Touch

By AnaCarolina836

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Ao deixar para trás Nova Iorque, Anna busca um novo começo na vibrante capital inglesa, mas encontra muito ma... More

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1 (continuação)
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Capítulo 25

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By AnaCarolina836

Carter

A segunda-feira começou com a rotina habitual. As aulas preenchiam o meu dia, proporcionando-me um momento de normalidade depois de um fim-de-semana... atribulado?

Eu nem sabia muito bem como definir os últimos dias, verdade fosse dita!

Assim que as aulas terminaram, enviei uma mensagem à Blake, combinando encontrar-nos num café próximo. Havia uma mistura de ansiedade e excitação enquanto me dirigia ao café. A nossa amizade estava a crescer, e eu começava a apreciar imenso a companhia dela.

O café estava repleto de estudantes ocupados com os seus portáteis e livros, criando uma atmosfera de concentração que me retomava à época em que eu era estudante. Assim que avistei a Blake, acenei-lhe e dirigi-me à sua mesa.

- Anna! - exclamou ela, levantando-se para me cumprimentar.

- Oi, Blake! - sorri, sentando-me.

Os nossos pedidos foram feitos, e enquanto esperávamos pelos cafés, a Blake não perdeu tempo em puxar assunto.

- Desta vez vais ter de me explicar tudo, Anna! - falou, com um brilho de curiosidade nos olhos.

- O quê? – perguntei, fingindo não entender o que ela queria.

- A amnésia súbita comigo não cola. – semicerrou os olhos, cruzando os braços – Tu tens um deus grego como meio-irmão e nunca te ocorreu contar-me?

- Deus grego? Não achas que estás a exagerar?

Os seus olhos arregalaram-se como se eu acabasse de a insultar ou algo do género – Estás maluquinha? Tu já olhaste bem para ele?

Sorri, achando a sua expressão exagerada.

- Ele é apenas o meu meio-irmão, Blake. Não é nenhum deus grego. - respondi, tentando não revelar mais do que o necessário.

A Blake inclinou-se para a frente, intrigada.

- Mas ele é bonito, certo? - insistiu, com um sorriso malicioso, como se estivesse a tentar comprovar algo.

- Sim, Blake, é bonito. – revirei os olhos - Mas também não é tudo isso que estás a afzer dele.

Ela anuiu com os olhos arregalados e lábios comprimidos, ainda de braços cruzados - Então? O que é que se passou no sábado?

- Dançamos, rimos, e, de repente, o Leonardo apareceu. – disse, sem demonstrar qualquer entusiasmo na minha voz.

- Leonardo, o deus grego a.k.a. meio-irmão? – riu-se a meio da pergunta.

- Sim, esse mesmo. – continuei sem mostrar qualquer emoção – Onde é que queres chegar com tudo isto? – eu não sabia bem o porquê de me sentir assim, mas as perguntas da Blake estavam a incomodar-me.

- Bem, houve olhares intensos, e em determinado momento, ele até te puxou para um canto para terem uma conversa mais privada. Por momentos pensei "Uau, isso está a ficar interessante!" - ela exclamou, com um sorriso sugestivo no canto dos lábios.

- Não foi nada de mais. Apenas uma conversa de meios-irmãos. – tentei desvalorizar a situação.

- Ahhhh Anna, não me venhas com essa treta. Existe uma tensão sexual clara entre vocês. – a Blake insistiu, parecendo entusiasmada com tudo isto.

- Blake, não exageres. Somos meios-irmãos. Não há nada para além de uma relação familiar. - argumentei, sem acreditar nas minhas próprias palavras.

- Se tu o dizes... Mas acho que há algo a mais nessa história. – a Blake provocou, de forma insistente - Caso contrário, porque terias tanta necessidade de frizar constantemente que vocês não passam de "meios-irmãos"? - perguntão fazendo aspas no ar.

- Para evitar pensamentos descabidos, como esses que estás a ter neste exato momento.

Os nossos cafés chegaram, interrompendo temporariamente a linha de questionamentos da Blake. Aproveitei o momento para mudar de assunto, tentando afastar-me das especulações sobre a minha relação com o Leonardo. A Blake, no entanto, não parecia disposta a desistir tão facilmente do tema que a intrigava.

- Mudando de assunto, como foi o teu domingo? - perguntei, esperando conseguir afastar a atenção para algo menos incómodo.

- Ainda quero saber mais sobre o teu irmãozinho, mas vamos deixar isso para lá, por agora... - insistiu, levantando a sobrancelha com malícia.

Eu suspirei, percebendo que a Blake não desistiria facilmente, mas agradeci por poder dar outro rumo à conversa, pelo menos, para já.

Ao chegar a casa naquela noite, encontrei a mansão num estado tranquilo. Os empregados já tinham preparado o jantar, mas a agitação habitual parecia ausente. Dirigi-me à sala de jantar e não vi ninguém, acabei por encontrar a minha mãe, que estava a trabalhar no escritório do Michael.

- Olá, mãe. - cumprimentei, batendo suavemente na porta entreaberta.

- Anna, querida! Entra. Estava tão concentrada no trabalho que nem dei pela hora. - disse, sorrindo.

Adentrei o escritório e abracei a minha mãe.

- Como foi o teu dia? - perguntou ela, afastando-se para me observar.

- Normal, suponho. - respondi, notando a expressão animada nos olhos dela.

- Estás a gostar de Londres, não estás? O Leo disse-me que estás a adorar!

Fiquei momentaneamente desconcertada. Porque raio é que o Leonardo tinha dito isso à minha mãe?

- Sim, está tudo bem. - respondi, mantendo-me vaga, mas confusa.

- Fico tão feliz por te estares a adaptar. E ver-te a ti e ao Leo a criar laços, como irmãos de verdade, é maravilhoso. - comentou, sorrindo como se tivesse acabado de partilhar a notícia mais incrível

A confusão instalou-se em mim. Que raio é que aquele idiota foi falar à minha mãe?

- Mãe, do que é que estás a falar? - questionei-a, tentando entender de onde ela tinha tirado aquelas ideias.

- Estou feliz por te ver a formar laços com o teu meio-irmão. O Leo disse-me que está radiante por te ter aqui connosco. Estava com tanto medo que não te adaptasses a esta nova vida! Mas vejo que estás realmente bem. – respondeu com um sorriso que lhe rasgava os lábios.

Deixei-me cair numa cadeira, ainda perplexa com as palavras da minha mãe.

O que é que ele andava a tramar? E desde quando o Leonardo se tornava tema de todas as conversas que eu tinha?

Optei por fingir que aquilo não era completamente disparatado e esperei a minha mãe acabar o que estava a fazer, para que pudéssemos jantar. Agradeci mentalmente, por o Leonardo não ter aparecido. Não estava com vontade nenhuma de ter de olhar para ele naquele momento.

Depois do jantar, retirei-me para o meu quarto, sentindo-me exausta. Para além do meu longo dia de aulas, todos aqueles assuntos em torno do meu meio-irmão, estavam a pesar-me na cabeça. Deitei-me na cama, olhando para o teto, sem saber exatamente o porquê de me sentir tão assoberbada. A relação fictícia que o Leonardo estava a construir entre nós não fazia qualquer sentido, e depois das conversas que tive tanto com a Blake como com a minha mãe, percebi que precisava de esclarecer algumas coisas com ele o quanto antes, mas ao mesmo tempo, não queria vê-lo. Inspirei alto, sabendo que um dos meus lados tinha de aceitar a derrota e levantei-me da cama, certa de que tinha de esclarecer toda aquela confusão.

O corredor estava silencioso e escuro. Eu não fazia ideia se ele estava no quarto, mas decidi arriscar. Caminhei os passos que me separavam da porta do quarto dele e parei por um momento, hesitante.

Ouvia-se apenas o subtil murmúrio da casa adormecida. Respirei fundo e bati suavemente à porta, na espectativa de receber alguma resposta. Nada. Bati de novo, um pouco mais alto, mas o silêncio persistia. A incerteza começou a instalar-se em mim. Será que ele não estava lá? Ou será que estava a ignorar-me propositadamente?

Decidi tentar uma última vez. Bati à porta com mais firmeza, quase a ponto de o fazer vibrar. Ainda assim, nenhum sinal de vida do outro lado. A frustração começou a crescer em mim.

Num impulso, rodei a maçaneta. A escuridão do quarto dele contrastava com o corredor iluminado, e vacilei na soleira da porta.

- Leonardo? - chamei, mas a única resposta foi o eco da minha própria voz. Entrei cautelosamente, os meus passos ecoando no chão. O quarto estava vazio, a cama imaculadamente arrumada.

Percebi que teria de adiar a nossa conversa para o dia seguinte, girei sobre os meus calcanhares, pronta a voltar para o meu quarto, quando uma mão me agarrou pela cintura e fui empurrada contra a parede mais próxima. Soltei um grunhido de protesto, mas logo em seguida a mão do meu Leonardo, tapou-me a boca. Pressionou-me com o seu próprio corpo contra a parede, aproximando-se de uma forma perigosa. Senti-me como um cordeiro, prestes a ser atacado pelo lobo mau.

- Oi, Anninha! – sussurrou, observando-me maliciosamente, com os seus olhos verdes cravados nos meus.

O meu coração acelerou com a súbita viragem dos acontecimentos. Encarava os olhos verdes do Leonardo, que sob a penumbra, pareciam negros. A sua mão continuava a tapar-me a boca, impedindo-me de articular qualquer som para além de um murmúrio abafado.

- Shh... Não queremos acordar toda a casa, não é? - disse ele, num sussurro provocador.

A sua proximidade, ainda que me custasse a admitir, deixava-me com as pernas bambas. O calor do seu corpo irradiava contra o meu, e a pressão da parede atrás de mim deixava-me completamente encurralada. Os nossos rostos estavam perigosamente próximos, e eu sentia a irregularidade na minha respiração.

Tentei afastar-me, mas a sua mão na minha cintura segurava-me firme no lugar. O meu olhar fixou-se no dele, numa mistura de desconforto e confusão. A situação tinha dado uma reviravolta inesperada, e eu não sabia como reagir.

- O que é que estás a fazer? – murmurei contra a sua mão, agora menos apertada.

Ele não respondeu imediatamente. Em vez disso, a sua mão que tapava a minha boca começou a deslizar lentamente para baixo, deixando-me sem palavras. Sentia o calor da sua respiração contra o meu ouvido, e a atmosfera carregada de eletricidade fazia-me tremer. Era como uma espécie de adrenalina completamente nova para mim.

- Anninha, Anninha... - repetiu ele, como se estivesse a saborear as palavras.

O meu coração martelava no peito, enquanto eu lutava para processar o que estava a acontecer. O Leonardo estava a brincar com o fogo, enquanto testava a minha sanidade. Seria aquilo um jogo para ele? Ou ele estava a tentar provocar algo entre nós? A confusão aumentava, mas uma parte de mim estava curiosa sobre onde aquilo levaria. Mesmo sabendo que era perigoso, algo na maneira como ele agia provocava uma resposta visceral dentro de mim.

No meio daquele jogo perigoso, uma súbita onda de consciencialização atravessou-me como um raio. Qualquer pessoa que passasse ali, nos conseguiria ver através da porta aberta do quarto dele.

Empurrei-o, afastando-me da parede, num gesto brusco que quebrou o encanto momentâneo.

- O que pensas que estás a fazer, Leonardo? – a minha voz saiu mais firme do que eu esperava, misturando-se com uma pitada de irritação.

Ele recuou, mas o sorriso malicioso persistia nos seus lábios.

- Só estava a tentar criar uma aproximação entre nós, Anninha.

- Isso não é engraçado, Leonardo. - a minha voz tremia ligeiramente. A confusão estava a fazer-me vacilar.

Ele levantou as mãos em sinal de rendição, mas os seus olhos brilhavam com uma chama desafiadora.

- Ok, ok. Sem joguinhos. O que é que precisas?

Suspirei, tentando recuperar a compostura. Eu não podia deixar que os seus jogos me desestabilizassem.

- As histórias que andas a contar à minha mãe... Não sei o que estás a tentar fazer, mas tem de parar. Ela pensa que estamos a criar laços de irmãos e que estou radiante por estar aqui contigo. Porque é que inventas? É alguma piada isto tudo?

Ele inclinou a cabeça, os olhos ainda fixos nos meus, mas agora pareciam menos assustadores - Não quero que a tua mãe pense que estás infeliz aqui, Anninha.

- E inventas uma treta dessas? – subi o tom da minha voz - Nós nem sequer nos suportamos.

Ele olhou-me com um sorriso misterioso, como se a minha indignação fosse algo que o divertia - Eu não colocaria as coisas nesses termos, e fico triste que penses assim.... mas às vezes a vida é cheia de surpresas. E talvez, no meio da nossa "não aceitação mútua", possamos descobrir algo inesperado. - ele piscou-me um olho, lançando um olhar sugestivo que me deixou atordoada.

- Estás a gozar comigo? - questionei, revelando um tom de incredulidade evidente na minha voz.

- Oh, não, Anninha. Estou apenas a sugerir que nem sempre as primeiras impressões são as mais precisas. - a sua voz tinha um tom de provocação, como se estivesse a desafiar as minhas convicções.

Aquele comentário deixou-me ainda mais irritada. O Leonardo conseguia transformar qualquer situação numa oportunidade para alimentar o seu ego masculino. Respirando fundo, decidi que era melhor sair dali antes que as coisas ficassem ainda mais complicadas.

- Guarda os teus jogos para outra pessoa. Eu não tenho paciência para isso.

Afastei-me dele e voltei para o meu quarto, tentando abafar toda a confusão que se acabava de instalar em mim.  

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