Trinta Dias - Vladmir Mazza

By nalvamartins2458

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RETIRADA DIA 05/02/2024. A intervenção do seu pai não extinguiu o seu desejo de fazer seus irmãos pagarem por... More

Sinopse
Prólogo
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By nalvamartins2458

Anne

— Por que estamos aqui, Vladimir? — pergunto quando percebo que estamos nos aproximando de uma marina.

— Eu já disse, quero te levar para um lugar especial. Você já passeou de lancha antes?

— É... já. O Athos nos levou uma vez. — O meu comentário o faz fechar a cara e o seu silêncio dura cerca de alguns segundos.

— Bom, hoje você fará isso comigo. — Ele diz parando o carro, saindo dele logo em seguida e antes que eu faça o mesmo, Vlad me estende a sua mão para me ajudar a sair. Sem dizer qualquer palavra ele segura na minha mão, cruza os nossos dedos e caminha na direção do píer.

— Vlad, eu só tenho uma hora de...

— Não se preocupe, você chegará a tempo.

Não digo nada, apenas o deixo me guiar para dentro de uma lancha enorme e por alguns segundos me pego apreciando o lindo homem de óculos escuros tomando o comando do barco que corre com certa velocidade para o alto mar. Os músculos que sobressaem o tecido branco da camisa de mangas longas não passam despercebidos aos meus olhos, e logo eles estão passeando pelas suas costas longas.

Respiro fundo e decido focar nas águas que o motor insiste em agitar.

— Um beijo pelos seus pensamentos. — Vladmir sibila de repente e logo sou surpreendida pelo seu abraço atrás do meu corpo. O seu calor corporal junto ao meu me faz prender a respiração. No entanto, um beijo casto é depositado na minha bochecha.

— Eu não estava pensando em nada especial.

— Ah não?

— Quem está pilotando o barco, Vladimir? — Procuro mudar o rumo da nossa conversa.

— O piloto automático.

— Ah, entendi. Falta muito para chegarmos? — Vlad ergue uma mão e aponta para uma direção. — Aquilo é um vilarejo?

— É. E é o meu lugar preferido no mundo. — Arqueio as sobrancelhas em surpresa. — É aqui que venho quando quero me esquecer de algumas coisas que me machucam. — Olho de lado para encontrar os seus olhos e droga, logo fico presa neles.

É assustadora a forma como ele consegue me envolver.

— Você é um homem surpreendente, Vladimir Mazza! — sibilo baixo porque é a mais pura verdade. Quem imaginaria que esse homem que adora esbanjar a sua riqueza gosta de estar no meio de pessoas tão simples?

— Eu sou? — Seu questionamento me faz sorrir timidamente e no mesmo instante desvio os meus olhos para o mar.

— Me pergunto o que você teria para esquecer, Vladmir? — sussurro. Em resposta ele apenas respira fundo e se aproxima ainda mais para passar a ponta do seu nariz entre pelos meus cabelos, até alcançar a minha nuca. O seu gesto me faz arrepiar e os seus braços me apertam ainda mais contra o seu corpo.

— Chegamos, Senhorita Summer. — Vlad avisa à medida que o barco vai perdendo velocidade e eu sei que é uma maneira de escapar da minha pergunta.

Não demora e logo estamos caminhando pela pequena vila de pescadores e algumas vezes me pego sorrindo quando percebo que as pessoas desse lugar o conhecem tão bem e apreciam a sua presença. Até as crianças não se inibem em correr ao seu encontro e o meu sorriso cresce para esse homem que ele insiste em esconder dentro de si. Sinto que as minhas barreiras começaram a ruir e tenho certeza de que é tudo por causa desse novo, e encantador Vladimir Mazza.

— Que lugar é esse?

— Eu o chamo de faz tudo.

Por quê?

— Porque ele faz tudo! — O seu tom divertido me faz rir sonoramente.

— Tudo o que?

— O que você quiser. Dos frutos do mar as massas. E o melhor, — Essa parte ele sussurra chegando mais perto de mim. — Você vai amar cada sabor. — Ele fala chegando perto demais e chego a engolir em seco quando Vlad se afasta só um pouco, pois os meus olhos fitam a sua boca no mesmo instante. — Vamos? — Ele pede atraindo os meus olhos para os seus.

— Vamos. — E de mãos dadas subimos alguns degraus de madeira gasta para entrar em um pequeno salão com poucas mesas.

O restaurante é bem simples, porém, muito aconchegante. Devo dizer que foge bastante da realidade do primeiro onde me levou. Contudo, Vladmir não me leva para uma das mesas. Nós atravessamos o salão para adentrar uma cozinha onde uma senhora corpulenta, usando um lenço na cabeça está mexendo em uma panela grande no fogão.

— Diná? — Vlad a chama com ínfima intimidade.

— Oh, Vlad querido! — A mulher sorri para ele, porém, ela me olha com curiosidade.

— Quero que conheça uma pessoa muito especial para mim.

Especial?

Céus, as minhas bochechas chegam a queimar agora.

— O nome dela é Anne Summer.

— Oh, é um prazer, minha querida!

— O prazer é todo meu, Diná! — A doce Senhora me abraça demoradamente e quando ela se afasta o olha com ternura.

— Faz tempo que você não aparece por aqui, querido.

— Eu andei bem ocupado.

— Eu imagino. Agora vão ocupar uma daquelas mesas, que eu levarei algo especial para vocês.

— Obrigado, Diná! — O observo beijar carinhosamente o rosto da mulher.

— Vlad, por que me trouxe aqui? — questiono assim que nos acomodarmos. Ele dá de ombros, porém, fita o mar, mas não consigo desviar os meus olhos de cima dele e observar os seus traços rígidos.

— Acredite, eu estou me perguntando a mesma coisa. — Então ele me lança um olhar sério demais.

— A propósito, meus parabéns! — Sorrio, mas ele parece confuso.

— Pelo que?

— Eu vi sobre o caso de assassinato nos jornais. — O observo se ajeitar em cima da sua cadeira. — Você... conseguiu provar a inocência daquele homem quando ninguém acreditava nele.

— Está me acompanhando pelos jornais, Senhorita Summer? — Ele brinca e sorri. E Deus, é impossível não retribuir esse seu sorriso.

— Era um caso grande repercussão, Senhor Mazza e muitas pessoas o estavam acompanhando. Você foi perfeito, Vladmir! — Vlad fica sério e me lança um olhar que eu não consigo decifrar.

— Queria que outra pessoa percebesse isso. — O tom magoado na sua voz não passa despercebido.

— Outra pessoa? Quem?

— Prontinho! Espero que goste, mocinha. Esse é o prato preferido do Vlad. — Diná fala enquanto serve a mesa e confesso que o aroma da comida está me dando água na boca. Contudo, ao nos deixar a sós Vladimir muda completamente de assunto e eu decido não especular mais. A final, se fosse algo para eu saber ele teria me contado, certo? No entanto, ele insiste em me fazer sorrir o tempo todo e céus como ninguém percebeu o quanto ele é divertido?

Ou isso só acontece quando está comigo?

— Estou apaixonado por você, Anne Summer! — Sua declaração me pega de surpresa e sinceramente eu não sei o que dizer. Vlad segura na minha mão que está sobre a mesa, porém, mantém o seu olhar firme fixo no meu. — E eu quero muito ficar com você.

— Vlad... eu não... eu não posso.

— Por que não? Por causa deles? — Engulo em seco e afasto a minha mão da sua. — Você acha justo que eles comandem a sua vida dessa maneira?

— Eles não... — Respiro fundo. — Eles não mandam na minha vida, não tomam as minhas decisões — rebato irritada.

— E então? — O encaro em silêncio por um tempo sem saber o que dizer. — Anne, eu quero que seja a minha namorada. — Chego a arfar.

— Vladmir, isso não vai dar certo!

— Por que acha isso?

— Porque eu sei que não vai!

— Posso perguntar uma coisa, Anne? — Apenas meneio a cabeça. — Você sente alguma coisa por mim? — Droga!

Eu sinto?

Deus, sinto que estou me afundando em um mar de sentimentos por esse homem. Sim, estou completamente envolvida e Deus sabe como eu queria poder segurar na sua mão e mostrar para todos que estamos juntos. Mas eu sei que eles jamais aprovarão isso e que esse amor é impossível.

— Anne? — Vladmir insiste.

— Sim, você mexe comigo e preenche os meus pensamentos a maior parte do tempo, mas...

— Eu tenho uma proposta pra você. Podemos ficar juntos e ninguém precisa saber por agora. Pelo menos até você ter certeza dos seus sentimentos por mim, o que acha?

— Eu não sei, Vlad — sibilo, porém, ele se levanta da sua cadeira para sentar-se do meu lado.

— Anne, eu não consigo parar de pensar em você. Eu não consigo ficar longe de você. Eu sei que parece clichê, mas com você eu me sinto diferente. Eu tenho motivos para sorrir, sinto-me mais leve, mais descontraído. Você me faz bem. — E inesperadamente ele me beija. É um beijo tão calmo e tão lento. E me pergunto se ele está esperando a minha permissão para dar mais intensidade para esse beijo. — Eu não posso e não quero perder isso. — Vladimir confessa tão baixo que é quase impossível escutar.

— Tudo bem! — Me pego dizendo e percebo que também não o quero perder. Portanto, o puxo para mais um beijo. Esse é demorado e envolvente, e quando se acaba Vladimir une a sua testa na minha respirando um tanto acelerado.

— Obrigado... por me dar uma chance!

Não lhe respondo, mas devo dizer que o meu coração está feliz com isso.

***

Alguns dias...

— Vamos lá, Artêmis, não seja um fracote! — Provoco o meu amigo o forçando a fazer mais um movimento com a perna na sala de fisioterapia.

— Você é uma carrasca, sabia disso? — Ele ralha um tanto sôfrego, enquanto faz força para erguê-las mais uma vez.

— Pense no seu grande amor. Pense que ele está do outro lado do oceano te esperando. O que você quer, chegar lá sentado naquela cadeira de rodas?

— Isso nunca! — Artêmis faz mais um esforço e logo as suas pernas desabam sobre o colchonete. Exausto, Artêmis solta o ar com força e encara o teto.

— O que tem feito ultimamente? — Arqueio as sobrancelhas.

— Como assim?

— Você tem saído mais vezes, principalmente à noite. — Sorrio.

— Estou saindo com alguém— respondo evasiva.

— Hum, espero que esse alguém esteja cuidando bem de você. — Meu sorriso se amplia.

— E ele está.

— Então, não vai me dizer quem é ele?

Oh!

— Não, Senhor Mazza — retruco com humor.

— Por quê?

— Porque ainda é muito cedo. Quer dizer, estamos nos conhecendo e eu não quero levá-lo para casa antes de ter certeza de que é algo sério.

— Entendi. Você é uma pessoa especial, Anne e merece ser muito feliz. Sabe disso, não é? — Artêmis fala se sentando no colchonete e eu imediatamente o abraço demoradamente, e quando me afasto o olho nos olhos.

— Obrigada, Ártemis! — Ele pressiona os lábios.

— Você tem falado com ela? — Ele inquire mudando de assunto, referindo-se a sua bailarina.

— Sim, algumas vezes.

— E ela... perguntou por mim? — Suspiro em resposta.

— Você a magoou e ela precisa de um tempo. — O meu amigo trinca o maxilar. — Mas se quer saber, Kim está amando o que fez por ela.

— Eu sei. Foi por isso que a magoei, para ela não desistir do seu sonho.

— Então vai valer a pena, não é? — Ele sorrir e eu penso que por amor tudo vale a pena, inclusive enfrentar todos que você ama por esse sentimento.

***

... Onde você está?

Olho rapidamente para a mensagem no meu celular e fito a minha mãe sentada no sofá, olhando para uma revista de moda.

... Sairei em alguns minutos.

Clico em enviar e volto a olhá-la.

— Mãe, eu vou sair um pouco.

— Mas para onde? Está frio lá fora, Anne!

— Eu vou... sair com um amigo. — A esperta ergue as sobrancelhas para mim. Contudo ela sorrir.

— Você tem saído muito com esse seu amigo. Quando vai me apresentá-lo?

— Apresentá-lo?

— Filha, tenho notado você diferente esses dias e eu sei que está apaixonada por esse rapaz, mas não sei quem ele é. Não acha que está na hora de trazê-lo aqui?

— Sim. Quer dizer... um dia o trago aqui.

— Está bem! Se cuide! — Mamãe beija rapidamente a minha testa e eu pego a minha bolsa para sair apressada de casa.

Do lado de fora encontro o seu carro estacionado a poucos metros do portão e caminho com uma certa pressa na sua direção. Entretanto, assim que entro me aproximo para beijá-lo no rosto, porém, Vlad se esquiva do meu beijo e com o maxilar trincado e liga o motor e saímos dali.

Gente, o Vlad não está percebendo, mas está se revelando para a Anne. Isso a está fascinando e eu me pergunto se tem a ver com os planos do Malvadão?
Eu realmente espero que não.

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