INTERE$$EIRA ━ palmeiras

By ellimaac

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━━━━━ ❝Puta, vagabunda, interesseira, sem talento, forçada, sem graça.❞ 𝐈𝐒𝐀𝐁... More

𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐂𝐀𝐒𝐓
𝟎𝟎 | 𝐏𝐑𝐎́𝐋𝐎𝐆𝐎
𝟎𝟏 | 𝐏𝐀𝐂𝐈𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐀
𝟎𝟐 | 𝐂𝐇𝐀𝐂𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟑 | 𝐀𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐍𝐇𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟒 | 𝐒𝐎𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒
𝟎𝟓 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀 𝐍𝐎 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐀𝐃𝐎
𝟎𝟔 | 𝐁𝐄̂𝐁𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟕 | 𝐀𝐇𝐎𝐑𝐀 𝐒𝐎𝐘 𝐏𝐀𝐏𝐈
𝟎𝟖 | 𝐒𝐔𝐀 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟗 | 𝐂𝐎𝐌 𝐎 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀?
𝟏𝟎 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙? 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟏𝟏 | 𝐔𝐌 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟏𝟐 | 𝐔𝐌𝐀 𝐌𝐀̃𝐄
𝟏𝟑 | 𝐋𝐈́𝐑𝐈𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀𝐍𝐂𝐎𝐒
𝟏𝟒 | 𝐀𝐆𝐈𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟏𝟓 | 𝐃𝐎𝐑 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀
𝟏𝟔 | 𝐓𝐈𝐍𝐈, 𝐓𝐈𝐍𝐈
𝟏𝟕 | 𝐔𝐌 𝐃𝐈𝐀 𝐂𝐎𝐌𝐈𝐆𝐎
𝟏𝟖 | 𝐆𝐈𝐍𝐄𝐂𝐎𝐋𝐎𝐆𝐈𝐒𝐓𝐀
𝟐𝟎 | 𝐁𝐀𝐑𝐂𝐄𝐋𝐎𝐍𝐀
𝟐𝟏 | 𝐅𝐔𝐒𝐎 𝐇𝐎𝐑𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟐𝟐 | 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟑 | 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐁𝐄́𝐍𝐒
𝟐𝟒 | 𝐃𝐄𝐂𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐒
𝟐𝟓 | 𝐑𝐈𝐕𝐀𝐈𝐒
𝟐𝟔 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐇𝐀
𝟐𝟕 | 𝐍𝐎𝐕𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟖 | 𝐄𝐌 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟐𝟗 | 𝐆𝐎𝐒𝐒𝐈𝐏?
𝟑𝟎 | 𝐌𝐄 𝐒𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐀𝐈́𝐃𝐎
𝟑𝟏 | 𝐔𝐌𝐀 𝐂𝐔𝐑𝐓𝐀 𝐕𝐈𝐀𝐆𝐄𝐌
𝟑𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐌𝐎𝐑𝐎𝐍𝐀𝐍𝐃𝐎
𝟑𝟑 | 𝐑𝐄𝐂𝐎𝐌𝐏𝐄𝐍𝐒𝐀
𝟑𝟒 | 𝐄𝐑𝐑𝐎𝐒
𝟑𝟓 | 𝐅𝐀𝐂̧𝐀 𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎𝐑
𝟑𝟔 | 𝐀𝐋𝐋𝐈́ 𝐄𝐒𝐓𝐀́
𝟑𝟕 | 𝐒𝐄𝐔 𝐅𝐀𝐕𝐎𝐑𝐈𝐓𝐎
𝟑𝟖 | 𝐃𝐈𝐒𝐓𝐑𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎
𝟑𝟗 | 𝐃𝐎𝐈𝐒 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐒
𝟒𝟎 | 𝐃𝐎𝐌𝐈𝐍𝐆𝐎
𝟒𝟏 | 𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐃𝐀 𝐕𝐈𝐑𝐀𝐃𝐀
𝟒𝟐 | 𝐒𝐄𝐔 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟒𝟑 | 𝐄𝐒 𝐋𝐎𝐂𝐎
𝟒𝟒 | 𝐏𝐀𝐏𝐀𝐈𝐒
𝟒𝟓 | 𝐓𝐇𝐎𝐌𝐀𝐒 𝐂𝐑𝐀𝐐𝐔𝐄 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀
𝟒𝟔 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐀𝐆𝐀𝐁𝐔𝐍𝐃𝐀
𝟒𝟕 | "𝐏𝐎𝐑 𝐕𝐎𝐂𝐄̂"
𝟒𝟖 | 𝐍𝐎𝐕𝐎 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎
𝟒𝟗 | 𝐌𝐀𝐋𝐃𝐈𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐈𝐊𝐀𝐒
𝟓𝟎 | 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐎 𝐃𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐀𝐉𝐔𝐃𝐀
𝟓𝟏 | 𝐀 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀 𝐈𝐃𝐄𝐀𝐋
𝟓𝟐 | 𝐄 𝐀 𝐂𝐀𝐍𝐉𝐈𝐂𝐀
𝟓𝟑 | 𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟓𝟒 | 𝐏𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐑 𝐂𝐎𝐌 𝐄𝐋𝐀
𝟓𝟓 | 𝐅𝐈𝐍𝐆𝐈𝐑
𝟓𝟔 | 𝐍𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐅𝐀𝐑𝐒𝐀
𝟓𝟕 | 𝐒𝐄 𝐅𝐎𝐑 𝐍𝐄𝐂𝐄𝐒𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟓𝟖 | 𝐍𝐔𝐍𝐂𝐀 𝐄𝐕𝐎𝐋𝐔𝐈𝐑
𝟓𝟗 | 𝐍𝐎 𝐏𝐔𝐄𝐃𝐎 𝐌𝐀́𝐒
𝟔𝟎 | 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀 𝐍𝐎 𝐋𝐔𝐆𝐀𝐑
𝟔𝟏 | 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟔𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐀 𝐃𝐄 𝐒𝐎𝐋𝐓𝐄𝐈𝐑𝐀
𝟔𝟑 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟏
𝟔𝟒 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟐

𝟏𝟗 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐉𝐔𝐍𝐈𝐍𝐀

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By ellimaac


RAPHAEL
São Paulo - Capital
dez de junho de 2023

— ME FALA AGORA o que aconteceu, Raphael!? — Minha mãe falta gritar enquanto se senta ao meu lado no sofá, pega o controle do meu colo e desliga a televisão. — Você e a Isabella não tinham se resolvido??

Jogo a cabeça pra trás assim que ela toca nesse assunto. Estava demorando.

— Eu já disse pra você o que tem que fazer. — A mulher continua falando devido ao meu silêncio. Não preciso pensar numa resposta. Minha mãe só quer ouvir uma única coisa a qual não posso dizer pois não é real. Nada aconteceu entre a Isabella e eu. E nada que eu digo é: nada de resolução. Apenas tesão. — Mas você é um idiota, fica com medo.

Minha mãe tirou o dia pra me humilhar? Estou incrédulo com a facilidade que está tendo em me xingar hoje.

— Mãe, por que você acha que a Isabella perderia o tempo dela falando comigo? — Vou direto ao ponto dessa dúvida. — Não é óbvio que ela nunca mais vai gostar de mim?

— Se você se esforçasse, Rapha. — Faço uma careta. Esforço não vai adiantar em porra nenhuma. Isabella nunca vai sentir qualquer tipo de afeição por mim e eu não a critico por isso. — Filho, essa menina precisa de você.

— Ela nunca precisou de mim, mãe. — Viro a cabeça para encará-la assim que diz esse absurdo. — Pra nada.

— Filho — minha mãe coloca a mão em cima da minha ali no estofado e olha no fundo dos meus olhos —, é tão difícil enxergar? A nossa Bella precisa de alguém que a deixa confortável. Que traga segurança a ela. Que tire todo o medo que ela sente.

— Medo do que, mãe?

— Da vida, Raphael! — Ela grita e eu tenho certeza que vai virar um tapa na minha cabeça daqui a pouco. — Pelo amor de Deus, o que está acontecendo com você?

— Eu que devo te perguntar isso — ela cruza os braços e fica emburrada. — O que está acontecendo com a senhora? A Isabella é a mulher mais independente que a gente conhece.

— Eu não tenho dúvida disso, mas... — minha mãe pressiona os lábios. — Rapha, por que você não senta e conversa com ela, ein?

— Isabella não quer conversar comigo.

E não quer mesmo. A chamei pra ir lá em casa esses dias, aproveitar que o Tom ia dormir comigo, só pra gente conversar. Mas ela foi a pessoa mais fria de todo o universo ao gritar na minha cara pra eu esquecer o que aconteceu entre a gente.

"Esqueça." Foi isso que ela me disse, não? Esquecer. Fingir que nada aconteceu. Que a gente não se desejou e praticamente se comeu lá na minha cozinha. Esquecer que eu fui e estou sendo um idiota em deixar meu coração aberto para alguém que está disposta a amassá-lo a qualquer momento.

— Isabella é uma menina frágil — minha mãe começa a falar, olhando para a televisão a nossa frente enquanto junta as palavras que a descrevem. — Ela se reveste com uma armadura para tentar se proteger. Isabella tem de ser forte. Mas tudo que aquela menina precisa é de alguém pra deixá-la em segurança.

— Ela não precisa de ninguém. — E não precisa mesmo, é forte o suficiente para lidar com tudo e mais um pouco. Se pá é mais forte do que eu. As coisas que ela faz pelo Tom e o jeito como administra a própria vida. Está longe de ser alguém frágil.

Mas minha mãe não vê assim. Ela tem um olhar materno em cima da Isabella e a enxerga com o mesmo amor que sente por mim ou pelo Gabriel. Um amor de proteção que quer sempre o melhor.

Não é atoa que ela aperta minha mão com mais força e me lança um olhar mortal.

— Raphael — ela fala com os dentes cerrados e os olhos estreitos —, eu vou te bater até que você perceba que é um completo idiota CEGO!!!

— Cego? — Protesto. — Mãe, a senhora está falando de algo que não é real. Está falando sobre uma Isabella frágil. Nós sabemos que isso não é verdade.

— Se você sentasse com ela e conversasse.

— Ela não quer conversar comigo! — Bufo irritado. — Entendeu?

— Ah, sério, vocês dois são tão difíceis.

Por que esse assunto de repente? Parece até que minha mãe sabe de alguma coisa.

— Por acaso — inclino o corpo pra frente, apoiando os antebraços nos joelhos —, a senhora 'tá sabendo de alguma coisa que eu não sei?

— Que coisa, Raphael?

— Não sei, a senhora 'tá falando da Isabella de um jeito que faz parecer que ela chegou em ti desabafando. Ela fez isso? Ela te disse alguma coisa?

— Hã? — Minha mãe faz cara de quem não sabe o próprio nome e é aí que ela se entrega. — Não sei do que 'cê 'tá falando.

— Ah, sabe sim, senhora — ela se coloca de pé e tenta se afastar, mas eu rapidamente a impeço. — Vai, mãe. O que a Isabella te disse?

— Ela não me disse nada — minha mãe resiste. — Pare de maluquice, só estou tentando abrir seus olhos. Conversei com a Lúcia, apenas.

— E o que a Dona Lucia te disse? Isabella contou alguma coisa pra ela?

— Raphael, claro que não!

Puta que pariu, minha mãe mente muito mal.

— Mãe, por favor — estou implorando, querendo entender direito o que minha mãe sabe que não pode me dizer. — Me conte.

— 'Tá — ela suspira, rendida aos meus pedidos. — Mas você precisa...

— Vamos, cara!? — Gabriel brota na sala, terminando de fechar os botões de cima de sua camisa xadrez. — Você não tem que estar na escola do Tom às duas??

Por impulso, ergo o pulso e verifico as horas no meu Apple Watch. Cinco pra as catorze, estou bem atrasado. Merda.

— Vai, Rapha! — Minha mãe começa a me empurrar, junto de meu irmão, em direção a porta da casa. — A gente conversa quando você voltar.

Ela não está querendo fugir do assunto, está? Bem típico dela.

— A senhora promete que vai me contar tudo? — Insisto, porque preciso que ela me prometa. — Me prometa, por favor.

— Prometo — seu tom não é nada confiável, mas decido confiar mesmo assim —, agora vai! Tchau, amo vocês!

Percebo que eu cometi uma cagada em não insistir sobre o assunto e descobrir o que minha mãe me esconde assim que saio porta a fora. Foi uma péssima ideia manter o silêncio. Porque eu fiquei pensando nisso o restante do dia.

Nem mesmo quando cheguei na escola do Tom, depois de deixar Gabriel na casa da namorada, e fui envolvido pelo ambiente festivo e junino daquele lugar, eu pude esquecer da minha conversa com minha mãe. Do jeito como ela falou que eu devia conversar com a Isabella.

O que será que ela sabe? E por que eu ainda acredito que seja algo positivo sobre mim? Sério mesmo que eu estou achando que Isabella chegou em alguém pra desabafar sobre sentimentos amorosos que tem por mim? Eu sou muito idiota em sequer imaginar tal coisa.

E a vida não podia ser mais cruel, né? Me dando um soco no estômago assim que piso naquele lugar. Sem nem me dar um momento de tranquilidade para que eu pudesse me preparar para encontrá-la. Sei lá. Que eu pudesse me distrair com meu filho primeiro.

Mas não. Chego na escola e o primeiro rosto familiar que bato o olho é o dela. Toda a caráter. Uma blusa xadrez vermelha, uma saia preta justa, botas altas. Veio de maria chiquinha também, pintinhas nas bochechas rosadas. Puta que pariu. Isabella está muito linda.

Aí, caralho. Estou fodido.

Por que, Deus!?

Ainda bem que outra coisa rapidamente rouba a minha atenção, vejo as duas outras pessoas que acompanham a linda loira de vermelho.

Tini, que está a caráter mas meio dark, e está emburrada ao se empanturrar com pipoca doce.

E do outro lado da Isabella está ele. Meu amigo de time.

Quem diabos chamou o Bobão da Vez, parça?

Respirando fundo e agindo como um ser humano normal, me aproximo deles e quem nota minha presença é a irmã morena que nunca foi com a minha cara:

— Ah, olha só — ela debocha com uma careta — chegou mais um traste.

Isabella é a próxima a notar minha chegada e seu sorriso desaparece de imediato. Estou vendo que não sou bem-vindo aqui.

— Amiguinho — Piquerez sorri, me puxando para um abraço. — Está bien? Tienes bastante comida aqui.

— Ainda bem. Estou faminto — esfrego a barriga para evidenciar.

— Que novidade — Isabella debocha dando um gole na garrafa de água que carrega, Tini entra na onda da irmã e ri do que ela diz.

— Tome! — Piquerez me entrega um pacote de pipoca doce. — Antes que Martina se lo coma todo.

— Como se você já não tivesse comido dois pacotes inteiro. Hipócrita.

— No fiques irritada, docinho — Piquerez provoca com um sorriso malicioso, mas ainda abraçado a mim e as pipocas em meu peito. — Poderás comer mais, después. Tu hermanita no deixaria o dragón morriendo de fome, no? Dentro de poco tiempo, va sair cuspindo fuego.

— Você é insurportável, Pique de Merda! Sério? Por que caralhos minha irmã te arrasta pra tudo quanto é rolê, hein? Ninguém te aguenta. Você é tão...

— Mimimi — Piquerez imita a garota, interrompendo a fala dela e revirando os olhos em seguida diante de todo o discurso insignificante da menina. — Es muy chata, docinho.

Tini franze a sobrancelha e, sendo discreta, lambe o dedo do meio disfarçando enquanto o olha e o xinga mentalmente. Piquerez sorri satisfeito antes de se virar pra mim e me intrometer na discussão:

— ¿No estás de acuerdo, amiguinho?

— É...

— Eu pensei que você nem viria mais, Veiga. — Isabella me diz, me salvando dessa enrascada.

A loira está segurando as duas mãos e no momento encara alguma coisa nas próprias unhas.

— Eu não perderia a festa do Tom, né?

Isabella ergue a cabeça e pressiona os lábios, sem olhar pra mim.

É então que percebo que ela está evitando o contato visual. Maravilha, então não estamos mesmo bem um com o outro. Ela voltou a ter aversão de mim. Parece que o único que gosta de mim aqui é o Piquerez. E o meu filho, que está em algum canto dessa escola.

— Ah, vai saber, né? Por causa do amistoso da seleção e essas coisas. Seria justificável sua ausência.

E pelo visto ela contava com isso.

— Eu viajo amanhã.

— Hum.

Eita que clima bom pra ser festivo, ein? Puta que pariu. Pra evitar me irritar, encho a mão com pipoca e como de montão, agradecendo a Deus por essa maravilha doce em minha boca neutralizar todo o clima ruim que se estende entre nós.

Tini e Piquerez se estranhando. Isabella e eu mal olhando nos olhos um do outro. Momento maravilhoso.

Ainda bem que a salvação da festa acaba de chegar para que todos nós pudéssemos abrir um sorriso automático por suas presenças.

— Clarisse, amiga!! — Isabella se anima assim que a morena chega acompanhada de mais um dos meus amigos de time, Luan. — Você está lindíssima, amei sua blusa.

— Eu que o diga. Olha só pra você! — Elas, quando menos percebo, engatam num assunto sobre camisas xadrez. — Vermelho realmente é sua cor.

— E aí, cara? — Luan me cumprimenta com um toque de mão. — E você, parça — ele olha pra Piquerez ao meu lado —, arrumou um filho que eu não saiba ou veio de supetão pra festa das crianças?

— Arrumei um hijo. — Luan arregala os olhos, mas Piquerez está rindo feito idiota. — Brincadeira. Isabella queria mi compañia.

— Ah é? — Luan faz uma careta de confusão e depois me lança um olhar de dúvida. Talvez se perguntando porque Piquerez é todo próximo da mãe do meu filho. — Que coisa mais estranha.

— Normal — finjo naturalidade, tratando esse assunto como deve ser tratado. E não como um ciumento que acha que a ex não deve se relacionar ou ter amizade com outras pessoas.

Luan olha brevemente pra Isabella, para indicá-la disfarçadamente.

— 'Tá tudo de boa mesmo?

— Tudo tranquilo — dou de ombros.

— Ei, querido — Luan até continuaria falando se Clarisse não o tivesse chamado —, vamos atrás do Murilo e da Cecília pra checarmos como estão antes da quadrilha?

— Eu tenho quase certeza que o cabelo do Tom está todo bagunçado — Isabella informa.

— E o Murilo grudento e suado. 'Tô irritada só de imaginar. Vamos?

— Eu vou com vocês — dou um passo pra frente pronto pra segui-los e buscar meu filho com eles.

— Deja que se vayan — Piquerez segura meu braço e me mantém ao seu lado, garantindo que eu não saía dali por nada. — Fique aqui comigo, mi amiguinho. Me acompañe. No quiero estar sozinho con la docinho de coco.

Tini bufa assim que é mencionada na conversa mesmo que Piquerez não tenha dito seu nome.

— Você não sabe me deixar em paz um segundo? Puta que pariu, viu. Vai caçar uma mulher que te dê atenções... — a garota olha pra baixo em Piquerez, mirando em algum lugar do corpo dele antes de dizer: — devidas.

Tento não dar atenção a eles e decido me alimentar com a pipoca doce que está em minhas mãos. Isso enquanto espero Isabella retornar com Tom. Piquerez me entretém por algum momento, mas o silêncio se estende quando nós dois começamos a olhar em volta pela escola, a procura de alguém. Talvez da mesma pessoa.

A encontramos vindo em nossa direção de mãos dadas com meu filho todo a caráter. Sorrio só em vê-lo de chapéu de palha e um bigodinho desenhado na cara. Já espero que venha me dar uma abraço, mas Isabella é parada no meio do caminho por uma mulher e rapidamente envolvida numa conversa.

Piquerez e eu, de braços cruzados, continuamos encarando-a sorrir enquanto fala a diretora e organizadora da festa. Parecemos dois lunáticos vidrados na mesma mulher.

Em determinado momento, Isabella vira a cabeça em nossa direção e meu coração acelera com o seu olhar desconfiado que não dura nem três segundos antes de ela voltar a conversa. Piquerez também deve sentir o mesmo pois se mexe inquieto ao meu lado.

— Credo — alguém diz. Piquerez e eu olhamos no mesmo segundo para a garota ainda parada ao nosso lado, nos olhando com nojo. Tini. — Vocês, homens, são nojentos.

E dito isso, ela se retira, indo pra não sei onde, mas pra bem longe da gente.

Piquerez engole em seco, abaixa a cabeça, checando alguma coisa nas próprias mãos, depois a ergue, sem olhar para mim, e diz:

— Voy a buscar algo de beber. — Sua voz é meio rouca. — Já vuelvo.

É impressão minha ou ele está tentando fugir de alguma coisa? E por que o clima ficou tão estranho depois que encaramos a Isabella?

Bom, dou de ombros pra isso. Afinal, as crianças são chamadas para o pátio onde elas se organizam em filas e com suas duplas para dar início a quadrilha. Me aproximo o quanto eu posso para conseguir enxergar meu filho dançando melhor e já pego meu celular para gravá-lo. Minha mãe vai amar o vídeo de seu netinho dançando ao lado de uma Cecília de vestidinho.

Não é mesmo que os dois formam um casal bonito? E a forma como Tom fica todo vermelho e tímido enquanto dançam e pulam quando dizem "olha a cobra" só me faz ter certeza que meu moleque gosta da melhor amiga.

Aí, cara, 'tô ficando velho. Tom era um bebê que nem sabia falar até ontem. Hoje já anda e dança e tem sentimentos pelas amiguinhas. Ou melhor, a melhor amiga em especial.

A quadrilha se encerra depois de alguns minutos e os pais se aproximam da saída para receber os filhos. Eu até iria lá, mas vejo Isabella já no posto, pronta para receber Tom, e decido esperá-los aqui mesmo. Não quero que ela fique ainda mais puta comigo. Ela já está com aversão de sobra de mim hoje. O que me faz ter certeza que seja o que for que minha mãe sabe sobre ela, não é verdadeiro.

De longe, vejo Isabella se abaixar, abrindo bem os braços para receber nosso filho que vem correndo em sua direção, rindo, todo feliz. Eles se abraçam e a cena se crava em minha mente. Uma cena de amor, de demonstração de carinho de uma mãe por seu filho. O meu filho. Parça, por que meus olhos estão ardendo? 'Tô emocionado mesmo.

— Cara, limpa aí, ô — Luan vem até mim e indica o canto da boca. — 'Cê 'tá babando.

— Ela tem um brilho materno diferenciado, não acha? — pergunto no automático, ainda impressionado com a cena da Isabella com Tom. — Parece que ela nasceu pra ser mãe. Olha pra ela.

— Isabella realmente é uma mãe incrível pro Tom. — Ele concorda sem dar muita ênfase a esse fato. — Aquele loirinho é incrível. Você fez um menino de ouro, meu amigo.

— É a criação da Isabella, eu não tenho mérito nenhum nisso.

E nem mereço ter mérito nisso. Isabella é a mãe perfeita pro Tom. E eu tivesse outro filho e pudesse escolher a mãe dele, eu escolheria a Isabella de novo.

Só que eu lembro que pra isso acontecer, ela precisa gostar de mim. O que provavelmente não irá acontecer tão cedo.

— Voltei — diz um homem com sotaque espanhol sobressalente se juntando a nós. — Tome. — Piquerez me entende um copão de bebida. O cheiro forte é a primeira coisa que sinto. Ele me trouxe quentão. — Lo trouxe pra ti.

— Onde esteve? — Pergunto aceitando a bebida e dando um gole. — 'Cê demorou. As crianças já até dançaram.

— Fui — o cara ajeita a gola da camisa, como se estivesse se arrumando. — Me distrai con la quadrilha a medio camino.

— Hum... — Luan faz uma careta, desconfiado. — 'Cê não tem nada pra dizer não?

Se tiver, nós nunca saberemos pois somos interrompidos por uma morena, a esposa do nosso zagueiro.

— Eu peguei maçã do amor a mais — Clarisse diz, com três maçãs nas mãos. Dando uma para seu marido e ficando só com duas. — Será que a Isa vai querer alguma?

Isabella no gusta de maçã del amor.
— Isabella não gosta de maçã do amor.

Piquerez me lança um olhar assim que nos damos conta que respondemos a mesma coisa ao mesmo tempo. Claro, ele com o sotaque espanhol que fez com que nossa fala não fosse totalmente idêntica.

Clarisse percebe nossa sincronia e rapidamente se dá conta do que eu ainda não sei.

— Entendi. — Ela desconversa, e se comunica com Luan através do olhar. Um olhar que eu claramente não entendo. — Então vou guardar pro Murilo. Ele ama maçã do amor.

— Papai!! — Alguém pula em minha direção e eu rapidamente me abaixo para pegá-lo no colo. — Você me viu dançando?

— Claro que eu vi, meu filho. — Tom ainda está com as bochechas vermelhas. Agora um pouco suado e descabelado. — 'Tava com a Cecília, né?

— É, ela 'tava linda, pai! As trancinhas e o chapéu. Você viu??

— Vi, sim. Eu vi tudo, Tom. Até gravei pra mandar pra sua 'vó.

— Legal — ele abre um sorrisão feliz. — Depois eu quero ver pra ver se combinei com a Ceci.

— Claro que você combinou, filhão. — Faço cosquinha em sua barriga, o fazendo rir. — Cecília combina muito com você, Tom. Eu vi como 'cê ficou todo sem graça.

— Ah é, Tom? — Luan se atenta a conversa, cruzando os braços e mudando a postura pra sério. — Hum, então 'cê gosta da Cecília?

Tom fica tão tímido que afunda a cabeça em meu ombro com vergonha.

— Eu sabia! — Clarisse se anima, mas rapidamente contém a fera que é seu marido ciumento. — Mas não vamos deixar o menino com vergonha, né, Luan? Ele é só uma criança.

— Que 'tá querendo a minha filha!!

— Você fala como se eles já fossem namorar — Isabella fala e é então que percebo sua presença.

Ela veio junto de Tom, mas se manteve afastada de mim. Sabe onde ela está? Isso mesmo, ao lado do Piquerez. Roubando o copo da mão dele e dando um gole. O que me mata é saber que os dois tem química. Vai se foder, por que estou pensando nisso? Eles são só amigos.

— "Já fossem"? — Luan questiona. — Por que você fala como se isso fosse uma probabilidade? Cecília nunca irá namorar.

— Confia — Clarisse debocha.

— Hermano, cuando menos te des cuenta — Piquerez entra na onda, sorrindo enquanto fala com Luan — tu hija llega em casa com um namorito.

— "Hermano" — Luan imita o tom de Piquerez e eu dou risada. — Sua hora vai chegar. E eu vou rir quando acontecer. Vou morrer de rir.

Até continuaria rindo se não percebesse que todos olharam para Isabella simultaneamente assim que Luan disse tal coisa. Como se o destino dela fosse ao lado dele. Tendo filhos com Piquerez. Meu estômago embrulha só de imaginar e sinto meu rosto ferver de raiva que sou obrigado a conter ou irão perceber meu desconforto.

CLIMA TENSO
ENTRE OS BROTHERS

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