Como não te amar? (Larry Styl...

By larrydiamond

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Harry sempre teve tudo que um adolescente poderia querer: dinheiro, garotas, poder. Infelizmente, seu coração... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo
5 anos depois...

Capítulo 19

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By larrydiamond

Uma semana.

Esse era o tempo que eu dormia no sofá de dois lugares do hospital e minhas costas reclamavam todos os dias ao levantar por ter passado horas encolhido.

Uma semana que eu não ia mais para a escola, porque sabia que caminhar por aqueles corredores, com todos me olhando de forma estranha por causa do ocorrido na quadra, iria me destruir em vários níveis.

Uma semana sem Louis.

Uma semana vendo o homem diante de mim respirar por aparelhos.

Meu pai.

Ele tinha ido para uma pequena cidade no interior do país, a algumas horas de carro daqui, e passado dias e mais dias trancado em um quarto de hotel bebendo whisky e qualquer outra coisa com álcool que encontrasse. Uma noite ele saiu para beber em um bar de dois andares que fornecia uma vista incrível da cidade à noite. Estava tão fora de si que rolou dois andares de escada.

Fiquei sabendo disso tudo pela policial que tinha me telefonado para avisar que meu pai estava em coma.

Em coma!

Olhando-o ali, com os cabelos bagunçados, a barba mal feita e o pulmão subindo e descendo graças a aparelhos, senti raiva.

Pura raiva.

Raiva dele por simplesmente ter ir embora.

Raiva de mim mesmo por ter deixado minha vida cair em um poço sem fundo de uma hora para outra e não ter nenhuma corda para me ajudar a sair dali.

Saí do quarto, que tinha virado quase minha casa naquela semana, e me joguei em um dos bancos de espera do corredor branco e vazio do hospital.

Baixei o rosto entre os braços e então chorei.

Mesmo com a falta de carinho, a ausência e a incompreensão, ele era meu pai, a última parte da minha família que restava. Eu tinha perdido minha mãe muito cedo, não tinha irmãos nem avós e a única pessoa que eu poderia confiar e amar agora me odiava.

Então chorei.

Aquilo era o que eu mais tinha feito naquela semana, por todos os motivos que consumiam minha alma.

De repente, ouvi passos apressados e leves pelo corredor junto com uma risada gostosa e infantil. Não olhei para ter certeza, mantendo o rosto escondido, mas parecia ser uma criança.

Percebi seus passos pararem perto de mim, o riso sumir e uma vozinha conhecida sussurrar:

- Hazzy? Você está chorando?

Ergui o rosto.

Fizzy me olhava com seus grandes olhos azuis arregalados, os cabelos castanhos e finos presos por laçinhos coloridos e o rosto coberto de maquiagem borrada: batom vermelho e sombra verde escura espalhada quase até as bochechas muito vermelhas de blush. Ela parecia ter caído em um pote de maquiagem e estava parecendo uma pequena palhaça.

Sequei os olhos nas costas da mão e estendi meus braços para ela. A menininha pulou nos meus braços imediatamente e se aconchegou no meu colo.

- Um cisco caiu no meu olho - Falei e tentei abrir um sorriso confiante. - E você, mocinha, o que faz aqui sozinha e ainda mais toda colorida assim?

Ela riu.

- Mamãe me trouxe para brincar com as meninas carecas.

Meu queixo caiu e uma pontada de dor passou pelo meu coração. A ala das crianças com câncer.

Fizz pulou do meu colo, puxando meu braço, saltitante e animada:

- Vem comigo, Hazzy! Nós já maquiamos todas as enfermeiras!

Ela bateu palmas, feliz, e eu não soube recusar ao pedido da pequena criatura, seguindo-a por um longo corredor até me deparar com uma porta colorida e com desenhos infantis.

A menininha entrou e logo uma enfermeira com o rosto maquiado arregalou os olhos e resmungou, mas com um sorriso ameaçando sair:

- Onde a senhorita se meteu? Já falei para não sair dessa sala sem sua mãe ou seu irmão! - A mulher jogou os cabelos vermelhos para trás e riu, virando-se para mim em seguida. - Encontrou mais alguém para brincar conosco?

Fizzy assentiu e bateu palmas mais uma vez, apontando seu dedo gorducho para mim:

- Hazzy vai ficar todo maquiado!

Ela me puxou em direção a um grupo de meninas, todas elas carecas, mas sorridentes e coloridas. Duas delas estavam em cadeira de rodas e as outras dividiam uma das camas com potes de maquiagem e pincéis.

- Bom dia, meninas! - Sentei na ponta da cama e elas imediatamente começaram a discutir entre si e escolher cores para passar contra meu rosto: um batom vinho logo cobriu meus lábios.

Reclamei que aquilo era grudendo demais e elas riram alto com as minhas caretas. Ri e sacudi a cabeça, aproveitando para explorar a grande sala com os olhos.

Era muito colorida: com cada cama de uma cor diferente, animais pintados contra as paredes, puffs espalhados por todos os todos os lados e uma pequena biblioteca ao fundo onde uma pessoa de costas para mim lia uma história para um grupo de crianças de olhinhos brilhantes.

Engasguei o ar.

Era Louis.

Isso explica o que a enfermeira falou sobre irmão...

Senti o nervosismo corroer meu interior e fechei os olhos para me conscentrar e não desmaiar ali mesmo. As meninas, animadas, aproveitaram para passar um pó sobre minhas pálpebras.

O que eu faço?

Durante aquela semana, sempre que ia em casa tomar banho e trocar de roupa, passava em frente a casa de Louis e ficava um tempo parado ali, sempre na esperança de vê-lo sair pela porta.

Ele nunca saiu.

E agora ele está aqui!

Eu simplesmente não sabia o que fazer: sair antes que ele me visse, para não agravar a situação? Tentar explicar o que aconteceu? Aquele era mesmo o lugar certo para aquilo?

Uma das meninas, que usava dois canudos nas narinas para respirar, cutucou meu rosto e eu abri os olhos.

- Pronto! - Ela falou, rindo, e então me entregou um pequeno espelho. Meu rosto estava irreconhecível: lábios roxos, olhos cobertos de pó rosa acobreado e brilhoso e as bochechas em um intenso vermelho. Havia até mesmo um laçinho azul preso  na minha franja.

Não aguentei e gargalhei alto ao me ver daquela forma tão estupidamente engraçada.

Louis me ouviu, porque imediatamente se virou, parando a leitura que fazia, e focou o olhar em mim com as sobrancelhas franzidas. A faísca de alegria em mim se apagou.

Ele piscou um pouco, mas logo se virou para o grupo novamente e continuou seu conto, claramente ignorando minha presença.

Meu coração queria sair correndo de tão rápido que batia.

Saí da cama, dando "tchau" para as meninas sorridentes e andei até a porta, decidido a sair dali e esperar até Louis sair também do lado de fora, mas então eu reparei em algo diferente. Um único menino, deitado em uma cama mais distante, sozinho. Não devia ter mais de seis anos e brincava com os próprios dedos com uma expressão triste.

Aproximei-me devagar, mas a enfermeira de cabelos vermelhos me impediu, colocando uma mão sobre meu ombro:

- Ele é muito quieto e os meninos nunca brincavam com ele, então achamos melhor colocá-lo na ala feminina.

- E ele está melhor aqui?

Ela suspirou:

- Na verdade, não. John nunca fala com ninguém e não pode sair da cama.

Observei o menininho, que brincava com uma pequena bola de futebol entre as mão. Parecia ser um chaveiro.

Dei alguns passos até chegar perto da cama onde ele estava e o menino ergueu o olhar para mim. Parecia vazio e frio demais para uma criança.

- Oi! - Falei da forma mais animada possível.

Ele voltou a brincar com sua bolinha, desviando o olhar.

- Sabia que eu jogo futebol? Sou capitão do time da escola.

John ergueu o rosto e vi um brilho novo surgir em seu olhar.

- Você gosta de futebol, pelo visto. - Sentei em uma cadeira de plástico ao seu lado. - É mesmo um esporte facinante, não é? Já passei por tantas coisas que você nem imagina! Sabia que um dia colocaram uma coxa de galinha velha dentro do meu armário por eu ter feito um dos pontos? Uma comemoração estúpida, eu sei.

O menininho riu fraco, formando ruguinhas sob os olhos e cobrindo a boca com as mãos.

E então eu desabafei com aquela pequena criaturinha, contando todas as coisas inusitadas que já tinham acontecindo comigo enquanto jogava. Falei sobre as pegadinhas, como colocar cola nos capacetes, as danças de comemoração, os melhores e piores jogos. John nunca falava nada, mas ria comigo o tempo todo e senti como se tirasse toneladas das minhas costas por ter a atenção dele em mim.

Depois de um bom tempo, contei uma história de um antigo herói do futebol que meu pai me contava quando era pequeno e John acabou se acomodando melhor na cama enquanto ouvia e dormindo logo depois..

Parei de falar quando ouvi o menino roncar baixinho, o rosto virado e os lábios ligeiramente abertos. Dei um carinho em sua cabeça, sentindo o início dos fios de cabelo nascendo rasparem contra a minha mão.

- Impressionante!

Ergui meu corpo o mais rápido possível ao ouvir a voz de Louis. Ele me observava com os olhos azuis maravilhosos e uma carranca no rosto, encostado contra a parede oposta da sala, os braços cruzados.

Minha respiração se tornou superficial. 

Respira, idiota!

- Lou...

Me aproximei - ou pelo menos tentei, porque imadiatamente ele ergueu o braço e falou:

- Não chegue perto de mim.

Estanquei no mesmo lugar e ele me olhou com nojo ao dizer:

- Eu só quero saber como era a aposta e vou embora.

Baixei o olhar e tentei lembrar de como se fala sem gaguejar. Abri a boca e expulsei as palavras:

- Eu tinha que fazer você se apaixonar por mim e provar que era gay para os meus amigos.

Vi seus olhos encherem de lágrimas e depois ficarem vermelhos quando tentou ao máximo segurá-las.

Falou baixinho para não acordar John:

- No começo eu não conseguia acreditar que você seria capaz de me expor assim, mas quanto vi seu rosto naquela quadra soube era a mais pura verdade. - Virou-se para ir embora. - Você é patético, Harry.

Avancei e o agarrei pelo braço, determinado.

- Eu não sabia que isso tudo aconteceria quando fiz essa aposta. Queria só brincar, mas tudo mudou quando me tornei próximo à você e descobri coisas sobre mim mesmo que não fazia ideia. Você me mostrou um novo lado da vida que eu não conhecia e que estou feliz por ter visto agora. - Eu não piscava, o olhar fixo no dele. - Eu contei algumas coisas para Scott porque queria terminar com essa história de aposta de uma vez por todas e te contar a verdade, mas nunca contei nada sobre o acidente! Nunca li nada do seu diário para ninguém!

Louis respirava superficialmente, quase assustado com a intensidade das minhas palavras.

Ele soltou o braço das minhas mãos e sussurrou:

- Prove que isso é verdade, Harry! Eu sinceramente não sei se devo acreditar em você de novo.

Uma lágrima teimosa desceu por sua bochecha vermelha e quente e caiu no chão. Isso fez toda a força se esvair de mim.

Baixei o rosto, prestes a chorar de novo naquele mesmo dia.

- Eu não consigo ficar longe de você. - Confessei em um sussurro, erguendo o rosto para encontrar aquelas piscinas azuis que me faziam perder totalmente o rumo.

Louis cerrou os dentes antes de falar baixinho:

- Me deixe em paz, Harry. - E então se virou para sair, mas novamente o segurei pelo braço e o trouxe para perto de mim em um movimento rápido e brusco, colando nossos peitos e deixando nossas testa a milímetros de distância. Ele ofegou e tentou se afastar, mas não permiti. Eu o encarava com uma intensidade que nem sabia que podia existir, me perdendo totalmente em seus olhos.

- Saiba que eu vou fazer Sam pagar pelo que fez com você, Louis. Você pode até não acreditar em mim agora, mas não, eu não vou te deixar ir embora. Eu não vou deixar você ficar longe de mim. Escute essas palavras!

Prendi seu rosto chocado entre as mãos e beijei sua testa, deixando uma marca roxa do batom que eu ainda usava contra sua pele e então sai da sala de recreações, deixando-o sozinho e pedrificado.

Não vou perder você, Lou...

Caminhei para fora do hospital, jurando ao meu pai que voltaria mais tarde e entrei na minha caminhonete.

Eu iria para a escola, colocar um ponto final naquele idiota chamado Sam.

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