Vendida

By BrendaSousa373

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Para dar uma vida melhor para a sua mãe e seu irmão doente, Olivia aceita a proposta de se casar com um milio... More

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By BrendaSousa373


Assim que chegou na farmácia. Parei o carro no meio da rua, abri a porta e apanhei o Noah no colo.

A essa altura já estava delirando com a febre e estava perto de ter uma convulsão.

Sai correndo pela rua e atravessei na frente de um caminhão.

Quando se é mãe você perde um pouco a noção do perigo.

E eu só queria salvar o meu filho.

Entrei na farmácia às pressas e falei com a atendente. Contei a ela o que tinha acontecido. Ela disse que tinha o remédio, mas que não podia vender sem a receita. Isso porque eu nem disse a forma como eu pretendia pagar.

Falou que eu tinha que ir ao hospital mais próximo.

Eu até iria se não estivesse correndo o risco de ficar no meio da estrada.

Me aproximei do balcão, e com uma das mãos livres eu a puxei pela gola da sua camisa ridícula de trabalho.

—– Escuta aqui, idiota, não ver o estado do meu filho? Ele tá morrendo. Ou me dá a droga do remédio, ou você é quem vai precisar de remédio depois

Ela me encarou com os olhos arregalados de medo.

—– Desculpa, senhora, mas eu não posso

Empurrei ela, e me afastei atordoada. Olhei pro Noah e vi que os seus olhos estavam fora de órbita.

O meu desespero aumentou.

—– Olha, o meu carro pifou, e não tem chance alguma de eu conseguir chegar a tempo no hospital, sem contar que o meu filho precisa de outros tipos de  medicamentos, mas são muito caros, e eu não tenho nenhum tostão, moça, você precisa me ajudar, por favor

—– Eu sinto muito, e-eu gostaria mesmo de poder te ajudar...

Enfurecida, eu dei uma pesada em uma prateleira que havia ali perto, e tudo que estava nela foi parar no chão.

Quando eu dou os meus acessos de raiva, não tem quem me segura.

Eu já tinha me esquecido de como era me sentir assim, quando eu estava com o Dom parecia que toda essa raiva que eu  sentia dentro de mim, desaparecia por um instante.

—– Porra — Berrei e depois vieram as lágrimas de aflição

—– Senhora, se quiser eu posso chamar uma ambulância

Droga, por que eu não pensei nisso antes?

—– O que está acontecendo aqui? — Um homem surgiu de repente

Ele era mais velho, tinha cabelos grisalhos e olhos escuros escondidos atrás de uma lente de óculos. Sua estatura era mediana e seus passos eram lentos

—– Essa mulher  tentou me agredir — Disse a moça, eu olhei pra ela incrédula, até porque ela saiu do personagem muito rápido

Ele direcionou seus olhos cansados pra mim, mas parecia calmo apesar do relato da moça. Acho que essa não é a primeira vez que ele presencia algo assim.

—– Desculpa, o meu filho não está bem,  eu preciso do remédio, por favor...

—– Ok, eu dou um jeito, você tá com o dinheiro aí?

—– Eu...não tenho dinheiro

Ele me encarou por cima dos óculos e depois suspirou.

—– Ok, traz o garoto

—– O que? — Perguntei incrédula

—– Traz ele aqui — Disse entrando em uma sala

Me aproximei com passos relutantes, eu não sei se posso confiar nele, mas também não tenho escolha.

Descobri que naquela sala havia um pequeno consultório, e eu tirei a sorte grande de esbarrar com um médico que ainda por cima falava a mesma língua que eu.

Não sei se devo agradecer ou me preocupar.

Ele examinou o meu filho e constatou que ele teve uma reação alérgica a picada de algum tipo de mosquito.

Ele aplicou o remédio, e disse que ele teria que ficar sob observação por algumas horas.

Aproveitei e pedi pra ele me examinar também, já que eu estou grávida e não faço ideia de como o meu bebê está.

Fiquei tão aliviada quando ele disse que o meu bebê estava fora de perigo, essa era uma das minhas maiores preocupações.

Meu filho, antes mesmo de nascer, já é um guerreiro.

Ele disse também que eu estava desidratada e que ia cuidar de mim.

Eu sei que é bom ter cuidado com as pessoas, porque há muitos lobos em pele de cordeiro por aí, mas eu senti algo bom, assim que bati o olho nele.

E a minha intuição não costuma falhar.

—– Eu não sei se escutei direito, mas ouvi você dizer que o seu carro quebrou?— Perguntou enquanto media a minha pressão.

—– Sim.

—– Então não tem pra onde ir?

Eu ainda não estava confortável para explicar a minha situação pra ele.

—– Será que o senhor pode me arranjar um telefone? — Perguntei — Eu preciso ligar pra alguém

—– Claro, tem um na minha mesa

—– Obrigado.

Peguei o telefone e liguei pra minha tia, mas ela não atendeu. Tentei várias vezes e nada, nem sei se ela usa o mesmo número ainda.

Senti as minhas esperanças se esvaindo.

Deixei o meu corpo cair pesadamente na cadeira e suspirei arrasada.

—– O que aconteceu pra você chegar a essa situação? — O médico insistiu

Eu direcionei os olhos pra ele.

—– Nem queira saber.

—– Ah, eu quero sim, me conte.

—– Eu cometi um erro terrível — Confessei, desviando o olhar

—– O que pode ser mais terrível do que abandonar uma mulher grávida com um filho pequeno pra viver à própria sorte?

Suspirei pesadamente e as lágrimas encheram os meus olhos.

Essa é a pergunta que eu sempre me faço. Por que? O que eu fiz pra merecer isso.

—– Você matou alguém?

—– Quase isso.

—– O que você fez?

–— Eu..

Noah começou a se mexer na cama. Então eu levantei às pressas da cadeira e fui até ele.

Ele abriu os olhos e virou o rosto pra mim.

—– Tá chorando de novo? — Balbuciou

—– Sim, mas dessa vez é de felicidade — Sorri em meio as lágrimas

—– Quem é ele? — Olhou para médico

Virei o rosto e encarei o homem com gratidão.

—– Ele é um amigo.

O homem sorriu fraco, depois pegou uma luva de borracha e encheu, depois entregou a bexiga para o Noah.

Eu não sei quem é o meu pai, e passei a vida inteira imaginando como ele seria, mas eu gostaria que fosse igual a esse senhor.

Gentil e cuidadoso.

Pra minha mãe nunca falar dele, ele deve ter sido uma pessoa muito ruim, pra abandonar uma mulher grávida tem que ser ruim.

O Dom é ruim.

Esse medido salvou a vida do meu filho e eu já sou muito grata por isso. E já sinto um carinho imenso por ele. Como se ele fosse o pai que eu nunca tive.

Eu sei que é muito cedo pra dizer essas coisas, só que sentimentos são algo que não dá pra controlar.

Você sente, e pronto. Toda vida eu fui muito ingênua em relação às pessoas, eu não via maldade nelas, mas convivendo com pessoas perigosas, eu aprendi a perceber quem é ruim.

A maldade está por trás de um sorriso de gentileza.

E esse senhor nem sorrir muito, já mostra que ele é diferente.

—– Se você quiser, pode ficar na minha casa com o menino, até você conseguir se estabilizar, eu estou precisando de alguém pra me ajudar aqui na farmácia, o salário não é bom, mas acredito que é melhor do que não ganhar nada, an?

—– Eu agradeço, mas eu não posso aceitar.

—– E o que pretende fazer? Dirigir por aí sem rumo até dar de cara com a morte...

—– Desculpa, eu não entendi.

—– Não se trata de uma simples picada de mosquito, se trata da imunidade do seu filho que está baixa, e a sua também...

—– Eu sei me cuidar...

–— Bebendo água de rio, comendo de vez em quando, e como pretende pagar pela comida, já que não tem dinheiro, vão virar saqueadores?

Noah riu e eu o repreendi com o olhar.

—– Eu agradeço tudo o que o senhor fez pela gente, mas não podemos ficar— Peguei o Noah pelo braço e sai puxando ele, já que ele se recusava a ir

—– Eu não quero — Se soltou — Estou cansado, minhas pernas estão doendo

—– Eu sei, filho, mas a gente já está quase chegando em casa, aguenta só mais um pouquinho

—– Que casa? Não tem casa nenhuma, você só fica mentindo pra mim, o tempo todo — Disse com lágrimas nos olhos — Fala logo que a gente tá na merda

—– Não fala assim comigo — Bati no rosto dele por impulso

Ele me encarou assustado, em seguida saiu correndo pra fora da sala.

—– Noah.

—– Deixa, ele vai voltar — O Medico disse se aproximando

—– Eu sou uma mãe ruim, uma pessoa ruim, não mereço — Enterrei o rosto nas mãos

—– Ei, não fique se martirizando — Ele tocou o meu ombro, a gente tenta ser o melhor que podemos ser, não nascemos perfeitos

—– Você não entende, eu estraguei tudo...

—– Não estragou não, ainda dá pra consertar...

—– Como?

—– A vida é feita de recomeços, minha jovem, você só precisa ter força de vontade e coragem pra deixar o passado pra trás, e eu posso te ajudar nessa

Tive vontade de abraçá-lo, mas senti que não deveria.

—– Vamos, eu moro sozinho, a Dafne é minha filha, mas não mora comigo, ela trabalha aqui na farmácia porque é a única forma que ela encontrou de ficar perto de mim...

—– A atendente é a sua filha?

—– Sim, e acho que você a traumatizou  — Disse de bom humor — Ela merece um pedido de desculpas, você não acha?

—– Sim.

—– E então, o que você me diz? — Perguntou pegando o seu casaco e o chapéu

Eu não sabia o que fazer. Uma parte de mim queria aceitar, mas a outra tinha dúvidas se era uma boa ideia, mesmo que ele passe uma boa impressão, não significa que seja realmente uma pessoa boa.

—– Noah, temos que ir — Gritei olhando pro médico

Ele suspirou pesadamente.

—– Eu sei como se sente, tem medo que ao invés de médico eu seja o monstro, não é mesmo? Você não é a única, e eu vou entender se não quiser, a escolha é sua, não vou te pressionar

Ele colocou o chapéu e passou por mim, cabisbaixo.

Eu senti pena dele, até porque ele parecia incomodado com algo.

—– Ei, espere

Ele parou no meio do caminho, depois virou e me encarou.

—– Tá bom, vamos com você.

Eu posso estar fazendo a pior escolha da minha vida, mas se eu não tentar posso estar perdendo uma grande oportunidade. Ele é médico, e as chances de eu ter uma gravidez saudável sob os cuidados dele, é gigantesca.

Melhor do que me arriscar por aí, sem saber o que me espera. A saúde do Noah é frágil, e ele pode acabar contraindo uma doença mais grave.

Sem contar que está começando a esfriar e não temos sequer um cobertor pra passar a noite.

A temperatura por aqui costuma ser extrema em relação ao frio. E o risco de morrermos de hipotermia é maior.

Se vai dar certo ou não, eu só vou saber se tentar.

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