🖇
━━━━━━━━━━━━━━━
Ok, eu não sei o porque de eu estar tão mal por Gabriel não poder vim me ajudar, talvez seja porque eu ouvi a voz de uma mulher do outro lado da linha.
— eu sou uma otaria, o cara lá transando com outra e eu ligando pra ele para pedir ajuda — resmungo encarando a geladeira — essa merda também tá sem funcionar, que ódio.
Observo a grande movimentação na confeitaria e bufo, odeio ter que pedir favor a desconhecidos mas hoje terei que pedir a algum dos meus clientes.
— O Gabi vai poder vim né? Os doces estão derretendo. — Chloe questionou
Era horário de almoço e eu tinha liberado todos os funcionários, menos Chloe que quis ficar pra me ajudar. Ela é uma grande amiga, conheci ela na inauguração da confeitaria, a ruiva me ajudou muito naquele dia a organizar as coisas.
Era pra ser só uma cliente e virou minha melhor amiga.
— Ele não vai poder vim — dou de ombros
— Ué? Por que?
— Não sei, só sei que ele tá ocupado. — bufo encarando os meus clientes — Essa geladeira tinha que pifar justo agora que não tem nenhum funcionário homem aqui.
— Pior que eles só voltam as uma e agora ainda é meio dia e dez, tem um monte de gente esperando os pedidos.
— A Erika entende dessas coisas mas ela tá almoçando também — suspiro fundo
— Vamos ter que pedir ajuda de um dos nossos clientes
— Infelizmente — ouço o sino da porta de entrada tocar e olho em direção. — Olha só quem chegou.
— Idai? — cruzou os braços e dou risada
— Porque você parou de sair com a Manu?
— Ava, é tão complicado — ela choramingou — se minha família descobrir que eu gosto de mulher, eles vão me humilhar.
— Chloe, você é uma mulher adulta e já tem sua própria casa, não devia dá ouvidos ao preconceito da sua família.
— Ela sabe consertar geladeira, chama ela — Chloe disse ignorando o que eu falei
— Por que você não vai lá chamar ela?
— Não! Com que cara vou olhar pra ela depois de tanto a evitar?
— com a mesma cara de sempre, você tava me julgando por fugir do Gabriel e agora eu tô te julgando por fugir dela.
— mas Ava. Isso é tão estranho pra mim, esse sentimento, eu nunca senti antes por uma mulher.
— Chloe, eu entendo o seu receio mas se é amor, vale a pena arriscar. — ela suspirou — bom, vou chamar ela.
— Eu vou pra sua sala
— Não! — seguro o seu braço — Vai ficar aqui.
— Ava, por favor.
— Chloe.
— Ava, me entenda por favor. — ela relutou
— tudo bem — solto o seu braço e ela saiu em direção a minha sala.
Volto pro lado da confeitaria e vou até a mesa de Manuela que me olhou curiosa.
— Oi, Ava. Quanto tempo — se levantou para me cumprimentar
— Oi Manu, digo o mesmo, por que não veio mais aqui?
— Você sabe, a Chloe ela disse que precisava se afastar de mim — disse cabisbaixa.
— Eu sinto muito — forço um sorriso simples — Bem, eu tô com a geladeira sem funcionar e eu soube que você entende dessas coisas, teria como da uma olhada? Eu tô sem meus funcionários aqui, todos foram almoçar.
— Claro que posso olhar — a levo até a parte de dentro onde estava a geladeira — Até a Chloe foi almoçar? Vocês sempre estão juntas
— Sim, ela também foi — forço um sorriso e ela concordou analisando o eletrodoméstico
— Você tem uma chave de fenda aí?
Vou em direção a caixa de ferramentas e tiro a chave de cabo azul a entregando. Após alguns minutos, as luzes da geladeira voltaram a piscar e o aparelho retornou a congelar
— Muito obrigada, Manu. — abro um sorriso simpático a abraçando
— Por nada, Ava.
— Já levo alguns docinhos pra você e é por conta da casa
— Obrigada — ela disse saindo
Solto um suspiro fundo me lembrando da voz que havia ouvido na chamada com o Gabriel, com certeza ele estava com alguma mulher transando. Droga. Por que isso me incomoda tanto?
— Eu tô morta — murmuro sozinha pegando um copo de água na cozinha de casa
No momento em que levo a boca a companhia toca me fazendo cruzar o cenho, já faz quase duas horas que cheguei do trabalho e a última vez que vi o relógio marcava umas 19:47 da noite, quem estaria tocando a companhia da minha casa nesse horário?
— Droga! — resmungo indo até a porta e solto um suspiro fundo antes de girar a maçaneta — Oi, o que tá fazendo aqui nesse horário? — cruzo o cenho confusa
— Eu vim te ver, minha sobrinha querida — minha tia Rita disse já entrando dentro de casa
— Tia, já são umas nove horas, eu acho — digo fechando a porta
— Fiquei sabendo que você está saindo com um rapaz — ela disse se sentando no sofá.
Minha tia é uma daquelas senhoras fofoqueiras do condômino, ela é como uma mãe para mim, depois que os meus pais morreram em um acidente de carro foi ela quem me criou, sou muito grata a ela.
Depois que comecei a lucrar com a confeiteira, comprei minha própria casa e uma pra ela no mesmo bairro que o meu, eu a amo muito apesar dos pesares. Digamos, que ela é um pouco...preconceituosa com algumas coisas, por exemplo, sempre tive vontade de fazer tatuagem mas nunca fiz porque ela sempre julga quem tem. Mas apesar de tudo, eu a amo muito e daria minha vida por essa senhora de sessenta anos.
— Eu não tô saindo com ninguém, Tia.
— Mas eu vi naquele celular que você está saindo e namorando com o Gabigol.
— Tia, o povo conta mentiras. Eu sou só amiga do Gabi.
— Eu não gosto daquele menino, Ava. Peço que se afaste dele.
— Mas por que?
– Ele parece um bandido, Ava! — me alertou e arregalo os olhos assustada.
— Não, ele é trabalhador.
— Daquele jeito, Ava? Faça-me o favor. — resmungou
— Ele é um homem descente, Tia!
— Eu não gosto desse garoto, Ava. Me escute, querida, esse menino vai quebrar o seu coração.
— Somos apenas bons amigos e ele me faz bem.
— Ava, ele não é homem pra você.
— Tia! Somos amigos, já te disse. — digo alto me irritando com suas palavras — Não vou me afastar do Gabriel.
— Então se afaste de mim, Ava. — ela disse brava se levantando do sofá
— Tia! Quanta bobagem — seguro no seu braço a impedido de sair.
— Ele não é homem pra você, meu amor — ela disse ajeitando o cabelo pra trás
— Somos só amigos, só isso. Prometo pra senhora que não irá passar disso, ok?
— ok, Ava. Espero mesmo que não passe disso.
Eu também. Espero do fundo do meu coração que eu e Gabriel sejamos somente isso. Amigos.