Meu Tritão

AmandaCunado tarafından

1.7K 469 2.1K

🥇Colocado no Concurso Dulce Morsum 2024 - Melhor Capa 🥈Colocado no Concurso Expresso The Coffee House 2024... Daha Fazla

PREMIAÇÕES
PRÓLOGO
01 CHEGADA
02 TRITÃO
03 SUSTO
04 LUCRO
05 TRAGÉDIA
07 AMIGAS
08 CIÚMES
09 O PLANO
BONUS

06 DEZ ANOS DEPOIS

111 34 213
AmandaCunado tarafından

O tritão cresceu, agora era um rapaz esbelto, mantido em uma grande piscina circular cercada por três lados de arquibancada. Ele se tornou um espetáculo para uma plateia de nobres, homens e mulheres bem vestidos.

Seu corpo salta para fora d'água de um lado para outro da piscina. Dando mortais de frente, costas e saltos laterais. Exibindo seus cabelos loiros acinzentados molhados e colados na testa. Os olhos azuis ficavam fechados durante os saltos. Ele preferia nunca trocar olhares com aquelas pessoas.

A água desgrudava de seu corpo magro, mas com músculos bem definidos a parentes. As mulheres da plateia suspiravam, percorrendo a linha de seu peito pelos gominhos pequenos até o umbigo, com os olhos desejosos.

A calda comprida de escamas reluzentes, acinzentadas, contornava seu quadril. Girando o corpo no ar o tritão exibia suas barbatanas dorsais e pélvicas, com uma das laterais da calda comprida. Muito semelhante a calda de um tubaram martelo.

No fim mergulhava e fica nadando no fundo da piscina, enquanto a plateia admirada aplaude. O tritão desejava que fossem logo embora.

Finalmente Alves aparece agradecendo os aplausos e indicando a saída. Na porta está Marco com a roupa desalinhada. Seu cabelo loiro está ainda mais ralo, com a calvície avançada. Desajeitado, tentando agradar os convidados com um sorriso forçado, à guia-os pelo corredor até o jardim do belo casarão.

Somente o capitão permanece no salão. Agora é um velho mais bem vestido e pele "clareada", por se esconder do sol para passar uma imagem mais nobre. Seu cabelo e barba bem cuidados, já branqueados pelo tempo. O porte atlético havia perdido, exibindo barriga e braços roliços.

Com a voz rouca da idade parabeniza o tritão pela boa apresentação.

Com apenas os olhos fora da água e vendo a aproximação do capitão, o jovem nem liga para os parabéns e virando-se faz questão e bater a calda jogando água no velho.

Com um passo para trás ele se livra do banho e começa a rir da travessura do rapaz.

— Papai já falei para não ficar provocando-o! — disse Maria que vinha entrado pela porta à frente do palco.

Os cabelos marrons dela estavam muito longos chegando a cintura. Seu rosto pequeno era a cópia da mãe, Beatriz. Com olhos castanhos, nariz forte com ponta redonda, mas não largo, era reto e esguio. Tudo combinava com suas bochechas ainda infantis e lábios pequenos.

— Não o estava provocando... Já que ele só fala com você, transmita meus agradecimentos. E tente ensinar truques novos a ele, os ricos logo se cansam de saltos repetitivos. Precisamos bolar algo novo e impressionante! — sorria fácil enquanto se retirava.

A mocinha, séria, se aproximou da piscina segurando a saia de seu lindo vestido enquanto se abaixava perto da beira.

Havia duas entradas para o local. Ambas as portas de madeira esculpida, cobertas por um verniz mogno de tom avermelhado.

A iluminação se dava por duas grandes janelas que davam para o jardim com arvores criptomérias¹ recém introduzidas no arquipélago do Açores. No teto uma linda abóboda de ferro sobre a piscina. Permitindo que o tritão pudesse ver o céu além de iluminar o local, dando a agitação da água e escamas da criatura um brilho mágico.

— Você ouviu o papai. É melhor inventar novas acrobacias... — dizia, mas o rapaz escamoso continuou no fundo nadando, sem lhe dar atenção.

Por fim vendo de canto de olho que a mocinha o estava encarando-o subiu dando uma cambalhota que jogou água em parte da arquibancada.

— Acho que isso não vai agradar ao público... Eles não vêm aqui para tomar banho... — concluiu Maria.

Então o tritão coloca a cabeça para fora da água, bem no meio da piscina e retruca.

— Mas é bem o que eles merecem... — seu tom era bravo, cruzou os braços magros a frente do peito nu.

— Eu sei... Já disse que vou dar um jeito de lhe tirar daqui... — sussurrou Maria.

Mas sem acreditar, a criatura olha com raiva e depois revira os olhos.

— Pois bem, prefere tentar sozinho? Deveria está me agradecendo, ou pelo menos chegar mais perto! — estica a mão para o jovem hibrido. Mas esse mergulha dando um gelo nela com um olhar sério.

— Você tem péssimos modos sabia?! 

Desinteressado, continua no fundo nadando, mostra apenas as costas, sem nem olhar para sua única amiga. Depois de um tempo vendo-o dar voltas Maria resmunga:

— Eles já foram... Não vai ter apresentação particular hoje... Não quer aproveitar e treinar alguns passos? — sugeriu a mocinha.

Desconfiado vira nadando de barriga para cima e depois de uma volta sobe o rosto, numa borda longe dela.

"Que corpo lindo. Eu sempre sinto um frio na barriga quando ele se exibe assim tão perto de mim..." Maria precisa se segura para não suspirar vendo o peitoral nu do tritão "É ainda mais bonito de perto."

— Certo. Mas fique ai até eu chamar. — adverte, recebendo um aceno que sim, da mocinha tentando manter a expressão de chateada.

"Ao menos vou poder segurar suas mãos. É a única parte que não reclama quando lhe toco."

O tritão a vigiou desconfiado e foi subindo o braço na borda devagar. Se forçando a respirar pelo nariz e enchendo os pulmões, saltou esticando os braços na borda para subir a calda.

"Pobrezinho do meu tritão, queria que fosse humano como eu, não teria que passar por essas transformações e ficaríamos sempre juntos..."

Tossindo e tomando folego ficou nessa posição um pouco antes de transformar sua calda em pernas. Assim, quando se sentiu pronto olhou para ela e com a voz falhando, com pouco folego, disse que podia vir.

Maria levantou e foi dando as mãos, para o tritão se apoiar e levantar. Relevando sua cintura e partes da coxa, ainda cobertas pelas escamas de peixe cinza amareladas.

"Estamos tão pertinho um do outro. Não me importaria de abraçar seu corpo molhado, se permitisse..."

Em pé, foi guiando os passos dele pelo espaço livre do palco. Seus passos eram desajeitados como um bebê. Sempre, olhava constantemente para baixo concentrado no movimento das pernas.

"Não se preocupe, vamos treinar até que possa andar sozinho. Talvez um dia possamos passear no jardim. Não, se alguém descobrir nosso plano nunca dará certo." perdia-se em pensamentos.

O chão foi ficando molhado e o sapato de Maria escorregou desequilibrando-a. A mocinha acabou puxando-o e ambos caíram.

A humana teve sorte e caiu sentada, mas o jovem sem equilíbrio caiu de rosto no chão. Logo levantou fumegando de raiva, quando a moça viu aquela expressão começou a rir, nervosa, explicar que o sapato escorregou.

Bravo ele agarrou um dos sapatos do pé dela e atirou na piscina.

— Essas coisas só atrapalham! Pra que usar esse monte de pano e couro?!

— Ei! Meu sapato novo! — "Não é justo, foi um acidente!"

— Tire o outro! Não quero cair novamente! — falou bravo.

— Está bem! Já estou tirando! Satisfeito? — disse Maria afastando o calçado.

O rapaz não respondeu, suas guelras abriram um pouco com todas as reclamações que fez. Assim o tritão se recompõe passando a mão sobre as guelras para fecha-las novamente e tosse um pouco.

"Oh! Eu sinto muito." pensou, se aproximando e tocando aquela mão que ele tinha sobre o pescoço, surpreendendo o rapaz. "Sua pele é um pouco áspera, mas isso não me incomoda só quero..."

O hibrido afastou a mão dela assustado, olhando-a com medo.

"Com as guelras fechadas, é um pescoço perfeito. Mesmo de perto, mal posso notar as marcas."

Se recobrando do susto e sentido os olhos curiosos dela, o rapaz fica ofendido.

— Pare de encarar! Não quero que fique olhando meu pescoço...

— Qual o problema em olhar? Vêm vamos voltar para a piscina... — a mocinha o ajuda a se levantar e guia-o até a borda.

"Como qual o problema? Eu não fico curioso com sua pele mole e sem graça!" move seus dedos, levemente, analisando a textura da mão dela. Fazendo-a corar "Esse monte de tecidos devem ser para esconder o quanto são feios por baixo."

"Também está curioso sobre mim! Devia admitir!" encabulada olha-o nos olhos e depois se deixa imaginar um beijo, ficando os lábios rosados do rapaz.

Quando chega perto da piscina, o jovem escamoso se afasta, como se fugisse, e salta para dentro.

— Vai ter que me devolver o sapato, não esqueça! — "por que tem que ser tão arredio?"

Obediente, mergulha, pega e leva. Mas estende o braço de longe e a mocinha não alcança.

— Para com isso! Traga logo aqui!

Contrariado, mas obediente, o tritão se aproxima de verdade e entrega nas mãos dela. Com uma das mãos a jovem pega o sapato e com a outra, acaricia o braço dele.

— Por que fez isso?! Eu não posso confiar em você?! — recolhe o braço depressa enfurecido. 

— Não é isso, sua pele que é diferente. Meio áspera e emborrachada...

— Para mim você é um monstro! Horrorosa! — mergulhando bateu a calda encharcando-a.

— Não é justo! Estragou meu vestido! Eu estava te ajudando! — desabafou, porém ele ficou no fundo da piscina e virando-se mostrou a língua para ela.

— Você age como uma criança! — braveja e sai tempestuosa, batendo os pés.

O tritão subiu, colocando os olhos para fora, a tempo de vê-la apenas fechar a porta.

"Eu não gosto que me toquem, você sabe disso." suspirou triste e boiou na água admirando o céu pelo vidro da abóboda de ferro que ficava acima da piscina "Não posso confiar em ninguém, nem mesmo na minha única amiga..."

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¹ criptomérias: arvore de cedro japonês introduzida no Açores no século XIX.

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Essa é a continuação de Criminal Love e é essa a descrição👁👄👁💅