Mais algum tempo se passou até que Seojun conseguisse clonar todos os DNAs e agora, poucos eram aqueles que ainda não possuíam o sangue lupino correndo em suas veias.
Após avisar a alcatéia do seu lobo e correndo o risco de morrer por ter feito isso sem a vestimenta contra radiação, o homem voltou as suas pesquisas.
Aprendeu muito durante esse tempo, principalmente sobre as classificações de cada um. Descobriu então, que ele, era o primeiro alfa da história entre humanos e lobos.
Com o ego alcançando as alturas por ocupar uma posição superior aos outros e por ver que tudo estava dando certo para si, o cientista cometeu um erro, este que mudaria o curso de sua história por longos e longos anos.
— Ning, o que mais você tem para me contar?
"Já lhe disse sobre os cios e a marca?"
— Sim - o homem acena com a cabeça, enquanto observa o material dentro da seringa — Falou também sobre o nó e a gravidez.
"Disse sobre as classificações?"
— Sim.
"Sobre os cheiros?"
— Também sim.
"Acho que não tem mais o que contar, então..."
— Isso não é possível, Ning. Você deve ter esquecido de algo.
"Já lhe contei tudo, Seojun" - Ning insistia, mas o cientista estava convencido de que havia mais. - "Somos uma mistura de duas espécies".
— O que quer dizer com isso?
"Que novas coisas podem se formar com essa junção. Não são apenas os lobos e apenas os humanos, são os lobos e humanos. Tenho certeza que várias descobertas surgirão com isso".
— Você tem razão, Ning - o alfa sorri, aprovando o que seu lobo disse.
Se Ning estivesse certo, então ele seria aquele que descobriria cada uma das inovações que ocorreram com essa clonagem.
Se tornaria aquele que ensinaria a cada um dos alfas, betas e ômegas sobre as curiosidades desse universo e lideraria todos eles.
Com tantos pensamentos martelando em sua mente, o cientista não prestou atenção na mínima falha que existia em uma das clonagens. Grande erro...
Juntou todas as seringas e os materiais necessários para injetar o líquido nos humanos que restavam e rumou em direção ao centro do bunker, onde mais ou menos dez pessoas se encontravam, sendo adultos, adolescentes e até uma criança de no mínimo cinco anos.
O alfa resolveu que deixaria a criança por último, sabia como elas eram em relação a injeções e não gostaria de ter que passar longos minutos escutando gritos, enquanto precisava se concentrar em localizar as veias.
Um a um, foram se aproximando e recebendo aquela que seria sua salvação. Alguns desmaiavam, estes eram determinados como alfas; outros não sentiam nada, eram os betas; e o restante, não era perceptível a mudança de primeira, já que o processo ocorria de forma mais lenta, esses eram os ômegas.
Tudo ocorria de forma tranquila, até que a vez da criancinha chegou. Os olhinhos eram grandes e brilhavam em sua direção, seus fios eram curtos e negros, possuía os dentinhos maiores na frente e sua pele era bem branquinha. O menininho sorriu para Park e ele retribuiu um pouco sem graça.
— Qual o seu nome? - perguntou para distraí-lo.
— Jeon Eunwoo...
— Olá, Eunwoo. Eu me chamo Park Seojun e te prometo que não vai doer nadinha - o menino virou o rosto para encarar o do mais alto e soltou um risinho.
— Eu não estou com medo, Tio Park - olhou para um homem moreno que o cientista deduziu ser seu pai — O Eunwoo é um menino corajoso.
O alfa sorriu e logo penetrou a agulha na pele branquinha do menor, injetando o líquido e retirando-a quando terminou.
— Você é um menino muito corajoso mesmo, Eunwoo - limpava o local, enquanto conversava com o garotinho.
— Eu sou... - sua voz não se comparava ao tom alegre que ele usara antes da injeção, isso despertou uma inquietação no homem.
— Eunwoo - Park viu o homem moreno finalmente se aproximar — Filho, o que foi? Por que ele está tão ofegante? O que está acontecendo?
— Eu não sei, estava tudo correto no laboratório - viu uma mulher se aproximando dos outros dois — Observei cada parte do DNA e não existia nenhuma falha, todos foram feitos da mesma forma e em nenhum deles algo assim ocorreu.
Eunwoo estava cada vez mais ofegante, o que preocupava os pais do garotinho. Sua pele tão branquinha, estava começando a ganhar uma coloração avermelhada, tornando-se quente e seus olhinhos tão brilhantes agora eram inundados por lágrimas.
— Por favor, faça alguma coisa! - a mulher implorava, os pensamentos do homem tentavam entender o que poderia ter acontecido com sua perfeita criação.
— Eu não sou médico, senhora - Seojun respondeu de maneira suave, mas a mulher levou aquilo como provocação — Por favor, alguém aqui é médico ou enfermeiro? O menininho parece ter tido algum tipo de reação! - gritou.
Uma mulher se aproximou, ela tocou o rosto da criança e se afastou assustada.
— Ele está fervendo.
— Por favor, faça algo... - a mãe já se encontrava aos prantos.
— Sinto muito, senhora - a jovem abaixou a cabeça, evitando que lágrimas escorressem — A situação dele é alarmante e me impressiona o fato de tudo ter ocorrido em tão poucos minutos. Como isso é possível? O doutor tem certeza que injetou a combinação certa? - Virou-se para o alfa.
— Sim! Eu observei cada partícula de todos os DNAs, observei cada um com toda a atenção e calma do mundo. Nenhum deles possuía nenhuma falha, todos foram feitos da mesma forma e-...
— Eunwoo! - um grito é escutado e logo o corpinho, sem vida, cai nos braços do pai — Por favor, filhão, acorde! Abra os olhos pro papai, sim?
O cientista não podia acreditar no que acontecia diante de seus olhos, não é possível que tenha deixado algo passar. Observou tudo tão minuciosamente, dedicou semanas a cada DNA. Seu futuro dependia disso, não poderia deixar que algo assim ocorresse... E se todas aquelas pessoas se virassem contra ele e sua mulher? O que fariam?
Tão distraído, Seojun não percebeu que um corpo menor se aproximava de si, apenas a ardência em seu rosto, o faz despertar.
— Seu desgraçado! - a mãe do menino desferia golpes em seu peitoral — Você é o responsável por isso! Matou o meu filho e ainda zombou de sua situação quando ele mais precisou de ajuda!
— O que?
— Eu, Jeon Hye, amaldiçoo você, Park Seojun - a mulher falava com lágrimas grossas rolando por seus olhos e com uma voz aveludada e calma, começou a recitar em versos.
"A Maldição de Park Seojun
Uma sombra sobre a geração
Todos os alfas estão condenados
A uma morte prematura e sem salvação.
A Maldição durará por longos anos
E os alfas do reino sentirão seus desenganos
A dor e o ego feridos serão seus únicos danos.
Mas há uma esperança
Uma profecia a ser cumprida
Quando um ômega atingir o trono
A Maldição será destruída.
A luta será difícil
Mas nunca impossível
E com sabedoria e amor
O reino dele será invencível."
Ao terminar de falar, a ômega abriu seus olhos e fitou o homem em sua frente.
— Quero que se lembre pra sempre do meu nome, Park - se aproximou — Espero que nunca esqueça da mãe do menino que matou. E saiba que o filho que sua mulher espera, será aquele quem dará início a maldição. Seus tempos de glória estão acabando, senhor - sorriu maliciosa e se virou em direção ao marido — Vamos, querido. Devemos enterrar nosso bebê agora...
Os dois saem do local, deixando o restante com expressões confusas se perguntando se aquilo realmente era culpa do cientista. E outra, quem era Jeon Hye? A maldição lançada por ela realmente era real ou apenas um blefe?
Seojun quando retoma seus movimentos, corre em disparada procurando por sua esposa, encontrando-a na cama e acariciando a barriga de seis meses, calmamente.
— Está tudo bem, Seo? - pergunta ao sentir o homem tocar sua barriga e acariciá-la.
— Sim, eu só... Senti que alguma coisa tinha acontecido - mentiu.
— Está tudo bem, nosso filho está bem - um chutinho é sentido por ambos como uma confirmação do que a ômega havia dito.
— Viu só? - eles riem.
~//~
Três meses já haviam se passado, Sooji agora estava com nove meses e a gravidez seguia tranquila.
Nesse meio tempo, os habitantes, agora alfas, betas e ômegas, se reuniram e decidiram implementar novamente o reinado.
Seojun por ser aquele que lhes deu uma nova chance para viver, se tornaria o primeiro rei alfa da história. Alguns não concordaram com a ideia, mas como eram minoria resolveram apenas aceitar. Com o tempo, esses se dividiram em grupos e resolveram se espalhar pela região e criar seus próprios reinos, sendo eles o Jeon, Kim, Min, Jung e Lee.
O rei Park depois de tantas pesquisas, finalmente havia chegado ao que queria. Ganhou poder absoluto sobre essa nova população e descobriu várias coisas novas. Sendo estas, sobre uma marca diferente da Eterna, da gravidez dos betas que funcionava diferente das dos ômegas, além de que os machos poderiam engravidar, o nó das alfas fêmeas, entre outras coisas.
O alfa resolveu anotar sobre todas as descobertas e distribuir uma cópia para os mais importantes de sua sociedade. Assim, todas as informações seriam passadas de geração em geração.
O homem construiu seu império no meio da cratera, ao lado da montanha que encontrou Ning pela primeira vez. Será que estavam em sua mente mesmo ou na do lobo?
Enfim, tudo corria conforme o planejado.
[...]
Um grito é escutado nos aposentos da rainha. As dores tomavam conta de seu corpo.
— Sooji, o que foi?
— É o bebê, Seo. Acho que chegou a hora!
O rei pede para que chamem a médica.
Não demora muito para que ela chegue com os materias necessários e averigue rapidamente o estado da ômega.
— Minha rainha - chama, estando entre as pernas cobertas da outra — Preciso que faça força.
A ômega faz o que ela pede e, aparentemente, tudo estava seguindo como deveria.
Era necessário um pouco mais de dilatação e o príncipe nasceria firme e forte.
Durante longas seis horas, a rainha se manteve fazendo força e aguardando pelo tão esperado momento em que seguraria seu bebê.
E foi quando na última contração, o pequenino veio.
— É um menino alfa - a beta embolou a criança em uma mantinha e o entregou ao pai.
— Ele tem os seus olhos, Sooji - levou-o à mulher.
— Ele é tão lindo, se parece com você.
Seojun sorriu e abraçou sua família com carinho.
~//~
27 de outubro de 2028
Cinco anos se passaram e o filhote Park Jiho esbanjava alegria pelo castelo, era um alfinha muito carinhoso e divertido.
Hoje era seu aniversário e o reino nunca esteve tão decorado quanto naquele ano.
— Mamãe! Mamãe!
— O que houve, querido?
— Olha o que eu achei - estende as mãos gordinhas que seguravam uma Papoula Vermelha.
— Que linda, meu amor - deixa um beijinho na testa do menino.
— É pra você, mamãe...
— Obrigada, meu bem - pega a flor das mãos do filho e a posiciona com cuidado atrás da orelha — E então, como estou? - dá uma voltinha fazendo o pequeno gargalhar.
— Está linda.
— Está mesmo, Sooji - Seojun entra no quarto — A ômega mais linda de todo o reino.
— Papai! - Jiho corre em direção ao alfa.
— Como está, garotão?
— Estou bem, papai.
Seojun assente e começa a caminhar para fora do quarto com o filho nos braços.
A família brincava entre si, enquanto caminhavam em direção ao pátio do castelo. O garotinho estava tão feliz... Seus olhinhos brilhavam ao observar todas aquelas pessoas comemorando o dia de seu nascimento.
Após dançar e brincar com todos os seus amiguinhos, Jiho sentou-se para abrir os presentes.
Tudo ocorria calmamente, ele abria os pacotes sentindo-se a criança mais feliz de todo o mundo. Até que... Uma poesia soou em sua mente. O ritmo era melancólico e carregava uma dor consigo.
"A Maldição de Park Seojun
Uma sombra sobre a geração
Todos os alfas estão condenados
A uma morte prematura e sem salvação.
A Maldição durará por longos anos
E os alfas do reino sentirão seus desenganos
A dor e o ego feridos serão seus únicos danos.
Mas há uma esperança
Uma profecia a ser cumprida
Quando um ômega atingir o trono
A Maldição será destruída.
A luta será difícil
Mas nunca impossível
E com sabedoria e amor
O reino dele será invencível."
A voz continuou a ditá-la de forma lenta e calma, diferente da respiração do menininho que se tornava cada vez mais acelerada, sua pele tornando-se avermelhada e os olhinhos inundados por lágrimas.
As pessoas ao redor começaram a se desesperar.
O rei e a rainha foram tomados por um medo absoluto e a dor do que poderia estar acontecendo, assolou seus corações.
— Jiho, fale com o papai - segurou o rosto de seu filhote, fazendo-o encarar seus olhos.
— Papai, está doendo - Jiho conseguiu dizer entre soluços, as lágrimas escorriam grossas por suas bochechas, o pequeno Park lutava contra o sono que tomava conta de seu corpinho.
— Shhh - Sooji se aproximou, tentando manter a calma — Não se esforce demais, meu bem.
— M-ãe...
— Vai ficar tudo bem - abraçou o corpinho de seu filho, sentindo-o quente e molinho — Aguente só mais um pouco.
— Minha senhora, estou aqui! - a médica se aproximou, tocando o príncipe e se afastando logo em seguida — Senhor - se virou para o rei — Isso...
— Jiho! - o grito do alfa interrompeu a beta — Filho, por favor...
— Seojun... - Sooji agarrada ao corpo do filho, chamava pelo marido — O que está acontecendo? Ele estava tão bem... - os olhos da ômega buscavam por respostas que o marido não saberia explicar.
O rei se mantém em silêncio.
Durante cinco anos, acreditou que tudo não passava de um blefe de uma mãe com o coração partido, sequer pensou em contar para sua esposa.
E agora... Descobre da pior forma que aquilo não era e nunca seria mentira.
Todas as gerações que viessem depois de si, estariam condenadas a perder todos os alfas, sendo eles comuns, lúpus ou puros.
Com uma dor que lhe rasgava a alma, percebeu que seu reino, nunca seria governado por um alfa com sangue Park.
E foi exatamente o que aconteceu por muitos séculos.
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Eu sei que a história está acontecendo um pouco rápido, mas esta é justamente a intenção.
Esses três primeiros capítulos, foram apenas pra explicar como a mutação aconteceu e como os reinos surgiram.
Espero que estejam entendendo, qualquer dúvida, é só perguntar 😊
Se virem algum erro me avisem, por favor.
É isso, até o próximo 💕