Universidade Stanford, o cotidiano cheio de uma das universidades mais badaladas da California seguia normalmente, na entrada um enorme gramado verde com ladrilhos revestidos de mármore marrom. Todo mundo seguia suas vidas, em Stanford, existia todo o tipo de pessoa, desde as garotas mais populares lideres de torcida e membros do conselho estudantil, os introvertidos recatados nos cantos dos corredores até os quarterbacks da equipe de futebol americano.
Pouco antes do sinal tocar, Aidan e Kayle se aproximaram do portão de entrada, visulizando os andares de cima antes de entrar.
- É sério isso? - Questionou Aidan.
- Não é como se eu tivesse gostando disso também, babaca.
- Tem certeza que aquele cara acertou o endereço? Não me parece que alguma coisa aconteceria.. aqui. - Repousou a mão na altura da testa fazendo uma sombra se protegendo contra o sol.
- Louis não erra e além do mais já estive aqui antes, espero que os registros tenham sido apagados desde a minha última estadia.
- ''Já esteve?'' - Se mostrou surpreso.
- Tenho que explicar tudo? - Murmurou. - Já me formei seis vezes em cinco profissões diferentes. Quando se tem a eternidade pela frente você precisa encontrar uma forma de passar o tempo.
Aidan parecia ter uma resposta pronta, mas se conteve, afinal ele não podia julgar.
- Bela forma de passar o tempo. Quando eu sai da escola prometi nunca mais pegar em um livro na vida.
Os dois caminharam pelos corredores de Stanford, ao lado acontecia o anúncio de um evento semanal, conhecido como ''Dia da Renúncia''.
- Bom.. então.. acho que te vejo depois.. Infelizmente. - Murmurou. - Louis disse para observarmos algo de diferente nesse lugar.. Oque vai ser uma tarefa bem díficil já que aqui é bem grande.
Aidan a interrompe olhando fixamente para ela, ele ajeita uma mecha de cabelo atrás da orelha da garota.
- Parece que vamos ir pro mesmo lugar. - Levantou uma ficha sorrindo. - Como eu iria imaginar que você se inscreveria pra ecologia?
- Oque quer dizer com isso?
- Nada nada nada.
Uma mulher com um salto alto e pontudo caminha pelo corredor na direção dos dois, uma mulher de idade média, cabelo preso, roupa social, óculos e um batom vermelho.
- Uhh calouros? Tão bonitinhos! - Disse ela animada. - O sinal já tocou crianças.
- Ouviu isso? Senhorita jovem. - Murmurou Aidan, soltando uma gargalhada olhando para Kayle.
- Já estamos indo, senhora. - Pisou no pé do garoto, que se segurava com a dor.
Com o último soar do sinal, a professora de ecologia da turma, Mia Becker palestrava sobre biodegradação e resíduos, a dupla sentou nas primeiras carteiras, observando se havia qualquer coisa fora do cotidiano no lugar.
- Parece que temos novos calouros. - Olhou para Kayle. - Gostaria de se apresentar, senhorita?
- Kayle. - Deu uma resposta fria, não parecendo se importar com a situação, olhou para o lado em busca do motivo que os trouxe até Stanford.
- Vemos que a animação para o primeiro dia está.. contagiante.
A sala riu, uma garota sentada perto de Kayle, levantou a mão.
- Diga Cassie.
- Professora Mia, eu estava pensando.. Por que não colocamos a caloura para divulgar o dia da renúncia? Comunicação é o forte dela. - Riu discretamente, afirmando de maneira prepotente enquanto observava a sala soltar risadas.
- Muito bem engraçadinha espero que esteja com as questões da prova na cabeça igual suas piadas. Sente-se.
Cassie Campbell era uma das lideres de torcida e principal organizadora dos eventos de Stanford, era uma garota alta, atlética, loira, olhos azuis, uma presilha de borboleta presa no cabelo, uma gargantilha de pérolas no pescoço. Seus pais é um casal de advogados renomados da cidade, desde criança, Cassie sempre foi acostumada a ter tudo, desde os brinquedos mais caros aos passeios semanais em Paris, uma garota arrogante sem escrúpulos ou empatia pelo próximo. Aos 14 anos, ela foi acusada de bullying escolar contra uma garota chamada Jack, encontrada morta no apartamento de seus pais, devido a influência do pai de Cassie, Antony Campbell abafou o caso e tudo isso foi tratado como apenas um murmurinho, o autor da denúncia permaneceu em anonimato.
- Ei estranha, não esquece da minha lição semanal. - Arremessou uma bolinha de papel na garota sentada na sua frente. - E vê se traz meu suco de maçã, você esqueceu. - Arremessou outra bolinha de papel, a garota permaneceu escrevendo suas anotações, ignorando.
Na metade da aula, de maneira inesperada, a garota se levanta indo em direção a porta tampando o rosto.
- A biodegradação é vantajosa ao meio ambiente porque elimina de certos contaminantes de origem orgânic.. Querida? Posso ajudar? - Perguntou Mia, apoiando suas mãos na mesa.
- Com licença, desculpe. - A garota se retirou da sala.
Aidan permanecia perdido em seus pensamentos, imaginando se naquela altura, seu amigo e mentor, Garbrent, aquele que ele tinha como a figura mais próxima de um pai, estava vivo.
No banheiro, a garota lavava seu rosto limpando suas lágrimas, ela se olhou no espelho respirando profundamente. Diara, uma garota morena com descendência angolana, um cabelo com dreads, lábios grandes cobertos de gloss que cheirava a pessego, olhos castanhos claro, roupas pretas e uma bota de couro.
Cassie entrou no banheiro, fechando a porta enquanto mantinha um sorriso sarcástico.
- Olha olha, se não é minha ratinha. - Caminhou até a pia do lado, lavando as mãos.
- Vê se me deixa em paz Cassie. - Caminhou até a porta do banheiro.
- Como é sua merdinha? - Segurou o braço. - Oque eu falei sobre se colocar no seu lugar?
Duas garotas apareceram na porta, vigiando o lugar.
- Enfia a cabeça dela na privada de uma vez, Cassie - Uma das garotas encostou na porta.
Diara sempre foi uma garota tranquila, e alegre, gosta de arte e música, aos 3 anos de idade foi deixada em um orfanato onde foi adotada por seus pais adotivos, seu pai morreu de câncer de pulmão pouco mais de 2 anos, sua mãe foi vitima de um ataque quando ela era criança, falecendo dias depois. Diara presenciou o ataque de sua mãe, quando entrou em Stanford foi vitima de um trote da calourada, revistaram sua mochila e encontraram alguns cadernos com desenhos de criaturas macabras, que se aproximavam a figura de um vampiro, até hoje a garota jura que sua mãe foi atacada por um, é claro que os boatos começaram a circular pelo lugar e logo ela se tornou vitima dos estudantes perversos.
- Desculpa.. eu..
- Cala a boca. - Apertou mais o braço da garota. - Espera oque é isso aqui? - Retirou uma folha do bolso dela. - Porra.. haha.. você é bem bizarra né? Ainda insiste em continuar desenhando esses desenhos macabros.
- Me devolve isso!
Diara recebeu um tapa no rosto.
- Já falei pra você se colocar no seu lugar. - Jogou o papel no chão.
A garota não gostava de se meter em confusão mas era esperta o suficiente para se defender, no entanto, Cassie como uma valentona, sempre andava cercada de pessoas idólatras que a ajudavam nas suas maldades, Diara não era a primeira a sofrer com isso.
- Não esquece das coisas que eu mandei você fazer. - Pisou no papel.
- Tudo bem. - Olhou ao redor, sabendo que não teria chance contra todas elas.
- Muito bem ratinha, sabia que ia entender sua tarefa.
A arrogante Cassie deu um leve tapinha no ombro se retirando do banheiro.
Fim de um dia em Stanford, a professora Mia Becker estava andando até o estacionamento, mais cedo havia esquecido suas chaves dentro de um dos armários, e naquele momento, todos estavam nos dormitórios ou em casa, os corredores estavam vazios. O estacionamento estava escuro, um barulho estrondoso de alarme vindo de um dos carros tocava sem parar.
- Esqueceram de desligar o alarme de novo?
Uma sombra escura passa rapidamente entre Mia, seus cabelos são soprados com o vento e perto do seu ouvido um sussurro ''Mia''
- Tá legal, se for alguma engraçadinho fazendo palhaçada vai se ver comigo. - Gritou pelo estacionamento olhando aos arredores.
Novamente o sussurro, dessa vez ela sentiu um calafrio como se alguém estivesse atrás dos seus ombros.
Mia
Mia se assustou e correu rapidamente até o carro, tentando abrir a porta, ela acabou deixando as chaves cair.
- Merda merda.
Pegou as chaves novamente mas quando olhou no vidro da janela, viu um reflexo assustador, uma face deformada de uma mulher.
- Aaaaaaaah!