INTERE$$EIRA โ” palmeiras

By ellimaac

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โPuta, vagabunda, interesseira, sem talento, sem graรงa, forรงada.โž ๐ˆ๐’๐€๐๐„๐‹๐‹๐€ ๐Œ๐€๐‚๐‡๐€๐ƒ๐Ž รฉ uma das m... More

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By ellimaac

RAPHAEL
São Paulo — Capital
dezembro de 2017

— SENTIU?? — ISABELLA me pergunta, apertando mais forte minha mão sobre sua barriga redonda e esticada. — Nosso menininho 'tá agitado.

— Se eu senti?? — Porra. Temos aqui um jogador caríssimo. Nível europeu. — Isso aqui foi chute de jogador caro, Isabella.

Abaixo a cabeça, aproximando meu rosto ainda mais da barriga dela para conseguir falar melhor com meu filho, o mais novo reforço do Palmeiras, Little Thomas ou, a versão abrasileirada, Tomzinho.

— Oi, filhão. — Acaricio a pele de Isabella como se eu pudesse acariciar meu próprio filho. — Papai 'tá tão orgulhoso de você. Esse chute aí, rapaz, é coisa de campeão. Já consigo te ver cobrando pênalti, levantando taça. Quem sabe, ganhando uma bola de ouro??

Isabella ri do que eu digo, achando graça dessa última parte.

— Não acha que 'tá sonhando demais, papai? — Ela me pergunta.

— Claro que não — nego de imediato. Nada sobre meu filho é sonhar demais. — Eu só consigo imaginar coisas grandes pro Tom. Seja qual for a área que ele escolher, e Deus queira que seja o futebol. Quero que meu filho seja uma referência. Seja gigante, sabe? Tipo o Messi.

— É, você tem razão. — Ela assente, desviando os olhos para sua própria barriga, olhando para nosso filho. — Tomzinho, saiba que a mamãe irá te apoiar em tudo. Mas chutando desse jeito, filho, eu só consigo te imaginar na Seleção Brasileira.

— Se a gente fosse da geração passada, lá pra antes dos anos 70, e esse menino nascesse naquela época, era ele e o Pelé, 'tá?

Isabella solta uma risada.

— Olha isso, filho — ela cutuca a barriga. — Seu pai 'tá te comparando com o Rei Pelé, que moral, hein.

Sinto outro chutasso bem onde minha mão está. Isabella e eu nos entreolhamos ao mesmo tempo.

— 'Tô te falando! — Me empolgo e dou um beijo na barriga dela. — Thomas Craque Veiga!!

Ainda estou com as mãos sobre a barriga dela quando sinto sua pele arrepiar.

Me surpreendo com a reação de seu corpo, mas não ouso em afastar minhas mãos dali. Não estou maluco de acabar com esse momento.

Quando ergo a cabeça para encará-la, e minhas mãos deslizam para sua cintura, a vejo respirar fundo, gostando do que faço.

— Eu tenho algum limite aqui? — Pergunto. Nossos olhares fixos um no outro. — Ou eu posso continuar te tocando?

— Depende — sinto sua mão subir pelo meu braço e puxar pra mais perto.

— Do quê?

Me ergo e me sento devidamente de forma que agora seu rosto está a centímetros do meu e é seu pescoço o qual eu seguro.

— Depende de onde — ela sussurra cada próxima maldita palavra e isso acaba comigo — onde você for tocar.

Meus dedos deslizam por sua nuca e eu os entrelaço pelos fios de seu cabelo, a puxando pra perto até conseguir sentir sua respiração ofegante em minha boca.

— Posso começar por aqui — deposito um selinho calmo em seus lábios que a deixa com os olhos fechados esperando por mais. — Mas aí eu vou precisar saber o que você quer de verdade?

Seus malditos olhos verdes, que estão fazendo meu coração frágil bater cada vez mais rápido, intercala entre os meus antes de ganharem um brilho de luxúria.

— Você sabe o que eu quero de verdade, Rapha — porraaaa. — E é você.

Isabella me puxa, apertando meus bíceps enquanto me beija. Um beijo quente. De me tirar o fôlego, principalmente em sentir sua língua se unir a minha e a forma como está me agarrando, querendo mais, desejando mais. Me desejando.

A gente não costuma ter momentos como esse. Eu tive uma única interação sexual com a Isabella antes de descobrirmos a gravidez. Eu não a conhecia. Não tínhamos intimidade. Então quando decidimos namorar, o começo foi muito estranho. Não conversavámos. Ficávamos sem jeito, sem papo. E se manter distante era o melhor.

Até ela começar a sentir o bebê chutar. Ela quis compartilhar esses momentos comigo. O que acabou nos unindo. Se tornou nosso momento, de nós três. Podia até me sentir em família. Ela começou a conversar mais comigo. Se abrir. Eu também.

Mas quando o clima passava, a gente voltava a se estranhar e a se afastar.

Ter uma interação como essa, onde ela me deseja, me toca e me beija, é algo pelo qual eu não posso perder por nada nesse mundo. Momentos raros, de glória. Onde eu posso me sentir amado por ela, mesmo que por poucos minutos.

Quando menos percebo Isabella está me agarrando, com os braços em volta do meu pescoço. Minhas mãos em suas coxas.

Porra. Esse beijo ficou mais quente que o esperado.

— Porra, Isabella — arfo em seus lábios, me contendo. — A gente tem que ir com calma.

— Minha médica disse que tudo bem sexo durante a gravidez — ela me informa, bem animada enquanto toca em meu abdômen. Descendo as mãos pelo meu corpo. — E faz tempo, né?

Ela me beija de novo e eu estou quase perdendo meu autocontrole.

— Você está com quase nove meses — a lembro antes que passemos do limite. — Podemos esperar...

Isabella sorri e me beija mais uma vez. Se ela continuar fazendo isso, vai acabar com minha sanidade.

— Então fica aqui — ela me abraça mais forte. — Só continua me beijando. Só... — Sua voz falha assim como sua respiração. — Só fica comigo.

— Sempre — digo, a abraçando de volta.

Beijo seu pescoço com calma enquanto me aproveito do calor de seu corpo, de seu abraço, e sinto um sentimento diferente se assentar em meu coração. Algo novo, que eu ainda não havia experimentado com a Isabella. Algo que eu quero que permaneça. Cresça e crie raízes.

Não quero sair daqui. Não quero sair dos braços dela. Do amor dela.

E quando tudo parece bom até demais, algo precisa acontecer para estragar um momento foda, meu celular em meu bolso começa a tocar. Um toque alto e irritante que imediatamente atrai nossa atenção.

Deixo que toque. Tento ignorar. Mas o som é insuportável demais para ser silenciado.

— Você não vai atender? — Ela me pergunta, já incomodada.

— Não — nego, a abraçando mais forte —, quero ficar aqui com você.

Estar com a Isabella, num momento tão íntimo e significativo quanto esse (mesmo que seja só um abraço, já que nos preservamos nos beijos quentes) é mais importante do que qualquer ligação.

O som some. E eu agradeço por isso. Mas ele volta segundos depois, porque seja quem for está determinado a foder com meu dia. Essa merda não vai parar de tocar e de nos atrapalhar. E o clima já foi pra puta que pariu faz tempo. Que inferno.

— Atende logo, Rapha.

— Que merda. — Arfo, irritado com a porra desse celular e logo me afasto de Isabella para fazer o que me pede.

Pego o aparelho com vontade de jogá-lo na parede. Assim que vejo o nome na tela, tenho vontade de me matar. Rapidamente coloco o celular no modo "Não perturbe" e o guardo no bolso de novo.

Mas no momento que olho para a Isabella, vejo aquele olhar de desgosto e decepção que eu sempre odeio ver em seu rosto.

— É ela, né?

Claro que ela saberia quem está me ligando.

— É — Meu peito se aperta.

Não quero falar sobre quem me liga. Não quero saber da Bruna agora. Já faz uma semana que estou fugindo dela. Está começando a confundir as coisas, querendo algo íntimo. Eu só a vejo como amiga, e uma amiga necessária. Não quero mais nada.

— Ela 'tá me infernizando pra ajudar com um bagulho.

— Vai. — Isabella diz com uma estranha naturalidade que não consigo fazer outra coisa a não ser franzir o cenho.

— Não, Isabella. Quero ficar aqui com você. E com nosso filho.

— Mas a Bruna 'tá precisando de ti.

Pressiono os lábios, entendendo o que está pensando.

— Você sabe que eu e ela não temos nada.

— E qual o problema se tiverem? — Isabella sorri, quase como se estivesse debochando. — A gente não tem nada mesmo. Estamos só cumprindo protocolos. Você é livre. Você e ela só precisam ser discreto para não acabarem descobertos pela mídia.

Suas palavras me atingem e me machucam de uma forma que eu não estava esperando.

— Eu não quero ficar com a Bruna, Isabella. — Meu rosto esquenta, minhas bochechas devem estar mudando de cor pelo nervosismo. — Não quero...

— Raphael, você é livre. — Ela fica séria também e eu não consigo compreender suas expressões. — Isso aqui que a gente tem é de mentira.   

Odeio toda vez que ela me lembra sobre isso. Sempre trazendo a tona o fato de estarmos juntos porque ela engravidou. Sempre me lembrando que nosso namoro não é e nunca será real. Isso acaba comigo e eu só queria poder segurá-la e dizer o que eu sinto, mas... tenho tanto medo do que vou ouvir. Isabella é sempre tão ríspida e fria nas palavras que eu sei que se ela disser algo que não estou pronto para ouvir, isso vai foder minha cabeça.

— Eu não preciso que você me lembre o tempo todo que é de mentira. — Fico ainda mais nervoso, irritado, com o coração acelerado. — Você pode até aceitar essa parada com normalidade. Mas eu... e-eu — ergo a cabeça e fixo os olhos nos dela. O verde de seus olhos está tão escuro que não consigo notar o brilho que habitava ali até agora. — A gente... a gente não pode fazer pra valer?

Isabella ri, olhando para baixo, ajeitando a postura, a barriga redonda sempre chamando muito a atenção, e, então, segurando as próprias mãos antes de dizer.

— Aceitamos um namoro de mentira por um motivo, não foi? — Ela nem me deixa pensar numa resposta. — Não... não vamos mudar o que aceitamos lá no começo. O acordo foi que faríamos isso pelo Tom. Para a preservação da nossa imagem. Acabou.

Pressiono os lábios e mordo a língua, querendo dizer tanta coisa, mas não tendo coragem de falar uma só palavra. Não quando Isabella mostra tanta frieza que eu sei que suas palavras serão tão frias quanto suas expressões. É meio óbvio que pra ela, o namoro de mentira é mais fácil. Cumprir protocolos. Depois, vida que segue.

— É. — Desvio o olhar, não sendo capaz de conversar mais. — É isso e acabou.

Beijos, toques, atração fisica não definem relacionamento. Sabe o que define? Palavras. As quais Isabella não sente o suficiente para expor e eu sou covarde demais para me abrir. De nada adianta demonstrar todo esse interesse se quando o clima se vai, nós voltamos a nos olhar como estranhos. Como pessoas que só estão juntas pelo protocolo.

Nem consigo mais olhar pros olhos dela. Apenas balanço a cabeça, olhando para sua barriga, quase que para me desculpar com Tom por estar presenciando isso. E, então, não aguentando mais esse clima de merda, dou as costas e vou embora.

RAPHAEL
São Paulo — Capital
26 de junho de 2023
(🏟️ um dia após Palmeiras x Botafogo)

QUE SEMANA DE MERDA. Perdemos o jogo contra o Botafogo. Um jogo que fomos melhor, mas não fomos eficientes. E pior, quando tenho a oportunidade de decidir, eu erro a porra daquele pênalti.

Foi difícil demais lidar com essa derrota. A pressão foi terrível pois todo mundo acreditava que o Brasileirão podia ser nosso. E pelo visto, na cabeça da imprensa, ele foi decidido na décima segunda rodada.

Tudo podia ser melhor se minha vida não estivesse uma merda completa também na parte amorosa.

Faz uma semana que eu soube da gravidez da Isabella. Consequentemente faz uma semana que não a vejo. Não porque não quis. Mas... porque não a procurei devidamente. Estou com um certo receio, pra falar a real. Um certo medo de procurá-la e ela acabar me dizendo que não é a mim que deseja. Bom, foi meio isso que aconteceu naquele maldito dia, né? Ela praticamente gritou na minha cara que eu era um iludido de merda.

Talvez eu tenha me iludido mesmo.

Mas nunca havia passado pela minha cabeça que ela estaria com o Piquerez, que ela poderia estar até grávida dele. A única coisa que se passava na minha cabeça era que a Isabella finalmente estava sentindo alguma coisa por mim, seja o que for.

Pelo visto eu fui um otário completo.

E está tudo bem.

Refleti muito depois essa semana inteira. As derrotas recentes também me ajudaram a ficar ainda mais pensativo.

Isabella é solteira. Eu posso me sentir traído e o que for. Tivemos um lance. Não definimos relação. E ela já estava com o Piquerez antes de se envolver comigo. Ou seja... preciso aceitar os fatos como eles realmente são, sem agir como um chorão ciumento.

Quero paz, não quero? Então, preciso ter um pouco de maturidade.

Entro no CT e a primeira pessoa que avisto quando passo pelas portas de vidro é ele. Meu grandíssimo amigo, Joaquin Piquerez.

Porra. Mesmo com nossos problemas por causa da Isabella, não deixei de perder a admiração por esse cara. Claro, ainda me sinto traído. Mas ele é meu melhor amigo e vou perdoar esse maluco.

Por isso, pensando no bem da nossa amizade, decido me aproximar dele o qual está com a cabeça baixa, pensando não sei no que.

— E aí, cara? — Piquerez ergue a cabeça quando percebe que falo com ele. — 'Tá tudo bem?

— Oi — ele sorri fracamente para mim, meio sentido ao limpar a garganta. — Estoy bien. Be-bem.

— 'Tá tudo bem mesmo? — Fico desconfiado. — Você está meio cabisbaixo.

— Si. — Ele passa a mão pela nuca, respirando fundo. — Só estoy pensativo.

Compreendo bem o que sente sem que nem se explique.

— Está pensando nela, né? — Vou direto no ponto.

Piquerez arregala os olhos brevemente sem saber se deve ser sincero, mas logo ele encolhe os ombros e fala a real.

— Desde que me soube del gravidez, no... — Ele desvia o olhar enquanto pensa e fala — no puedo pensar em otra cosa.

— Estou do mesmo jeito, cara. É... — Meu coração se aperta ao pensar nesse bebê e na bagunça que está nossas vidas. — Eu não queria que as coisas estivessem assim. Eu queria que fosse de outro jeito.

— Eu tambien, pero... — Ele começa a cabeça. — Isabella siempre es tan fechada con sus sentimientos.

— Ela nunca se abriu pra você?

Piquerez sorri.

— Você la conhece. Somos apenas mejores amigos. Nada más.

Então ela não tem uma barreira só comigo.

— Vocês não estão se falando?

— No converso com ela desde aquele dia. — Aquele bendito dia que a gente faltou se matar. — No sei o que estás aconteciendo. Você a vê?

— Não. Ela está me evitando também. Até quando vou buscar o Tom, ela manda a Dona Lúcia me entregar.

— Ela não está bem.

— Acho que está tirando esse tempo para colocar a cabeça no lugar, sabe? Cuidar de si mesma. Focar na própria vida. E na do bebê. E esquecer a gente.

— Tienes razón. — Piquerez concorda comigo. — No somos la prioridad.

— Não mesmo.

— É... — Ele sorri de canto, ainda entristecido. —  Perdón por essa mancada, amigo.

— Tudo bem. De verdade. Eu até entendo. — Sou sincero no que digo. — Isabella não era nada minha, parça. E eu fui um covarde esse tempo todo. Me escondi num relacionamento achando que poderia ser feliz, sendo que eu só precisava abrir a boca e ser sincero com a Isabella. Contar toda a verdade. Quando fiz isso...  já era tarde demais. E... bom, fico feliz que pelo menos ela pôde recomeçar e que foi com você. Sei que nunca faria mal a ela.

Piquerez nega com a cabeça, colocando uma mão em meu ombro.

— Ela no recomeçou, Veiga. Isabella revive el passado cada maldito dia.

— Não — minha vez de negar. — Você viu. Ela faltou tatuar na minha cara que não gostava de mim.

— E quem crees que le gusta? De mim? — Piquerez ri, se divertindo do que digo.

— Acho que não a conhecemos de verdade.

— Estoy começando a achar también.

Acabamos caindo na risada junto, conversando sobre a mesma mulher que achávamos que conhecíamos, mas não conhecemos de fato.

— Me perdoa por quebrar sua cara. — Peço desculpas ao me lembrar de seu nariz. Acho que ainda está meio torto. Sei lá.

— Tudo bem, irmão. Você és meu irmão, no és?

Abro um sorriso pra ele. E aceito seu abraço. Independente de qualquer treta, mesmo a pior de todas, ainda vou amar esse desgraçado. Relação de irmãos é assim, né? Um dia se ama e no outro cai na porrada.

— O grande encontro da Mula e do Alce! — Um moleque muito feliz diz ao ficar ao nosso lado, sorrindo adoidado. — Ninguém se batendo, 'tô vendo que 'cês evoluiram um nível no game.

— A Tini já te falou dos apelidos, foi? — Pergunto, com as mãos na cintura, sem acreditar que essa garota já foi explanar os apelidos novos.

— Príncipe, a Tini é a melhor pessoa que existe nesse mundo inteiro. Você tinha que ver a gente no grupo ontem, ficamos fanficando horrores sobre o destino desse triângulo amoroso. Chegamos até numa conclusão. Um desfecho pra essa história de amor.

Lá vem merda.

— Ah, é? — Questiono. — E qual foi essa tal conclusão?

— TRI-SAL!! — Ele fala pausadamente. Uma sílaba atrás da outra.

Piquerez cai na gargalhada.

— 'Cê só pode estar me tirando — digo sem acreditar no que escuto.

— 'Tô falando sério, meu príncipe. Pô, estudos comprovam que todo mundo deve dar uma apimentada na relação. — Devo me preocupar com o tipo de estudo que ele anda vendo? — 'Tá ligado, pai? Nunca buscou "novos ares"? PiquePique é um deus grego, todo mundo já concordou com isso.

— Moleque, tu 'tá ficando muito maluco das ideias, não 'tá, não?

— Oxi, pai. Piquerez já experimentou loucuras a três. Não é, Pique??

— Irmãozinho — ele dá umas batidinhas no ombro da criança —, loucuras a três com duas mujeres en el caso.

— Ah, hermanito, tu vai estar com o Veiguinha. Vai negar esse Príncipe Gatão aqui???

Ah, eu mereço mesmo. Era só o que faltava para acabar de uma vez com a minha vida. Piadinhas maliciosas desse nível vindas de um moleque de dezessete anos. Alguém, por favor, me dá um tiro na testa. Eu prefiro morrer do que continuar ouvindo isso.

— Eu juro por Deus que vou te dar umas palmadas, moleque.

Endrick ri, adorando tirar onda da gente.

— Louvado seja os chifres que crescem a cada dia nesse elenco — alguém debocha também se aproximando da gente com as mãos unidas como se estivesse rezando. — Vocês sabem que esse é o novo reforço do Verdão, né?

— Kevin — olho pro outro moleque que se junta a roda —, 'cê também esqueceu o gardenal hoje?

— Rapha, meu amigo — o moleque olha pra cima da minha cabeça, completamente admirado com não sei o quê. — Olha só. Estão brilhando hoje. O que foi que 'cê passou? Deu uma ilustrada, foi?

— 'Cês 'tão doidinho pra eu cometer uma loucura aqui, né? — Pergunto, cruzando os braços e ficando bem irritado. — Vou ficar com fama de agressor de menores daqui a pouco.

— Nada tira sua fama de corno, príncipe. 'Tô brincando. — Endrick rapidamente se encolhe e dá uns pulinhos pra longe de mim com medo. — 'Tô brincando.

— Veiga? — Nós quatro olhamos para o lado ao mesmo tempo mesmo que tenham chamado apenas a mim. É Luan que me chama ao lado de um cara desconhecido com a camisa da Mancha. — Vem cá, cara.

— Ihh — Kevin e Endrick somem do mesmo jeito que apareceram enquanto Piquerez finge que nem é com ele ao pegar o celular.

Dou de ombros pra esses imbecis e vou em direção ao zagueiro do time.

— E aí? — Cumprimento, olhando para os dois.

— Cara, esse aqui é o vice-presidente da Mancha — Luan indica o cara ao seu lado. — Ele quer falar contigo. Em particular.

— Comigo? — Acho estranho, mas Luan nem se importa ao me deixar ali sozinho com aquele cara gigante.

Ele era enorme mesmo. Alto. Gordão. Barbudo. Barba bem branco assim como ele. Careca e todo tatuado.

— Oi, senhor? — Estico a mão em direção a ele.

— E aí? — o cara sério me cumprimenta com um aperto bem forte de mão. — Meu nome é Jorge. De Oliveira. 'Cê 'tá bem, cara?

Algo naquele cara me era familiar. Talvez eu esteja o encarando demais pois estou com os olhos fixos nele, procurando de onde conheço aquela semelhança. Acho que são os olhos. Verdes. Vibrantes. Puxados pro mel. Iguais aos de... de quem??

— Tudo bem? — O cara franze o cenho, me questionando.

— Ah, sim. Sim. — Limpo a garganta e finjo normalidade. — Tudo bem. E com você, seu...?

— Jorge. — Ele se apresenta de novo. — Vamos conversa lá fora. É melhor pra mim.

— Okay.

Concordo com o cu na mão. Nunca vi esse cara. E ele me dá medo. O que me garante que ele não irá me matar e me colocar no porta-malas do carro?

— Então — ele coloca as mãos no bolso assim que estamos a céu aberto no estacionamento. Dou uma boa verificado no ambiente e vejo uns seguranças por ali. Menos mal. — Como anda a vida de ídolo, Veiga!?

— Ídolo? — Dou risada do que diz. — Não cheguei nesse nível ainda, senhor.

— Chegou sim. Um dos jogadores mais decisivos e importantes do time. Fez gol na final do Mundial. Você tem moral, Veiga. E... — ele abafa uma risada macabra. — Não precisa me chamar de senhor.

— Tudo bem... Jorge. — Coloco as mãos no bolso também e decido ir direto ao ponto. — O que gostaria de mim?

— Preciso que você autografe umas camisas pra mim. Nós, da Mancha, estamos fazendo uma ação social em prol da moleque das periferias da Zona Oeste e íamos doar algumas camisas. Já peguei com o Dudu, Rony, Weverton, Luan, Gomez, agora preciso do seu. Se não for incomodar.

— Ah — assinto com a cabeça, me sentindo muito mais aliviado em saber que não serei morto. — Sem problemas. Onde estão as camisas?

— Estão aqui no meu carro. — Ele caminha até a Hilux estacionada ali e pega algumas camisas do banco de trás.

Ele me entregas as camisas e uma caneta. Logo começo a autografar camisa por camisa.

— Se você quiser, Seu Jorge, posso dar umas das minhas camisas também. — Sugiro. — Tenho no meu carro algumas.

— Seria ótimo, Veiga. A criançada ia amar.

— Beleza. Vou terminar aqui.

— Enquanto isso, vamos bater um papo. Me fala, cara — Jorge coloca um cigarro boca, guardando o maço no bolso e pegando o isqueiro logo em seguida —, como é que 'tá o pivete?

— Perdão? — Franzo o cenho sem entender, entregando as camisas a ele.

— Seu filho — ele me diz como se fosse óbvio sua pergunta. — Thomas, não é? O loirinho. 'Tá tudo bem com ele?

Estou começando a achar que esse Jorge aqui, além de ser o vice-presidente da Mancha, ele também é o maior stalker do Palmeiras, e eu sou o alvo da vez.

— Por que quer saber do meu filho?

Jorge dá de ombros, acendendo o cigarro e dando uma tragada.

— É só uma pergunta inocente. Você é sempre tão... reservado em relação a sua vida particular. Que nem o Dudu mesmo. Nós sabemos dos problemas dele com a ex-esposa e ainda sabemos como anda seus filhos. Agora você... — Jorge sopra a fumaça na minha direção. — Fiquei surpreso quando me contaram as fofocas recentes. Seu nome entre os envolvidos. Daí descobri sobre o Thomas e sobre sua ex-namorada. Isabella, né?

— Por que isso te interessa?

Jorge sorri, arqueando as sobrancelhas.

— Assuntos do passado.

— Com a Isabella? — Franzo o cenho em choque. — O que você tem a ver com ela? 

— Me choca você não saber quem eu sou — ele está debochando. — Bom. Não sou eu quem irei te contar, né?

— Do que você está falando?

— Obrigado pela ajuda, amigão. — Ele agarra as camisas e começa a se afastar de mim. — Espero te encontrar mais vezes.

E sem mais nem menos, ele some. Entra em seu carrão e desaparece completamente.

Mas que diabos aconteceu aqui!??

A AUTORA ANDA ASSISTINDO MUITA NOVELA, NÉ?

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