Além da Neve

By m_sous8

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Nas misteriosas terras de Celestria, haviam onze reinos que eram únicos a sua maneira. Quatro deles, eram os... More

Prefácio
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46

Capítulo 15

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By m_sous8

Hendry me cercava com a espada em suas mãos. Em seguida, avançou na minha direção, atacando-me pelas costas; abaixei-me e girei os calcanhares, defendendo-me com minha espada. Desferi um golpe em sua costela esquerda, mas ele desviou abaixando-se. Rapidamente, ele girou no chão com a perna esticada e aplicou uma rasteira, da qual não consegui desviar, caindo de costas no chão, enquanto ele apontava a espada para minha garganta.

— Você precisa se concentrar em proteger seus pontos cegos — instruiu. — Utilize magia, se necessário, mas nunca deixe seus pontos cegos desprotegidos.

Ele estendeu a mão para me ajudar a levantar. Estávamos em mais um dia de treinamento matinal em uma das arenas de treino que havia em Dracária; ela estava parcialmente destruída, mas era incrível para treinamento. Possuía um formato redondo e, por toda a sua volta, havia arquibancadas. Por algum motivo, ela ficava flutuando entre duas cachoeiras. Era um lugar muito bonito.

Já haviam se passado quatro meses e meio desde que chegamos em Dracária. Eu aprendi centenas de feitiços, tendo que usar magia para adicionar muitas páginas ao meu grimório. Os dias aqui passavam tão devagar que pareciam ter se passado anos. Nossa rotina basicamente consistia em estudar feitiços e treinar. Hendry se tornou meu treinador desde o dia em que descobri que ele era o melhor espadachim que já havia visto.

Na nossa primeira semana aqui, um Trovarghoul surgiu à nossa frente enquanto caçávamos com Éry e Ýüny — aparentemente, o Trovarghoul estava sem seu dono. Antes que Éry pudesse nos socorrer, Hendry matou o Trovarghoul com grande maestria. Ele ficou insistindo por semanas que havia sido sorte, mas eu sabia exatamente o que tinha visto. Naquele dia, descobrimos as fraquezas de um Trovarghoul, que eram completamente diferentes do que nos ensinaram a vida toda. Desde então, ele estava me treinado. Tive que implorar muito e deixá-lo me chamar de "minha deusa", ou "esquentadinha", enquanto nossos treinos durassem, mas valeu muito a pena.

— Dá um tempo, estamos treinando a horas — retruquei.

— Você está distraída — pontuou, colocando na bainha a espada que achou no palácio.

Guardei minha espada na bainha e deitei-me no chão da arena, usando o braço para proteger meus olhos do sol. Hendry sentou-se ao meu lado, senti seus olhos sobre mim. Ficamos alguns minutos aproveitando o sol em Dracária — que acabei descobrindo gostar. Costumava pensar que muita exposição ao sol me mataria, como quase aconteceu com Hendry na tempestade, mas eu me sentia bem, tanto no sol quanto no frio.

— O que está distraindo você? — Hendry perguntou.

Me levantei e sentei.

— Dry, você quer voltar? — ele franziu o cenho. — É, sei que parece loucura... eu só não sei se estou pronta para abandonar isso. Se mesmo em ruínas esse lugar é incrível assim, dá para imaginar como era na época do Éry... eu me sinto livre aqui.

— Eu entendo você. Aqui nada pode nos alcançar. Nos preocupamos unicamente com um ou dois centauros arruaceiros, fadas pregando peças — ele encarou o palácio, que estava majestosamente brilhando com a luz do sol. — Sem acordo, sem cobranças...

— Quer dizer, acordamos com as canções dos faunos na floresta! Eu nunca havia visto nenhum deles na minha vida! — começamos rir. — Essas criaturas não se dão bem em Frosthaven... e acho que nem eu conseguirei mais.

— Em Solaria há alguns, mas são praticamente domesticados. O que me lembra que preciso achar um jeito de proibir que cacem eles... — Hendry falou, ficando sério. — Acho que achei uma resposta para a sua pergunta.

— E qual é? — perguntei, encarando meus pés.

— Temos a obrigação de voltar. Não podemos ser egoístas e ficando aqui, enquanto tem pessoas que sofrem nas mãos deles. Principalmente pessoas que amamos.

Automaticamente Ava, minha mãe, os BGF e Eldric vieram em minha mente. Olhei para a pulseira no meu braço e meu peito se apertou. Eu não estaria verdadeiramente livre, se eles também não estivessem. Ficamos em silêncio por mais alguns minutos.

— Você tem razão... — foi a única coisa que consegui dizer. — Vou sentir saudades daqui. Pensar que não iremos voltar, dói.

— É o melhor. Temos que ajudar a deixar esse lugar seguro — ele falou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

Olhamos ao mesmo tempo para uma grande silhueta voando em nossa direção e nos levantamos. Éry estava retornando de seu banho "laval". Constantemente, em algum momento do dia, ele ia até um vulcão ativo nas proximidades; era longe o suficiente para a cidade não correr riscos. Éry disse que as iniciações dos feiticeiros eram feitas lá, pois era o ponto mais alto que a lua alcançava, e os Dracárianos eram imunes ao fogo.

— Que demora, lagartixa. Foi ao banheiro? — Hendry falou rindo, quando Éry pousou à nossa frente.

"É, eu estava soltando algo parecido com você!", Éry respondeu, estendendo a asa para subirmos e soltando sua risada rouca.

— Oi, grandão! — falei me aproximando. Éry desceu a cabeça até mim e abracei seu focinho.

Subimos em suas costas e voltamos para o palácio. Ao entramos, vimos outro veado morto no chão do salão de bailes; provavelmente o nosso almoço. Era o que Éryagonn trazia quase sempre.

— Hoje é sua vez de cozinhar, e não adianta reclamar, é o revezamento que você propôs semanas atrás — falei, olhando para Hendry. 

Ele fez uma expressão de súplica, pois a única coisa que sabia fazer era ensopado.

— Droga! — retrucou.

Dado por vencido, Hendry pegou o animal e jogou por cima do ombro, dirigindo-se à cozinha do palácio.

"Sinto pena do seu estômago", Éry referiu, deitando-se no chão.

— É um bom ensopado — sorri.

"Bom, é você quem come aquilo... Baixinha, em algumas semanas, será lua cheia. Eu estava olhando o vulcão, e ele está preparado... caso você queira... sabe", o encarei.

— Você sabe que não irei fazer, Éry. Me atirar em um vulcão é coisa de louco, e eu ainda não alcancei esse estágio. 

"Você é muito teimosa, sabia?"

— Já me disseram — ele bufou. 

"Só acho que você poderia reconsiderar. Apenas..."

— Éry, precisamos ter aquela conversa — o interrompi, mudando de assunto.

"Precisa ser agora? Estou um pouco cansado e com sono", falou, fingindo fechar os olhos lentamente.

— Disse que me contaria tudo quando fôssemos embora. Iremos amanhã — me sentei, de frente para ele. — Você prometeu.

Éry não gostava de falar sobre seu passado; mas, semanas atrás, ele havia me prometido contar tudo o que eu quisesse saber quando estivéssemos perto de partir. E uma promessa feita por um dragão nunca é quebrada. Por isso, reivindiquei a minha promessa, sabendo que ele não voltaria atrás.

"Tudo bem, coisinha curiosa. Diga-me, o que você quer saber?", perguntou, mantendo os olhos fechados.

— Tudo!

Passamos um bom tempo conversando. Éry me contou tudo o que vinha à sua memória. Descobri que ele foi transportado pelo Ziryon para a caverna, no meio do embate com a feiticeira — que ele recusava-se a falar o nome. Ziryon o encarregou de guardar os cristais de Daphirix, pois eram vitais para os dragões e eram a única chance de os trazer de volta. E haviam tantos fragmentos nas cavernas porque o guardião os quebrou para passarem despercebidos dentro das estalactites; pelo visto, os cristais costumavam ter um metro de largura e altura.

Ele não sabia o que havia ocorrido na Grande Guerra, mas conhecia alguém que tinha conhecimento sobre o assunto. Assim que partíssemos, ele planejava ir para lá. Me informou que os cristais de Daphirix alimentavam os filhotes nos sete primeiros dias de vida, garantindo que crescessem saudáveis. Sem a alimentação proporcionada pelo cristal, um filhote mal chegava a sobreviver ao primeiro dia. Cada dragão fêmea possuía um cristal em seu ninho, e, em média, a cada cem anos, cada ninho gerava cerca de quinze novos dragões. Devido à longevidade dos Dracárianos, eles também reproduziam-se quase na mesma proporção.

Perguntei o motivo pelo qual o pingente do meu colar havia ficado para proteger a caverna, e me surpreendi ao descobrir que ele vinha diretamente do cristal presente na coroa de Ziryon. Como foi parar nas mãos dos meus pais era um grande mistério.

Ele me informou que a língua falada por eles era chamada 'Bravarian', a qual eu conseguia compreender totalmente desde a caverna — isso facilitava minha interação com os feitiços Dracárianos. Também compartilhou que os dragões ligados a civis tinham uma média de vida de três mil anos, enquanto aqueles associados a feiticeiros e guerreiros podiam chegar até oito mil. Apenas os dragões ligados a feiticeiros e guerreiros possuíam habilidades mágicas. Revelou que era ele quem treinava os dragões que lutava em batalhas e que o próprio Ziryon supervisionava o treinamento dos guerreiros e feiticeiros, sendo ele o mais habilidoso e valente guerreiro que existia.

Ele compartilhou comigo alguns costumes e tradições, revelando que viviam em constante harmonia com todas as criaturas que habitavam a floresta — que eu descobri serem os responsáveis por manter qualquer intruso afastado de Dracária. Eles haviam feito uma promessa solene de proteger o reino até que pudesse ser restaurado, pois Ziryon costumava os ajudar em vida. Além disso, me falou sobre seu irmão mais novo, chamado Ϋhoon, cujas escamas cinza-brilhantes evidenciavam sua gentileza a todos, sem exceção; e seu repúdio à guerras. Éryagonn não imaginava o que havia acontecido com ele.

Ele aprofundou um pouco mais sobre a personalidade de Ziryon, descrevendo-o como alguém gentil, sábio, justo e forte, elogiando todas as qualidades que tornavam Ziryon digno de admiração.

"Isso é tudo o que tenho para te contar no momento. Mais alguma pergunta?" — eu estava extasiada com todas as coisas que ele contou-me. No entanto, havia algo que ele ainda não tinha me explicado.

— Por que vive falando que sou filha de Dracária? — ele me olhou.

Em seguida, redirecionou seu olhar em direção a sala do trono.

"Quando você chegou aqui, qual foi a primeira coisa que sentiu?"

Pensei no primeiro dia em que chegamos aqui. Em como todas as minhas forças haviam aumentado drasticamente; como se, de repente, aquele lugar restaurasse minha energia vital, mesmo antes de eu perceber que precisava. Eu me sentia incrivelmente...

— Poderosa.

"Exatamente! Ao contrário dos outros reinos, nossas terras são essenciais para nós. Elas nos fortalecem, nos curam e aumentam nossa energia. Sei que você sente que pertence a este lugar"

— Tudo bem, mas isso não prova nada — desdenhei. — Hendry também sente-se bem aqui.

"Não é apenas isso. O seu cheiro, o aroma da sua magia...", ele hesitou, como se algo tivesse surgido em sua mente. "Você possui um olfato mais apurado do que a maioria das pessoas, não é? Consegue sentir o cheiro da magia ou a energia vital de seres vivos quando estão próximos de você, correto?"

— Como sabe disse? — perguntei, atônita. Apenas meus pais e eu sabíamos daquilo.

"É uma característica única dos Dracárianos. Por praticamente terem sangue de dragão, seus sentidos são tão aguçados quanto os nossos. Podem sentir o cheiro de qualquer energia vital ou magia, assim como nós", Éry começou a rir diante da minha expressão assustada. "Acredite, quando sua inicialização ocorrer, isso se expandirá completamente, e você será capaz de distinguir a quem o cheiro pertence. E muito mais."

Fiquei sem reação para a declaração dele. Eu realmente senti a energia vital da Avalyn antes de descobrirem a gravidez, e senti que ela possuía magia ainda no ventre; senti a mesma coisa no novo bebê.

Éry, mas...

"Você gosta tanto de frio quanto de calor!", me interrompeu. Ele pareceu bem confiante em sua afirmação. 

— Não é verdade, eu me sinto muito mais a vontade no frio — rebati.

"Claro que você sente, está acostumada a ele. Você vive em um lugar que é frio o tempo todo! Mas me responda, nunca na sua vida procurou por uma fonte extrema de calor?"

Então, me veio à memória. Eu costumava pedir a Elara para deixar a água o mais quente possível, mas nunca parecia ser suficiente. Muitas vezes, ela acabou se queimando levemente nas mãos por isso, e eventualmente, parei de pedir que ela fizesse isso. No entanto, ela não parou. Levantei as sobrancelhas, completamente atônita. Ele me encarou como se dissesse: "exatamente".

"Eu estou sempre indo ao vulcão porque também necessito de uma fonte de calor tão intensa quanto um fogo. Nosso reino tem esse clima que alterna entre o frio e o calor de forma tão drástica para garantir nossa sobrevivência. Baixinha, você é a pessoa com o sangue Dracáriano mais puro que já vi em toda a minha vida"

Então, meu coração parou por alguns segundos, e a ficha caiu. Não podia ser coincidência ele saber de todas aquelas coisas. Se Éryagonn estava dizendo, não poderia ser mentira. 

"Minha mãe está grávida de um bebê que possui magia...", pensei, adicionando esse fato a todos os outro.

— Eu não sou filha dos meus pais... — falei, em um sussurro.

"Acredito que não, baixinha... eu sinto muito", Éry compadeceu.

Por isso, meu pai fazia questão de me manter restrita em tudo. Ele não permitia que eu aprendesse magia adequadamente, não me autorizava a treinar, e também não me ensinava a governar corretamente. Afinal, para que fortalecer alguém que não era sua filha biológica, não é mesmo? Foi por isso que foi tão fácil para ele oferecer minha mão em casamento para Hendry; ele não tinha a intenção de me deixar governar o reino dele.

Lágrimas começaram a rolar pelos meus olhos. Meu coração, que já estava cheio de cicatrizes, se despedaçou mais uma vez. Agora, eu estava repleta de perguntas, dúvidas e confusão. Éryagonn se levantou e veio até mim, cercando-me com seu corpo e envolvendo-me com sua asa.

— O ensopado está pronto! E advinha quem veio... — Hendry estancou quando me viu.

Ele olhou para mim e depois para Éry, preocupado. 

— Está tudo bem? — indagou.

— Está, sim... — falei, enxugando as lágrimas.

Me levantei e dei um beijo no focinho do Éry, agradecendo.

— Obrigada por fazer a comida — dei um beijo no rosto do Dry e segui para o quarto que eu costumava ficar quando precisava de espaço.

— A Ýüny está aqui — ele avisou, antes de eu subir as escadas.

***



Olá, lindo mortal.

Espero que tenha gostado do capítulo!

Queria pedir-lhe, com todo o meu coraçãozinho, que vote, comente e compartilhe o livro. Isso me ajuda por demais.

Obrigada por ter lido até aqui. Até o próximo capítulo que se encontra nessa direção:

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V

Ou nessa:

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Querem me fazer choraaaar!

Sem voto estou, sem voto estoooou!

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