Lembranças Esquecidas

By KatiaCristinaMachado

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Agatha acorda em uma cama de hospital dois meses após sofrer um grave acidente que a deixa entre a vida e mor... More

Prólogo - Quem sou eu?
Aviso Importante
1° Motivo para não lembrar
2° Caminho para casa
4° Praia, Parque e Pipoca
5° Liefde in Amsterdam
IMPORTATE!!!
6° Primeira Vez.
7° Meu Destino é Você.
8° Livre Estou.
Amor & Sexo
9° - Vidas que se Cruzam
Onde Fica Mistral?
10° - Quem é Lothus?
11° No me platiques más

3° Sonhos, Anjos e Missões Secretas

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By KatiaCristinaMachado

Agatha


Não sei quanto tempo fiquei sozinha naquele espaço. Observei cada detalhe, cada quadro minuciosamente. Eles eram delicados e tinham uma riqueza de detalhes surpreendentes. No canto da parede tinha um cavalete coberto por um tecido branco, curiosa vou até lá e tiro o tecido que cobre a tela. Perco o meu fôlego quando olho para o trabalho ainda inacabado, mas mesmo assim é possível perceber o esboço de um rosto masculino, mas o que mais me chamou atenção foram os olhos, os olhos verdes fielmente copiados ali. Tão quentes e enigmáticos quanto os do seu modelo. Não contendo a emoção eu passo os dedos por sobre a pintura, sinto o relevo da tinta e os meus pelos dos braços arrepiam.

É estranho, muito estranho você olhar para as pessoas e objetos e não conseguir lembrar-se de nada. Olhar para as suas coisas e não lembrar quando ou como você as adquiriu. E essas coisas machucam sem precedentes.

Saio do estúdio e vou para o quarto da Tifanny que já estava sentada no chão ao lado da casinha de bonecas.

- Você demorou mamãe, já ia te buscar, o papai passou por aqui e disse que você estava no estúdio olhando os quadros.

- Me distrai bonequinha, tinha tantas coisas lindas para ver, que acabei perdendo a noção do tempo. - sorrio para ela e faço carinho na sua bochecha. - Estão, vai me mostrar as suas bonecas? - ela me puxa pelas mãos e me leva até as pranchas na parede e me indica a sua coleção.

- Eu já peguei as minhas, agora escolha as suas.

Na prancha tinha uma grande variedade de bonecas, cada uma mais linda que a outra. Duas em especial chamaram a minha atenção. São de porcelana, lindas e delicadas.

- Mamãe, acho que você não esqueceu de como se brinca com bonecas. - ela me olha com curiosidade. - Eu disse que você ia lembrar quando as visse. Lembrou-se de mais alguma coisa?

- Não meu amor...

- Não se esforce mamãe, lembra o que o médico disse? As lembranças vão voltando naturalmente. - ela falou com uma seriedade incomum para uma criança tão pequena. - E eu vou ajudar você a lembrar.

- Obrigada bonequinha.

Tifanny e eu brincamos a manhã inteira. Conversando com a minha filha descobri várias coisas a respeito dela e consequentemente sobre mim também. Descobrir que brincávamos de bonecas quase todos os dias. Mas que a sua atividade favorita era ir ao jardim zoológico. Também íamos ao parque da cidade e quando o dia estava quente passávamos a tarde brincando na piscina.

Essas revelações serviram para aliviar um pouco aquele aperto no meu coração. Eu me julgava uma péssima mãe, mas depois de tudo o que a Tifanny me contou, descobrir que não fui uma mãe ausente me deu algumas esperanças sobre a minha pessoa.

Escutamos uma pequena batida rítmica na porta, como uma espécie de código. E a Tifanny grita.

- Entra vovó.

A porta foi aberta delicadamente e a mãe do Niko entra no quarto, ela olha para nós duas e abre um lindo sorriso.

- Alguns hábitos estão tão entranhados que mesmo sem memória fazemos exatamente iguais. - ela aponta para as bonecas em minhas mãos. - Você está segurando justamente as suas bonecas favoritas, entre dezenas você escolheu as suas duas meninas. - ela se aproxima de nós duas e se abaixa ao meu lado. - Elas são especiais.

- São? - pergunto confusa.

- Sim. - ela aponta para a boneca de cabelos castanhos e vestida de branco. - Essa é a Anya e a outra de cabelo loiro e de vestido vermelho é a Kisha. Tifanny herdou essas bonecas, elas eram suas.

Olhei novamente para as bonecas em minhas mãos, elas foram minhas? Será que eu brinquei com elas quando era criança? As bonecas estavam em ótimo estado de conservação, acho que fui uma criança muito cuidadosa. E agora elas pertenciam a Tifanny. Olhei atentamente para as bonecas e a de roupa branca despertou em mim um sentimento de nostalgia ao mesmo tempo, que uma melancolia tomava conta de mim, trato de afasta-la e sorrio para a minha sogra.

- Elas são lindas... Pena não lembrar-me de nenhum outro momento com elas.

- Não se esforce sua memória vai voltar e além das antigas, novas serão construídas também.

Eu assinto e ela me abraça mais uma vez.

- Tifanny meu amor, faz um favor para a vovó? Peça para a Adely por a mesa e diga que vamos descer para almoçar em dez minutos. - a pequena sai do quarto como um pequeno furacão. - ao ficarmos sozinha minha sogra segura o meu queixo e me faz olhar em seus olhos verdes. - Você é especial Agatha, eu não sei o que aconteceu, não sei os motivos que a fizeram sair dessa casa na calada da noite, mas acredito que você não fugiu.

Eu olho surpresa para ela, me surpreendo com a fé que ela depositava em mim. Ela acredita que eu não tenha fugido, mas se não fugi porque fui encontrada em outro país? Se não fugi porque ninguém sabia onde eu estava? Essas perguntas só eu mesma poderia responder, quando enfim recuperasse a minha memória. Ela seca as minhas lágrimas e me envolve no seu abraço e eu sinto que fizemos isso muitas outras vezes.

- Obrigada. - eu sussurro. - Obrigada por acreditar em mim quando nem eu mesma acredito. - ela se levanta e estende a mão para que eu a segure e descemos assim de mãos dadas até a sala de jantar.

O Niko é a Tifanny já estavam à mesa. Quando nos ver juntas ele estreita os olhos e me lança um olhar enigmático mas cheio de significados que eu não sabia quais eram, "AINDA".

A refeição acontece de maneira descontraída onde conversamos sobre assuntos aleatórios. Depois de alimentados a Tifanny me chama para darmos uma volta no jardim, e assim o fazemos.

O jardim era surpreendente, rico em variedades de plantas exóticas e flores belíssimas. O gramado parecia um tapete verde e nos convidava a deitar e foi isso que fizemos a Tifanny e eu. Os raios do sol passavam através das folhas nas copas das frondosas árvores e aqueciam as nossas peles ao mesmo tempo, que uma brisa fria refrescava.

Fechei os meus olhos e agucei os meus ouvidos para escutar os sons que a natureza fazia e senti os dedos da Tiffany buscarem os meus, nossos dedos se entrelaçaram e eu pude sentir que a nossa ligação ia muito além de mãe e filha, parecia uma ligação de almas.

- Mamãe, hoje eu tive um sonho lindo. - me apoio no cotovelo e viro de modo a ficar de frente para ela. - Estávamos você, papai e eu em uma espécie de campo florido, nós dois colhíamos as flores e colocávamos em seus braços. Eram tantas, de tantas formas e cores... Eu fiz uma coroa de flores e papai colocou em seus cabelos. - ela dá um sorriso lindo e eu me vejo retribuindo. - Vocês dois estavam abraçados quando um anjo desceu de uma nuvem no céu e veio falar comigo, ele me deu uma missão. - Ela fez uma pausa que aguçou a minha curiosidade.

- O que o anjo falou meu amor? - a incentivo. Ela faz um biquinho tão lindo que me dá vontade de morder e apertar.

- Não posso dizer mamãe, ele pediu segredo! - Ela falou aquilo com uma carinha tão séria, e eu não queria forçá-la a me contar sobre a tal missão dada pelo anjo.

- Hummm... Tudo bem amor, o sonho foi lindo mesmo. Mas... -levanto a minha mão direita em forma de garra. - Acho que a minha mão de fazer cócegas está louca para fazer... - desço a minha mão na sua barriga e faço cócegas em todo o seu tronco. Sou presenteada com gostosas gargalhadas e esquecemos por hora do sonho, anjos e missões secretas.

Horas mais tarde

Depois do almoço o Niko trancou-se no escritório e eu só o vi novamente na hora do jantar.

A Tifanny me chamou para assistirmos um dos seus filmes favoritos Frozen. Deitamos no sofá da sala de jogos e ela deitou a cabecinha no meu ombro, meus dedos entraram nos seus cabelos em um cafuné gostoso. Quando o filme acabou subimos para o quarto e eu a ajudei na sua higiene, estava penteando os seus cabelos quando o Niko entrou no quarto.

- Veio contar a minha historinha de hoje papai?

- Como todos os dias meu anjo. - ele a pega no colo e a deposita na cama. - Escovou os dentinhos direitinho?

- Claro que sim papai, não sou nenhum bebê. - falou fazendo biquinho.

- Hum, pra mim vai ser sempre a minha bebê. - Ele aproxima o rosto do dela. -Quero sentir o bafinho, vamos assopra pra mim. - A Tifanny solta uma risada e dá uma baforada no rosto do pai que faz uma careta e finge desmaiar o que a faz cair na risada.

- Mentira papai, eu escovei direitinho com a ajuda da mamãe, pode parar de fingir que está desmaiado. - Ele se apruma e dar um beijo estalado na bochecha dela.

- Qual história quer escutar hoje.

Pega um livro na prateleira e com a ajuda da Tifanny escolher uma história e eu fico ali escutando ele narrar a história com voz solene. A narrativa acaba e a pequena se despede com beijos e abraços. Apago a luz do abajur e a deixamos no quarto.

O Niko desce sem me dirigir uma única palavra, ele tem me evitado. Só me dirigia as palavras necessárias e mais nada. Não o culpo, ele sabe mais coisas do que eu.

Entro no quarto do casal, sigo para o closet e pego uma camisola, penhoar e uma calcinha. Sigo para o banheiro e tomo um banho demorado e relaxante. Estava saindo do banho quando o encontrei no meio do quarto sem camisa, descalço e vestindo apenas a calça jeans.

Sinto a temperatura do quarto alterar uns quatro graus. As minhas mãos formigam de vontade de deslizar por aquele peito liso e musculoso. Sinto toda a minha força de vontade derreter igual as geleiras do Himalaia e minhas pernas ficam moles iguais a gelatina. Desviei os olhos para a cama e quando voltei a olhar para o rosto dele um brilho zombeteiro brilhava em seus olhos. Eu não podia dormir naquela cama, pois, sentia que quando estivesse lado a lado com ele, a última coisa que faríamos seria dormir. E por mais que o meu corpo se sinta atraído por ele uma parte racional da minha cabeça pedia para não ceder.

Niko vai até a entrada do closet.

- Acho melhor eu dormir em um dos quartos de hóspedes. - balbucio tão baixo que duvido que ele tenha escutado. Ele vira bruscamente e me fita nos olhos, aquele olhar de derreter geleiras.

- Não vejo sentindo nisso. - ele vem em minha direção e fica a um passo de distância de mim. Mesmo naquela distância eu consigo sentir o calor que emana do seu corpo másculo. - Nunca dormimos em quartos separados em todos esses anos que somos casados, nem mesmo nos nossos momentos de crise. - sua mão afaga o meu rosto e eu sinto a minha pele esquentar sob o seu toque.

- E-eu... Eu não...

Os dedos dele descem até os meus lábios e faz uma pequena carícia enquanto os seus olhos ficam fixos ali. Sinto os meus lábios ressecados e passo a língua sobre eles em um gesto impensado, percebo as pupilas dele dilatarem e ao mesmo tempo a minha respiração fica mais difícil, ruidosa. A tensão era tão densa que seria possível cortar com uma faca.

Ele diminui ainda mais a distância entre nós dois e o seu corpo encosta no meu. Aquele cheiro meio cítrico e meio amadeirado invade as minhas narinas e atiçam os meus sentidos me deixando a sua órbita, assim como terra atrai a lua... Seus dedos vão para a parte de trás da minha cabeça e prendem as minhas madeixas em um rabo de cavalo, ao mesmo tempo que os puxa para baixo fazendo assim o meu queixo subir e os meus olhos ficarem na mesma linha dos seus. Ficamos naquela troca de olhares, nossas respirações aceleradas. O meu coração batia igual a bateria de escola de samba em plena Sapucaí e eu me perguntava se ele estava escutando.

O Niko colou o seu corpo ainda mais ao meu e pude sentir a sua ereção na minha barriga, arfei desejosa. Eu queria aquele homem, queria senti-lo ainda mais perto de mim e isso era insano. Sua outra mão livre envolve o meu pescoço e desce pelo meu colo seguindo pela lateral do meu corpo até chegar na minha cintura e me puxar ainda mais para perto dele.

- Niko... Por favor... - implorei, queria que ele acabasse logo com aquele tormento.

- Por favor, o quê Agatha? - sua voz é baixa, sussurrada e sexy. Fecho os olhos, o que eu queria? Não sei... Eu queria tudo e ao mesmo tempo não queria nada. A minha consciência gritava "AFASTE-SE", mas, meu corpo sedia aos avanços dele. Solto um suspiro resignado e ele me solta abruptamente entrando no banheiro e batendo a porta logo me seguida.

O que tinha acontecido aqui? Será que com a perda de memória também perdi a minha sanidade mental? Meu corpo inteiro tremia. Eu tinha que fugir daquela presença, tinha que fugir dele. Peguei o penhoar que tinha esquecido em cima da cadeira quando fui para o banheiro e sai do quarto entrando logo em seguida na porta ao lado que levava ao quarto rosa. Era ali que eu iria dormir, seria o meu refúgio.

Entrei no quarto trancando a porta a chave. As luzes estavam apagadas e mesmo no escuro segui até a cama, acendi a luz do abajur, afastei os lençóis e me abriguei em baixo dos mesmos que estavam frios. Meus pensamentos divagaram para os momentos que antecederam a minha fuga para esse quarto. Fitei o teto por tempo incontável, até que o sono me venceu e eu começo a sonhar.

Flash on

Era noite e a chuva fina deixava o asfalto brilhante e escorregadio, a minha atenção estava redobrada, pois qualquer descuido poderia causar um pequeno acidente.

- Você não entende, essa é a última vez que faço isso! Quando acabar com tudo aqui, voltarei para a minha filha e o meu marido. -falo exasperada.

- Você vai abandonar tudo? Vai fugir das suas obrigações? - ao meu lado no banco de motorista estava uma linda morena de cabelos ondulados e astutos olhos cinzentos.

- Não estou fugindo! - bati as mãos no volante do carro. - Essa vida dupla é desgastante e eu quero deixar tudo isso aqui!

-Você sabe Lothus, que quando se entra nessa vida não é fácil sair dela, não é? Você acha que o chefe vai deixar você sair assim. - ela estala os dedos. - Você sabe coisas de mais...

- É a minha vida, são as minhas escolhas... - Ela balança a cabeça e leva a mão até a minha que estava no volante do carro e aperta em um gesto de conforto.

- Você quem sabe, depois não diga que eu não te avisei... Está por sua própria conta e risco...

Flash off

Acordo sobressaltada. As imagens pareciam tão reais que duvido se seriam apenas um sonho, tinha certeza que era uma lembrança, que só serviu para criar mais pontos de interrogações em minha mente tão confusa.

Vasculhei as gavetas da escrivaninha e encontrei um lápis e um bloco, me pus a enumerar as minhas principais dúvidas.

1° Quem era a morena de olhos cinzentos que estava ao meu lado no carro?

2° O que eu queria abandonar? Do que tentava fugir?

3° Quem era "o chefe" e porque ele não me deixaria sair?

4° Sair do quê?

5° E porque a morena me chamou de Lothus e não de Agatha?

A minha cabeça começou a latejar como sempre acontecia quando eu forçava a minha mente a lembrar de algo. As dores eram agudas como se tentassem introduzir algum objeto no meu crânio.

Resolvi deitar e tentar esquecer por hora aquele sonho. Forcei a minha mente a recordar os momentos que passei com Tifanny logo cedo e em poucos minutos eu estava novamente entregue ao sono e dessa vez sem nenhum sonho perturbador.

[...]

Acordei na manhã seguinte com o canto dos pássaros e com um raio de sol que estava bem em cima dos meus olhos. Espreguicei-me languidamente e joguei as pernas para fora da cama, caminhei até a janela francesa e afastei a cortina recebendo em troca a visão esplendorosa daquele lugar tão lindo. Abaixo da janela tinha uma fonte circular com um cupido na ponta de um dos pés, da sua boquinha jorrava água. Peguei-me sorrindo, era uma imagem tão romântica.

Abri a janela e permitir que o cheiro de mato molhado entrasse no quarto e uma brisa fria atinge a minha face e arrepia a minha pele. Eu me abraço e mantenho o meu olhar focado em um ponto alguns metros adiante dentro da floresta, um leve movimento captura ainda mais a minha atenção, mas devido a distância não consigo identificar o que se moveu entre as árvores. Um calafrio sabe pela minha espinha e sento aquela sensação de que estava sendo observada, e confesso, não era uma sensação nada boa. Afasto-me da janela e me refúgio dentro do quarto.

Acho que foi fruto da minha imaginação.

Resolvo tomar um banho para afastar aquela ideia absurda da minha cabeça. Deixo os jatos da água quente cair na minha cabeça e o meu corpo relaxa imediatamente. Saio do banheiro e visto o roupão atoalhado, pois não tinha nenhuma roupa para vestir, tendo em vista que todas as minhas roupas ficaram no outro quarto. Abro a porta e espio o corredor, tudo no mais absoluto silêncio, eu ia entrar no quarto sem fazer barulho e pegar algumas roupas no closet. Giro a maçaneta e fico aliviada ao constatar que ela não estava trancada, abro lentamente e espio para dentro do quarto. A primeira coisa que percebo é que as cortinas não estavam fechadas e a luz da manhã iluminava todo o quanto.

Mesmo a distância vejo que o Niko ainda está deitado na cama. Entro nas pontas dos pés e sigo o mais silenciosamente possível para o closet. Escolho um conjunto de lingerie, uma blusinha de alça e uma surrada calça jeans, visto tudo ali mesmo e pego uma das várias sapatilhas e a calço, para finalizar prendo os meus cabelos em um coque frouxo.

Quando saio do closet dou de frente com o Niko que ainda dormia, ele estava com o rosto virado para a minha direção. Estava tão lindo parecia a reencarnação de um verdadeiro deus grego. Seu peito dourado estava desnudo e o movimento lento de subir e descer da sua respiração, parecia me hipnotizar. Não pude deixar de reparar em toda aquela pele exposta, ele vestia apenas uma cueca branca e o que estava coberto deixava muito pouco para a imaginação. O meu coração falha uma batida e o ar parece ficar preso nos meus pulmões. Se ele desperta essas sensações em mim dormindo, nem quero imaginar o que faria se tivesse acordado.

Saio do quarto assim como entrei "silenciosa e sorrateira" sigo para a porta em frente que é o do quarto da Tifanny . Entro sem fazer barulho também e me aproximo da caminha dela. A Tifanny dormia como um anjinho. Dou-lhe um beijo carinhoso e saio também sem fazer barulho.

Desço as escadas e sigo direto para a cozinha. Tudo estava em ordem, cada coisa no seu devido lugar. Abro a geladeira e passo alguns minutos olhando para tudo o que tinha dentro dela. Decidida tiro a garrafa de leite, ovos, queijo, ervas e frutas. No armário encontro farinha de trigo e outros ingredientes que chamam a minha atenção. De baixo da pia encontro uma frigideira rasa e uma tigela de louça e uma forma de bolo. Misturo alguns ingredientes na tigela até tomar forma de uma massa homogênea ligo o forno e coloco a massa para assar, preparo outra massa, ligo o fogo e a levo para assar na frigideira. Enquanto isso corto o queijo, as ervas e outros temperos que achei em alguns pontinhos, ponho sobre a massa e enrolo, faço isso com as outras. No armário encontro um pote com creme de chocolate e avelã, besunto a massa com o chocolate e incremento com morangos picados. Espremo algumas laranjas e faço um suco natural. Corto algumas fatias de queijo e frios, tiro algumas torradas do pacote e pego um pote de geleia de morango, levo tudo para a mesa na sala de jantar e arrumo os copos, pratos e talheres. A mistura que eu levei ao forno já estava cheirosa e em poucos minutos eu poderia tira-la. Limpo toda a sujeira que fiz. Estava tão entretida na minha tarefa que nem percebi a Tifanny entrando na cozinha até sentir os seus braços na minha cintura.

- Que cheirinho bom mamãe, está fazendo bolo de chocolate?

- Estou? - pergunto confusa, eu fiz tantas coisas. - Acho que sim bonequinha. - Vou até o forno e tiro a forma, a Tifanny dá pulinhos de alegria. -Viu! Você fez meu bolo favorito em todo o mundo!

-Hum... Que bom eim princesa, a mamãe lembrou-se de como se faz seu bolo favorito. - Desenformo o bolo e levo para sala com a Tifanny ao meu encalço.

- Que cheiro bom é esse? - minha sogra entra na sala. - Nossa! Que banquete.

- Foi a mamãe que preparou tudinho... - Tifanny senta a mesa e coloca o guardanapo no colo. - Ela fez a minha panqueca de chocolate com morangos e a de queijo favorita do papai. - minha sogra me olha curiosa.

- Hummm... Estou sentindo o cheiro da minha panqueca de queijo? - ele entra na sala preenchendo tudo com a sua presença marcante, beija a testa da mãe e deposita um beijo estalado na bochecha da Tifanny que sorri feliz, se aproxima de onde eu me encontro sentada e dá um beijo nos meus cabelos em um gesto carinhoso, em seguida ocupa o seu lugar na cabeceira da mesa e esfrega uma mão na outra.

- Mamãe, o cheiro está divino. - pega uma das panquecas, coloca no prato e corta com a faca levando um pedaço a boca. - Hummm... Delícia, faz séculos que não provo das minhas panquecas favoritas. - minha sogra pega uma das panquecas e saboreia.

- Realmente Agatha, está uma delícia. Por mais que você tenha me dado a receita, nunca consegui fazer panquecas tão deliciosas quanto as suas.

O Niko fica com o garfo parado a caminho da boca, olha para o pedaço de panqueca e depois para mim.

- Foi você quem fez? - pergunta sem desviar os olhos dos meus. Eu assinto afirmativamente. - Deliciosa como sempre, como exatamente tudo o que você faz. - volta a comer com apetite.

Eu percebi o duplo sentido na sua frase e confesso senti o meu rosto esquentar e lembranças da noite passada vieram na minha mente. Levanto os olhos para ele e vejo que ele observa as minhas reações. Lança-me um sorriso zombeteiro daquele que sabe exatamente o que está se passando pela minha cabeça.

Aí minha nossa senhorinha das mulheres desmemoriadas, me ajude a recuperar a minha memória antes que eu perca o resto da minha sanidade mental.

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