Blue | Matt Smith

By SenhoritaFernandes_

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Blue Hemmings era uma jovem de 18 anos sonhadora e doce, como toda garota romântica, ela imaginava um casamen... More

𝙰𝚟𝚒𝚜𝚘𝚜 𝚍𝚊 𝚊𝚞𝚝𝚘𝚛𝚊
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟷
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟸
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟹
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟺
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟻
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟼
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𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷𝟶

𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟾

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By SenhoritaFernandes_

𝚀𝚞𝚊𝚗𝚝𝚒𝚍𝚊𝚍𝚎 𝚍𝚎 𝚙𝚊𝚕𝚊𝚟𝚛𝚊𝚜: 𝟹.𝟾𝟻𝟾
𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟾

Matt suspira aguardando o sermão de seu pai, ele observa impaciente enquanto o homem bebe mais um gole de whisky e olha para ele e depois para a loira ao seu lado, mas uma vez ele revira os olhos sabendo que, como sempre, o sermão será voltado exclusivamente para ele e que a garota será poupada de palavras duras e cruéis.

Os dois nunca foram próximos e o fato de que Matt crescera distante do pai influenciou em um ambiente hostil entre os dois. David desde a infância frequentou colégios militares e se formou em direito, seu pai também, já Matt por outro lado cresceu em colégios internos no exterior, queria ser um jogador de futebol quando criança e se formou em drama e escrita criativa na faculdade, foi jogado no mundo das apostas em um momento frágil de sua vida e a rejeição que recebeu acabou por influenciar o homem que ele é hoje. David por sua vez acredita que Matt cresceu com liberdade demais, sempre abaixo da asa da mãe e nunca tendo uma influência autoritária sobre si, nenhum dos dois nunca assumiria a própria culpa.

— Qual dos dois, em nome da sanidade, pode me explicar o que estava acontecendo? — David fala.

Matt não falaria nada, qualquer coisa que ele tentasse argumentar para se defender acabaria se voltando para ele. Esse é um dom que seu pai tem.

— Ele tentou matar o meu pai — Blue fala sem rodeios.

Matt revira os olhos e a olha. Ela está abraçada ao seu próprio corpo, o cabelo meio bagunçado e o rabo de cavalo frouxo, ela morde o lábio inferior e ele consegue perceber o esforço que ela faz para não chorar.

Patética!

— Isso é verdade?

Matt dá de ombros.

— Era só pra dar um susto nele.

David passa a mão no rosto, um gesto claro que estava tentando não explodir.

— Você pode ir, tome um chá para se acalmar, querida. Tenha uma boa noite!

Blue sai do escritório mais rápido do que uma flecha. David bebe o restante da sua bebida, enche o copo e o esvazia novamente antes de olhar para o loiro.

— Você acha que construí todo esse império para você destruir na primeira oportunidade?

Matt permanece em silêncio. Demorou alguns anos para ele perceber que seu pai não se importava com sua opinião e que as perguntas são retóricas.

— Ou você acha que irei proteger você dos abusos que você faz? Você é o herdeiro dessa merda toda, você é um homem casado e eu não irei tolerar seu comportamento infantil, comece a agir como um homem de verdade.

— Eu nunca quis casar…

— Mas sempre quis ser o herdeiro — David grita interrompendo o filho. — Seu irresponsável de merda, isso você nunca negou. Eu já tentei de tudo e você, como o grande idiota que é, sempre acha uma forma de contornar tudo o que faço.

Matt passa a mão no cabelo.

— E agora querer matar o pai da garota? Você acha que pode sair ameaçando todo mundo? Isso aqui não é um filme, é vida real, você precisa entender ou então nunca ninguém irá te respeitar.

— Eu não preciso ser respeitado!

— Você acha que as pessoas obedecem a um maluco? Aprenda a se controlar e aprenda a respeitar a sua esposa. Irei adiantar a viagem, você irá e irá negociar com os Coppola, se mostre profissional e mostre a eles que você sabe resolver as coisas de forma pacífica e por tudo que existe de mais sagrado, trate bem a sua esposa.

Matt suspira passando a mão no rosto.

— E se você não mudar, se continuar com essas atitudes você deixará de ser o meu herdeiro.

— O quê? — Matt fala surpreso.

Apesar de todos os atritos em todos aqueles anos, David nunca fizera tal ameaça e se existe algo que Matt tem certeza é que David Smith sempre cumpre suas ameaças e o loiro simplesmente não pode permitir que isso acontecesse. Tudo o que ele sempre quis foi o império do seu pai, ele cresceu se preparando para aquele momento desde criança. Aquele sempre foi seu destino traçado, mas ao longo dos anos o loiro se perdeu, deixou que o poder de seu nome subisse até sua cabeça. Ele nunca foi simplesmente herdeiro de uma fortuna, ele sempre foi o herdeiro de um imenso e perigoso império, seu nome sempre teve influência naquela cidade e em vários outros locais, com várias pessoas e com várias mulheres, Matt nunca conheceu outro mundo e isso é simplesmente tudo o que deseja. Ele é o rei da cidade e talvez não houvesse mais salvação para ele.

— Você me ouviu bem, agora suma daqui — seu pai fala.

Ainda surpreso com as palavras que ouviu, Matt sai do escritório e atravessa o corredor escuro até chegar ao outro lado da casa, onde seu quarto fica. Ele troca o rumo e vai até a cozinha para pegar algo de comer, ele para na porta vendo a loira ali, sua esposa.

Ser obrigado a casar com certeza foi a coisa mais cruel que seu pai havia lhe obrigado a fazer, talvez uma inútil tentativa de dominação. Lá no fundo, ele sabe que não pode culpá-la por aquilo também, mas já que não  consegue atingir seu pai de forma direta, o ódio que sente por tudo está se voltando para a garota.

Ele fica algum tempo observando ela parada de costas para ele, vendo o cabelo loiro ondulado caindo por suas costas até a cintura, observando que, daquela forma relaxada, ela parecia ser bem menor. Ele resolve ir para o seu quarto, não querendo mais ter que trocar nenhuma palavra com ela pelo máximo de tempo possível, sua bochecha ainda ardia graças ao tapa.

─━━━━━━⊱✿⊰━━━━━━─

Na manhã seguinte Blue acorda no mesmo horário de sempre, o final de semana estava próximo e ela somente quer aproveitar e ficar em casa, talvez até conseguisse ir para a casa da Amélia, Ela não acredita que conseguirá passar dois dias dentro daquela mansão compartilhando o mesmo teto que o loiro sem querer bater nele novamente.

Ela sai da cama e segue até o seu banheiro, tomando um banho longo e vendo pela primeira vez a marca roxa em seu antebraço onde seu pai a segurou enquanto a arrastava pelo hotel, Blue se sente ainda mais terrível ao ver aquilo, aos poucos a esperança de que seu pai voltaria ao normal era destruída. Após sair do banho ela escolhe um suéter branco com listras pretas, mangas longas bufantes e uma gola alta. O suéter fica folgado e confortável, o clima nublado parecendo colaborar com o humor da loira e aquele suéter não irá gerar nenhuma pergunta exagerada. Para finalizar, ela usa um jeans claro e tênis branco. Blue faz uma maquiagem simples em uma tentativa de esconder as olheiras abaixo dos olhos e prende o cabelo em um rabo de cavalo comum. Ela se olha no espelho vendo seu reflexo e suspira, ela pega a mochila no pé da porta do closet e sai do seu quarto indo até a entrada da mansão onde Sebastian e a Mercedes já lhe aguardam. Ela entra no carro e eles seguem para a escola.

Blue mata aula naquele dia. Ela não gosta, mas não quer encarar seus amigos, não quer mentir para eles e não quer contar sobre o ocorrido da noite anterior, pois se falar aquilo tudo se tornaria mais real. Seus amigos não a deixariam voltar e talvez aquilo fosse pior para eles. Blue quer sentir ódio de alguém, quer odiar seu pai por ser um cretino, sua mãe por ter morrido tão cedo e a ter deixado sozinha no mundo, Matt por ser um imbecil, o universo por ter permitido que aquilo acontecesse com ela, ela quer odiar qualquer coisa, mas simplesmente não consegue.

Sem se decidir o que fazer durante toda a manhã ela segue até a biblioteca, não é um esconderijo perfeito pois qualquer professor poderia vê-la ali, mas muitos alunos preferiam matar aula indo até o centro da cidade e, naquele horário, a biblioteca estaria completamente vazia, portanto ninguém iria incomodá-la. Ela entra, sendo seguida por Sebastian como sempre, e sobe para o primeiro andar se escondendo em uma mesa no final do prédio, atrás de imensas prateleiras com livros de autoajuda. Blue joga seus livros e o caderno sob a mesa, abrindo aleatoriamente um deles e iniciando a tarefa atrasada, uma delas pelo menos, porém no mesmo instante sua mente vaga para longe dali, pensando nos acontecimentos da noite anterior.

Matt seria realmente capaz de matar? O que ele fez na noite anterior não foi um descuido, não foi algo do momento, ele segurou aquela arma com convicção, o olhar dele era o olhar de um maluco e pela primeira vez em todos aqueles dias ela realmente estava com medo por sua vida. O que ele seria capaz de fazer?

Alguns metros dali, ela pode observar Sebastian a espiando por cima de uma revista. Ele está sentado em um sofá e Blue se pergunta qual seria a opinião dele sobre aquilo, obviamente ele sabe o que aconteceu na noite passada e Blue se questiona se Sebastian está a olhando com pena ou temendo que ela faça alguma burrice. Blue está prestes a pedir para ele sumir dali quando vê Alexander aparecer empurrando um carrinho cheio de livros, por algum motivo ela sente seu rosto esquentar de vergonha. O moreno a olha e abre um sorriso pequeno parando a sua frente.

— Lendo autoajuda? — ele questiona. — Não julgo mas você tem cara de quem gosta de romance.

Blue sente seu rosto esquentar mais ainda, mas sorri com aquela dedução correta que ele havia feito. O motivo dela ser tão sonhadora em relação a romances é por culpa da literatura, ela ama se perder em romances onde a mocinha sempre termina com o mocinho, onde o vilão tem um final trágico e o amor vence tudo.

— Eu também gosto de fantasia — ela diz em sua defesa.

Alexander sorri novamente.

— São meus preferidos. Gosta de romance policial também?

— Nunca me interessei.

Alexander põe a mão no peito teatralmente e Blue ri daquilo.

— Me acompanhe, irei lhe indicar alguns.

Ele estende a mão para ela. Seus dedos são finos e sua mão grande, ele facilmente pode ser um pianista se quiser. Blue recusa a sua mão, mas o acompanha o seguindo para um outro corredor ao lado de onde eles estão. Ele caminha até o final, parando na outra ponta da imensa prateleira.

— Romance policial, meus favoritos — ele diz.

Ele pega um dos livros e a entrega. É um livro pequeno, tem uma capa vermelha, cor de sangue, e um destaque em uma criança e borboletas.

— Tem romance?

— Definitivamente não, mas dê uma chance, eu garanto que não irá se arrepender.

Ele dá um último sorriso e sai de perto, deixando Blue sozinha olhando a capa do livro, até ela virar-se e retornar para a mesa onde estava anteriormente. Ela suspira e guarda o livro na mochila, vendo o moreno se aproximar novamente.

— Eu não consegui deixar de reparar que você está matando aula — ele comenta, o que faz o rosto da loira esquentar de vergonha mais uma vez. — O que acha de me ajudar a organizar alguns livros? Assim podemos conversar mais um pouco… claro, se quiser.

Blue arqueia uma de suas sobrancelhas.

— Me desculpe, isso ficou estranho. É que eu reparei que você está um pouco triste, imaginei que quisesse conversar um pouco…. desculpe.

Blue não pensa muito na situação e fica de pé.

— Por onde começamos?

Alexander sorri e faz um gesto com a cabeça para que ela o acompanhe, Blue larga seus livros e segue o moreno pelo corredor enquanto eles caminham para o início da biblioteca. Alexander para em frente a uma imensa mesa lotada de livros e com algumas caixas ao redor com mais livros dentro. Alguns estavam ensacados com plásticos e outros desgastados nas bordas, evidências do uso.

— Você não está me usando para fazer o seu trabalho mais rápido não né?

Ele põe a mão no peito, fazendo uma comovente cena que a faz soltar uma gargalhada sincera, talvez um pouco alta demais, o que a faz colocar a mão na boca tentando impedir qualquer som extravagante. Por breves segundos, ela se viu longe da miséria que sua vida se tornou em tão poucos dias.

— Apenas uma desculpa para ter a sua companhia — ele diz.

Blue arregala os olhos surpresa diante da fala dele, sentindo seu coração acelerar e se sentindo uma boba por ter aquelas reações. Ela olha para trás esperando que Sebastian esteja ali a fiscalizando, mas não o encontra e fica satisfeita com aquilo.

O moreno puxa uma cadeira para ela e em seguida senta ao seu lado. Os dois ficam próximos demais, os braços se encostando as vezes enquanto pegam algum livro. Os dois iniciam uma conversa animada sobre literatura, Alexander se empolga enquanto fala dos seus livros favoritos de terror e romance policial, ele com certeza ficaria perplexo em ver a imensa coleção de livros que os Smith tinham na mansão.

Os dois ficam ali por um bom tempo, Blue com certeza nunca tinha rido tanto como naquele momento, Alexander sempre dava um jeito de arrancar um sorriso dela ou de fazê-la ficar vermelha. Entre brincadeiras e risadas, os dois fizeram duas pilhas de livros organizadas e param apenas quando Sebastian aparece pelo corredor. Blue para o que está fazendo no mesmo instante e pede licença a Alexander, indo até o segurança.

— O senhor Smith pediu para avisar que virá te buscar hoje — ele avisa.

— Qual dos dois? O bonzinho ou o mal? — Blue pergunta, sentindo um frio em sua espinha.

Sebastian revira os olhos, claramente não querendo chamar seus patrões por nenhum apelido.

— O seu marido — ele diz em um sussurro.

Blue sente um mal estar só em pensar em compartilhar o mesmo ambiente que ele.

— Pra quê?

— Não fui informado, só me passaram essa informação… É melhor você estar sozinha quando ele chegar.

Blue arqueia a sobrancelha e em seguida entende sobre o que Sebastian está falando. Ela percebe, naquele momento, que ele realmente iria lhe acobertar caso ela resolvesse fazer algo daquele tipo e aquilo, impressionando a si própria, aquece seu coração.

— Obrigada por avisar!

Sebastian se retira, sumindo para o sofá enquanto Blue retorna para a mesa, se sentindo desconfortável com aquela situação.

— Ei, você tá bem? — o moreno pergunta.

Blue volta seus pensamentos para a realidade.

— Sim, desculpe, onde paramos?

— Eu estava lhe perguntando quais suas músicas favoritas.

E eles iniciam outra conversa sobre músicas onde Blue percebe que eles têm um gosto musical bastante parecido e que Alexander gosta de várias músicas que não combinam com o estilo dele e, aparentemente, nem com a idade.

As horas correram ainda mais rápido, por mais que Blue tentasse evitar olhar para o relógio, mas quando Sebastian aparece ela sabe que é a hora de se despedir e se encontrar com Matt.

— Leia o livro, quero detalhes depois — Alexander diz ficando de pé.

— Irei tentar!

Eles se despedem e Alexander abraça a loira, a fazendo ficar com o coração acelerado e meio desnorteada enquanto se afasta. Suas bochechas esquentam quando olha uma última vez e o vê acenando e com um sorriso pequeno no rosto. Blue acena de volta e sai da biblioteca, vendo a multidão de alunos também de saída e indo até o seu banco de costume. Após alguns minutos, o carro do loiro chega, o mesmo carro da noite anterior. Ele estaciona do outro lado da rua e desce do carro, usando uma camisa preta e uma corrente de prata no pescoço, o cabelo está meio bagunçado e Blue consegue perceber o olhar dele fixo nela. Se olhar pudesse matar, com certeza ela estaria morta naquele instante.

"O que diabos ele quer aqui?", Blue pensa.

Ela caminha até ele, vendo ele acender um cigarro e se escorar no carro, soprando a fumaça para cima. Blue para a sua frente, cruzando os braços aguardando ele fazer algo.

— O que você tá fazendo aqui? — ela pergunta após um longo e irritante tempo em silêncio.

— Iremos viajar, vim te buscar — ele diz ainda prestando atenção no cigarro. — Graças a sua boca grande teremos que viajar juntos, só nós dois. Satisfeita?

— Viajar? Por quanto tempo?

— Pelo tempo que seja necessário para que eu possa convencer os Coppola a investir dinheiro em novas franquias. Se tivesse ficado quieta talvez você pudesse ter passado alguns dias longe de mim,  mas pelo visto você é uma grande dedo duro.

— Você tentou matar o meu pai — Blue fala em um sussurro irritado. — Queria que eu simplesmente sentasse e te deixasse matar ele?

— Você acha mesmo que eu sujo minhas mãos com idiotas como seu pai? Faça-me o favor! Além do mais, por que se importa tanto? Seu pai é um viciado e nunca vai deixar de ser, ele te trocou por dinheiro simplesmente para continuar jogando e bebendo, como consegue ainda defender ele?

— Ele é o meu pai, é minha única família. — Blue diz e sente seus olhos marejados graças às palavras.

Matt ri.

— Ele não é a sua família, ele é o seu genitor. Família são as pessoas que nos acolhem, são as pessoas que nós escolhemos e que escolhe a gente, são as pessoas que nunca nos abandonam.

Ele joga o cigarro no chão e o apaga na calçada, entrando no carro em seguida. Blue processa o que lhe foi falado por alguns instantes, ela seria uma filha ingrata por não sentir nenhum apego emocional pelo homem que a maltratou por tanto tempo? Afinal de contas foram anos sofrendo por causa do vício, anos sendo humilhada, em algumas vezes até mesmo fome a loira passou, mas Blue sempre se martelou que aquele era seu pai e aquilo era o álcool falando, mas será que realmente sempre foi o álcool falando?

— Não temos o dia todo, entra logo no carro — Matt fala colocando a cabeça para fora e revirando os olhos.

Blue revira os seus também e faz o que lhe foi dito, passando o cinto de segurança e observando enquanto ele começa a dirigir, colocando um óculos escuro no rosto. Blue se xinga mentalmente por achar que ele fica ainda mais bonito com o cabelo bagunçado daquela forma. Matt dirige no mais completo silêncio, Blue observa a paisagem, evitando manter mais contato do que estava sendo obrigada a ter com o loiro.

Eles chegam ao aeroporto e Matt estaciona próximo a um jatinho que contém o brasão da família Smith na cauda, Blue ainda não consegue saber ao certo qual o tamanho da riqueza daqueles dois. Um jatinho?

Sebastian abre a porta para que Blue desça, ela para ao lado do homem observando a movimentação enquanto Matt acende um outro cigarro e fala com dois seguranças, vez ou outra olhando em direção a loira. Blue se vira e fica de costas.

— Quem são os Coppola?

— Velhos conhecidos do senhor David — Sebastian fala, sem sair de sua postura. — Atualmente quem cuida dos negócios é seu filho, Vittorio Coppola…

—  Espere aí, nós vamos para a Itália? — Blue interrompe o homem de repente.

— Sim, eles moram em Roma. Como eu dizia, Vittorio cuida dos negócios da família atualmente, eles são donos de algumas casas noturnas pela Itália e querem começar a investir em outros lugares, por isso o interesse.

— E por que o David não vai?

Sebastian abaixa o olhar até a garota, desfazendo sua postura por alguns instantes.

— A briga entre vocês dois rendeu alguns comentários, seu marido não é conhecido por ter o mesmo temperamento do pai… David espera que isso mude antes dele resolver passar a liberação para o filho.

— Então a minha função é essa?

— Pelo menos é o que todos acham — Sebastian fala dando de ombros.

Blue suspira e retorna o olhar para o loiro atrás de si e estranha ao ver que ele está a olhando, apesar de não ter certeza graças aos óculos escuros. Ele vira o rosto instantes depois e Blue repete o gesto, cruzando os braços.

— Você vai com a gente, certo?

— Acredito que não — Sebastian responde.

Aquilo era tudo o que Blue menos queria ouvir. Apesar do homem ser obrigado a estar com ela todos os dias, Blue já o vê como um amigo e não se sente muito à vontade em não estar na companhia dele.

Após alguns minutos de espera um dos imensos seguranças se aproxima de Matt e o loiro apaga seu cigarro, indo até o avião e entrando nele. Blue engole em seco e após uma breve despedida de Sebastian, ela também segue para o avião e entra, se sentindo com medo no instante em que a porta se fecha e ela fica presa ali dentro com quatro seguranças e seu marido. Blue senta em um sofá de costas para uma das janelas, apertando a manga de seu suéter. Matt senta a sua frente e já está sem os óculos escuros, os olhos verdes a encarando sem nenhum rodeio.

— Desejam algo para beber? — uma garota pergunta atraindo a atenção dos dois.

— Whisky — Matt diz.

— Apenas água, por favor — Blue pede.

A garota concorda com um gesto de cabeça e sai deixando eles dois sozinhos novamente, ela retorna logo em seguida com as bebidas, Blue abre a garrafa e bebe um longo gole enquanto ouve o avião começar a ganhar vida.

— Não me diga que nunca andou de avião — Matt fala meio rindo.

Blue apenas revira os olhos e toma mais um gole de água, apertando ainda mais as mangas do seu suéter. Matt estende a mão com sua bebida até ela, Blue recusa com um gesto da cabeça.

— Em algum momento você vai precisar aprender a beber, você sabe disso não é?

— Não sou obrigada, você deveria saber muito bem que não gosto de bebidas.

— Só por causa do seu pai?

— O vício do meu pai já me trouxe muitas experiências ruins, não quero acabar igual a ele.

— Eu não acho que você irá acabar igual a ele.

— E como pode ter tanta certeza? — Blue rebate, enquanto sente o avião decolar e a loira crava suas unhas em seu braço, focando na dor e ignorando a sensação de que está planando no ar.

— Para começar, você o considera muito, apesar de tudo o que ele fez, e mesmo tendo crescido em um ambiente com muito álcool envolvido, você continua sem querer beber, mas isso realmente é uma escolha sua.

Ele fala e bebe o líquido no copo, o avião treme um pouco e Blue fecha os olhos assustada. Enquanto ainda está de olhos fechados, ela sente o sofá ao seu lado afundar um pouco e ao abrir vê Matt ao seu lado. Blue se afasta querendo estar o mais longe possível.

— É apenas uma turbulência — ele diz. — Te garanto que não iremos cair.

E, dito isso, levanta e sai, deixando Blue sozinha durante o voo. Ela deseja que pelo menos Sebastian estivesse ali ou então que pudesse compartilhar o voo com outra pessoa. Com certeza se Alexander estivesse ali, eles estariam rindo e Blue nem iria perceber que estava a metros do chão, no meio do céu, com o avião balançando vez ou outra.


𝙾𝚒𝚎 𝚖𝚎𝚞𝚜 𝚊𝚖𝚘𝚛𝚎𝚜, 𝚝𝚘𝚍𝚘𝚜 𝚋𝚎𝚖? :)
𝙵𝚎𝚕𝚒𝚣 𝚗𝚊𝚝𝚊𝚕! 𝙲𝚘𝚖𝚘 𝚏𝚘𝚛𝚊𝚖 𝚊𝚜 𝚏𝚎𝚜𝚝𝚊𝚜?

𝙲𝚛𝚎𝚍𝚒𝚝𝚘𝚜:
𝙱𝚎𝚝𝚊𝚐𝚎𝚖: 𝙿𝚊𝚝𝚑 𝚍𝚘 𝚆𝚘𝚗𝚍𝚎𝚛𝚏𝚞𝚕 𝙳𝚎𝚜𝚒𝚐𝚗
𝙰𝚜𝚜𝚒𝚗𝚊𝚝𝚞𝚛𝚊: 𝙻𝚊𝚍𝚢 𝙲𝚑𝚊𝚗𝚐 𝚍𝚘 𝚆𝚘𝚗𝚍𝚎𝚛𝚏𝚞𝚕 𝙳𝚎𝚜𝚒𝚐𝚗

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