INTERE$$EIRA ━ palmeiras

By ellimaac

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━━━━━ ❝Puta, vagabunda, interesseira, sem talento, forçada, sem graça.❞ 𝐈𝐒𝐀𝐁... More

𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐂𝐀𝐒𝐓
𝟎𝟎 | 𝐏𝐑𝐎́𝐋𝐎𝐆𝐎
𝟎𝟏 | 𝐏𝐀𝐂𝐈𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐀
𝟎𝟐 | 𝐂𝐇𝐀𝐂𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟑 | 𝐀𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐍𝐇𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟒 | 𝐒𝐎𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒
𝟎𝟓 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀 𝐍𝐎 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐀𝐃𝐎
𝟎𝟔 | 𝐁𝐄̂𝐁𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟕 | 𝐀𝐇𝐎𝐑𝐀 𝐒𝐎𝐘 𝐏𝐀𝐏𝐈
𝟎𝟖 | 𝐒𝐔𝐀 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟗 | 𝐂𝐎𝐌 𝐎 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀?
𝟏𝟎 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙? 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟏𝟏 | 𝐔𝐌 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟏𝟐 | 𝐔𝐌𝐀 𝐌𝐀̃𝐄
𝟏𝟑 | 𝐋𝐈́𝐑𝐈𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀𝐍𝐂𝐎𝐒
𝟏𝟒 | 𝐀𝐆𝐈𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟏𝟓 | 𝐃𝐎𝐑 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀
𝟏𝟔 | 𝐓𝐈𝐍𝐈, 𝐓𝐈𝐍𝐈
𝟏𝟕 | 𝐔𝐌 𝐃𝐈𝐀 𝐂𝐎𝐌𝐈𝐆𝐎
𝟏𝟖 | 𝐆𝐈𝐍𝐄𝐂𝐎𝐋𝐎𝐆𝐈𝐒𝐓𝐀
𝟏𝟗 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐉𝐔𝐍𝐈𝐍𝐀
𝟐𝟎 | 𝐁𝐀𝐑𝐂𝐄𝐋𝐎𝐍𝐀
𝟐𝟏 | 𝐅𝐔𝐒𝐎 𝐇𝐎𝐑𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟐𝟐 | 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟑 | 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐁𝐄́𝐍𝐒
𝟐𝟒 | 𝐃𝐄𝐂𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐒
𝟐𝟓 | 𝐑𝐈𝐕𝐀𝐈𝐒
𝟐𝟔 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐇𝐀
𝟐𝟕 | 𝐍𝐎𝐕𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟖 | 𝐄𝐌 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟐𝟗 | 𝐆𝐎𝐒𝐒𝐈𝐏?
𝟑𝟎 | 𝐌𝐄 𝐒𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐀𝐈́𝐃𝐎
𝟑𝟏 | 𝐔𝐌𝐀 𝐂𝐔𝐑𝐓𝐀 𝐕𝐈𝐀𝐆𝐄𝐌
𝟑𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐌𝐎𝐑𝐎𝐍𝐀𝐍𝐃𝐎
𝟑𝟑 | 𝐑𝐄𝐂𝐎𝐌𝐏𝐄𝐍𝐒𝐀
𝟑𝟒 | 𝐄𝐑𝐑𝐎𝐒
𝟑𝟓 | 𝐅𝐀𝐂̧𝐀 𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎𝐑
𝟑𝟔 | 𝐀𝐋𝐋𝐈́ 𝐄𝐒𝐓𝐀́
𝟑𝟕 | 𝐒𝐄𝐔 𝐅𝐀𝐕𝐎𝐑𝐈𝐓𝐎
𝟑𝟖 | 𝐃𝐈𝐒𝐓𝐑𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎
𝟑𝟗 | 𝐃𝐎𝐈𝐒 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐒
𝟒𝟎 | 𝐃𝐎𝐌𝐈𝐍𝐆𝐎
𝟒𝟏 | 𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐃𝐀 𝐕𝐈𝐑𝐀𝐃𝐀
𝟒𝟐 | 𝐒𝐄𝐔 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟒𝟑 | 𝐄𝐒 𝐋𝐎𝐂𝐎
𝟒𝟒 | 𝐏𝐀𝐏𝐀𝐈𝐒
𝟒𝟓 | 𝐓𝐇𝐎𝐌𝐀𝐒 𝐂𝐑𝐀𝐐𝐔𝐄 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀
𝟒𝟔 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐀𝐆𝐀𝐁𝐔𝐍𝐃𝐀
𝟒𝟕 | "𝐏𝐎𝐑 𝐕𝐎𝐂𝐄̂"
𝟒𝟗 | 𝐌𝐀𝐋𝐃𝐈𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐈𝐊𝐀𝐒
𝟓𝟎 | 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐎 𝐃𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐀𝐉𝐔𝐃𝐀
𝟓𝟏 | 𝐀 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀 𝐈𝐃𝐄𝐀𝐋
𝟓𝟐 | 𝐄 𝐀 𝐂𝐀𝐍𝐉𝐈𝐂𝐀
𝟓𝟑 | 𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟓𝟒 | 𝐏𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐑 𝐂𝐎𝐌 𝐄𝐋𝐀
𝟓𝟓 | 𝐅𝐈𝐍𝐆𝐈𝐑
𝟓𝟔 | 𝐍𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐅𝐀𝐑𝐒𝐀
𝟓𝟕 | 𝐒𝐄 𝐅𝐎𝐑 𝐍𝐄𝐂𝐄𝐒𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟓𝟖 | 𝐍𝐔𝐍𝐂𝐀 𝐄𝐕𝐎𝐋𝐔𝐈𝐑
𝟓𝟗 | 𝐍𝐎 𝐏𝐔𝐄𝐃𝐎 𝐌𝐀́𝐒
𝟔𝟎 | 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀 𝐍𝐎 𝐋𝐔𝐆𝐀𝐑
𝟔𝟏 | 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟔𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐀 𝐃𝐄 𝐒𝐎𝐋𝐓𝐄𝐈𝐑𝐀
𝟔𝟑 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟏
𝟔𝟒 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟐

𝟒𝟖 | 𝐍𝐎𝐕𝐎 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎

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By ellimaac

ISABELLA
São Paulo — Capital
na casa do empresário

TEM DOIS HOMENS PRATICAMENTE me carregando pra dentro da casa do André Cury. Veiga me segura de um lado. Piquerez do outro e os dois me ajudam a sentar no sofá mais próximo.

Parece até que estou doente. Eu só levei uma surrinha de leve. Nada demais. Eu estou bem. Mas estou um pouco cansada por ter ficado a tarde toda no hospital e não recusei a ajuda.

Deixei Tom com minha mãe e Tini que já devem estar em casa uma hora dessas. Camilla ofereceu a carona e elas aceitaram. Acredito até que a mulher esteja sendo obrigada a dar devidas explicações a Tini, pois ela estava, assim como eu, desesperada em entender aquela relação.

Eu vim com os meninos até aqui. E agora estamos todos juntos e unidos. Como se a vida fosse amor e rosas.

— Vai querer comer alguma coisa? — Raphael pergunta ficando de frente pra mim enquanto Piquerez se senta ao meu lado e coloca uma mão em minha coxa. — Posso comprar, pedir no ifood.

— 'Tô de boa.

— Piensa no bebê, rubia .

— Estamos bem — corrijo e faço questão de garantir que estou bem assim como o bebê dentro de mim. Coloco até a mão em cima da de Joaco em minha coxa e aperto brevemente a fim de tranquilizá-lo. — Eu juro.

— ÊÊÊÊ — Raphael cruza os braços olhando para nossas mãos. — Vão ficar de gracinha na minha frente? Aí é sacanagem.

— Veiga... — já preparo uma frase pra amenizar a situação, mas a risada de Piquerez me corta na hora.

— Pensé que já te havia acostumado, irmãozinho — ele aperta minha coxa com mais força pra provocar. E consegue, Veiga trinca o maxilar e olha com raiva pra seu amigo. — Tudo pelo bebê, no?

— Fica me provocando que eu vou separar vocês dois! — Ele bufa apontando pra gente.

— Isso é hora pra sentir ciúmes, Raphael? — Encosto as costas no sofá.

— É sempre hora, meu amor — ele mesmo sério me oferece um sorrisinho de canto. — É sempre hora.

— Okay — um homem atravessa a porta do apartamento, batendo-a com força atrás de si — qual de vocês eu vou matar primeiro?

— Por que você não senta também, Cury? — Veiga coloca uma mão no ombro do empresário. — Quer um chá, hein? Um calmante.

— Vou começar por você! — Ele olha com raiva para o jogador que o irrita. — Você é a grande raiz desse problema mesmo.

— Eu?? — Veiga se surpreende.

— É, né? Se lá no começo, lembra, 2017?? — Cury se afasta do toque de Veiga para que possa extravazar sua raiva. — Você tivesse feito as coisas certas, garoto, nada disso estaria acontecendo hoje. Você seria feliz como nunca com a família que sempre sonhou e eu não teria tanta dor de cabeça.

— Certo — Veiga, já ficando impaciente, passa a mão pela cabelo, tentando não se abalar com as palavras do cara em pé ao seu lado. — E lembrar do passado resolve no que exatamente?

— Não resolve, mas resolveria. Agora... puta que pariu! — André Cury está putasso. Preparando um sermão do caralho. — A gente precisa dar um jeito de limpar a imagem de vocês.

— O que você quer que a gente faça, Cury? — Veiga pergunta com a voz também elevada. Mais elevada que o normal. Ele está começando a se alterar, mas tenta se conter ao sentar na poltrona mais perto e deixar sua mão em cima da mesinha ao lado, onde com os dedos fica batucando a madeira. — Por acaso você tem a porra de um plano decente aí? Sei lá. Uma joia do infinito pra voltar no tempo e mudar o passado.

— 'Tá engraçadinho, hein, caralho. Mas 'tá se esquecendo que foi vocês que causaram isso! — Cury não está muito bem, não. Tenho a impressão que alguém vai sair destruído daqui hoje. Por isso decido ficar com minha boca bem fechada, até mesmo quando ele direciona as palavras a mim: — A culpa é totalmente de vocês. Irresponsáveis que não pensam nas merdas que fazem!

Cury diz olhando especificamente para mim, pois eu sou a grande responsável de todas as merdas dos últimos dias. Não é só meu nome que está sendo dito pela imprensa, mas eu sou a mais falada por ser mulher e estar com a reputação completamente manchada.

Eu que saí por aí pegando o amigo de time do pai do meu filho. Eu que dei uma nova chance ao pai do meu filho também. Eu que estou nesse triângulo amoroso. E eu que acabei engravidando.

— Você quer que ela te peça desculpas? — Veiga pergunta, notando o jeito como Cury me olha. — Ela é uma pessoa que comete erros que nem todo mundo, caralho!

— Isabella é uma pessoa pública — Cury corrige com a voz firme para que a gente compreenda a seriedade do assunto. — E está com a imagem manchada.

— Ela ainda é uma pessoa livre. 

— Livre? — Cury debocha, rindo. — Acorda, garoto. Isso aqui não é um filme da Disney. Isso aqui é a realidade e vocês nunca foram livres. Você é um jogador de futebol, Piquerez também e ela — o cara aponta para mim e meu coração acelera — é uma atriz. Se vocês queriam tanto ser livres, não deviam deixar de ser anônimos. A fama traz consequências.

— E o que você sugere?

— Primeiro de tudo — Cury olha para o homem sentado ao meu lado —, precisamos de uma namorada louca o suficiente para você, Piquerez, que aceite fingir estar grávida.

— Quê? — Penso que foi a minha indignação sendo exposta, mas foi apenas Veiga, preocupado com o que seu amigo terá que se meter. — Ficou louco, Cury?

— É a única solução.

— Pensé que la situación más obvia sería que Isabella e eu assumíssemos um namoro de mentira — Joaco fala e isso me pega de surpresa. Não conversamos sobre isso. Muito menos sabia que ele pensava assim. — Las fofocas recientes fueron sobre nós dois. Acabei, sin querer, soltando que voy a ser pai, entonces... ¿por qué no namorarmos?

Olho para Joaco, tentando compreender o tom de suas palavras. Por que parece que ele planejou isso?

— É a coisa óbvia a se fazer e que todo mundo espera que aconteça. — Cury concorda. — Mas isso limpa apenas a sua barra, garoto. Já a dela... porra! O que você acha que vão falar da atriz que teve filho com um jogador e pouco tempo depois teve outro filho com outro jogador do mesmo time??? A não ser que queira afundar a carreira e imagem dela, essa opção está fora de cogitação.

— Você não pode estar falando sério — Veiga abafa uma risada, meio atordoado ao olhar de Cury para o piso. — Onde arrumar uma namorada e fingir uma gravidez faz sentido, então, Cury??

— Eu não sei, porra. — Cury está definitivamente maluco. — Estou tentando pensar no que não interfere na vida da Isabella e ainda assim se encaixe na fofoca e livre a pele de todo mundo!

— Não acho que um relacionamento de mentira seja a solução! — Veiga protesta.

— E o que é melhor, então?

— Não sei, cara. Nada que faça a gente fingir, pô. Nós... — ele indica nós três. — Nós estamos bem. Estamos felizes. Pra quê mudar isso?

— Ah não! — Cury bate a mão na própria cara, indignado. — Não vai falar pra mim que vocês três estão querendo abraçar a ideia de trisal? Porra. Acordem! A vida não funciona assim. Nunca que isso seria permitido.

— Eu acho que você não pensa, né?

— Eu que não penso? Estou tentando resolver o problema do jeito mais óbvio! E você querendo pensar em felicidade, porra. — Cury aponta um dedo pro chão. — Se querem fazer as orgias de vocês, façam, não estou impedindo. Mas vamos limpar a imagem de vocês primeiro.

— Cury, porra! Não viaja. Só estou pensando em algo óbvio e que ajude a nós três!

— Ainda creo que deberíamos namorar, Isabella já es mi mejor amiga, no teríamos desavenencias.

— Se ela aparecer namorando com você, o próximo alvo do haters será o pobre do Tom por ser filho de outro relacionamento.

Piquerez se cala na hora, abandonando essa ideia estúpida quando envolve Tom no meio. Tom não pode de jeito nenhum sofrer as consequências das minhas cagadas.

— E se a Isabella estiver grávida do Piquerez? — Veiga protesta, sem calar a boca. — Hein? Tem um bebê crescendo, porra. Um filho que precisa de um pai! Não vamos esconder isso do bebê.

Fico chocada com a maturidade do Veiga. Para quem queria ser o pai a qualquer custo, está respeitando e entendendo os sentimentos de Joaco em relação ao bebê. Acho que Veiga está compreendendo a verdade e querendo que todos saiam felizes acima de tudo. Já Cury pensa apenas em limpar nossa barra primeiro.

— Ninguém mais além de vocês precisam saber da verdade. O que vocês precisam expor é aquilo que seja o mais aceitável possível para que vocês fujam de julgamentos e falação.

— Isso é loucura! — Veiga bufa, sem conseguir aceitar de jeito nenhum esse acordo. — Por que simplesmente não ficamos em silêncio, hein? Não dar importância pra fofoca não é melhor?

— Quem cala consente! — Cury bufa de volta. — A gente precisa pensar em algo que reverta essa situação de merda em que vocês estão. E essa é a melhor opção.

— Vamos ignorar — Veiga insiste nessa possibilidade. — As pessoas vão esquecer uma hora ou outra. E nossas vidas vão seguir.

— Que vidas, Veiga? A dela? — Cury ri olhando para mim. — A carreira dela já era. Ninguém vai querer uma atriz que sai por aí engravidando de todos os jogadores que se envolve.

— Olha o jeito como fala, caralho! — Veiga falta gritar ao esmurrar a mesinha, levo um susto por seu gesto e quase dou um pulinho na sofá onde estou sentada. — Não vou aceitar que fale essas merdas.

— Estou relatando a realidade, garoto.

— A realidade é que a Isabella está esperando um filho, porra. Não podemos esconder isso.

— Não precisamos esconder. Só precisamos mudar o foco dela para a nova namorada do Piquerez "que espera um filho dele". Precisamos desvinculá-los. Simples.

— Não faz sentido algum!

— E o que você quer que eu faça?? — Cury está gritando, já perdendo a linha totalmente com essa discussão. — Piquerez gritou ao mundo que está esperando um filho. Precisamos que a mídia continue caindo nesse papo porque desmentir não é uma opção. E a mídia precisa aprovar seja lá qual for o relacionamento do Piquerez que trouxe esse bebê. E de alguma forma isso tem que livrar a Isabella. 

— Que se foda a mídia!

— Ok — Cury assente, mas olha com raiva pra Veiga. — Que se foda então a imagem de vocês e a carreira dela. Pronto. Se é o que você quer. Não tem como fugir disso. Estão presos nessa trama pro resto da vida. Vocês são figuras públicas. Tudo que fazem serão vistos e julgados. Se você — ele volta a me encarar — transa com jogadores, eles irão te julgar. Se você engravida de jogadores, eles irão te julgar. Se você escolhe ser solteira, eles vão te julgar. Ninguém de fato aceita a vida de uma mulher, porra. A não ser que se enquadre no perfil da sociedade.

A não ser que atenda as expectativas.

Preciso atender as expectativas. Preciso limpar a minha imagem. Eu nunca fui bem vista por ter engravidadocedo e ter seguido a vida de uma mãe solteira. Ninguém aprovou a minha decisão e minha vida sempre foi julgada por isso

Puta. Vagabunda. Interesseira.

Quando comecei a ganhar holofote pelo meu trabalho, logo eles investigavam a minha vida e começavam a expor tudo que, de certa forma, manchava a minha honra e faria com que as pessoas me olhassem com outros olhos.

Esqueceram o meu talento. Esqueceram o que eu fazia profissionalmente.

Eu me tornava uma atriz sem graça, sem talento, forçada. Tudo isso porque eu tinha me envolvido com um jogador no passado e "conseguido" qualquer tipo de reconhecimento às custas dele.

Pra mídia, eu não mereço a carreira que tenho.

Pra mídia, o fato de eu ser solteira e livre é um absurdo.

Me envolver com um amigo de time do pai do meu filho só torna a situação mil vezes pior. Um escândalo. Alguém tira a fama dessa puta.

E agora essa gravidez... se eu pudesse me tornar anônima de novo, eu faria o possível e o impossível pra conseguir.

Mas isso está fora de cogitação.

E só tem um jeito de limpar a minha imagem que é me enquadrando no que a sociedade quer. Ser uma mulher certinha, numa vida certinha, com uma família certinha.

Me dou conta disso ao me lembrar de conversas passadas com minha mãe e com a Camilla. Elas me sugeriram algo que no momento não fez sentido. Mas agora faz. E é minha única saída.

— Eu acho que... — começo a falar finalmente. Pela primeira vez abrindo a boca para me pronunciar desde que nos reunimos nessa casa e começamos essa conversa tensa. — que a gente também devia assumir um relacionamento, Raphael. A gente... devia se casar.

— Quê? — Veiga reage em choque.

— Do que você está falando?

— Se estamos presos nessa vida — continuo. — Se sempre seremos alvos, uma hora vai acontecer. Pode ser agora.

Cury leva só dois segundos para entender a seriedade de minhas palavras e começar a assentir em completa aprovação.

— É — ele balança a cabeça pra cima e pra baixo em concordância. — É, garota. Isso pode funcionar.

— Namoro de mentira e agora um casamento? — A voz de Veiga fica amargurada e eu não consigo entender. — Vocês enlouqueceram!? Onde isso ajuda? As pessoas vão entender que é uma farsa.

— Não se vocês fizerem com que não seja — Cury abre um sorriso animado. — Precisam atuar!

Veiga nega com a cabeça e olha pra cima sem acreditar que esse assunto está sendo mesmo cogitado.

Queria não entender sua indignação, mas eu, infelizmente, entendo e muito.

Veiga não quer algo de mentira. Não de novo. Ele quer algo pra valer. Algo que nos torne feliz. Que nós três sejamos felizes. E mentira não está em suas opções. Ele não quer mentir. Nunca gostou e nem sabe mentir.

Um acordo de casamento vai contra tudo que acredita. Mas ele precisa entender que a gente já começou com isso lá em 2017 quando uma gravidez aconteceu fora dos nossos planos. Ele precisa entender que essa história de felicidade nua e crua é furada! O que vale mais nesse exato momento é a nossa paz de espírito em estar longe de fofocas.

— Você é uma atriz — Cury volta a falar, me incentivando com essa loucura. — É uma artista. Pra você não vai ter problema algum. Precisa olhar para Veiga como se ele fosse o homem dos seus sonhos. A mídia tem que olhar pra vocês como se fossem o casal referência do momento. Todos precisam invejar essa relação. É o único jeito de se livrar de todas as mentirinhas. E enquanto isso Piquerez segue sua vida ao lado da nova namorada "grávida". Vocês não serão relacionados porque estarão seguindo vidas separadamente. Perfeito.

— E... — Veiga debocha ainda em indignação. — E a gente leva essa farsa até quando... até a morte?

— Não. Podem levar até a barra de vocês estarem cem por cento limpa. Mas pra isso um casamento precisa acontecer. Festa. Luxo. Piquerez e namorada como padrinhos. Família perfeita. Unida. Depois disso vocês podem fazer o que desejar.

— Presos numa mentira!? — Veiga está bufando e isso só deixa Cury puto da vida.

— Então você prefere ter a vida toda prejudicada, garoto?

— A gente não precisa mentir pra limpar a nossa barra, Cury. Porra — Veiga passa a mão pelo cabelo, confuso, com certo medo. — Isabella só precisa ser mais discreta. Eu só preciso me manter distante, assim como o Piquerez, e pronto. Problema resolvido.

— Resolvido pra quem? — Penso que foi Cury que disse, mas as palavras saíram da minha própria boca. — Pra você, que sempre teve a vida perfeita e nunca foi julgado de verdade? Porque pra mim, na primeira oportunidade que eles tiverem, irão revirar minha vida ao avesso. Vão entender que meu filho é fruto de uma noitada. Que esse bebê na minha barriga também. E que eu... eu vivo uma vida irresponsável. Que sou uma vadia sem vergonha. E nunca serei aceita. Porque, pode acreditar, tudo se volta a isso no fim. A imagem. A pureza.

Eles ficam em silêncio. Os três. Entendendo a dureza das minhas palavras. Compreendendo o quão complicado vai ser a minha vida se eu continuar solteira. Afinal, eu sou mãe. E uma mãe nunca deve ser uma mãe solteira. Não na visão pública onde o casamento ainda é a vida perfeita e ideal.

— Eu aceito esse acuerdo. — Piquerez se pronuncia, enfim. — Farei cualquier cosa. Si para limpiar la imagen de Isabella, necesito estar con otra persona. Que eu esteja. Vamos a buscar a alguien. Una chica que esteja desesperada. Que aceite cualquier cosa sólo para estar namorando com um jugador.

— Isso não será dificil. — Cury assente, satisfeito. — A gente planeja essa mentira com mais calma. Mas todos precisam estar de acordo.

— Você não pode aceitar essa mentira, parça! — Veiga se emburra. — Isso não é vida. Não precisa fingir pra limpar a minha pele e nem a da Isabella. Não é um problema seu. A gente pode resolver de outro jeito.

— Se tornou um problema mio cuando lo fui público e assumi a un hijo que talvez ni siquiera seja mío. Eu causé esta bagunça. E si para consertá-lo necesito entrar em una mentira, entonces lo farei.

Meu coração sangra em ver que ele está disposto a ter um namoro de mentira com uma menina qualquer só pra me ajudar. E ele fala com tanta tranquilidade que nem parece que dói nele também. E eu sei que dói.

— Isabella só se livrará disso se Piquerez não for mais associado a ela e ela estiver casada, Veiga. — Cury insiste. — E precisa ser com você porque vocês já tem um filho e isso será mais facilmente aceito. Então... O casamento tem que acontecer. Se também quer ajudar, precisa fazer sacrifícios que realmente serão válidos. O casamento limpará a imagem de todos. Principalmente a da Isabella que poderá atuar em todas as novelas e filmes e séries que desejar pois sua vida finalmente atenderá ao que todo mundo quer ver.

Veiga fica em silêncio por um momento, olhando para o mármore branco aos nossos pés enquanto processa tudo que ouviu. Também estou processando isso. Tentando entender. Tentando não surtar. Minha cabeça dói. Não aguento mais essa conversa.

Depois Veiga pressiona os lábios e ergue a cabeça para encarar Cury e, só então, vira o rosto pra mim e me olha nos olhos.

Seu olhar faz meu coração doer ainda mais. E eu rapidamente me sinto arrependida de sugerir tal coisa. Mas não vou voltar atrás. Eu preciso disso. Minha família, meus filhos, precisam disso. Precisam dessa paz que só um casamento me trará. Mesmo que seja de mentira.

— Não é certo — ele nega com a cabeça. — As coisas não deviam ser assim.

— Mas elas são.

Veiga assente com muito pesar.

— É... elas são — ele olha pra Cury e dá o decreto final, quase como se estivesse assinando o acordo e batendo o martelo, possibilitando enfim sua concretização. — Faremos acontecer como deve ser. Me casarei com a Isabella.

Quem viu no tiktok já sabia que isso iria acontecer 🫣 só não sabia como. "O marido e o amante."

Pra quem achou que o time Piquerez tá morto, não me conhece mesmo, né? Próximo capítulo promete.

E essa fic é um triângulo amoroso. Existem dois times. Que até o desenrolar no final, terá agrado para ambos. Tenham paciência e vamos seguindo. Tem muito chão pela frente. Digam aqui o que acham que irá acontecer? Tem chance desse casamento ser barrado? 🤔

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