito, por grande assombro com o som de uma batida violenta na porta externa de nosso rústico casebre.

Meu pai sobressaltou-se.

– Que ruído será esse? – disse ele.

– Parecem ser fortes pancadas na porta – respondeu minha mãe.

– É o que parece mesmo – exclamei.

– Sou da sua opinião – disse meu pai. – O ruído parece certamente proceder de alguma violência incomum exercida contra nossa inocente porta.

– Sim – exclamei eu –, não consigo deixar de pensar que só pode ser alguém que bate com intenção de entrar.

– Essa é outra questão – retrucou ele. – Não devemos ter a pretensão de determinar quais seriam os motivos levando essa pessoa a bater... entretanto, que alguém de fato bate à porta, disso estou em parte convencido.

Nesse instante, uma segunda e tremenda batida interrompeu meu pai em seu discurso, alarmando, em certa medida, a mim e minha mãe.

– Não seria melhor irmos ver quem é? – disse ela. – Os criados não estão em casa.

– Creio que sim – respondi eu.

– Certamente – acrescentou meu pai –, sem sombra de dúvida.

– Deveríamos ir agora? – perguntou minha mãe.

– Quanto antes melhor – respondeu ele.

– Ah! Não percamos tempo – exclamei.

Assaltou nossos ouvidos uma terceira pancada, mais violenta do que nunca.

– Estou certa de que alguém está batendo à porta – disse minha mãe.

– Creio que só pode ser esse o caso – retrucou meu pai.

– Julgo que os criados já retornaram – afirmei. – Tenho a impressão de ouvir Mary se dirigindo até a porta.

– Fico contente – exclamou meu pai –, pois anseio por saber quem é.

Eu tinha razão em minha conjectura, pois Mary, entrando naquele instante na sala, informou-nos de que se encontravam à porta um jovem cavalheiro e seu criado, os quais, perdidos em seu caminho, estavam com muito frio e pediam licença para se aquecerem junto ao nosso fogo.

– Não vai recebê-los? – perguntei.

– Tem alguma objeção, minha querida? – disse meu pai.

– Nenhuma neste mundo – respondeu minha mãe.

Mary, sem esperar ordens adicionais, deixou de pronto a sala e depressa retornou, introduzindo ali o jovem mais formoso e amável que eu jamais contemplara. O criado ela manteve para si.

Minha natural sensibilidade já se vira em grande grau afetada pelos sofrimentos do desafortunado estranho, e, tão logo comecei a contemplá-lo, senti que dele a felicidade ou a desgraça de minha vida futura por certo dependeria.

Adieu,

Laura

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