Love Me Better

By CabellitaQ

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A realização do sonho de uma vida pode ser o motivo de uma das maiores felicidades possíveis de se alcançar... More

Prólogo
Pré-sináptico
Muffins de Pistache I
Muffins de Pistache II
Pulsações Cardíacas
Cheesecake de Limão Siciliano
Acidose Metabólica
Brigadeiro
Entremet
Bitter Chocolate Mousse
Gelato
Sistema Nervoso Simpático
Ocitocina I
Ocitocina II
Muffin de Chocolate com Morango
Fouet
Sinergia

Tiramisù

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By CabellitaQ

Olá! Tudo bem?

Gente, desde o prólogo eu disse, com todas as letras, que LMB é um drama, e desde que eu comecei a falar sobre ela no tt, no cc e aqui, sempre falei que era meu drama clichê ou não. Não é novidade para ninguém.

Quem quiser ler, bem-vindo, quem não quiser, tá super de boa não ler.

Quem me acompanha sabe que não precisa se preocupar com endgame. Curtam a fic, o "como" e a construção.

E tem música! Eu sempre considero a letra pra colocar indicação pra vocês e as de LMB são muito significativas, eu super indico ouvir e ver a tradução, principalmente. Pra quem está teorizando, até a minha inspiração veio delas, inclusive a desse cap foi uma das maiores.

Eu realmente não sei não ser boca de sacola né? Eu ajudo vocês pra caramba! Fico caçando se alguém acertou na teoria e até agora... Ainda ninguém.

É isso, cheiro.

Bora lá,
Enjoy.

___________________________________________

Tiramisù: sobremesa tipicamente italiana, cujo nome significa "levanta-me" ou "puxa-me para cima" devido ao alto valor energético dos ingredientes. Amada por muitos, mas detestada na mesma proporção. Não é um sabor fácil de agradar a todos os paladares, o doce presente no chocolate e nas camadas de creme mascarpone duelam, ou harmonizam, depende do ponto de vista, com o amargor residual deixado pelos biscoitos banhados em café.

Assim como uma simples sobremesa pode causar um grande conflito de gostos entre pessoas e até mesmo duelar em seu próprio paladar, algo ou alguém pode ser a felicidade de um e a dor de outro, ou os dois para a mesma pessoa, por que, não?

🥧

Camila.

Atlanta, fevereiro de 2023.

Mamá, eu não quero ir para a escola! — Olhei pelo retrovisor e pasme, eu sabia que um dia eu ia pagar minhas birras com a minha mãe, mas eu jurei que essa menina ia ter pelo menos uns 12 anos de idade para fazer isso, mas ela conseguia me fazer sentir pagando essa penitência com seus quase 4 anos.

— Aggy, não começa com isso, por favor, mi hija. — Todas as vezes que eu falava daquela forma com aquela pessoinha, eu enxergava o sorriso da minha mãe desenhado na minha cabeça, aquele que ela me dava quando não verbalizava o "eu avisei", mas que valia tanto quanto a frase.

— Mas eu não quero! — Enquanto eu respirava fundo, Aggy cruzava os pequenos braços contra o peito e fazia um enorme bico.

— Por que você não quer ir hoje? Você adora a escola e seus amiguinhos. — A olhei pelo espelho aproveitando o sinal vermelho ter me obrigado a parar o carro.

— Eu quero ir para a Azúcar com você, mamá. — Eu segurei meu sorriso, porque no fundo, lá no fundinho, eu amava que a Aggy gostasse tanto de estar na Azúcar e dividisse desde pequena essa paixão comigo assim como eu havia dividido com minha mãe.

Se Aggy crescesse e quisesse seguir outros caminhos, eu daria todo o apoio, ela seria o que ela desejasse, mas eu estava feliz por ter indícios de poder dividir a cozinha com minha garotinha ao menos um pouco.

Mi amor, eu vou te buscar na escola quando acabar sua aula e você ficará na Azúcar comigo, mas só se você parar de fazer birra e ir para a escola direitinho. — Vi os olhos dela se tornarem esperançosos e conflitantes.

— Mas vai demorar... — choramingou um pouco, porém eu sabia que ela estava considerando ceder.

— Vai passar rápido, você vai brincar com seus amigos e nem vai notar.

Aggy inflou seu pequeno tórax e soltou longamente o ar. Contrariada, mas aceitando minha proposta.

— Põe o Na na na ? — Abri um largo sorriso para o pedido dela. Embora a letra não fosse para uma criança, ela ouviu essa música em algum lugar e me fez ficar louca tentando descobrir o que era esse tal de "na na na".

Liguei o som do carro, e como esse pedido era recorrente, meu app de música já tinha essa como favoritada e eu a deixava ouvir do minuto 2:00 para frente, ela realmente só gostava de imitar aquela parte.

Havana uh na-na — Comecei a cantarolar para animá-la, seguindo a voz da cantora latina que ecoava pelos alto-falantes do carro, e ela entrou no clima comigo.

Sua vozinha infantil só fazia o uh na-na, e eu me derretia. Mãe boba, não é? Pois é, eu era apaixonada nessa garota de sorriso fácil e que fazia meus dias infinitamente melhores do que um dia eu imaginei que pudessem ser.

Minha vida tomou rumos que arrancaram meu chão, mas amar Aggy me ajudava a me refazer aos poucos.

Distraída com a música, Aggy parou de reclamar sobre ir para a escola, esqueceu mais ainda suas lamúrias quando encontrou dois de seus amiguinhos na entrada e mal olhou para trás antes de sair correndo para dentro com a mochila nas costas, a lancheira nas mãos e um aviso para ela não correr.

Meus planos do ensino médio foram bem-sucedidos. A maternidade só veio após minhas formações, embora eu tenha sido pega completamente desprevenida para ela de qualquer forma.

Parte de mim ainda se perguntava se o melhor para Aggy era mesmo ingressar tão cedo na escola, mas eu acreditava que sim, era melhor do que estar em casa com a babá. Eu queria me dedicar a ela e me dobrava em três para fazer isso, mas a Azúcar também exigia muito de mim.

mamá e eu, lá nos primórdios, não tínhamos dimensão do que a Azúcar poderia se tornar. Tínhamos a matriz em Atlanta, mas praticamente 10 anos depois de sua inauguração, haviam franquias da nossa confeitaria até fora da Georgia.

Uma delas inclusive levava meu nome. Eu era incapaz de negar meu orgulho de ter uma de nossas confeitarias totalmente projetada e planejada por mim, ostentando o nome "Azúcar by C. Hayes" em sua fachada.

Alegrias e dores, porém, nada tirava meu orgulho pela minha conquista.

Minha rotina era puxada, eu não tive tanto tempo assim para me adaptar a vida corrida da confeitaria sendo praticamente sócia da minha mãe antes de me tornar mãe. Dar conta da Aggy e da minha vida profissional era um trabalho que eu não daria conta sozinha.

Sorte minha que eu não estava sozinha.

Cheguei apressada na confeitaria que agora tinha o dobro do tamanho da inaugurada em 2013. Drew cresceu profissionalmente conosco tanto quanto a Azúcar. Agora era gerente do lugar e tinha a organização na palma de sua mão.

— Bom dia, chefinha. — O sorriso dela sempre me contagiava. Peguei o café de suas mãos, ela o tinha gentilmente preparado para mim todos os dias, e deixei um sorriso realmente grato ao provar da bebida que também fazia sucesso em vendas.

— Bom dia, Dred. — respondi escondendo o sorriso atrás de um gole da bebida.

— Meu nome é tão curto, faz 10 anos que eu me pergunto porque você acha "Dred" tão mais interessante do que "Drew".

— Justamente para você continuar se perguntando isso. — Mostrei todos os dentes para ela e ela revirou os olhos. Passamos pela entrada da cozinha, fazendo o caminho do vestiário e Drew me acompanhou enquanto eu me higienizava da rua e colocava a paramentação.

— Você tem sorte que eu gosto de você.

— Isso eu tenho mesmo! — Sorri largamente para ela que balançou a cabeça em negação. — Minha mãe deu sinal de vida?

— Sinto um tom enciumado no ar, little Hayes? — Não importa o quanto mais velha eu fosse com o passar dos anos, sempre seria a "little Hayes" dentro da Azúcar.

— Lógico! Ela liga mais para você do que para mim. E quando me liga, é para fazer chamada de vídeo com a Aggy. Sabe, ninguém me avisou que quando eu tivesse uma filha, eu seria esquecida. — Me virei de costas para que Drew me ajudasse a prender o avental em minhas costas enquanto eu arrumava meus cabelos dentro da touca.

— Agora você já sabe. — Recebi um tapa na lateral do quadril e não me aguentei em rir com ela. — Sem falar que sua filha é o serzinho mais adorável desse mundo.

— É, eu sei. — Falei convencida porque sim, eu morro de orgulho daquela garotinha. — Tive que prometer que vou pegar ela para terminar o dia aqui comigo ou ela não ficaria na escola de jeito nenhum. Eu não sei de onde vem esse jeito tão genioso dela.

Resmunguei me conferindo no espelho e amando a visão da paramentação em mim, estava pronta para mais um dia do trabalho que eu amava.

— Nossa, eu nem imagino... — Drew revirou os olhos me acompanhando até a porta de entrada da cozinha. — Sabe, a outra parte é um amor. Eu não saberia mesmo dizer de onde veio tanto sangue quente latino para a Aggy.

Abri minha boca indignada pela insinuação ousada da mulher que cada ano que passava tinha o cabelo um pouco mais escuro, mas sem nunca perder aquele tom acobreado lindo. O sorrisinho de lábios fechados, marcante e característico dela, dançava em seu rosto, provocando meu humor, mas nunca conseguindo me tirar do sério de verdade.

— Sorte sua que eu tenho muito trabalho a fazer hoje. — Fiz uma careta de deboche, decretando o fim da conversa e entrei de uma vez na cozinha, deixando ela completamente para trás, mas rindo por dentro. Claro que Aggy também tinha isso de mim, ela puxou tudo de mim.

Minhas mãos estavam mais do que acostumadas ao passo a passo de cada massa, recheio, textura e movimento que eu precisava fazer na minha rotina dentro da cozinha.

Minha mãe e eu não precisávamos mais literalmente colocar a mão na massa, mas eu me esforcei tanto para me formar na Le Cordon Bleu para simplesmente mandar os outros fazerem? Não, meu prazer era eu mesma fazer minhas criações e compartilhar meu conhecimento com os demais confeiteiros que trabalhavam comigo na cozinha.

Uma das poucas receitas que não passava mais pelas minhas mãos com tanta frequência era o carro chef da Azúcar, aquele fatídico muffin de pistache.

Era castigo o suficiente o que eu já fazia comigo mesma sem ter que lembrar dela em cada fornada do muffin.

Com o tempo, outras criações vieram, incrementei um pouco do que minha mãe já produzia com toques da culinária francesa, e o que eu acreditava que atraía as pessoas para a nossa confeitaria era justamente essa falta de predominância cultural.

Exemplo perfeito eram os muffins. Eles tiveram origem na Inglaterra, em registros de cerca de 300 anos atrás, eram queridinhos dos americanos e na Azúcar, o campeão em vendas era aquele da massa de paçoca, doce bem brasileiro. Uma bela mistura.

Era muito fácil eu me esquecer da vida na cozinha, havia perdido há alguns anos o vício em redes sociais, não tinha nenhuma além da página da Azúcar no Instagram para marketing, e nem mesmo era eu que gerenciava, estava aos cuidados da empresa de Hailee, que se tornou uma excelente profissional nesse ramo.

As horas correram aquele dia, Aggy estava a pouco tempo na escola, por mais que fosse muito adaptável, eu deixava apenas meio período nos primeiros meses, mas agora estava começando a estender um pouco suas horas lá, pelo menos enquanto eu estivesse ocupada, ela estaria com outras crianças e não apenas com a babá.

Quando minha mãe estava na cidade, eu buscava minha pequena e ficava com ela o período da tarde e quase sempre ela insistia que queria ficar aqui na confeitaria.

Tendo dona Sinuhe para tomar conta da cozinha, eu tinha maior disponibilidade para ficar com Aggy, mas essa semana minha mãe não estava em Atlanta, estava em uma de nossas outras filiais para visitas de inspeção de rotina. Consideramos muito importante a qualidade do lugar que leva nossa marca e como é difícil viajar a trabalho com a Aggy, acabou que essa parte ficou para Sinu.

mamá ainda insistiu para que eu fizesse essa viagem, era curta e Aggy ficava muito bem com ela, já havia passado da fase de ser totalmente dependente de mim e dormia com a abuela dela de vez em quando... Quando eu estava exausta demais da minha vida e queria aproveitar um pouco.

Almocei porque Drew me tirou do meio dos meus doces, ela nem se importava mais em fazer isso e muito menos em perguntar o que eu queria, além de gerenciar a confeitaria, ela também gerenciava minha rotina lá dentro.

Meu celular esquecido no bolso só tinha algumas mensagens da minha mãe e uma outra me avisando que não teria jogo aquele dia. Estiquei minhas costas e juntei as sobrancelhas com o número que estava me ligando na minha pausa da tarde.

Alô? — Atendi no segundo toque porque era da escola da Aggy.

Senhora Hayes? — A voz feminina questionou confirmando minha identidade.

Sim, sou eu. — Falei logo, me perguntando se havia algo de errado. Ansiosa como eu sou, a gente sempre acaba pensando o pior.

Senhora Hayes, eu sou a Aretha, diretora da escola da sua filha. — Assim que ela começou a falar eu me levantei, pois me lembrei do episódio anterior que tive que correr com ela para o hospital por Aggy ter comido um pedaço do lanche de um coleguinha que tinha queijo e ela ser alérgica a proteína do leite de vaca. — Ela está reclamando de dores na barriga e vomitou, parece estar enjoada e está chorosa pela senhora. Pode vir buscá-la?

— Ela comeu algo fora o que mandei de lanche para ela? — perguntei urgente e prevendo a resposta.

Um coleguinha dela levou um bolo de chocolate para o lanche, a professora acha que ela pode ter comido... — Não disse? Eu tinha certeza! Eu gostava da professora da Aggy, mas era a segunda vez que eles falhavam com os olhos sobre ela.

Sabe os pensamentos sobre os eventos canônicos do passado? Igual aquele último sábado de agosto de 2013? Já me peguei pensando que talvez se Aggy não tivesse comido aquele bolo de chocolate, teria caído, comido algo escondido em casa, se machucado de qualquer outra forma, mas eu ia parar no pronto socorro do Children's Healthcare of Atlanta de qualquer jeito.

A mulher mal havia acabado de falar e eu já estava tirando toda a paramentação da cozinha e falando em mímica com a Drew que eu estava saindo correndo para a escola da Aggy.

Eu, sendo mãe de primeira viagem, logicamente me desesperava com qualquer coisa que pudesse acontecer com aquela criança, tanto por ela ser meu mundo inteiro quanto por odiar vê-la com qualquer tipo de dor ou desconforto. A gente sempre quer ver bem a quem a gente ama

Entrei no meu carro e acelerei pelas ruas de Atlanta. Meu pensamento só estava em Aggy, no desespero da primeira vez que a vi inchando pela intoxicação com o leite, mas logo me lembrei da Dra. Ellie Goulding me acalmando e me ensinando a lidar com essa característica da minha filha, afinal, eu era uma confeiteira e derivados de leite era uma das coisas que mais tinha na minha casa.

Pensar na Dra. Goulding me fez lembrar que ela estava quase saindo de licença maternidade e eu não havia achado outro médico que me inspirasse confiança o suficiente para cuidar da Aggy. A Dra. Goulding a acompanhava desde bebê e eu confiava muito nela e no cuidado dela com a minha filha.

A escolinha da Aggy não ficava nem a dez minutos de distância da Azúcar, justamente por eu sempre estar na confeitaria e poder estar por perto em alguma emergência, como essa.

Com exatos dez minutos da ligação, eu estava parando o carro em frente a escola infantil e saindo como um furacão de dentro, com meu casaco parcialmente aberto e sem me importar com o frio intenso.

Encontrei Aggy sentadinha e chorosa em uma das cadeiras perto da coordenação ao lado de uma das cuidadoras da enfermaria. Os tênis nos pés, o casaco um pouco aberto e aquele gorro verde que ela adorava na cabeça. Eu reconhecia aquele pontinho de ervilha de longe em qualquer lugar.

Os olhinhos se iluminaram ao me ver, como se eu fosse a solução de seus problemas. Ela pulou da cadeira com as mãozinhas sobre a barriga e os olhos se enchendo de lágrimas querendo sair enquanto vinha o mais rápido que conseguia na minha direção com os lábios tremendo o chorinho contido.

Me abaixei e recebi ela se jogando nos meus braços. Eu jamais conseguiria explicar a sensação de ter esse grande amor da vida me tendo como sua fonte de segurança.

Mamá, está doendo minha barriga. — Me cortava o coração a voz chorosa de Aggy reclamando de sua dor.

Mi amor, você comeu alguma coisa além do lanche que eu te mandei?

Ela me olhou completamente culpada e as lágrimas se derramaram quando sua pequena cabeça assentiu algumas vezes.

— Desculpa, mamá. Eu queria bolo... — Ergui os olhos na hora e a diretora estava atrás de nós, mas me deixando conversar com Aggy antes de interromper.

— Senhora Hayes, boa tarde. — Me levantei segurando Aggy em meu colo e Aretha, a diretora que me ligou, se apressou em se explicar. — Nós temos completa ciência das restrições alimentares da Agatha. Um coleguinha dela trouxe um bolo caseiro e muitas crianças pegaram de uma vez, nós não vimos a Agatha pegar, algum deles deve ter dado para ela posteriormente... Eu sei que não justifica, mas não vai acontecer novamente! — A mulher que aparentava idade avançada e uma simpatia esbanjadora, parecia até um pouco envergonhada pelo ocorrido, mas transparecendo toda sua firmeza nas expressões marcadas pelo tempo na pele negra e brilhosa.

— Boa tarde, diretora Franklin, eu lembro que me foi dito a mesma coisa da primeira vez. — Eu não tenho o costume de ser grosseira com ninguém, mas eu confiei em um local para deixar minha filha e já era a segunda vez que eles haviam falhado com ela. — Porém, isso não importa agora, conversaremos em outro momento, a Aggy precisa de cuidados.

Aretha assentiu parecendo querer falar algo mais, porém Aggy foi mais rápida que nós e se inclinou no meu colo golfando parte do que comeu direto ao chão. A cuidadora da enfermaria se aproximou rapidamente e eu sabia que dali era direto para o hospital, principalmente pelas placas vermelhas que estavam cada vez mais evidentes na pele dela. Urticária, eu havia aprendido sobre com a Dra. Goulding e que poderia acontecer.

As duas mulheres trataram de ir chamar a limpeza e me dispensar com Aggy, desejando rápidas melhoras para ela e concordando com uma conversa que teríamos posteriormente.

Aggy se agarrou em mim e seu chorinho incomodado entrava dentro dos meus ouvidos me fazendo agir o mais rápido que eu podia. O percurso até o Children's Healthcare of Atlanta foi eu tentando conversar com ela, perguntando seus incômodos e com receio da reação alérgica ficar mais severa e atingir suas vias respiratórias.

Quando saí do carro parado no estacionamento do hospital, a pele de Aggy aparentava ainda mais vermelha e empelotada sob a roupa do que quando a coloquei lá dentro. Com ela no colo, a minha bolsa no ombro e a mochila dela do outro lado, já que ela estava nauseada e seus pertences estavam lá dentro, entrei no pronto-socorro infantil já informando na triagem o quadro dela.

Para nossa sorte, haviam poucas crianças para serem atendidas. Eu estava na esperança de encontrar a Dra. Goulding, mas fui informada que ela não estava de plantão. Tudo bem, eu só precisava que minha pequena fosse atendida e conhecia o suficiente para ter uma noção do que dariam a ela, eu apenas não tinha receita médica para comprar algo que realmente fosse lhe dar um alívio mais rápido e também não me considerava, de forma nenhuma, apta para medicar Aggy em casa se eu poderia ter um profissional para fazê-lo.

— A espera não está longa. Sua filha será atendida logo, senhora Hayes. — A atendente me informou cortês.

Eu tinha uma mania de limpeza por causa da cozinha da confeitaria, então não gostava de soltar Aggy em ambientes hospitalares. Isso me fazia estar com todas as minhas bolsas e minha filha ainda no colo, tentando conversar com a mulher da recepção e assinar com apenas uma das mãos os papéis necessários para que Aggy fosse atendida.

— Qual o nome do médico de plantão hoje? — Eu sempre perguntava, pois já conhecia alguns no hospital.

— É uma médica nova aqui, mas muito boa. — Me garantiu a moça. Normal eles tentarem passar confiança para o paciente. — Dra...

Mamá, caiu... — Aggy me cutucou, mostrando que tinha derrubado o paninho que eu havia deixado na mão dela caso ficasse nauseada. Eu estava com tanta coisa nos braços que ele se enroscou na bolsa e eu o peguei de volta antes que caísse no chão.

Voltei os olhos para a atendente e eu juro que aquela mulher me olhava do outro lado do grande balcão como se estivesse compadecida e quisesse me ajudar com aquele monte de coisas.

— Desculpe, eu não ouvi... Quem é a doutora? — perguntei curiosa, mas outra vez, Aggy me chamou e seu choramingo tomou toda a minha atenção.

Eu sei que a moça respondeu, mas eu não faço a mínima ideia do que. Desisti de saber, eu descobriria em poucos minutos de qualquer forma. O melhor a se fazer era me sentar com Aggy e esperar que ela fosse atendida de uma vez.

Ela estava impaciente e eu não poderia culpá-la, é horrível estar se sentindo mal. Minha cabeça girava em torno do que fazer em relação a escola, eu estava perdendo a confiança neles, mas também tinha consciência de que crianças podem ser traiçoeiras. Eu precisava que Aggy aprendesse a dizer não, ela estava sujeita a estar em situações que ela mesma teria que negar, mas era tão pequena para ter essa consciência. O que eu faria?

Acariciei seus cabelos na parte exposta, estava muito frio e Aggy ajeitava o gorrinho na cabeça com as próprias mãos. Ela continuava com aquela expressão chorosa, mas quieta em meus carinhos e esperando o que seria a solução de suas dores. Se fosse possível, eu tiraria a dor dela e colocaria duas vezes mais em mim apenas para não ver seus olhinhos caídos daquela forma.

Em um momento de impaciência, ela começou a resmungar e chorar baixinho que queria ir embora logo. Aggy nunca foi escandalosa, seu choro alto era apenas quando não sabia falar e se expressava por ele, mas desde que começou a se expressar por palavras, Aggy era muito mais falante do que chorona.

— Agatha Hayes? É sua filha? A doutora acabou de chamar. — Uma moça com o uniforme do hospital que me percebeu distraída em Aggy resmungando, me avisou gentilmente.

— Obrigada! — Me levantei, ajeitando minha pequena contra meu ombro e Aggy se aninhou em mim.

— Quero ir para casa, mamá. — Ela disse baixinho, coçando o próprio braço e eu andei confiante até a porta aberta.

Cada pessoa tem sua forma de lidar com a vida e as desventuras em série dela. Há quem queira resolver tudo de uma vez, há quem parece que não quer resolver nunca e há pessoas como eu, que acreditam que determinadas coisas não tem solução.

Meu foco era Agatha há tempo o suficiente na minha vida para eu ter começado a acreditar que não precisava me preparar para aquele momento. Ou, que se precisasse passar por ele, que eu teria aviso prévio.

Tive aviso? Nenhum. Estava pronta? Jamais. Isso impediu o que aconteceu a seguir? De forma alguma. A vida só nos atropela mesmo.

— Aggy, nós já vamos embora, já é nossa vez... — Minha frase morreu ao entrar na sala.

Meus verdes de pistache... Evento canônico, não?!

🩺

Narrador.

Não foi só a frase de Camila que morreu ao entrar naquela sala. Também morreu um ciclo enevoado por perguntas sem respostas, um período de silêncio avassalador e que estava sendo muito bem representado dentro das paredes daquele consultório. Pois até mesmo Aggy se calou.

Fazia quase cinco anos desde a última vez que se lembrava de ter aqueles castanhos cheios de significados ocultos lhe invadindo de perto, quatro anos e sete meses para ser mais exata, porque sim, Lauren estava contando, embora tivesse começado a negar isso para si mesma há algum tempo.

A morena encarava Camila completamente perplexa e duvidou por um efêmero momento de suas deduções e até de suas faculdades mentais. Que aquela menina fosse irmã, prima, sobrinha... Mas Camila nem mesmo tinha irmãos. Não tinha para onde fugir da resposta.

Levou os olhos quase desesperados para o papel, apenas para confirmar a informação que a massacraria internamente. "Responsável", "mãe", "Camila Cabello Hayes".

— Senhora Hayes? Algum problema? — A mesma moça que a avisou sobre o chamado ainda se encontrava do lado de fora e não havia quem presenciasse a cena e não percebesse as duas mulheres se perdendo em um mundo completamente paralelo ao se verem.

Camila mal conseguia ter algum pensamento coerente em suas alternativas, aliás, tinha alguma? Havia se escondido dentro de Atlanta enquanto deixava o mundo para Lauren. Ela não era capaz de desviar o olhar para a moça do lado de fora, então apenas balançou a cabeça em negativo até que a mulher as deixassem, puxando a porta para dar privacidade à consulta.

Se dentro de Camila, seu castelo de areia erguido vagarosamente pelos anos estava sofrendo um abalo sísmico imparável, dentro de Lauren tudo o que fez sentido ao ver aquela criança, deixou de fazer sentido por todas as novas perguntas que vieram em enxurrada na sua cabeça.

A morena colocou as mãos na mesa para se levantar, e suas pernas só foram capazes de fazê-lo porque, sendo médica, era sua obrigação ter seu emocional controlado, não importava a situação.

O silêncio teria continuado se não fosse a criança nauseada voltar a se inclinar para frente e finalmente colocar para fora tudo que estava em seu estômago no chão do consultório. Foi o clique de Lauren e também o de Camila, em perceberem que por mais que tivessem um abismo de anos entre elas, o motivo da duas estarem ali era a garotinha e suas dores.

— Agatha, não é? — Lauren se esforçou para que sua voz saísse firme e imparcial. Impossível. A confeiteira teve que engolir todas as sensações de ter aqueles olhos sobre ela e o nome de sua filha nos lábios da morena. — O que ela tem? — Lauren continuou após a falta de resposta.

— Contato acidental com leite. Ela é alérgica... APLV. — A informação saiu ainda em transe, apenas saiu porque era sobre Aggy.

— Senta ela aqui. — A médica se colocou em pé ao lado da maca forrada, Camila não sabe o esforço que a Dra. Reeves fez para simplesmente andar, e a confeiteira se moveu para colocar a garotinha sentada onde Lauren indicou.

Aggy não dizia uma palavra, nem mesmo para reclamar algum incômodo. Parecia hipnotizada com a mulher que se abaixou em frente aos seus grandes olhos castanhos mais claros e sorriu para ela.

A médica tirou de dentro de si uma força descomunal para aquele ato, mas era sua paciente, não importava de quem ela fosse, era uma criança que precisava de seus cuidados e nem mesmo Camila iria abalar sua capacidade de fazer o que havia escolhido dedicar sua vida em fazer.

— Você poderia abrir a boca para mim, Agatha? — A pequena nem ao menos questionou, abriu a boca e se deixou ser avaliada enquanto se perdia nos verdes que rondavam seu corpo, tocando-a delicadamente para ver as manchas e olhando a extensão por onde era possível levantar a roupa.

Verificou que as vias respiratórias estavam livres de inchaço e se dirigiu em silêncio para o computador na sala. Se demorou muito mais do que demoraria com qualquer outro paciente, porque relia o nome de Camila mais vezes do que era saudável, trocando o olhar entre o nome e a criança. Olhou o histórico de Aggy com a Dra. Goulding e a única pergunta que fez para Camila foi sobre alergia medicamentosa e se havia mais alguma reclamação além daquela que havia escutado.

Sentia-se torturada, fora de órbita e que a sala ficava cada vez menor com aquelas duas lá dentro. Seus olhos traiçoeiros fugiam do computador para a garotinha... Tão Camila.

Quase os mesmo olhos castanhos e nariz perfeito, o rosto um pouco mais redondo e gordinho devido a pouca idade dos traços infantis, a pele era levemente mais clara do que de sua mãe, mas os olhos... Arrebatadores e intensos tanto quanto os dos castanhos ao lado e ambos não saíam dela.

Se ter uma Camila em suas lembranças era um tapa continuo em sua sanidade, estar na presença de duas a atordoava de um maneira insana.

Enviou pelo sistema as prescrições que fez para a filha da Hayes e juntou todas as suas forças para falar.

— Pode ir para a sala de medicação. Fiz a prescrição com medicamentos que ela já teve contato antes e que vão bastar para fazê-la se sentir melhor. A dieta você já sabe, não é? Trata a APLV dela desde bebê.

— Sim, eu sei. — Camila não era capaz de responder nada além das palavras monossílabas.

O silêncio que voltou a se fazer na sala determinou o final da consulta, porque Lauren não estava sendo capaz de determinar final em nada. A confeiteira se levantou com suas bolsas e sua garotinha no colo, enxergando pouca coisa na sua frente além da porta de saída da sala. Precisava desesperadamente sair dali e seus passos foram apressados assim que se firmaram no chão.

— Camila!

Mas lhe foi impossível ignorar o chamado por seu nome, agora sem a distância, quando Lauren perdeu a batalha interna consigo mesma e parte de seu profissionalismo.

— Camila... — O nome repetido em um tom muito mais baixo indicava que era um chamado além de para a mãe da paciente da Dra. Reeves.

— Não... — Camila apertou Aggy em seu colo como se estivesse se agarrando ao seu último refúgio e andou para fora sem olhar para trás.

Chegou entalada na sala de medicação, mas Aggy era mais importante que seus próprios sentimentos. Enquanto Hayes tratava o alívio dos sintomas de sua filha, a Dra. Reeves perdia seu norte, deixando o consultório em direção a sala dos médicos. Sendo obrigada a cumprimentar seus colegas e fingir que não tinha perdido seu chão outra vez naquela sala.

🩺

Lauren.

Play: Out Of Love – Alessia Cara

Quantas vezes eu era capaz de repetir na minha cabeça a cena de Camila entrando e saindo daquela sala? Eu poderia ser uma cobaia de estudo sobre isso neste exato momento, porque eu duvidava que outro ser humano em sã consciência reviveria uma cena mais vezes do que eu por segundo.

Graças a Deus aquela garota era minha última paciente, pois eu não tinha condição alguma de atender mais ninguém depois de vê-las saindo da sala. Meu peito subia e descia puxando desesperadamente ar para que meu choro não viesse, eu precisava entregar meu plantão.

Para minha sorte, Agatha... Então foi esse o nome que você escolheu para sua filha? Seria liberada depois da medicação se não houvesse nenhum contratempo, mas pelo histórico dela, eu não acreditava que teria.

Depois de passar para o médico do plantão seguinte a única paciente que eu havia deixado, mas que não precisaria dele, entrei na ala dos armários e peguei minhas coisas o mais rápido que eu consegui. Estava sufocada com meus próprios pensamentos, entendimentos e percepções.

Foi por isso que você sumiu?

O caminho para o meu carro parado no estacionamento era nublado pelos meus próprios olhos. Quando entrei no Nissan, me dei conta que lembrava de ver o tempo com algum sol na hora do almoço, mas agora as nuvens no céu estavam fechadas e o frio predominante.

Meu corpo sentia muito frio, mas era interno, como se tudo dentro de mim estivesse gelado e se tremendo. Eu havia passado dias com a ilusão de ter me preparado para ver Camila, eventualmente aconteceria. Ela poderia estar com alguém? Sim, quantas outras pessoas nós não estivemos em todos esses anos? Mas eu me lembrava daquele pedido maldito.

Camila, me deixa te perguntar uma coisa. Quando você deixou de estar apaixonada por mim?

Meus pés e mãos não me obedeciam a se movimentar dentro do carro para sair dali, não sabendo que Camila estava dentro do hospital, no segundo andar, sala 14, medicando sua filha!

Aggy, assim que Camila a chamou, era a resposta que eu tanto havia procurado sem a mínima noção que ela existia. Fazia sentido... Tantas coisas fizeram sentido. As ligações rejeitadas, o sumiço das redes, a falta de notícias que fizessem sentido e as meias palavras das pessoas de seu passado.

O tempo fora das janelas do carro ficava cada vez mais escuro, meu celular tocava e eu não tinha nem a reação de olhar para ele. As mãos grudadas no volante se apertavam até doer meus dedos. Eu devo ter ficado mais de uma hora lá dentro apenas olhando para a saída do estacionamento.

Que esperança idiota era essa de ver Camila de novo? Que tipo de idiota eu era? Meu Deus, uma filha... Camila estava o que? Casada? Eu não deveria me torturar assim, eu me machucava o suficiente com as minhas próprias lembranças.

Tive uma fagulha de amor próprio e liguei o carro, apenas para ser jogada de volta no calabouço da minha desilusão ao ver Camila saindo com a garotinha de gorro verde de dentro do hospital em direção ao meu carro.

Será que ela estava me vendo?

Sua expressão era totalmente isenta de sorrisos e a menininha se abraçava em seu pescoço com o rosto escondido.

Claro que ela não estava me vendo, meus vidros eram escuros e já estava de noite.

Segurei na maçaneta da porta e a abri, estava pronta para chamá-la de novo, eu tentaria outra vez, precisava escutar algo dela, qualquer coisa.

Mas meu chamado ficou na garganta ao perceber que ela se direcionava diretamente a alguém, com passos confiantes e destinados que nitidamente não eram em direção a mim. Eu estava prestando tanta atenção apenas nela que só percebi a aproximação quando ela estava acontecendo.

A garotinha a soltou e direcionou seus braços para o homem que vinha andando rápido de um pouco mais longe. Apertei meus dedos contra a porta, saindo lentamente de dentro do carro da mesma forma que minha mente processava a informação, incrédula de ver Nicholas dando um beijo na testa de Agatha e ela se aninhando nele da mesma forma que estava anteriormente em Camila.

Meus olhos travaram na cena do que parecia a família ideal. Ele a ajudava a guardar as bolsas no carro enquanto sorria tentando brincar com a garotinha e ela lhe dava um sorriso pouco animado, mas se esforçando para retribuir.

Camila não esboçava nenhuma expressão e também não tinha motivo algum para olhar na direção que eu estava, mas olhou, e com absoluta certeza ela viu muito mais do que eu queria ter mostrado.

Estava escuro, mas sua postura estática e ignorando tudo a sua volta para prestar atenção unicamente no meu coração despedaçando os cacos mal-acabados que eu havia levado anos para juntar, me dava a impressão que ela podia ouvir meus pedaços pelo chão como se fossem moedas se espalhando em piso de porcelana.

Nicholas falou com ela duas vezes enquanto colocava Agatha no carro e ela não se mexeu, me olhando enquanto nossos mundos atuais se moviam em colisão catastrófica, e se manteve assim até que Jonas olhasse na mesma direção que ela. Ele me viu.

Diferente dela que parecia petrificada no lugar, Nicholas se moveu na minha direção mais rápido que eu me lembrava que ele era, mas não o suficiente para me alcançar antes de eu entrar no carro e o tirar da minha vaga com agilidade para deixar aquele lugar. Eu ouvi meu nome, ele gritou, mas eu não dei ouvidos.

Eu havia entendido o suficiente.

🥧

Narrador.

Camila não trocou uma palavra com Nick desde que saíram do hospital. Ela olhava para fora do carro e Aggy, que já havia saído sonolenta do hospital devido ao antialérgico, estava em sono profundo no banco de trás.

Nicholas não tinha motivos para perguntar como ela se sentia, sabia a resposta. Camila nunca escondeu dele tudo o que sentia por Lauren.

Chegaram na casa que dividiam e o carro foi desligado sem que ninguém dentro se mexesse para sair. Os olhos perdidos da confeiteira continuavam para o lado de fora como se não enxergassem nada ali.

— Camila... — Ele tentou.

— Você pega a Aggy? — Ela o cortou, se repreendendo em seguida por isso. Não queria ser rude, Nick não merecia que ela fosse, mas não estava em condições de agir com tatos naquele momento. Todo seu esforço mental tinha sido para fornecer a Aggy o apoio e alento que ela precisava, não conseguia mais se esforçar em deixar a si mesma de lado para atender a necessidade de outra pessoa.

— Deixa tudo comigo. — O homem que já não era mais cabeludo como antes, disse.

Camila se moveu para fora do carro com sua bolsa em mãos e andou rapidamente para a porta de entrada, deixando todo o caminho aberto e livre para Nick passar com Aggy posteriormente. Subiu com pressa as escadas da casa grande e fechou a porta de seu quarto atrás de si.

Há anos guardava todos os seus sentimentos para depois, porque Aggy era tudo que importava, mas aqueles estavam demais para serem contidos.

Entrou no banheiro, arrancando o cachecol, casaco e o sapato, tentando tirar tudo que a sufocava. Porém havia algo que tentou tirar de si por quase cinco anos, mas não saía, apenas se transformava e se acumulava... A culpa.

Nicholas conhecia Camila bem o suficiente para saber que ela não sairia mais daquele quarto até o dia seguinte. Não era o momento de falar com ela ou incomodar o que ele tinha certeza que doía nela, pois doía nele também e doía muito.

Um fato inegável é que existia amor... Mas o amor nem sempre acerta em suas escolhas.

No apartamento em outro lugar, não tão longe assim, Lauren também chorava, pois já havia sido dito... Haveria dor para todos.

Enquanto três corações estavam pulsando suas dores, um pequeno e adormecido pulsava outro tipo de sentimento, muito alheio ao que era dor e sofrimento.

Pois Camila não viu, nem Lauren estava em condições de perceber o sorriso tímido de Aggy saindo pela porta e nem sua mãozinha levemente levantada e se balançando para aqueles verdes tão bonitos que ajudaram a sarar sua dor.

Ah, o coração humano... E as coisas que só percebemos depois que já existem, sem saber quando começou.

***
Twitter: CabellitaQ

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