INTERE$$EIRA ━ palmeiras

Bởi ellimaac

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━━━━━ ❝Puta, vagabunda, interesseira, sem talento, forçada, sem graça.❞ 𝐈𝐒𝐀𝐁... Xem Thêm

𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐂𝐀𝐒𝐓
𝟎𝟎 | 𝐏𝐑𝐎́𝐋𝐎𝐆𝐎
𝟎𝟏 | 𝐏𝐀𝐂𝐈𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐀
𝟎𝟐 | 𝐂𝐇𝐀𝐂𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟑 | 𝐀𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐍𝐇𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟒 | 𝐒𝐎𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒
𝟎𝟓 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀 𝐍𝐎 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐀𝐃𝐎
𝟎𝟔 | 𝐁𝐄̂𝐁𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟕 | 𝐀𝐇𝐎𝐑𝐀 𝐒𝐎𝐘 𝐏𝐀𝐏𝐈
𝟎𝟖 | 𝐒𝐔𝐀 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟗 | 𝐂𝐎𝐌 𝐎 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀?
𝟏𝟎 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙? 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟏𝟏 | 𝐔𝐌 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟏𝟐 | 𝐔𝐌𝐀 𝐌𝐀̃𝐄
𝟏𝟑 | 𝐋𝐈́𝐑𝐈𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀𝐍𝐂𝐎𝐒
𝟏𝟒 | 𝐀𝐆𝐈𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟏𝟓 | 𝐃𝐎𝐑 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀
𝟏𝟕 | 𝐔𝐌 𝐃𝐈𝐀 𝐂𝐎𝐌𝐈𝐆𝐎
𝟏𝟖 | 𝐆𝐈𝐍𝐄𝐂𝐎𝐋𝐎𝐆𝐈𝐒𝐓𝐀
𝟏𝟗 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐉𝐔𝐍𝐈𝐍𝐀
𝟐𝟎 | 𝐁𝐀𝐑𝐂𝐄𝐋𝐎𝐍𝐀
𝟐𝟏 | 𝐅𝐔𝐒𝐎 𝐇𝐎𝐑𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟐𝟐 | 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟑 | 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐁𝐄́𝐍𝐒
𝟐𝟒 | 𝐃𝐄𝐂𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐒
𝟐𝟓 | 𝐑𝐈𝐕𝐀𝐈𝐒
𝟐𝟔 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐇𝐀
𝟐𝟕 | 𝐍𝐎𝐕𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟖 | 𝐄𝐌 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟐𝟗 | 𝐆𝐎𝐒𝐒𝐈𝐏?
𝟑𝟎 | 𝐌𝐄 𝐒𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐀𝐈́𝐃𝐎
𝟑𝟏 | 𝐔𝐌𝐀 𝐂𝐔𝐑𝐓𝐀 𝐕𝐈𝐀𝐆𝐄𝐌
𝟑𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐌𝐎𝐑𝐎𝐍𝐀𝐍𝐃𝐎
𝟑𝟑 | 𝐑𝐄𝐂𝐎𝐌𝐏𝐄𝐍𝐒𝐀
𝟑𝟒 | 𝐄𝐑𝐑𝐎𝐒
𝟑𝟓 | 𝐅𝐀𝐂̧𝐀 𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎𝐑
𝟑𝟔 | 𝐀𝐋𝐋𝐈́ 𝐄𝐒𝐓𝐀́
𝟑𝟕 | 𝐒𝐄𝐔 𝐅𝐀𝐕𝐎𝐑𝐈𝐓𝐎
𝟑𝟖 | 𝐃𝐈𝐒𝐓𝐑𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎
𝟑𝟗 | 𝐃𝐎𝐈𝐒 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐒
𝟒𝟎 | 𝐃𝐎𝐌𝐈𝐍𝐆𝐎
𝟒𝟏 | 𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐃𝐀 𝐕𝐈𝐑𝐀𝐃𝐀
𝟒𝟐 | 𝐒𝐄𝐔 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟒𝟑 | 𝐄𝐒 𝐋𝐎𝐂𝐎
𝟒𝟒 | 𝐏𝐀𝐏𝐀𝐈𝐒
𝟒𝟓 | 𝐓𝐇𝐎𝐌𝐀𝐒 𝐂𝐑𝐀𝐐𝐔𝐄 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀
𝟒𝟔 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐀𝐆𝐀𝐁𝐔𝐍𝐃𝐀
𝟒𝟕 | "𝐏𝐎𝐑 𝐕𝐎𝐂𝐄̂"
𝟒𝟖 | 𝐍𝐎𝐕𝐎 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎
𝟒𝟗 | 𝐌𝐀𝐋𝐃𝐈𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐈𝐊𝐀𝐒
𝟓𝟎 | 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐎 𝐃𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐀𝐉𝐔𝐃𝐀
𝟓𝟏 | 𝐀 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀 𝐈𝐃𝐄𝐀𝐋
𝟓𝟐 | 𝐄 𝐀 𝐂𝐀𝐍𝐉𝐈𝐂𝐀
𝟓𝟑 | 𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟓𝟒 | 𝐏𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐑 𝐂𝐎𝐌 𝐄𝐋𝐀
𝟓𝟓 | 𝐅𝐈𝐍𝐆𝐈𝐑
𝟓𝟔 | 𝐍𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐅𝐀𝐑𝐒𝐀
𝟓𝟕 | 𝐒𝐄 𝐅𝐎𝐑 𝐍𝐄𝐂𝐄𝐒𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟓𝟖 | 𝐍𝐔𝐍𝐂𝐀 𝐄𝐕𝐎𝐋𝐔𝐈𝐑
𝟓𝟗 | 𝐍𝐎 𝐏𝐔𝐄𝐃𝐎 𝐌𝐀́𝐒
𝟔𝟎 | 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀 𝐍𝐎 𝐋𝐔𝐆𝐀𝐑
𝟔𝟏 | 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟔𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐀 𝐃𝐄 𝐒𝐎𝐋𝐓𝐄𝐈𝐑𝐀
𝟔𝟑 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟏
𝟔𝟒 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟐

𝟏𝟔 | 𝐓𝐈𝐍𝐈, 𝐓𝐈𝐍𝐈

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Bởi ellimaac

ISABELLA
São Paulo - Capital
no fim de semana

PULO PRA FORA DA CAMA e começo a caçar minhas roupas pelo chão. Acho minha calcinha e visto apenas minha camisa com preguiça de procurar o shorts que eu estava usando.

— E aí? — O homem na cama, se mantém totalmente pelado, mas tendo o bom senso de cobrir da cintura pra baixo com o lençol enquanto se senta e se acomoda na cabeceira. — Vai hablar o que estás aconteciendo?

Piquerez simplesmente desiste de falar o português quando está comigo. Ainda bem que sou bem fluente no espanhol.

— No tienes nada aconteciendo.

Mentira. Claramente uma mentira.

Desde o que rolou entre Veiga e eu na última vez que nos vimos, anteontem, quando apareci no apartamento dele a fim de esperar pelo meu filho, eu venho com o objetivo de esquecer que aquilo aconteceu. Que toda aquele tesão foi real. Que nos permitimos um devaneio tão quente. Porra, a gente quase transou. De novo. E sem qualquer tipo de influência. Sem álcool. Sem nada. Apenas o desejo que eu pensei que não existia em mim. Mas existe e me condena.

Veiga me seduz de uma forma tão boa. Aquele beijo foi surreal. A gente transou no começo de Maio porque eu estava bêbada e não me lembro de tantas coisas daquele noite. Pude refrescar a memória. E eu não devia ter feito isso. Porque confundiu tudo.

Eu já estava toda cagada. Cheia de problemas relacionados justamente ao fato de ter transado com o Veiga depois de tanto tempo declarando guerra e ódio a ele. Eu estava determinado a esquecê-lo. Mas o destino é maluco, sabe? Fez meu filho se machucar e Veiga e eu nos aproximarmos por isso. E aquilo naquela cozinha aconteceu.

A gente ficou. E FOI A ÚLTIMA VEZ.

Pode ter sido uma coisa maravilhosa. Porra, foi incrível. A forma como nosso beijo se encaixou. A facilidade dele me colocar em cima da bancada. O jeito como ele estava me desejando...

Chega. Não posso pensar nisso.

Preciso ofuscar a sensação dos beijos daquele desgraçado e de seus toques quentes. E só tem uma maneira de esquecer Raphael Veiga: nos braços de Joaco Piquerez.

— Sei que algo anda mal, Isabella — Joaco volta a dizer, com uma careta de que suspeita que ando fazendo merda com a minha vida. — Te conheço desde que tenías diez años.

— Entonces deberías saber que está tudo bien si me conhece tanto. — Tento desconversar, fazendo até um jogo de ombro e usufruindo de minhas táticas teatrais.

— Es porque te conheço tan bien que sei que algo anda mal. — Olho para Piquerez e vejo seu olhar sério de quem não está para gracinha. Não hoje. Mesmo que tenhamos acabado de transar. — Vamos, rubia. Cuenta para mí.

Ele insistindo desse jeito é difícil ficar com o bico fechado por muito tempo.

Respiro fundo e tampo meu rosto para poder suspirar e esfregar os olhos. Só de pensar em desabafar sobre esse assunto, minha cabeça já começa a doer.

— Ah, Joaco — forço um drama. — És complicado.

— Viene aqui — ele me chama, sentando-se na beirada da cama, vestindo uma peça de roupa qualquer que cubra sua virilha, e colocando as pernas pra fora.

Obedeço sem nem questionar ficando no meio de suas pernas enquanto sua mão se acomoda perfeitamente em minha coxa descoberta, mantendo uma carícia necessária enquanto me encara e tenta a todo custo me decifrar.

Ele quer saber o que há de errado comigo. Eu quero tentar esquecer o que há de errado transando. E acabou. Não quero conversar sobre isso.

— Ahora, háblame a mí, rubia. — Seu olhar é intenso demais para que eu possa resistir. — Dime lo que pasó para que te escapes de la cama tan rápido.

Seguro o rosto de Joaco e o analiso, não da forma como costumo fazer que é quando estamos transando e eu o acho gato e gostoso pra caralho. Sempre me orgulho de ter um homem como ele me fodendo. Contudo, não o enxergo assim nesse momento.

Eu o enxergo diferente. Porra, ele tem um rosto lindo, os olhos que hipnotizam qualquer uma, incluindo eu. Mas, por baixo de todo esse charme e bobice há um homem preocupado. Há um coração sensível e alguém disposto a encontrar o amor verdadeiro. Alguém o que o ame por inteiro. Que enxergue seus defeitos e queira ficar. Que perceba que ele é incrível mesmo tendo suas próprias questões.

E eu me pergunto, será que eu sou essa pessoa?

Porque eu vivo no meu próprio caos interno. Tenho questões muito complicadas que nem eu estou disposta a resolvê-las e que nada inclui Joaco.

Será que mesmo assim ele é meu destino? Por isso que ainda estamos, mesmo depois de anos, relacionados um ao outro? Por que se ele for o meu destino, o que me faz estar presa a outra pessoa também? Por que eu vivo nesse conflito de emoções?

Ignoro o pensamento. Não vale a pena alimentar uma paranoia sem sentido.

Respiro fundo mais uma vez antes de desabafar com meu melhor amigo as merdas que ando fazendo:

— Okay. Pero tienes que prometerme que no me julgarás.

— Ah, no! — ele protesta, em indignação, abaixando a cabeça e encostando a testa sobre minha barriga. — No puedo creer que transarte con Veiga otra vez.

— Nooo... — nego de imediato, erguendo sua cabeça para que possa me olhar nos olhos. E é aí que eu erro pois não vou conseguir mentir olhando em seus lindos olhos que estão mais esverdeados que o comum hoje. — Bueno, no foi exactamente un...

— Isabella — ele agarra minha cintura com as duas mãos e me aperta. — Diga-me que estabas bêbada otra vez. Diga-me!

— É... no estaba...

— Mierda, Isabella! — Ele fica nervoso. Fica tão puto que seu rosto muda de cor. — Carajo, no puedo creer que tenha sido tan estúpida de novo e sem desculpa esta vez, já que no estaba sob la influencia del alcohol.

— Joaquin, eu não transei com o Veiga! — Minha vez de ficar nervosa, falando português mesmo. Minha capacidade de juntar os dois idiomas na hora da raiva é muito maior do que qualquer coisa. — Porra. Não rolou sexo, se é essa a sua indignação. A gente só... só se beijou porque... porra, não tem motivo pra beijar outra pessoa a não ser...

— Tesão. — Ele responde por mim, bufando. — É, eu sei.

— Então... — Seguro seus ombros e tento manter a voz calma, mesmo que a situação já esteja descontrolada o suficiente. — Vai ficar com ciúmes mesmo? Você que quis saber o motivo de eu estar estranha.

— Isso no tiene nada a ver com ciúmes, Isabella.

— Não? Pois 'tá parecendo.

— Eu só estoy puto porque transou com ele otra vez. Mierda! Já esqueceu todo lo que te fez sofrer? Enquanto estabas grávida!

— Como eu me esqueceria? — Devolvo a pergunta, no mesmo tom de raiva e indignação.

— Então me fala, rubia. — Ele eleva ainda mais o tom de voz e eu o desconheço. — Diga-me o que este cara puede ter de tan especial para siempre te tirar do eixo? Para siempre te fazer de burra!?

Dou um passo pra trás, me afastando totalmente de Joaco e só então ele percebe as merdas que fala e entende que está alterado, bem alterado.

— Desculpe me — Joaco rapidamente tenta se redimir. — Eu passei dos limites.

— Passou dos limites? — Minha voz falha enquanto eu tento entender o que diabos está acontecendo aqui e o que está rolando de verdade entre a gente. — Você 'tá com ciúmes de verdade do Veiga, Joaco? Assim não vai dar pra lidar. Você surta toda vez que eu falo dele.

— Porque te fez mal, carajo. Quieres que reaja como? Aplaudiendo? Soltando fuegos?

— Eu quero que você me escute. Apenas! — Bufo, socando o ar. — Não preciso que me lembre sobre o passado. Eu claramente não sou capaz de esquecer tudo que aconteceu. Acha mesmo que quando te falo sobre o Veiga, eu não sei o erro que cometi?

— Se sabes, por quê segues cometendo?

— Porque eu... — será que um dia serei capaz de dizer em voz alta?

— Sério, Isabella, no puedo entenderte. — Ele coloca as mãos sobre os joelhos e evita me olhar nos olhos. — Esta situacion é confusa pra carajo. E la única explicación posible es que estás perdidamente apaixonada por ele.

— Eu não estou! — Agarro meus cabelos e falto gritar. — Eu não estou.

— Então, por favor, pare com isto!

Olho para Joaco mais uma vez sem conseguir entendê-lo. Ele nunca foi assim comigo antes. Nunca reagiu dessa maneira tão ríspida e meio cruel. Ele está até sendo um pouco insensível e frio.

— Sério, Joaco? Você tem alguma coisa pra me falar!?

— Quê? — Ele fica sem entender.

— Você é meu melhor amigo. — Não posso deixar de lembrá-lo. — Desde que soube sobre o Veiga, você anda... distante, ciumento e não me escuta mais.

— No estoy así, Isabella.

— Está, sim. Você teve uma crise de ciúmes que você mesmo admitiu e está tendo outra agora também.

— Si — ele não nega e isso me cala imediatamente. — Estoy com ciúmes, porra. Com mucho ciúmes!

— Pois não deveria ter.

— Como? Como não terei, sabiendo que ele tienes poder sobre você?

— Joaco... — respiro fundo, confusa pra cacete.

— Me irrita que ese hijo de puta se meta en tu cabeza!!

— E te irrita por que?

Ele se cala no mesmo instante, sem saber como me dar uma resposta.

— Porra — passo a mão pela testa, sentindo meu coração martelar dentro de mim. — Eu só preciso que você seja meu amigo. Só isso. Eu não preciso que jogue na minha cara o quão burra eu ando sendo, pois, pode acreditar, eu sei que estou sendo burra. Eu não queria te contar do Veiga por justamente saber que anda estranho comigo. A gente sempre teve liberdade com esse tipo de assunto, mas de repente não estamos tendo mais... eu não sei o que está rolando, Joaco. E toda essa merda está fodendo a minha cabeça mais ainda.

— Isabella — ele se coloca em pé no automatico ao entender a intensidade das minhas palavras, rapidamente vindo até mim. — Perdoe me. Eu... eu confundi as coisas. — Ele também não sabe o que dizer para melhorar a situação. Talvez não haja palavras. — Eu que...

— Vem aqui — sem pensar duas vezes o puxo para um abraço.

Às vezes palavras não dizem nada. E minha relação com o Joaco é assim. Muito mais física do que verbal. A gente funciona no que toque. A gente se entende com gestos e expressões. Não precisa muito blá-blá-blá. E agora eu o entendo perfeitamente. Ele que está com algumas questões para compreender o que está rolando comigo. É confuso pra mim também e a gente não precisa brigar por isso.

— O Veiga não vai me fazer ceder como você está pensando — garanto a ele enquanto me solta e me encara de novo. — Mas... não posso mentir que tem algo rolando. Uma coisa que eu 'tô tentando evitar.

— Você ainda gosta dele, Isabella?

— Não. — Fico incrédula só de pensar. — Não, Joaco. É só tesão. Não confunda as coisas.

— Eu confio em ti, de verdade. Pero... — ele limpa a garganta e fixa o olhar no piso, sem conseguir me encarar, de novo. — No quiero ver-te se afundar na própria mierda.

— Não irei — garanto. Uma promessa fraquíssima. — Eu só preciso de tempo e irei esquecê-lo. Já fiz isso uma vez.

— Esquecer?

— Sim — confirmo com a voz convicta e agarro seus ombros, me aproximando dele de novo. — Mas sozinha não vou conseguir. Eu preciso de você comigo, Joaco.

— E como puedo ajudarte?

Aproximo meu rosto dele só para beijar seu maxilar e depois o canto de sua boca, o vendo fechar os olhos para aproveitar a sensação de meus lábios em sua pele.

— Você sabe como — o lembro, arranhando sua nuca e deixando um selinho leve em seus lábios. Ele arfa pela atitude. — Sabe muito bem o que fazer para que eu o esqueça.

A respiração dele se altera com minha atitude, começando a compreender o que deve fazer para me ajudar e gostando de fazer parte dessa ajuda.

— Por favor... — estou implorando, meu Santo Deus! Quem eu me tornei!? — Me faça esquecê-lo.

Joaco me beija logo em seguida.

Seu beijo é tão intenso que me desmonta, perco as forças e se não fosse por sua mão em minha cintura, me agarrando com força, eu teria caído. Mesmo assim, ele me segura. Me agarra e me possui com seu beijo. Com raiva. Sim. Está me beijando com raiva, quase como para me punir por minhas burrices.

Se eu não tinha caído com a intensidade de seu beijo, eu caí com o empurrão que acaba de me dar, me jogando na cama e vindo pra cima de mim logo em seguida.

Eu até deixaria que me dominasse de verdade, se eu não estivesse totalmente possuída da vontade de esquecer alguém que não merece ser mencionado agora.

Com as mãos no peito de Joaco, o empurro na cama e inverto as posições. Agora sou eu que estou no controle. Eu que estou por cima. Montada nele.

Ele sorri, orgulhoso do que faço, e segura minha cintura com as duas mãos, as quais sobem por dentro de minha blusa, querendo contemplar meu corpo.

— Ei — me abaixo só para aproximar meu rosto do dele e agarrar seu queixo, com certa brutalidade da minha parte. Talvez eu também esteja com raiva. — Olhe pra mim. — Rebolo sobre ele e o sinto perfeitamente entre minhas pernas. Duro. A respiração dele falha e seu aperto fica mais forte. Por isso decido falar em espanhol agora: — mírame, mi bien.

Às vezes, eu duvido da mulher que me domina quando estou possuída pela luxúria, sério, eu viro outra pessoa. Olha pra isso.

Joaco reprime um gemido e tenta roubar um beijo, mas o empurro até o colchão de novo, ajeito a postura e rebolo sobre ele.

Meu corpo se aquece e eu estou pronta pra retirar as roupas dele, o mais rápido possível, e rebolar devidamente com seu pau dentro de mim, mas somos malditamente interrompidos pelo toque do meu celular.

— No, mi rubia — Joaco reclama quando pulo pra fora do colo dele sem nem hesitar. — Deja tocar.

— Não posso, Joaco. Pode ser meu filho.

Ah, sim, vocês não acharam que eu ficaria cheia de brincadeirinhas com Joaco com meu filho presente, acharam?

Pois bem, Tom está passando o domingo com o pai como de costume. E eu costumo receber ligações sobre meu filho o tempo inteiro. Perguntas. Dúvidas. Eu sou a mãe, estou sempre disponível para responder todos os questionamentos.

— Alô? — Atendo sem nem ver o nome.

— Buenos dias, hermana — ouço a voz feminina do outro lado da linha. — Você pode, por favorzinho, transar mais tarde? Estou aqui na sala.

— Tini? — Saio da cama e só tenho tempo de fazer um gesto pra Joaco se arrumar, e dar um jeito com o amiguinho, enquanto eu mesmo dou um jeito em mim também. Apresentável, saio do meu quarto e vou direto pra minha sala. — Meu Deus! Tini!

Olho para a garota que arrasta sua mala vermelha pelo piso e ajeita a postura. A porta do meu apartamento está aberta, então ela realmente acabou de chegar. Minha irmã tem a chave daqui porque ela meio que mora aqui e no apartamento da minha mãe que é o da frente. Isso, é claro, quando está aqui no Brasil. Ela passa mais da metade do ano lá na Argentina com os parentes.

— Porra. Como assim você voltou e eu fico sabendo assim?

— 'Cabei de chegar. — Ela diz, largando a mala e vindo até mim com um sorrisão estampado na cara. Minha irmã mais nova e única está com o cabelo castanho pintada de vermelho nas mechas perto da nuca e um piercing de argola bem perceptível nos lábios. — Dois dias de viagem na Pareja.

Pareja é o nome que deu ao carro que ganhou do papa quando ainda era só uma pirralinha banguela.

— Não acredito que você veio naquele ferro velho.

— Eii — ela me repreende antes de me envolver num abraço. — Não fale assim dela. Aquela picape tem sentimentos, porra.

E história. Completo mentalmente enquanto a abraço com muita força. Com toda a saudade que sinto.

Tini é minha única irmã, apenas por parte de mãe. Ela, diferente de mim, é filha do Martin. A única filha biológica que ele teve em vida que carrega seu sobrenome e sua fuça estampada.

Nós duas temos uma clara diferença, uma que faz com que as pessoas sempre duvidem se somos mesmo irmãs de sangue. Ela é a cópia do papa. Os cabelos castanhos. A pele parda facilmente bronzeada. Nariz fino, lábios médios, queixo e maxilar mais pontudo.

Enquanto eu sou a cópia da mamãe. Branca, cabelos loiros, olhos verdes, nariz arrebitado, rosto mais quadrado. E assim vai nossas diferenças.

Mas temos uma coisa em comum: dedo podre pra macho.

Tini pelo menos não arrumou filho, mas ela é nova ainda, tem dezenove anos recém completados, pode ser que arrume um niño, ou ela declare "não" a maternidade como sempre fez desde a adolescência.

— Mira só quién vuelto de entre los muertos — diz Joaco brotando na sala e se juntando a nós.

Tini revira os olhos assim que o avista e falta vomitar.

— Ah, não, Isabella! — Ela me olha com decepção. — Sério mesmo que agora você pega esse mimadinho??

— Mimadinho? — Joaco ri, debochando do apelido. — Essa és nueva.

— Ah, sério? — Ela falta suplicar a Deus por uma salvação. — Ele nem fala português, esse imbecil.

— Falo português, sim, Martina! — Ele se esforça até para falar sem sotaque.

Minha irmã dá de ombros e direciona toda sua indignação a mim.

— Isabella, que que você tem na cabeça? — Ela segura meus braços e me olha no fundo dos olhos. — Saudade da nossa infância ou isso aqui é algum tipo de vingança contra seu ex? Sei lá, "vou tornar o amigo de time dele meu amante e foda-se".

Solto uma risada sincera.

— Seu senso de humor continua ótimo, Tini.

— 'Tô falando sério, Bella! — Ela fica nervosa, me soltando. — A Mula aí virou seu amante??

— Ô, tu me respetas! — Tini faz uma careta de desdém a Joaco, cagando pra tudo que ele disser. — Isabella no és mi amante porra alguna! Ela es mi mejor amiga. Sabes o que isto significa, Tini, mi docinho!?

— Viva a amizade colorida! — Tini comemora erguendo os dois punhos pro céu, mas logo se dá conta de como Piquerez a chamou e fica puta por isso. — E não me chame de docinho, Mula!

— Desculpe me, docinho.

— Por que você não sossega um pouco? — Ela pergunta pra ele na raiva. — 'Tava se envolvendo com a que se diz jogadora de vôlei e é ex BBB até semana passada, e agora fica em cima da minha irmã? Se liga, porra.

— Já disse que Isabella es mi mejor amiga — ele se defende. — E sossegar, pra que? Si puedo ser libre sin que nadie me enche o saco?

— Nossa! — Minha irmã revira os olhos, impaciente. — Você é um nojo.

— E tu me adoras!

— Se fode, Cábron Molesto — minha irmã xinga em espanhol. "Corno chato."

— Hablo español, idiota. — Piquerez bufa, indignado que tenha sido xingado em seu idioma predominante como se ele não fosse capaz de entender. Mas eu conheço minha irmã bem o suficiente para saber quando ela quer ofender alguém de propósito.

— Fuck you, son of a bitch! You're a little soccer player spoiled and womanizing. — "Vai se foder, filho da puta. Você é um jogadorzinho mimado e mulherengo." — Conhece essa língua também?

— Hum — Piquerez faz uma careta e eu sei que ele não entendeu porra nenhuma. — Inglês es un poco difícil.

Tini sorri orgulhosa de si mesma.

— Dá pra vocês dois pararem de brigar um pouco? — Suplico. — Pelo amor de Deus. Parecem cão e gato.

— Você fica trazendo traste pra casa e eu tenho que tratar com carinho? — Ela se enfurece, o rosto chega a ficar vermelho. — Na próxima escolha melhor quem você vai levar pra cama, irmã.

— 'Tás hablando com sotaque, docinho. — Piquerez debocha só para que Tini erga o dedo do meio para ele que sorri todo felizinho por conseguir deixá-la puta.

Esses dois se amam/odeiam. É como eu posso descrever a relação deles. Piquerez é praticamente da minha família. Teve uma época que ele passou o verão inteiro na nossa casa e foi até muito próximo de Tini, não sei em que momento a amizade deles se desfez. Eu sei quando foi que a gente se afastou. Por conta da morte do papai que me fez voltar para São Paulo e recomeçar a minha vida.

Nunca que eu ia imaginar que seria próxima de Piquerez outra vez. Muito menos do jeito que mantemos nossa proximidade. Eu dizia tanto que não teria nada amoroso com ele e hoje sou doida pra dar pra ele o tempo inteiro. Vai entender.

— Mal cheguei e já quero ir embora — Tini desabafa, se jogando no meu sofá e cruzando os braços.

— Para, Tini. — Tento salvar o clima que esses dois criaram por puro alfinete. — Tudo isso por causa do Piquerez?

— Você não ficava de gracinha com ele antes. Por que isso mudou do nada?

— Porque tu hermana me amas, docinho.

— Eu vou matar esse hijo de puta por estar me chamando assim. 'Tô avisando.

Dou risada, sem conseguir me conter.

— Que tal sairmos pra almoçar? — Sugiro e os dois me olham com empolgação, parecendo duas crianças famintas. — Eu 'tô afim de comer churrasco, o que acham?

— Ah, sim, pelo amor de Dios!! — Tini deixa escapar o espanhol, deve estar se acostumando com o português. — Eu estava com uma saudade de comer comida brasileira, você não faz ideia.

— Por mi, todo bien — Joaco não reclama.

Maravilha. Troco de roupa, vestindo algo apropriado, Joaco também e depois descemos pra caçar uma churrascaria.

Atravessamos o portão do condomínio quando minha irmã, andando a nossa frente, para de repente e olha pro lado.

— Vocês ouviram isso? — Tini questiona olhando para todos os lados, como uma presa notando a presença de seu predador.

— Isso o quê? — Questiono de volta, olhando para onde olha e ficando ainda mais perdida. Que diabos ela está ouvindo que eu não consigo ouvir?

— Ficou loca, docinho? — Piquerez debocha.

— Não. Prestem atenção.

Ficamos em silêncio e nada. Não ouvimos nada.

— É — Piquerez assente, conformado. — És mesmo una chica loca!

— Vai se foder, Mula Ambulante. Isso foi um barulho de câmera.

— Tem certeza? — pergunto ainda em dúvida com o que está dizendo. — Não tem ninguém aqui além de nós.

A rua realmente está meio deserta, há um carro aqui e outro ali, mas sem nenhum movimento. Nem os pombos estão pelas ruas de Osasco como de costume.

— Eu sou fotógrafa. — Tini nos lembra. — Conheço o som do clique de uma câmera e o barulho de um flash. Fomos fotografados. Tem paparazzi por aqui.

De imediato empurro Piquerez pra dentro do carro dele estacionado no meio fio, pois ele é a pessoa que não deve, em hipótese alguma, aparecer numa foto ao meu lado saindo do meu prédio. Seria um escândalo. E eu não estou pronta pra isso.

EITA QUE O CAOS CONTINUA.

Piquerez quase gritando o que sente na cara da Isabella.

MAS ELES TEM UMA AMIZADE COLORIDA, e a Isabella acredita fielmente nesse amizade, afinal, era só uma amizade até então.

Povo sem noção que tá xingando, parece que não entende as coisas. Deus que me livre.

E Tini, já digo que ela é minha favorita e protegida, quem falar mal, vai levar esporro.

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