Louis faltou dois dias a escola e só o encontrei no terceiro dia à tarde, na arquibancada da quadra fechada. Por causa da chuva forte que caia do lado de fora, nosso treino seria ali.
Ele pareceu indiferente ao barulho de vinte caras entrando juntos e continuou concentrado ao desenho que produzia, com os maravilhosos olhos azúis indo de um lado para o outro na folha de papel e as mãos trabalhando incansavelmente.
- Olha a sua vítima! - Sussurrou Scott quando passou atrás de mim. Depois do acontecimento na noite da festa de Marie Elizabeth, falei para ele que não iria mais participar daquela aposta idiota e que não ligava se Louis fosse gay ou não. Infelizmente, Scott era muito persuasivo e acabou me convencendo de que seria apenas uma brincadeira para saber a verdade, mas ninguém iria saber disso, só nós.
Por fim, a aposta prosseguiu.
O treinador apitou e começamos com um aquecimento, que era só passar a bola de um para outro em zig-zag o mais rápido possível. Não sei o que deu em mim, mas ergui os olhos para o Garoto-Morcego e o flagrei olhando fixamente para mim com suas duas bolotas azuis.
A bola bateu nos meus braços com força e caiu com um ruído surdo no chão.
- Sr. Styles! Onde pensa que está com a cabeça? - Gritou o treinador Hedge, deixando sua cadeira e vindo até nós. - Todos farão 100 abdominais a mais por terem um Capitão que parece agarrado aos anéis de Saturno!
Todos me olharam com raiva e não olhei para a arquibancada nenhuma outra vez durante aquele tempo.
Quando o treino acabou, eu estava encharcado de suor, cansado e louco para ir para casa. Louis não estava em nenhum lugar.
- Harry! - Hedge me chamou enquanto todo o time se dirigia para o vestiário. Sentei-me ao lado do homem.
- Você tem que se manter focado. - Começou - Nosso jogo é daqui à uma semana e temos que ganhar. Nossa vaga nas quartas de final depende só da nossa vitória.
E ele continuou falando, contando sobre as táticas de jogo e quem substituiria quem em caso de alguma mudança de última hora. Em determinado momento, o meu time por completo deixou o vestiário, deixando tudo vazio e silencioso após saírem da quadra.
Hedge percebeu isso.
- Vou deixar você ir agora. Mas lembre-se de tudo que falei hoje.
Ele foi embora e caminhei com passos lentos até o vestiário. Tudo estava tranquilo e havia água em cada centímetro quadrado do piso do banheiro. Alguns armários estavam abertos desleixadamente.
Joguei minhas coisas sobre o banco, tirei a roupa e entrei no quadrado onde vários chuveiros estavam enfilheirados.
Deixei a água fria tirar todo o calor que sentia e, quando menos percebi, meu olhos já estavam fechados.
Louis. Engraçado como a primeira pessoa que me veio à mente foi ele. Quase uma semana havia se passado e eu não sabia o que fazer para me aproximar. Depois que Scott me chamou de "covarde" na frente de todo mundo, ganhar a aposta tinha virado uma vingança pessoal.
Mas, bem lá no fundo, me senti mal por buscar isso usando o garoto dos olhos azuis. Infelizmente, eu não tinha escolha.
Desliguei a água, sequei-me e vesti uma calça jeans escura limpa. Peguei meus tênis no armário e sentei no banco para amará-los.
Nessa hora, ouvi a porta se abrir. Alguém andou pelos corredores de armários e parou na frente do que eu estava
Duas bolotas azúis me olhavam.
- Achei que não tivesse mais ninguém aqui.
Soltei o ar. Nem tinha percebido que tinha prendido.
- Tive que ficar mais tempo. - Expliquei, mesmo sem ter motivos para isso. Louis tentou se aproximar, mas acabou escorregando em uma poça de água do chão e caindo para trás.
Pulei para frente e agarrei seus braços, mas neste momento, o caderno que ele segurava voou longe e uma enorme quantidade de folhas se espalharamm por todos os lados.
- Merda! - Sussurrei e então percebi que Louis e eu estávamos muito próximos: eu de pernas abertas, aguentando grande parte de seu peso com os braços e ele me olhando com uma expressão assustada. Ele se colocou de pé com um movimento brusco.
Virei e peguei uma folha, a que estava perto dos meus pés.
O desenho era impeçável e parecia mais uma foto em preto e branco. Um mulher estava sentada em um banco qualquer de uma praça com um livro aberto entre as mãos. Ela mordia o lábio inferior e uma lágrima descia por sua bochecha direita. Cada detalhe estava no lugar, cada linha, cada traço.
Olhei para Louis, que parecia em choque por eu estar vendo aquilo.
- Você que fez?
Notei como a sua franja castanha caiu sobre seus olhos.
- Sim. Observo pequenos momentos e tento reproduzi-los.
Olhei para os traços novamente e disse:
- Bem, você tem um dom.
Ele começou a pegar as folhas do chão: algumas molhadas, outras secas.
- Obrigado. - Respondeu, baixinho.
Eu estava impressionado com aquilo. Todo o meu corpo pareceu formigar e perdi um pouco do chão quando percebi um pequeno detalhe:
- Quando você desenhou isso?
Ele ergueu o rosto:
- Eu fiz o desenho essa semana, mas usei como base uma foto tirei quando tinha 11 anos.
Meu olhos se encheram de lágrimas e virei de costas para que ele não visse o que estava acontecendo.
Aquela era minha mãe.
Ela costumava passar as tardes lendo enquanto eu andava de biclicleta por todo o parque. Às vezes eu passava perto dela e ela sorria, carinhosa. Às vezes tinha lágrimas nos olhos, principalmente quando lia livros de amor impossível.
Parecia irreal justo Louis ter capturado esse momento.
- Ei, o que foi? - Ele perguntou com um tom um pouco rude, ou talvez eu estivesse sensível demais. Segurei as lágrimas e virei com um sorriso falso no rosto.
- Nada, só estou surpreso. Nunca soube que você desenhava assim.
E, desta vez, vi mais do que um menino excluído que gostava de vestir preto o tempo todo. Eu estava diante de uma pessoa que parecia sentir mais que as outras. Perceber isso me deixou ainda mais confuso.
- Meu desenho - Disse, estendendo a mão e eu devolvi a folha.
Louis foi embora sem nem mesmo dizer um "tchau".
E foi nesse momento que a ideia me surgiu...
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Como não te amar? (Larry Stylinson AU)
FanfictionHarry sempre teve tudo que um adolescente poderia querer: dinheiro, garotas, poder. Infelizmente, seu coração sempre teve vazios depois da morte da mãe. Tudo isso muda quando ele é desafiado pelo melhor amigo. Uma aposta. Uma aposta que vai aproxi...