Capítulo 24

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Voamos por algum tempo, cruzando a floresta até chegarmos ao destino conhecido de Éry: o vulcão sagrado de Dracária

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Voamos por algum tempo, cruzando a floresta até chegarmos ao destino conhecido de Éry: o vulcão sagrado de Dracária. Ele sempre descrevia este vulcão como o epicentro de toda a força de um dragão e de um Dracáriano. Insistia constantemente que era o local perfeito para eu realizar a cerimônia de inicialização durante a lua cheia, tornando-me, finalmente, uma feiticeira completa. Era o vulcão que eu evitava, pois, no fundo, sabia o que aquilo significaria: minha existência inteira era uma mentira.

Não era o que eu queria no momento. Não estava disposta a aceitar que meus pais mentiram para mim. Além disso, havia o medo. O medo de ter que abandonar dezoito anos da minha vida. De deixar para trás Ava, Eldric, minha mãe e... meu pai. Mesmo após tudo que aconteceu, eu ainda o amava, e isso não mudaria facilmente. Todos os anos bons que compartilhamos não podiam ser apagados por causa de um acordo asqueroso e pela possibilidade de eu não ser realmente filha dele. Essa possibilidade, agora quase palpável, tornava-se real a cada segundo que eu refletia sobre isso.

Éry pousou em um solo de tonalidade escura, onde fendas irradiavam uma luz vermelha-alaranjada, serpenteando em diversas direções como caminhos sem fim. A sensação de calor envolveu todo o meu corpo de maneira irresistível. Parecia que cada parte de mim reagia a cada contato térmico do ar que nos envolvia. Franzi a testa e olhei para Éryagonn, confusa.

— Onde está o vulcão que avistei lá do alto?

Éry soltou uma bufada misturada com uma risada que ecoou na minha mente. Estranhamente, percebia que Éry estava se tornando uma presença cada vez mais arraigada dentro da minha cabeça.

"Isso é o vulcão. Estamos na borda dele!", arregalei os olhos, surpresa, enquanto contemplava a grandiosidade do local.

Éry apontou com a cabeça para a direita, indicando o que só percebi ser a borda do enorme vulcão quando me aproximei e olhei para baixo. Estávamos a uma altitude extraordinariamente elevada, a ponto de me deixar tonta. Abaixo, uma vegetação densa simulava perfeitamente uma floresta exuberante. Ao voltar o olhar para o lado esquerdo, alguns metros adiante, observei fumaça saindo do solo.

Algo parecia me chamar, e meu coração inflou no peito. A cada passo em direção à fumaça, o calor aumentava, envolvendo-me ainda mais. Entrei em uma espécie de transe. Ouvi a voz de Éryagonn como um sussurro em minha mente, me chamando, mas eu não conseguia parar de seguir em frente.

Quando alcancei o que parecia ser outra borda, percebi que era, na verdade, a abertura do vulcão. Um imenso buraco se estendia diante de mim, com quilômetros de largura. Ao olhar para baixo, a alguns metros de profundidade, deparei-me com um fogo que assemelhava-se a toneladas de ouro derretido. O calor emanando daquele fogo ultrapassava em muito a água quente da banheira onde eu costumava tomar banho. Era como se o próprio fogo estivesse me convocando.

Parei à beira do vulcão, como se tivesse emergido de um transe. Sentei-me na extremidade, com os pés para dentro, e o encarei com devoção; como se fosse uma entidade que eu conhecia há eras. Permiti que o calor me envolvesse mais uma vez. A cada expiração do ar quente, senti minha energia aumentar — e meu poder também.

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