๐’๐ž๐ฑ๐จ, ๐ƒ๐ซ๐จ๐ ๐š๐ฌ, ๐„๐ญ๏ฟฝ...

By tefastar

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{ ๐‘ช๐’๐’๐’„๐’๐’–รญ๐’…๐’‚ } Noah (Hyunjin) รฉ um homem de 19 anos com uma vida tediosa, o que pode acontecer se ele... More

๐Ÿ–‡๏ธ introduรงรฃo ๐Ÿ–‡๏ธ
โ™ช playlist ๐ŸŽง
ยท o caminho para a alma ยท
ยท uma danรงa com o diabo ยท
ยท isso รฉ amor? ยท
ยท alguรฉm com medo de viver | alguรฉm desesperado para viver ยท
ยท bolha furada ยท
ยท ligaรงรฃo ยท
ยท correntes do passado ยท
ยท pistas ยท
ยท descobertas ยท
ยท I know what i like ยท
ยท liberte seus sentimentos ยท
ยท finalmente encontrei vocรช ยท
ยท vivemos em uma guerra, e eu me apaixonei por um guerreiro ยท
ยท Depois da tempestade, uma leve e doce brisa anuncia sua chegada ยท
โ€น โ‚‘โ‚“โ‚œแตฃโ‚ โ€บ

ยท o final do nosso filme, รฉ sรณ mais uma temporada da nossa histรณria ยท

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By tefastar

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!Capítulo não revisado!

———————

Após o encontro nada agradável com os pais de Isaac, decidimos que iríamos esquecer da existência deles, ou de um modo mais bruto, fingir que eles morreram. Para muitas pessoas, renegar os pais desse jeito é um pecado terrível, mas eles rejeitaram os filhos primeiros, nada mais justo que devolver na mesma moeda.

- É sério?! — Julina estava em ligação com Isaac — você não tá brincando, né?

- Sim! Eu estou falando sério.

- Aí minha nossa senhora, você não sabe a alegria que sinto ao ouvir isso sac!

- Muito obrigado Ju!

- Vou mandar conversar com ela, você vai conseguir esse emprego!

- Fico extremamente grato Ju!

- Disponha sac — Juliana encerra a ligação e vai em direção ao meu quarto — Filho!

Eu estava dormindo em minha cama com meus fones ligados, não tinha tido uma boa noite de sono, então acabei desmaiando enquanto mexia no celular. A mulher se aproximou, sentou na cama e sacudiu meu corpo, sem agressividade.

- Meu amor, acorde!

- Hm? Mãe?

- Acorde Noah, tenho uma boa notícia!

- Tá — levanto e sento na cama coçando meu olhos — o que aconteceu?

- Sabe quem vai trabalhar comigo na lanchonete?

- Quem?

- Isaac!

- Quê? — fiquei paralisado pela notícia, meu cérebro não acordou 100%, então demorei pra raciocinar — QUÊ?!

- É isso mesmo que você ouviu — ju diz sorridente — ainda não a nada confirma, mas com fé em Deus ele vai conseguir o emprego.

- Uau, por essa eu não esperava.

- Pra cê ver filho.

- Aliás — presto atenção nas roupas da maior — por que está tão arrumada? Vai sair?

- Sim, algumas amigas do trabalho me convidaram pra sair, inclusive — Juliana olha o horário no celular, levanta da cama e dá um beijo em minha testa — já tô um pouquinho atrasada, até mais meu anjinho.

Vendo a maior se distanciar, senti um enorme aperto no coração, e se ela não voltar de novo? Pensei em todas as possibilidades ruins que poderiam aconteceu com ela, eu não quero sentir mais essa angústia, mas é inevitável esse sentimento.

- Mãe!

- Oi, o que foi?

- Por favor, tome cuidado...

- Oh... filho — vendo minha expressão de preocupação e angústia, ela vem até a mim e me abraça — pode ficar tranquilo Noah, eu vou voltar pra casa, eu prometo.

Permaneci calado, apenas aproveitando o abraço quentinho dela, como se tivesse voltando no tempo, na época em que tinha 13 anos e estava tendo uma crise de ansiedade, só o abraço dela pôde me acalmar. A maior sorriu e saiu do quarto, me deixando pra trás, prometendo que iria voltar pra casa, e ela vai, eu tenho certeza.

Após alguns minutos sentando, parado, olhando para o guarda roupa, decido mover meu corpo e levantar da cama. Pego meu celular e deixo meus fones na cama, saio do quarto procurando minha irmãs, mas sem resultado.

- Sério que todo mundo dessa casa resolveu sair?

Vou até a sala, sento no sofá e pego o controle que estava ao meu lado. Ligo a tv tentando achar algo que me chame atenção, porém, nem a Netflix está me satisfazendo. Desbloqueiou meu celular, entro no Instagram querendo me distrair com os reels, sem sucesso, abro o tiktok, muito entediante, na verdade, tudo está um saco.

Cogitei a ideia de ligar pra Isaac, mas lembro que o mesmo havia me dito que ajudaria Helô com as compras pro estúdio dela, a morena estava extremamente animada e ansiosa pro dia da estreia.

- Que saco! — reclamo olhando para o teto — depois de todo aquele caos, essa tranquilidade excessiva está me torturando.

Não me entenda mal, jamais vou querer que aqueles acontecimentos venham à tona de novo, Deus me livre! Porém, eu estava tão preso naquela tempestade, que todos os dias eram agitados e cheios de reviravoltas. Essa calmaria excessiva não combina comigo, é como se a vida monótona que tinha estivesse voltando aos poucos. Eu gosto do drama, da adrenalina, mas na medida certa, digamos que... 50/50!

Pensando no que eu poderia fazer, lembro do meu skate, e das incontáveis vezes em que peguei ele e me aventurei nas avenidas frias e movimentadas. Levanto do sofá animado, vou até ao meu quarto e procuro pelo meu insubstituível skate. Ele estava encostado na parede perto do guarda roupa, sentimentos de nostalgia e calmaria predominam meu coração e alma. Lembro perfeitamente do vento congelando minha mãos enquanto escutava músicas do The neighbourhood.

Observo o céu pela janela, não está nublado, muito provavelmente não vai chover ou fazer muito frio. Visto uma simples regata branca larga e uma bermuda jeans preta, calço meus tênis preto e pego meus fones. Saio do quarto com meu skate na mão, fones no ouvido e meu celular debaixo da regata, pego as chaves e finalmente saio de casa, trancando a porta.

...

Depois de explorar as mesmas ruas de sempre, chego à tão inesquecível pista de skate, onde fui apoiado incondicionalmente pela minha mãe, e deixei outra pessoa conhecer meu interior, que agora é o meu amor.

A pista estava cheia de crianças, essa é a primeira vez depois de um tempo que vejo esse lugar infestado por pequenos cidadãos. Julgando pelas aparências, devem ter entre 11 e 13 anos. Me sentei no chão, e fiquei observando os pirralhos tentando andar no skate, era engraçado, eu me via neles.

Alguns estavam acompanhados por um adulto, outros estavam sozinhos e isolados das outras crianças. Meninos e meninas caiam no chão repetidas vezes, mas sempre levantavam, senti um orgulho genuíno por eles, gosto desse espírito de persistência.

Até que uma menina de madeixas curtas, em um tom escuro, acompanhado de mechas vermelhas apareceu. Ela parecia preocupada, como se estivesse fugindo de alguém. Suas roupas eram simples, uma blusa branca folgada, calça jeans escura um pouco larga, e all star verde escuro. Julgando pela estatura, era uma adolescente de 15 ou 16 anos.

Fiquei curioso pela preocupação dela, mas permaneci na minha, não movimentei um músculo sequer, apenas continuei sentando observando as crianças. Assim como as outras crianças, ela também estava tendo dificuldades, sempre que caia cobria o rosto com as mãos querendo se esconder, provavelmente com vergonha.

Em uma das suas quedas, ela notou minha presença. Não estava encarando ela, mas senti seu olhar em mim. A menina olhou para chão, como se estivesse pensando no que iria fazer, e assim que raciocinou, se levantou e veio até a mim, dando uma pequena corridinha.

- Moço, posso fazer uma pergunta? — percebi que a garota usava aparelho, sua borrachinha era cinza.

- Oh — fico surpreso, porém ainda mais curioso — claro, o que quer perguntar?

- Qual o seu nome?

- Meu...nome?

- Sim! Por favor, me diga, qual seu nome?

Estava esperando tudo, menos isso, achava que ela ia perguntar se eu também ando de skate e se poderia ajudá-la, mas meu nome? Por que ela iria querer saber meu nome?

- Se quer tanto saber, meu nome é Noah.

Assim que ouviu meu minha resposta, os olhos da garota se arregalaram, não entendi muito bem o por que disso, o brilho em seu olhar me deixou mais confuso ainda.

- O senhor, conhece alguém chamado Isaac?

- Isaac? Sim, eu... conheço — essa garota definitivamente me conhece de algum lugar, mas eu nem sabia da existência dela — você conhece ele?

- Pessoalmente não, mas minha mãe já me contou sobre ele.

- Hã?! Sua... mãe?

- Sim! — a menina olha para o chão — posso me sentar ao seu lado?

- Claro! Fique à vontade — a gorota se senta ao meu lado, colocando seu skate amarelo em seu colo.

- Prazer, Melissa — ela estende a mão.

- Prazer Melissa! — aperto a mão da mesma — então, eu tô um pouco confuso, pode se explicar?

- Foi mal! — Melissa diz sorridente — Maria é minha mãe, mas não biológica.

- Ahhh, entendi agora — então ela é a irmã de Isaac e Helô, mas que loucura — mas o que ela disse sobre ele?

- Bom, antes disso tudo acontecer, ela disse que ia sair pra visitar um filho que não tinha mais contato. Mas, quando ela chegou em casa, estava muito brava, dizendo que pariu o maior desgosto de sua vida, que um menino loiro estragou a mente de Isaac e levou ele pro mau caminho.

- Tinha que ser... — murmuro baixo, apenas para que só eu pudesse ouvir.

- Ela também falou de uma tal de Helô... — Melissa leva uma de suas mãos a bocas cobrindo a mesma, tentando relembrar das palavras que ouviu.

- Heloísa?

- Sim! Essa mesma!

- Ela também é filha dela, do primeiro relacionamento, assim como Isaac.

- Entendo, eu até perguntei o porquê de tanta raiva, mas... — a garota olhar para o chão desanimada.

- Está tudo bem? Ela te machucou?

- Não! Ela não me bateu nem nada do tipo! Só, me respondeu um pouco alterada.

- Quer falar sobre isso?

- Não é nada de mais, ela só disse pra eu não imitar a Heloísa e ser igual a ela, sabe? Ser lésbica e afins...

- Que mulherzinha filha da puta — penso respirando fundo — mas e você Melissa?

- Eu? Como assim?

- Como se senti sobre isso?

- Eu... — a jovem respira fundo com os olhos fechados — sinceramente, eu não sei.

- Não sabe? Não se conhece ainda? Ou tem medo de se conhecer por causa dela?

Melissa me olha surpresa, como se essa pergunta tivesse te dado um choque de realidade, um balde de água fria. Quando vi o olhar paralisado e inocente da menor, já saquei o que estava acontecendo.

- Eu... eu realmente não sei...

- Tudo bem não querer falar sobre, eu sei que é tenso e íntimo, Isaac e Heloísa também sabem — olho para o skate da garota, e devido mudar de assunto — percebi que tem dificuldade com o skate.

- Quê? — Melissa olha pro objeto em seu colo e logo fica envergonhada, escondendo seu rosto com suas mãos.

- Relaxe! — a reação de Melissa me faz rir — ninguém nasce aprendendo, eu posso te ajudar se quiser.

- Sério?! — a jovem tira as mãos do rosto e pergunta sorridente.

- Claro! Mas só com uma condição.

- Qual? — sua feição muda rapidamente, aparentemente alerta e preocupada com que irá ouvir.

- Que cê nunca pense na possibilidade de desistir, se realmente quer aprender, não pode "deixar pra lá" e desistir só porque ainda não conseguiu ainda.

- Ah — Melissa se tranquiliza — ok então!

- Isso é uma promessa — estendo meu dedinho para a menor — promete?

- Prometo!

- Ótimo! Então vamo por a mão na massa, já já você vai tá perambulando pela cidade com seu skate!

- Que Deus de ouça!

...

Ficamos um bom tempo dando risadas e descontraindo. Melissa é uma menina dócil, sua área é limpa e inocente, infelizmente, teve o azar de ter uma mãe ignorante e preconceituosa. Evitei perguntar se seu pai pensava igual a Maria, mas não duvido nada que ele não seja, se não fosse, ela não estaria fugindo dos dois.

Melissa disse que queria muito conhecer Isaac e Heloísa, se recusa a acreditar que eles sejam tudo se ruim que sua mãe havia te dito. Comentei com ela sobre o possível emprego de Isaac, e também o estúdio de Helô, que faltava poucos dias para finalmente abrir suas portas.

- Sério?! Quantos dias faltam Noah? — Melissa diz sentada no chão, já que havia caído.

- Pelo o que ela me contou, só faltam 2 dias.

- Uau, ela deve ser tão descolada, sempre admirei as tatuadoras e body piercing.

- Você quer ser uma, Melissa? — sento no chão na frente da menor.

- Sim! Eu queria muito ser tatuadora, desde criancinha eu tenho esse sonho — Melissa diz sorridente.

- Tenho certeza que você vai conseguir.

- Eu espero que meus pais me apóiem assim como você...

- Eles vão, e se não, eu, Helô e Isaac vamos sempre te apoiar!

- Obrigada! — o brilho nos olhos renasce na garota, e um sorriso se forma em seus lábios 

- Mas vem cá, como você suspeitou que eu fosse o Noah? Sua mãe não tem foto minha.

- É porque você é loiro.

- Quê? Só isso? Porque eu sou loiro?

- Sim uai, o que tem demais nisso?

- Melissa, eu poderia ser QUALQUER cara, tipo, qualquer mesmo! Existem muitos homens lorios por aí.

- Mas é por isso que eu perguntei seu nome!

- Mas também existem vários caras chamados assim.

- Noah não complica as coisas! Você é você né? Então pronto desgrama!

Estávamos tão destruídos que nem notamos as horas voarem, e muito menos percebemos a presença de alguém se aproximando.

- Melissa! — uma voz feminina é escutada de longe, quando olhamos de onde estava vindo, tivemos uma surpresa bem desagradável.

- Que merda... — Melissa murmurou.

- Melissa! — Maria veio correndo em nossa direção — O que você pensa que tá fazendo aqui?!

- Mãe, eu...

- Sem explicações agora! — a mulher interrompe a garota, e depois nota minha presença — e o que você está fazendo com minha filha?! Já não basta ter levado Isaac, agora quer levar essa também?!

- Não fala assim com ele mãe! O Noah é muito legal!

- Você não sabe o que está falando minha filha — a mulher agarra o braço de Melissa — vamos embora, você deveria estar no seu quarto estudando, e não aqui com esse skate, ainda mais com esse imundo!

- Mas mãe, meu skate!

- Você não vai levar essa tralha pra casa! É pro seu bem!

A medida em que elas se distanciavam, Melissa intercalou seu olhar entre mim e o skate. Eu não sabia se deveria intervir ou não, meu corpo estava congelado, e isso me irritou, até que tomei uma atitude, peguei o skaye e gritei.

- NÃO SE ESQUEÇA DO ESTÚDIO! DAQUI A DOIS DIAS!

Maria me olhou confusa, enquanto Melissa apenas sorriu. Elas entraram no carro e foram embora.

- Porra... que cenário caótico — reclamo e olho para o skate amarelo em minha mãos — você merece uma mãe melhor do que ela, Melissa.

———————
{...}

Fui até a casa de Isaac, precisa falar com ele sobre o ocorrido pessoalmente. Felizmente ele já estava em casa, junto com Heloísa, que se encontrava dormindo em seu quarto, provavelmente bem cansado. Mandei mensagem para minha mãe e irmãs, avisando que iria dormir na casa de Isaac essa noite. O moreno ficou surpreso pela minha visita repentina, mas feliz em me ver.

- Preciso falar urgente contigo — falo me sentando no sofá, deixando o outro curioso.

- E o que seria de tão urgente?

- Então, eu meio que encontrei a filha da sua mãe.

- É O QUÊ??!! — Isaac se levanta do sofá em estado de choque.

- Calma amor — dou risada pela reação escandalosa do moreno, levanto e coloco a mão nos seus ombros, tentando o acalmar — escuta primeiro, ok?

- Ok... ok, eu tô calmo.

- Sim, tô vendo isso, agora senta aqui — faloe referindo ao sofá, fazendo sac se sentar — isso, bom garoto.

- Não me trate como um cachorro!

- Tá! — digo sorridente — foi mal vida.

- Enfim, conta logo esse rolê aí, o que aconteceu?

- Ela não é filha biológica de Maria, seu nome é Melissa.

- Quem é Melissa? — Heloísa aparece na sala com o cabelo drasticamente bagunçado, nos assustando.

- Aí que susto porra! — Isaac reclama.

- Se manca caralho!

- Um trator passou por cima de tu né Helô? — digo observando o estado da morena.

- Noah eu tô só o pó! Mas enfim — a morena senta no chão em posição de índio em nossa frente — quem é Melissa?

- É a filha não biológica da nossa mãe.

- QUÊ?? — Heloísa arregala os olhos, tenho certeza que agora ela está bem acordada — gente, tô passada, chocada.

- Eu encontrei ela hoje na pista de skate, a coitada teve que ouvir a mãe falar mau de vocês, até de mim ela falou horrores.

- Tinha que ser — Isaac reclama — e esse skate? O seu não é amarelo.

- Esse aqui é o dela, não conseguiu levar pra casa por causa da mãe. Inclusive, Melissa quer muito conhecer vocês dois, disse que se recusa a acreditar que são tão ruins quanto a mãe dela descreveu.

- Aí que fofa! — Helô afirma sorrindo — agora eu quero conhecer ela também, quando anos tem?

- 16 anos.

- Sério? Pensei que era uma criança — Isaac diz.

- Eu também, mas é bom, ela já tem uma mente mais madura, talvez seja mais fácil conversar sobre alguns assuntos.

- Ela quer ser tatuadoea Helô!

- Mentira.... sério?! Aí que tudo!

- Vocês com certeza vão se dar bem, mas cuidado pra não esquecer do primeiro aqui!

- Vish, ciúmes uma hora dessas irmão?

- Ihhhh o garotinho já tá com ciúmes da irmãzinha! — provoco o moreno o ameaçando de fazer cosquismhas em sua barriga.

- Não fode Noah!

...

Tempo se passou, o relógio já batia 00:01. É incrível como os dias passam mais rápido quando estamos distraídos ou ocupados. Heloísa se despediu e foi desmaiar em sua confortável cama, eu e Isaac preferimos ir para o quarto e ficar assistindo tv até o sono chegar.

Como de costume, o ar condicionado esfriava o quarto sem piedade, nos dois estávamos cobertos pelo grosso e quente lençol, abracei o corpo do moreno e deitei minha cabeça em seu peitoral. Na tv não passava nada de interessante, nenhum filme nos agradava e estávamos com o total de zero vontade de assistir qualquer série.

- É o fim dos tempos mesmo.

- Como é possível não ter nada de interessante nessa buceta?!

- Olha a boca Isaac, cê não disse que tava na sua "fase limpa"?

- Limpa é meu cacete, não tenho culpa se nada me interessa nessa porra, e muito menos você!

- Pior que é verdade — olho para o moreno segurando o controle, estressado com a situação — ei!

- O que foi? — pergunta se me olhar.

- Que tal... — levanto e pego o controle da mão do moreno.

- Naoh!

- Que tal a gente só tentar dormir?

- Mas eu tô sem sono amor.

- Só fecha o olho e deita, já já cê vai tá dormindo feito um anjo — levanto da cama para colocar o controle na mesinha.

- É sério isso? Virou minha irmã por acaso?

- Eu só tô dando uma solução prática — volto pra cama e sento ao lado de Isaac — vamos dormir agora?

- Só se for de conchinha — Isaac diz com um sorriso pequeno.

- Tá bom pestinha — dou um selinho no moreno — vêm, vamo dormir agora.

———————

Melissa pov:

Estou em casa, infelizmente. Meu pai não tinha chegado do trabalho, mas tenho certeza que minha mãe vai fazer questão de falar o que aconteceu pra ele.

- Melissa, não tem nada pra me dizer?

A mulher está com uma expressão enraivada, em pé cruzando os braços,  enquanto a mim, estou sentada no sofá com a cabeça baixa.

- Por que me obrigou a deixar meu skate pra trás?

- Hã? Melissa!

- Você sabe que ele é muito importante pra mim! — digo ainda de cabeça baixa, segurando a vontade de chorar.

- Melissa você me respeita! É "senhora", não "você"!

- Sério que está preocupada com isso?

- Você sabe muito bem que nessa casa há uma hierarquia, então não me chame de "você".

- Eu não acredito que estou ouvindo isso...

- Melissa, olhe para mim — continuo com a cabeça baixa — agora.

- E meus sentimentos?

- Quê?

- E com meus sentimentos?! — me levanto do sofá, ficando frente a frente com ela — a senhora sabe muito bem que aquele skate é extremamente pra mim!

- Faça-me favor Melissa! É só um skate, aquela tralha só de distrai dos estudos.

- Não! Eu me mato todo dia na biblioteca depois da escola, todos os dias!

- Pode ir baixando esse tom de voz mocinha, você não tem direito algum de gritar comigo.

- E a senhora tem?

- Eu sou sua mãe, eu sei o que é melhor pra você.

- A senhora NUNCA vai ser minha mãe, não passa de uma substituta narcisista... — a mulher imediatamente da um tapa em meu rosto.

- Não ouse falar assim comigo novamente, agora vá para o seu quarto.

- Eu te odeio — me retiro da sala e subo as escadas com pressa, sentido minha garganta doer e minha lágrimas quererem sair.

- E mais uma coisa! Nunca mais fale com aquele homem! — Maria grita pois eu já estava longe da mesma.

Entro no quarto e bato a porta com força, me jogo na cama afundando minha cabeça no travesseiro. Não consigo entender como meu pai pode se apaixonar por uma mulher como ela, minha tia era totalmente diferente dela.

Meu parto foi bem problemático, minha mãe veio a falecer depois de me enviar ao mundo, então não tive a chance de conhecê-la, apenas por fotos e vídeos. Felizmente, minha tia, irmã da minha mãe, não me considerou uma maldição e ajudou meu pai a me criar, porém, eu sinto que ele não me ama completamente, eu sei que ele me culpa pela morte da pessoa que mais amou, mesmo não me dizendo.

Não estou dizendo que ele é um pai ruim, pelo ao contrário, ele sempre foi prestativo e carinhoso comigo, contudo, tem dias que ele evita falar comigo, ou até mesmo me olhar. Minha tia sempre falava que meu rosto lembrava muito o da minha mãe, talvez seja por isso que alguns dias, ele não suporte olhar para minha cara.

O nome da minha tia é Flora, e foi ela que estava ao meu lado em grande parte da minha vida. Eu amava ir a casa dela, sempre brincávamos de salão de beleza, foi com ela que aprendi sobre maquiagem e cuidados com meu cabelo, raramente ia no salão. Eu que corto, pinto, hidratato, passo chapinha, sempre fiz tudo sozinha.

Quando eu não me sentia confortável perto da nova mulher do meu pai, eu corria pra casa dela. Ela gostava de andar de skate, nunca cansava de ficar maravilhosa pelas manobras que a maior conseguia fazer, nunca fiquei interessada em aprender, mas amava ver ela feliz daquele jeito.

Um dia, ela conheceu uma mulher, e se apaixonou por ela, e começou a namorar com a mesma. Seu nome era Elizabeth, uma mulher calma e prestativa, sempre nem organizada, e sabia cantar como um anjo. As duas eram tão fofas juntas, a áurea delas se misturavam em harmonia, eu me sentia a vontade com Elizabeth, sua mente aberta me deixava confortável para falar dos meus problemas.

Infelizmente, me proibiram de ver elas, e o pior, é que não foi por decisão do meu pai, e sim da mulher que ele escolheu se relacionar, Maria. Ela fez a cabeça dele para o convencer que elas me levariam pro mau caminho, "Deus não iria me perdoar e nem ele por deixar isso acontecer", e ele acreditou. Como despedida, Flora me deu o seu skate, para eu nunca me esquecer dela, e foi a partir daí que comecei a criar interesse em aprender a andar nele.

- Assim que eu completar 18, vou sair dessa casa sem pensar duas vezes, eu prometo tia — pensei limpando minhas lágrimas.

————————
{...}

Noah pov:

Finalmente chegou! O dia da estreia do estúdio de Heloísa é hoje, e a morena obviamente está muito nervosa e ansiosa, nada pode dar errado hoje. Parece que o universo está ao lado da mesma, já que hoje o céu está limpinho, sem nenhum resquício de chuva.

São 9:35 da manhã, todos nós fomos acompanhar Heloísa até seu estúdio, e como é de se esperar, está impecável. Externamente, as paredes foram pintadas em um tom roxo escuro, com alguns desenhos de espirais em branco. Por dentro, as paredes são brancas, o balcão é de madeira escura, vários quadros espalhados pelo estúdio dos desenhos que Helô havia feito a algum tempo. Não é muito grande, porém não é um cubículo, digamos que, está na medida certa.

- E então, o que acharam? — Heloísa diz com uma enorme sorriso e muito entusiasmo.

Outros iriam dizer que Heloísa estaria se comportando como uma criança que ganha o seu presente de natal, a morena estava literalmente saltitando de felicidade, é impossível não notar o quão importante essa conquista é pra ela. Isaac a olhava orgulhoso, ele também não parava de sorrir, vendo a grande vitória que sua irmã conseguiu, devo imaginar a felicidade que deve estar sentindo.

- Isso tá incrível irmã, eu sabia que cê ia conseguir.

- Isaac nem comece a me olhar com esse olhar meloso, não tô afim de chorar! — todos rirem pela fala de Helô.

- Amor isso tá magnífico! — Alice diz depois de correr até a morena e dar um selinho na mesma, deixando todos surpresos.

- A-amor?! — Sophia se encontrava de boca aberta.

- Vocês estão... — Isaac diz alargando ainda mais o sorriso.

- Surpresa! — Heloísa diz sorridente segurando a mão de Alice — estamos namorando, taram! ♪

- FINALMENTE! — Isaac grita alegre, fazendo todos rirem.

- Isso é tão lindo, minhas meninas  — minha mãe segurava o choro — tenho certeza que serão muito felizes juntas.

- Mãe! Vai chorar? — Alice intercala seu olhar entre nossa mãe e Helô.

- Ju não chora! — as duas vão até a mulher e abraçam a mesma — se você chorar e vou chorar também!

- Big hug na mamãe! — Sophia chama eu e sac para o braço.

Enquanto estávamos no nosso momento, em nosso mundinho, ouvimos o som da porta se abrindo, quando olhei para ver quem era, tivemos outra agradável surpresa.

- Olá! — era Melissa.

A garota vestia um moletom vermelho e um short jeans escuro, provavelmente estava tentando chegar até aqui sem seus pais notarem.

- Melissa! Que bom que você veio — digo sorridente.

- Então você é a Melissa? — Isaac diz se aproximando da jovem.

- S-sim! Sou eu mesma.

- Muito prazer, Isaac! — o moreno estende a mão com um sorriso meigo.

- Sério?! Uau... Muito prazer! — Melissa aperta sua mão.

- Então você é minha nova irmãzinha, certo?

- E minha também! — Helô chega mais perto dos dois — prazer Melissa, sou a Heloísa!

- Muito prazer Heloísa! — Melissa diz sem desmontar o sorriso.

- Pode me chamar só de Helô se quiser, fiquei sabendo que você quer ser uma tatuadora, é verdade?

- Sim! Sempre admirei tatuadoras, meu sonho é ser uma também.

- Aí que ótimo! Vou te ajudar em tudo que precisar, inclusive, esse estúdio é todinho meu.

- Ele é lindo!

...

Hoje não teve muito movimento, Helô já divulgou seu estúdio no Instagram, acredito que logo vão aparecer clientes para ela. Melissa se deu bem com todos, Isaac e Helô a tratavam como uma irmã de longa data, deixando a mesma bem confortável e alegre. Quando íamos nos despedir, Heloísa deu o endereço de sua casa a Melissa, disse que sabe o quão difícil é lidar com Maria, e que sempre que quisesse se refugiar poderia ir até sua casa, já que eles três são irmãos, e irmãos sempre ficavam ao lado um do outro.

- Até mais Mel! — Isaac diz.

- Prometo levar seu skate amanhã!

Infelizmente eu esqueci de trazer o skate de Melissa, então combinamos que amanhã iríamos nos encontrar na mesmo lugar que nós conhecemos, para entregar o skate da garota.

- Ela é uma fofa, acho que consegui mais uma filha — Juliana diz olhando Melissa se afastar.

- Você é mesmo uma baita mãezona Ju! — Isaac afirma.

- Eu sei, aliás, que tal vocês dormirem em nossa casa hoje queridos? Podemos fazer um pouco de pipoca pra uma cessão cinema, o que acham!

- Eu tô dentro! — Heloísa levanta a mão sorrindo.

- Eu também!

- Ótimo! Vamos pra casa logo — Alice diz.

...

Já que essa ideia de cessão cinema não foi planejado, Isaac e Heloísa tomaram banho e vestiram as nossas roupas. Heloísa pegou uma blusa rosa e um short preto de Alice, enquanto Isaac pegou uma blusa branca e uma bermuda cinza minha. Foi engraçado ver minha roupa em Isaac, pois a blusa ficou um pouco grande pra ele, mas nada que o incomodasse.

- Sac — chamo me aproximando do moreno, que estava guardando a jarra de água na geladeira.

- O que foi?

- Preciso conversar algo sério contigo.

- Noah não faz essa cara séria, cê sabe que isso me deixa preocupado.

- Mas é porque é sério.

- Tá, o que quer falar?

- Vamos pro meu quarto, lá temos mais privacidade.

- Noah, o que você tem aprontando? — Isaac diz desconfiado.

- Vamo logo porra — agarro o braço do menor e vou até o quarto.

Isaac com certeza está bem desconfiado, mas meu objetivo não é fazer nada sexual, eu realmente só quero conversar algo de extrema importância com ele.

- Vêm, senta aqui — digo me referindo a cama, nós dois sentamos.

- Pronto, agora fale, o que é tão importante?

- Eu preciso que você responda minhas perguntas, com sinceridade.

- Ok...?

- Você me ama? — Isaac fica surpreso pela minha pergunta, e fica ainda mais desconfiado.

- Claro Noah, eu te amo.

- Me ama mesmo?

- Eu já disse que sim caralho!

- Ok, ok, eu entendi — digo sorridente pegando uma pequena caixa preta no bolso da minha bermuda — então você aceitaria...

- Não, não é possível... — Isaac pensa assim que ver a caixa.

- Aceita namorar comigo? — falo abrindo a caixa, mostrando dois simples anéis prateados, sem nenhum diamante ou algo do tipo.

- Noah... eu — o moreno tenta ao máximo segurar as lágrimas, mas falha miseravelmente assim que seus olhos encontram os meus — é claro que eu aceito, imbecil!

Isaac rapidamente me beija puxando meu rosto, as lágrimas salgadas do menor se misturavam, várias emoções positivas dominaram nossos corações. Quando nos separamos, coloco o anel no dedo do mais novo, e o moreno faz o mesmo comigo.

- Eu prometo nunca sair do seu lado, Isaac.

- Eu também prometo nunca sair do seu lado, Noah

- NOAH! ISAAC! A PIPOCA TÁ PRONTA! — Minha mãe gritava da sala, nos fazendo rir.

- Partiu cessão cinema? — Isaac diz sorrindo.

- Mas é claro minha vida!

——————
{...}

No dia seguinte, todos nós fomos pra pista de skate encontar Melissa. A reação da garota foi engraçada, a jovem ficou surpresa e muito feliz por rever todos. Faltam palavras pra explicar a felicidade que estávamos sentindo. Risadas altas, Isaac e Heloísa tentando andar em meu skate e sempre caindo, minha mãe e Sophia nos encorajando, sendo a plateia mais barulhenta que possa existir.

Tudo está estranhamente perfeito. É difícil de acreditar que depois de todo daquele caos, todas as lágrimas, dores de cabeça, ansiedade, após tudo aquilo, agora eu me encontro no próprio paraíso, com anjos rindo e se divertindo. Acho que o senhor iria gostar de estar aqui, pai, espero que consiga nos ver felizes e saudáveis, e que nos proteja.

Saímos da escuridão e entramos na luz. E de uma coisa eu tenho certeza, esse aqui, nunca será o fim, sabe o por quê?

Porque o final desse nosso filme, é o começo de mais uma temporada da nossa história.

×

[Tem cap extra!]

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