"Só quero que você me diga que sente a mesma coisa, não acho que conseguirei sobreviver ao inverno, querido. Bem, você não quer me embrulhar e me tocar embaixo da árvore? Ele não te trará alguém que te ame mais do que eu". - Sabrina Carpenter, Santa Doesn't Know You Like I Do.
*
Como era o esperado, não foi nada sério e eu só precisava de um dia de repouso e fazer alguns exercícios de respiração e me manter aquecida e claro, Milo estava tomando conta disso como um maldito profissional.
Eu estava usando meias compridas de natal, moletom de natal e um suéter verde de renas e uma tiara de natal enquanto estávamos na cozinha fazendo casinha de biscoitos de natal e um bolo de nozes.
Camryn decidiu que iria embora hoje e não na segunda, Milo disse que seja lá o que ela estivesse procurando, ela havia encontrado por isso decidiu ir embora um dia antes. Eu respeitosamente concordei com a cabeça, mas eu estava comemorando dançando como Michael Scott naquele episódio de The Office, com um rádio para cima e tudo.
Eu estava decorando os biscoitos enquanto via Milo bater uma massa de bolo, ele estava usando os óculos hoje e ele cantava uma música de natal tranquilamente, suas costas pareciam incrível na camiseta vermelha de mangas compridas que ele usava, seus cabelos hoje estavam bagunçados, e sua bunda era gloriosa naquele moletom preto e eu precisei me engolir. Desde ontem, quando admiti que estava apaixonada por ele, tenho dito dificuldade para manter meus olhos, minhas mãos e meus pensamentos longe de Milo. E não sei se ele percebeu ou se está achando que tudo isso é sobre meu pequeno acidente.
Dormimos na mesma cama e Milo foi respeitoso e não usou meu espaço ou me tocou, mas eu acordei de madrugada com dificuldade para respirar e com muito calor. Tirei um dos edredons de cima de nós, e depois de olhar para ele como esquisita maluca, decidi me deitar sobre ele, minha cabeça em seu peito e minhas pernas no meio das dele. Em algum momento depois disso, Milo se virou um pouco e me abraçou, e eu me senti tão bem, feliz e segura que dormi alguns minutos depois disso. E não foi uma surpresa total quando acordamos essa manhã num emaranhado de pernas e braços, cabelo e comigo quase em cima dele. Milo não agiu estranho, acariciou meus cabelos e beijou minha testa, depois me perguntou como eu dormi e se eu estava com dor, respondi que não e me agarrei nele e dormi novamente.
Agora, aqui estamos, comigo olhando sua bunda enquanto ele fazia um bolo de natal com a sua mãe. Eu ri de mim mesma e abaixei minha cabeça fazendo as decorações mais bobas nos biscoitos.
- Qual a graça, Brina? - Milo me pergunta por cima dos ombros.
- Minhas decorações de natal - eu aponto para a tentativa de árvore de natal que eu estava fazendo nesse biscoito.
Milo vira e analisa meu desenho com pouquíssima precisão e me responde sério.
- Ah, você é tão talentosa - seu sarcasmo e ironia caindo de seus lábios em seu sorriso.
Mando um beijo para ele - Muito obrigada, meu amor.
Ele pisca para mim e volta para o que eu estava fazendo e eu rio um pouco mais alto dessa vez, talvez para disfarçar a reação idiota do meu coração ao fato de ele piscar na minha direção.
- Então, como as coisas parecem fortes entre vocês, eu estava pensando, você poderia levar a Sabrina para Londres ano que vem, o que vocês acham? - Camryn pergunta ao Milo, mas ela olha para mim, eu mantenho minha cabeça abaixada. Esse era o problema de mentir para as pessoas, elas esperam coisas que você não planejou.
E honestamente, mesmo que Milo e eu estivéssemos em um relacionamento de verdade, não tenho certeza se me sentiria bem na casa dela.
- Mãe - Milo respira fundo e eu o vejo por canto dos olhos despejar a massa vermelha na fôrma -, eu acabei de me mudar para Nova Iorque, sou escandalosamente novo para meu cargo, não vou pegar férias tão cedo. Nao posso dar motivos para as pessoas questionarem minha eficiência -, Milo morde o lábio levando a fôrma com a massa para o forno pré aquecido, ele coloca a fôrma com cuidado e checa a temperatura, ele se vira para nós e eu dou de ombros.
- Pensei que sua namorada tivesse uma opinião diferente - Camryn diz.
- Pergunte a ela - Milo se coloca ao meu lado, uma mão em meu ombro enquanto ele gesticula para mim -, ela está bem aqui e tem um nome, por favor mãe, trate-a com respeito.
Ela riu e balançou a cabeça.
- Muito bem, o que você acha, Sabrina?
- Eu também sou nova no meu cargo, comecei esse ano. Antes eu era só uma estagiária. Então, quando as coisas estiverem mais certas para mim e para Milo no trabalho e no nosso relacionamento, podemos conversar sobre isso.
- Não acha que as coisas estão sérias o suficiente entre vocês?
- Não foi isso o que eu disse.
- Então o que disse?
- Que é cedo mamãe para fazermos planos tão adiante no futuro, foi isso que ela disse e a senhora entendeu - Milo se sentou ao meu lado. Beijou meu rosto e começou a decorar um biscoito -, a senhora vai querer fazer biscoitos conosco?
- Sabe, Milo eu falei com a Lily ontem -, eu deixei o saquinho com recheio verde escorregar da minha mão direto no biscoito e ele espalhou um pouco me sujando no processo, eu xinguei baixinho e Milo me olhou, provavelmente achando estranha a minha reação ao nome da sua ex namorada -, ela te desejou um bom feriado de fim de ano. Eu disse a ela que você iria para casa no ano que vem.
- Eu estou em casa mãe. Comprei esse apartamento, ele é meu. - Milo me ajuda a limpar a bagunça que eu fiz e me olha nos olhos, eu estava quase querendo fugir daqui. De novo. De repente, fugir se tornou meu modo de operar.
- Meu deus não é um pecado querer meu filho em casa, na minha casa! Você não vai se encontrar com a Lily na esquina.
- Eu acho melhor esperar na sala... Essa parece uma conversa importante e eu... - olhei desesperada para Milo, esperando que ele me deixasse ir. Ele me olhou de volta implorando para eu ficar - tudo bem.
- Você sabe quem é a Lily. - Milo afirmou e olhou para a mãe -, eu não dou a mínima para Lily. Isso é passado.
- Milo...
- Já chega! Você pode não concordar comigo mãe, mas essa é a minha vida e essas são as minhas escolhas. Eu não vou me casar com a Lily porque a senhora idealizou isso anos atrás. Eu estou feliz agora. De verdade. Sinto muito que isso incomode você, mãe, mas é o que é.
- É claro que a sua felicidade não me incomoda!
- Parece que sim e novamente, pare de tentar trazer a Lily para minha vida de volta. Eu quero que você respeite a Sabrina, ela está na minha vida e é minha escolha. Apenas pare de machuca-la.
Minha mão foi para a perna de Milo e eu apertei. Por algum motivo ele afirmar meu nome ao invés de um status de relacionamento mexeu comigo e eu não soube muito bem como agir, mas sabia que eu adorei isso e adorei a forma que meu coração acelerou. E adorei quando sua mão segurou a minha em seu colo e ele apertou de volta me confortando.
- Tudo bem, se é isso que você quer - ela ergue as mãos para cima -, acredito que voces dois sejam capazes de rechear e decorar o bolo quando ele estiver pronto, eu vou tomar banho.
- Claro - eu respondo.
Milo não diz nada e dois minutos depois eu jogo minha cabeça para trás e dou risada, é claro que era de nervoso, mas ainda sim, tentei tapar minha boca com a mão livre.
- Puta merda! Como falar de biscoitos escalou para isso? - eu perguntei com a minha voz abaixada.
- Eu juro a você que minha mãe não é sempre assim - Milo me responde -, mas quendo ela enfia algo na cabeça, ela pode se tornar um pouco difícil.
- Porra, eu percebi. Ela realmente acha que eu vou sugar a sua alma ou algo assim - eu suspiro profundamente.
- Como está sendo para você respirar, agora?
- Mais fácil - eu respondo ainda segurando sua mão e me aproximo mais dele -, obrigada por ficar ao meu lado.
- Eu sempre vou ficar do seu lado, Cindy Lou -, ele bate com a ponta do dedo no meu nariz e eu rio um pouco.
- Porque você escolheu?
- Sim, porque eu escolhi estar ao seu lado e tem sido a melhor escolha que eu fiz até agora, Sabrina.
E simples assim respirar se tornou difícil de novo. Com Milo ainda segurando minha mão, com seu calor tão próximo de mim, eu quase deslizei para ele como um gatinho.
Mas foi Milo quem se mexeu. Ele soltou minha mão e pegou um biscoito e eu fiquei confusa. Em um segundo estava derretendo como gelo no verão e agora, Milo estava de costas para mim como se não tivesse, em menos de 20 minutos, dito as coisas mais atenciosas e bonitas que eu já ouvi.
Me ajeitei na cadeira e limpei a garganta tentando me recuperar e tentando descobrir como iria lidar com essa humilhação e negativa tão direta.
Mas pensando pelo lado positivo, se Milo não estivesse interessado por mim, nós nunca chegaríamos a ter nada e sendo assim eu não poderia estragar nada!
- Sabrina? - Milo me chama e eu respondo evitando olhar seus olhos -, eu fiz algo para você.
Isso chama minha atenção e eu me viro para ele, Milo está segurando um biscoito com uma decoração verde e vermelha que parece uma flor.
- É bonito. Você quer me humilhar nisso também? Não basta o patins no gelo?
Ele revira os olhos - Não é isso.
- Então o que é?
- É um visco de natal.*
- Mas... Nós não estamos embaixo dele.
- E isso faz diferença para você? - ele pergunta colocando o biscoito no meio entre nós e se aproxima de mim, ele acaricia meu rosto e meus lábios -, me diz, Sabrina. Faz diferença.
Eu me viro na minha cadeira, minhas pernas do lado da cadeira de Milo, é inconsciente quando minha língua molha meus lábios, mas não é inconscinte que eu me aproximo e coloco minhas mãos em seu pescoço.
- Não realmente.
No segundo seguinte, Milo está com seus lábios nos meus. E puta merda do caralho, é maravilhoso! O beijo do Milo não era tão gentil como todo o seu jeito de ser, não. Era um beijo que queria tudo de mim desde o começo, e quando sua língua desenhou meu lábio antes de possuir a minha foi um momento lindo, eu juro que vi uma explosão branca dentro da minha cabeça e eu não me importei se minhas mãos estavam subindo por seus cabelos e arranhando sua cabeça, ou com o fato de que Milo me puxou para cima dele e eu acabei em seu colo, provavelmente fazendo uma bagunça de decoração doce de biscoitos.
As mãos de Milo pareciam tentar encontrar um lugar perfeito para descansar e elas encontraram uma em meu pescoço apertando levemente e a outra na curva da minha bunda. Como se ele sempre tivesse feito isso, mas ates desse beijo, Milo nunca tinha colocado a mão nem perto da minha bunda, mas não importa é meu lugar favorito agora.
Era delicioso que Milo parecia tão desesperado e faminto por esse beijo quanto eu. Eu nem me lembrava da última vez que alguém me beijou dessa forma, não. Eu nunca fui beijada dessa forma. E eu queria que durasse para sempre, mas eu precisava respirar, infelizmente respirar o Milo não era o suficiente.
Milo foi afastando o beijo devagar, sua mão que estava no meu pescoço indo para minha nuca e puxando meu cabelo, eu sorrio mordendo seu lábio, era um primeiro beijo do caralho. Milo lambeu meu lábio e quando eu respirei uma vez, ele voltou a me beijar, dessa vez mais devagar, e ele finalizou o beijo com outros selinhos descendo para o meu queixo e um único beijo na curva do meu pescoço, eu estava arrepiada tendo muita dificuldade para esconder o ardor no meio das minhas pernas e fiquei feliz que Milo também estivesse com dificuldade de esconder e eu ri.
- Do que está rindo? - Milo me pergunta seus lábios tão perto do meu ouvido e de maneira tão suave, que eu precisei me pressionar contra Milo e ele respirou fundo apertando minha cintura.
- Eu... Só estava pensando que nunca fiz sexo na cozinha. E com certeza não com uma mesa cheia de biscoito de gengibre e decoração de glacê.
Milo riu na minha pele e eu decidi que precisava descer do seu colo ou eu teria uma primeira vez em cima de biscoitos de gengibre. Milo me segura por um minuto e eu fico numa posição estranha metade em cima dele, metade levatanda, eu rio e dou um selinho nele.
- Estamos bem - eu respondo.
- Estamos?
- Sim lindo, estamos - eu me sento de volta na minha cadeira e jogo meu cabelo para trás que agora estava solto -, eu só preciso me sentar aqui ou a gente vai acabar sujo de biscoito e glacê, só isso.
- Tudo bem, mas seria assim tão ruim acabar sujos de glacê e biscoito?
- Honestamente? Tô achando que não.
Milo ri e se inclina na minha direção me dando um selinho.
- Você é de outro mundo, Sabrina.
- Sim, porque eu sou Whoville, lembra?
- Sabrina Lou Who - ele pisca e eu seguro seu rosto.
- Você ainda vai ser meu amigo?
- Vou. Você ainda vai ser a minha Cindy Lou Who?
- Para Sempre.
Simplesmente não tem como eu ser a Cindy Lou Who de mais ninguém, além de Milo Manheim.
*
*** O visco, é uma planta semiparasita sem raízes que cresce no tronco de certas árvores, permanece verde durante todo o inverno e produz frutos mesmo nas temperaturas mais frias. Por isso, celtas, escandinavos e romanos o tinham como uma planta especial, considerando-o um presságio de boa sorte e vida mais próspera. A superstição diz que, se um casal se encontra embaixo de um ramo da planta, deve beijar-se para ter uma união duradoura e muita felicidade pela frente.