Fotografias

alsnd4 tarafından

16.5K 1.9K 2K

Scarlett vive com o marido, Colin, e os seus dois filhos, Rose e Cosmo, mas nem sempre foi assim. Scarlett j... Daha Fazla

Personagens
Capítulo I - Prólogo
Capítulo II - Crianças podem ser horríveis
Capítulo III - Welcome to New York!
Capítulo IV - O jantar está pronto!
Capítulo V - Primeiro passo ?
Capítulo VII - Pesadelos
Capítulo VIII - Alerta vermelho para Nova Iorque!
Capítulo IX - Quando tu eras bebé
Capítulo X - Duas batidas a cima do coração significa que te amo
Capítulo XI - Central Park e surpresas
Capítulo XII - Conversas e Desafabos
Capítulo XIII - Irmãs para sempre
Capítulo XIV - Rumores
Capítulo XV - Invasão de propriedade e Mudanças
Capítulo XVI - Jantar de despedida e Ervas Daninhas
Capítulo XVII - MAMA!
Capítulo XVIII - Por favor não partas uma perna!
Capítulo XIX - Skype
Capítulo XX - Joe's Diner
Capítulo XXI - Mamã, não me sinto muito bem...
Capítulo XXII - Dia no Zoo
Capítulo XXIII - "Esta é a minha mãe"

Capítulo VI - Festa de aniversário

814 85 87
alsnd4 tarafından

POV Narrador

O quarto da pequena está completamente escuro, só sendo iluminado pela pouca luz do sol que entra pela fresta das cortinas da janela. A ruivinha dorme pacificamente na sua cama, completamente alheia à pessoa do outro lado da porta.

Com cuidado, e da forma mais silenciosa que consegue, a mais velha abre a porta, deixando mais um pouco de luz adentrar o quarto. Ela tem de fazer um esforço gigantesco para não deixar uma gargalhada escapar, pois a posição em que encontra a filha adormecida chega até a trazer lágrimas aos seus olhos. Natasha está deitada com a cabeça e o torso na ponta da cama, as suas pernas e joelhos no chão. Para acrescentar a esta posição única, um fio de baba seca conecta os seus lábios ao lençol, que por sua vez, está completamente enroscado à volta do seu pequeno corpo. Aquela com certeza que não é uma postura muito confortável para se dormir, mas parece que a criança não encontra qualquer problema.

Em bicos de pés, S/N adentra o quarto, praguejando baixinho quando, num dos seus passos, uma das tábuas do chão range. O ressonar fofo da filha fá-la disparar a cabeça para cima, receosa de que aquele barulho a fosse acordar, mas como Nat dorme que nem uma pedra, apenas vira a cabeça para o outro lado, fazendo S/N libertar um pequeno suspiro de alívio.

Rapidamente o sorriso volta aos lábios da mãe, que para ao lado da cama da filha e pousa o tabuleiro que tem nas mãos na mesa de cabeceira. S/N aproxima-se da criança, ajoelhando-se ao seu lado e deitando a cabeça na cama, praticamente ficando na mesma posição da pequena. Com delicadeza, começa a pentear os cabelos vermelhos da mais nova com os dedos, e a cantarolar uma música baixinho.

- Hm... - Natasha resmunga e remexe-se na cama, encolhendo o nariz

S/N ri da reação da filha ao ser acordada, de repente lembrando-se de uma certa loira que reagia da mesma forma todas as vezes que acordava de manhã.

- Está na hora de acordar, meu bebé. - a mãe sussurra, passando um dedo pela bochecha da ruivinha

- Nãããooo... - volta a resmungar com a voz rouca de sono, e franze as sobrancelhas, mantendo ainda os olhos fechados - Mamã, apaga a luz. - pede e enterra o rosto nos lençóis

- Tasha, - ri - é o sol. Já é de manhã.

- Hm... - grunhe em insatisfação - Então, desliga o sol. - murmura como se fosse óbvio

Isto faz a mais velha gargalhar. Todavia, ela levanta-se, trazendo a filha consigo. A pequena grunhe novamente, pousando a cabeça no ombro da mãe quando S/N a pega no colo.

- Eu acho que te estás a esquecer de que dia é hoje, Tasha. - diz com um sorriso no rosto, sentando-se ao mesmo tempo que fala e encostando as costas na cabeceira da cama

Demora alguns segundos para a criança processar as palavras da mãe, mas assim que se lembra de que dia é hoje, dispara a cabeça para cima, qualquer resquício de sono completamente desaparecido.

- É o meu aniversário. - sorri e um gritinho de entusiasmo sai da sua boca

- É o aniversário da minha bebé. - festeja - Parabéns, meu amor! - enche o rosto da pequena de beijos - Onze aninhos... - bufa - A minha bebé está a ficar tão grande... - exagera a tristeza e finge limpar uma lágrima - Daqui a nada ela já não vai querer mais saber da mãe, e não vai querer mais abraços, beijinhos, dormir na minha cama, ir ao parque comigo, dormir abraçadinha comigo... - lista, fingindo ficar cada vez mais triste

- Não, não, não. - nega seriamente com a cabeça, sentando-se direita no colo da mãe e pousando as mãos nas suas bochechas - Eu vou querer sempre os teus beijinhos e abraços, e nunca vou ser grande demais para dormir na tua cama. - diz calmamente e mantém os olhos fixos nos da mais velha, chegando até a assustar um pouco S/N com o seu tom sério de voz

- Ufa... - finge um grande alívio e limpa o suor imaginário da testa com as costas da mão, fazendo a pequena rir - Fiquei assustada por um momento. - a filha beija a sua bochecha um par de vezes para reforçar o que disse. S/N, aproveitando o facto da ruivinha ter levado as mãos aos ombros da mãe, começa a fazer cócegas no torso da pequena, adorando sempre o som que se segue.

A alta gargalhada da pequena ecoa pelas quatro paredes, fazendo o coração da mais velha inchar de tanto amor pela filha. E quase como num desenho animado, quando a mãe para com as suas ações, Natasha levanta o nariz subitamente, seguindo o aroma do pequeno almoço até à travessa. Os seus olhos arregalam quando ela vê a variedade de comida: panquecas, salada de fruta, ovos mexidos, e até uns muffins de mirtilo, e um enorme sorriso surge nos seus lábios.

- Estás com fome ? - S/N questiona, ajustando o corpo da filha em cima do seu para que a pequena fique sentada com as costas coladas ao seu peito

- Hm Uhm. - concorda com a cabeça com força - Posso comer panquecas com fruta ? - vira a cabeça para a mãe

A mais velha pega na travessa e pousa-a nas pernas da filha, passando para as suas pequenas mãos, uma faca e um garfo.

- Come o que tu quiseres, Tasha. Hoje é o teu aniversário. - beija rapidamente a bochecha da filha

- YAY, panquecas de aniversário! - festeja com um pequenino pulo, não demorando nem mais um segundo a começar a devorar as panquecas com pepitas de chocolate - Mão quees um bocadinho?

- Tasha, o que é que eu já te disse sobre falares com a boca cheia ? - repreende levemente com o olhar

- Oh! Desculpa, mamã. - sorri quando acaba de mastigar - Queres um bocadinho ? - levanta o garfo com um pouco de panqueca e leva até à boca da mãe

A mais velha sorri da atitude generosa da filha e apenas abre a boca, fazendo a pequena gargalhar quando prende o garfo com os dentes, impedindo que a filha o puxe.

- O que vamos fazer hoje ? - a ruivinha pergunta, ainda completamente ocupada com os pratos à sua frente

- Eu estava a pensar que podíamos ir a algum sítio antes da tua festa logo à tarde. - penteia os cabelos vermelhos da filha com os dedos - Podemos ir ao parque, ou ao Zoo, ou ir andar de barco. - enumera as opções, mesmo já tendo um leve pressentimento de qual vai ser a escolha da filha

- Barco ? - pergunta em entusiasmo - Eu quero ir andar de barco.

- Então nós vamos andar de barco. Mas antes disso, quando acabares de comer temos de te ir medir. - relembra

- Oh, sim. - ri - Já me esquecia. - enfia uma enorme garfada de fruta na boca - Uma para mim. - leva uma garfada de panquecas à boca - Uma para ti. - leva o garfo à boca da mãe. - Uma para mim. Uma para ti. - repete isto várias vezes até à comida praticamente desaparecer

- Vá, - bate levemente nas pernas da filha e arrasta o tabuleiro para a cama - temos de nos despachar se queremos chegar a horas a casa para a tua festa.

Felizmente, S/N deixou grande parte das coisas para a festa preparadas ontem à noite. Comidas, decorações e presentes estão praticamente prontos e no lugar devido, mas de boa vontade, Amanda ofereceu-se para preparar os últimos detalhes. Por isso, enquanto que S/N e Natasha aproveitam uma manhã calma, Amanda vai vir ao apartamento para deixar tudo pronto para a festa. Isto é uma grande ajuda, e S/N não se pode esquecer de agradecer à melhor amiga por isso.

- Estou pronta! - a pequena corre até à porta do quarto e encosta-se ao batente, esticando as costas e endireitando os pés e a cabeça

S/N levanta-se da cama, e no caminho para a filha, pega numa caneta.

- Ora bem, - ajoelha-se ao lado da pequena - pernas e costas esticadas, e olhos em frente.

Natasha estica o corpo por completo, ficando completamente imóvel. A mãe ri baixinho da postura da criança, pois ela chega até a parecer uma daquelas estatuetas de cães que as pessoas têm à porta de suas casas.

Os olhos da pequena seguem os movimentos da mãe, que com cuidado faz um pequeno risco na madeira por cima da cabeça da ruivinha.

- Já está. - diz e Nat dá um passo à frente, virando-se para ver o que a mãe está a fazer

- Wow... - murmura - Eu cresci tanto. - volta a aproximar-se do batente da porta e mede com os dedos a distância entre o último risco e o que fizeram agora - Olha. - vira-se para a mais velha e mostra-lhe com orgulho a diferença de três centímetros entre os dedos 

- É verdade, bebé. - pousa a mão na barriga da pequena - Daqui a nada vais medir quase dois metros. - ri

- Não, isso é muito alto. - franze as sobrancelhas - Assim não vou puder usar as tuas roupas.

- As minhas roupas ? - questiona em confusão - Tu vais usar as minhas roupas ?

- Sim. Quando for grande vou usar as tuas roupas para ser tal e qual como tu. - diz com orgulho e incha o peito de ar, sem saber, causando uma explosão de amor no coração da mãe - Eu só não quero ser florista, quero ser zoologista para trabalhar no Jardim Zoológico. Pode ser ? - vira-se para a mãe com receio que isso não a agrade

- Oh, bebé. - sussurra e abraça a filha - Tu podes ser o que tu quiseres. - afirma e beija a sua cabeça

- Então quando for mais velha posso ficar com as tuas roupas ? - confirma

- Podes. Mas eu acho que quando fores grande não vais gostar muito da minha roupa. - Natasha apenas encolhe os ombros, satisfeita com a resposta da mãe - Mas agora, pequenina, é preciso te ires vestir com as tuas roupas para podermos ir. - toca de leve na barriga da mais nova, fazendo-a gargalhar altamente e fugir da mãe para a casa de banho

S/N gargalha também, observando com carinho e nostalgia todas as marquinhas na madeira. São agora onze marcas, cada uma identificada com a idade que a pequena tinha quando foram feitas. Desde que Nat era uma bebé que a mãe faz isto, e com o passar dos anos tornou-se numa tradição. Todos os anos, na manhã do seu aniversário, mãe e filha tiram uns minutinhos para documentar o crescimento da ruivinha. Estes minutos trazem sempre um sentimento de nostalgia e tranquilidade a S/N, que não consegue deixar de sentir completa felicidade ao ver a maravilhosa jovem em que a filha se está a tornar. (Ela não vai mentir e dizer que isto não dói um bocadinho, pois ao mesmo tempo apercebe-se de que a cada ano que passa, Natasha começa a ser cada vez menos a sua bebé. Mas ninguém precisa de saber disso.)

- Tasha ? - chama depois de bater duas vezes na porta da casa de banho - Tens toalha para te secares depois do banho ?

- Sim, mamã. - responde, e segundos depois S/N ouve a água do chuveiro começar a cair 

- Ok. Não te esqueças de lavar bem o teu cabelo. - avisa

- Ok, mamã. - responde

Rapidamente, S/N corre até ao quarto e pega na travessa, voltando para a cozinha e limpando tudo com uma certa pressa, não querendo fazer a filha esperar. No seu quarto veste uma roupa prática e quente, pois sabe que a temperatura no barco vai ser bastante fria. E como conhece a filha melhor do que ninguém, prepara a sua roupa também, já que se não o fizesse, o mais certo é a pequena escolher uns calções e uma blusa.

Enquanto está a pentear o cabelo à frente do espelho, o seu telemóvel começa a tocar num canto qualquer do quarto. Ainda com a escova de cabelo na mão, S/N começa a procurar pelo telemóvel. Ela procura por todas as esquinas, bufando em frustração quando ainda não o consegue encontrar. É só quando o telemóvel toca pela segunda vez que a mais velha o acha enroscado nos lençóis e cobertores da cama. Ao ver o nome do contacto na tela, nem se dá ao trabalho de atender, sabendo perfeitamente que aquele telefonema não é para si.

- Tasha, - chama a pequena ao encostar-se na porta do quarto da filha - está aqui alguém que quer falar contigo.

Com as sobrancelhas franzidas em confusão, a pequena acaba de vestir a camisola e aproxima-se da mãe, pegando no telemóvel. Ao ver o nome na tela, um sorriso cresce nos seus lábios e um brilho de entusiasmo e felicidade nasce nos olhos. S/N observa a filha por mais um par de segundos, virando costas logo a seguir e voltando para o quarto para poder acabar de se preparar. A meio do corredor, um gritinho de animação da filha chama a sua atenção, fazendo-a gargalhar silenciosamente.

- Tia Margot! - cumprimenta com euforia assim que o rosto da loira surge no ecrã

- A minha sobrinha favorita faz anos! - exclama - Parabéns!

- Obrigada. - agradece e ri das expressões engraçadas da tia

- Não achas que já está na hora de parar de crescer ? - diz seriamente com uma sobrancelha arqueada - Acho que podes ficar com onze anos para a vida todinha.

- Tia Margot. - ri

- O que foi ? - questiona com um tom inocente - A minha sobrinha bebézinha está a ficar uma adolescente, e eu ainda não estou preparada. - justifica-se

- Tu e a mamã estão iguais hoje. - comenta

- Aí estamos ? - pergunta com curiosidade

- Sim. - concorda com a cabeça - Ela também disse que eu estou a ficar muito grande.

- E estás! - afirma - Mas não te preocupes, - um sorriso malicioso aparece no seu rosto - os meus deveres como tia estão cada vez mais próximos. - diz com um certo mistério e a sobrinha olha para ela em confusão - Já está quase na altura de te levar a um bar, dar a experimentar bebidas alcoólicas, e se calhar até um cigarro.

Os olhos de Natasha arregalam em completa surpresa, nunca na sua vida tendo pensado em tais coisas.

- Tia Margot-

- É o quê, Margot ? - S/N entra de rompante no quarto da filha, praticamente voando para a cama da pequena e parando ao seu lado. Um olhar e expressão matadora pinta o seu rosto, o que contrariamente ao que esperava, faz a irmã cair para trás no sofá em gargalhadas - Margot S/S, eu espero que não tenhas acabado de dizer isso. - olha seriamente para a loira

- Oh, relaxa S/N. - diz com leveza - Não é como se isso não vá acontecer daqui a uns anos.

- Não interessa. - argumenta - Ela é a minha bebé e ainda faltam muitos, MUITOS anos para isso acontecer. - um pequenino beiço forma-se nos seus lábios, e ela puxa a filha para o seu colo, abraçando o seu pequeno corpo junto ao peito

Natasha ri, achando engraçada a pequena discussão entre a mãe e a tia. Ela nunca antes tinha pensado em sair à noite, mas ela sabe que alguns adolescentes fazem isso. Fenan sai com os amigos de vez em quando, mas para já não tem vontade de fazer isso, mas quem sabe quando for mais velha.

- É, S/N... Se a Natasha sair a ti, vai sair todas as noites e ficar fora até altas horas da madrugada, e sabe-se lá a fazer o quê... - comenta com exagero, tentando amedrontar a irmã, e parece que está a resultar

- Não, não, não! - nega firmemente com a cabeça e aperta ainda mais o corpo da filha

- E às vezes até vai ficar noites inteiras sem voltar a casa. - continua, rindo baixinho com a sobrinha da expressão aterrorizada da mais velha - O que foi ? Tu fazias isso.

- A sério ? - a pequena questiona em surpresa - Tu fazias isso, mamã ? - olha por entre as pestanas para a mãe

- Infelizmente... - suspira e enterra o rosto nas mãos, lembrando-se de todas as vezes na sua adolescência, que passou dias seguidos sem vir a casa. Recorda-se também de todas as coisas boas e menos boas que fez nesse período, e espera que a filha não faça nada do género - Mas, a diferença é que a Natasha tem uma mãe que cuida dela, e que a vai guiar a fazer as coisas certas. - diz com um sorriso brincalhão, para não estragar o ambiente, mas com uma certa seriedade. A expressão no rosto de Margot muda imediatamente, passando para uma de pena e compreensão - Podes ter a certeza que eu vou ficar as horinhas todas acordada até ela voltar para casa. - ri e faz cócegas na barriga da filha, precisando da gargalhada da filha, não só para difundir a súbita tensão que se instalou, como também para a ancorar

- Disso eu não duvido. - a loira sorri docemente à dupla, decidindo não dizer nada acerca do comentário da irmã - Mas mudando de assunto para coisas mais importantes, o que é que a aniversariante vai fazer hoje ?

- Vamos andar de barco, e depois logo à tarde é a minha festa. - diz em entusiasmo, sentando-se no meio das pernas da mãe e encostando as costas ao seu peito, posicionando o telemóvel de forma que a loira as consiga ver às duas - Quem me dera que estivesses aqui para a minha festa, tia Margot. - comenta tristemente

- Oh, Nat... - diz com olhos igualmente tristes - Eu dava tudo para estar aí contigo, mas o trabalho não me deixa.

- Não faz mal... - baixa os olhos e encolhe os ombros, tentando esconder a sua tristeza. A mãe passa uma mão reconfortante no seu braço, sabendo que a ruivinha sente imensa falta da tia

- Faz sim, Nat. - endireita-se no sofá, detestando ver a mais nova assim, mas rapidamente se lembrando de algo que pode trazer felicidade de volta à pequena - Mas deixa-me contar-te um segredo, princesa. - isto chama a atenção da criança, que levanta os olhos em curiosidade - A tua mãe já deve ter recebido o meu presente para ti, eu enviei-o no correio para tua casa já há algumas semanas. - Natasha olha para a mãe, que concorda com a cabeça e um sorriso - E agora, uma coisa ainda melhor. - tenta conter o seu entusiasmo - A minha empresa vai abrir uma filial em Nova Iorque, e sabes quem é que os meus chefes querem que vai trabalhar para lá ?

- Quem ? - os olhos da criança arregalam em expectativa

- Eu, princesa! - exclama, esperando impacientemente pela reação da ruivinha

A boca de Natasha abre em puro choque. Estas são ótimas notícias, mesmo que ela nunca esperasse ouvir isto. Um grande sentimento de felicidade começa a crescer dentro de si perante a expectativa de ter a tia a viver perto de si, e até já consegue imaginar todos os jantares e atividades que poderão fazer em família.

- E o Ryan ? Ele concorda com essa mudança ? - S/N pergunta, apercebendo-se que a filha não vai dizer nada tão cedo

- Sim. - vira a sua atenção para a irmã, olhando de relance para a sobrinha de vez em quando - Já há algum tempo que ele está a pensar em sair da firma em que está a trabalhar neste momento. Então aproveitou a situação e enviou o currículo dele para várias firmas aí em Nova Iorque. Na verdade, essa também foi uma das razões para nós vos irmos visitar aí, e ele até já tem uma proposta de emprego em que está interessado. - explica

- E tu não me contaste ? - arqueia uma sobrancelha, de certa forma desapontada que a loira não lhe tenha contado esta informação tão importante

- Eu queria que fosse surpresa, e até ia esperar mais tempo para vos contar, mas agora pareceu-me o momento ideal. - sorri

- E tu, Tasha ? Não dizes nada à tia Margot ? - beija a bochecha da pequena

- Estou tão feliz, tia Margot. - liberta um pequenino grito de entusiasmo - Vamos poder ir ao parque juntas, ao Zoo, ir às compras, e até podes ir buscar-me à escola. - enumera com um brilho de animação nos olhos

- Tudo isso e muito mais, princesa. Mas algumas coisas vão ser segredo, não podemos contar à tua mãe. - sussurra, rindo de forma maliciosa

Natasha copia as suas ações, rindo da mesma forma e piscando o olho à tia. S/N sorri da interação, sabendo que as duas juntas são um risco para a comunidade.

- Bom, esta conversa está a ser maravilhosa, mas nós precisamos de ir se queremos chegar a tempo de ir andar de barco. - a mãe avisa

- Oh! - Natasha exclama, olhando para si e vendo que ainda nem está perto de estar preparada para sair. Ela pula da cama, mas chega a cabeça ao telemóvel, dando a bela vista do seu olho verde à tia - Tchau, tia Margot. Eu tenho de ir agora.

- Tchau, ruivinha. - acena para a câmara em despedida - Feliz aniversário e espero que tenhas uma ótima festa.

A pequena corre para a casa de banho, não desperdiçando tempo em começar a lavar os dentes. S/N e Margot gargalham da pequena, passando mais alguns minutos em conversa antes de também se despedirem.

- Barco, tum tum tum. Barco, tam tam tam. Barco, tum tum tum. Barco, tam tam tam. - Natasha cantarola em felicidade enquanto caminha pelas ruas da cidade com a mão dada com a da mãe

- Parece que alguém está feliz por ir andar de barco. - S/N gargalha

- Sim. - pula levemente - Eu adoro andar na água. Quando é que podemos ir nadar na piscina da avó outra vez ? - olha para a mãe

- Só daqui a algumas semanas, Tasha. Ainda está muito frio, e não quero que fiques doente.

- Mas a Fenan já foi nadar. - franze as sobrancelhas em desgosto pela resposta da mãe

- Mas a Fenan é diferente, ela podia ir nadar no Oceano Ártico, e para além de não ficar doente, não iria ter frio.

- Mas, mamã... - reclama levemente, surpreendendo a mãe que raramente ouve a filha protestar uma das suas decisões - Eu quero ir nadar...

- Eu sei que sim, Tasha. - diz com leve firmeza - Mas ainda está frio, e não queremos arriscar que fiques constipada, ou que tenhas uma pneumonia. Quando estiver calor podes ir nadar todos os dias à piscina da tua avó, mas por agora tens de esperar.

- Ok. - suspira em desistência, desapontada com a resposta da mãe, mas sabendo que ela tem razão - Mamã, o barco! - aponta empolgada para o barco branco e preto, rapidamente se esquecendo do que acabou de acontecer

- É mesmo, Tasha. - desaceleram o passo gradativamente para admirar o barco

- Anda, anda. - começa a puxar a mãe, já aborrecida de estar parada e querendo entrar no barco o mais rapidamente possível

A mais velha gargalha da impaciência da filha, e ao chegarem à bilheteira, Natasha apoia-se imediatamente no balcão.

- Bom dia. - o velho funcionário cumprimenta com um pequeno sorriso

- Bom dia, nós gostaríamos de dois bilhetes. - pede de forma simpática

- Um de adulto e outro de criança ? - questiona, olhando de relance para a ruivinha

- Sim.

Enquanto os adultos conversam, Natasha tem os olhos presos no barco. Na verdade, o barco não é nada de especial, é só um ferry que leva pessoas de um lado ao outro do rio, mas como na sua pequena vida, a criança só andou uma ou duas vezes de barco, está bastante empolgada.

- Wow... - suspira em admiração ao chegar ao topo do barco, apoiando-se no corrimão

Sem qualquer medo, debruça-se sobre o corrimão de ferro, olhando com olhos arregalados em animação para a água do rio que choca com o casco do barco, criando pequenas ondinhas.

- Não vejo nenhum peixe. - reclama com decepção

- Os peixes andam no meio do rio, Tasha. - explica ao abraçar a filha por trás, discretamente puxando-a para si e para longe do corrimão. A sua mente é criativa, e a única coisa que consegue ver enquanto a pequena está naquela posição, é ela a cair à água - Aqui a água ainda é muito rasa.

Alguns longos minutos depois, mais pessoas começam a aparecer, sentando-se nos bancos disponíveis, ou ficando em pé junto ao corrimão. Não demora muito para o barco começar a andar, e Natasha exclama em entusiasmo, mesmo que o barco ande à mesma velocidade de um caracol.

Os olhos da pequena disparam de lado para lado, tentando ao mesmo tempo assimilar tudo à sua volta. Os altos arranha céus vão ficando para trás, só para dar lugar a outros. É verdade que a vista não é diversificada, uma vez que a selva de edifícios é a única coisa que as rodeia, mas isso não parece incomodar a ruivinha, pois ela tem os olhos presos no rio, esperando pacientemente pelo surgimento de um peixe.

De vez em quando, o ferry vai parando para deixar várias pessoas saírem e outras entrarem. Mas, de repente, um movimento estranho nas águas do rio chama a atenção da pequena, que foca os olhos naquele específico lugar. Já sabendo do que se trata, a mãe olha para a filha.

- É um peixe ? - sussurra para si em questão, analisando com cuidado os movimentos da água

Subitamente, a cauda de um peixe cinzento e castanho aparece fora da água, submergindo de volta logo a seguir. Como a cor do peixe e a cor da água são semelhantes, a criança espera, não querendo saltar para conclusões. Mas, quando a barbatana superior do peixe emerge, a boca de Natasha abre em maravilha.

Não é como se Nat nunca antes tivesse visto animais livres na natureza, S/N certifica-se de que nos verões visitem parques naturais para terem contacto com realidades diferentes. Mas, tendo vivido noventa e oito por cento da sua vida na cidade, a ruivinha fica sempre fascinada ao ver um pedaço da natureza ao vivo.

- Um peixinho... - murmura, puxando o braço da mãe para chamar a sua atenção para o animal - Tem baleias e golfinhos neste rio ? - questiona sem tirar os olhos da água

- Infelizmente, não. - a criança franze as sobrancelhas

- Mas eu gosto de golfinhos e baleias. - comenta com desânimo - Sempre os quis ver.

Não aguentando a tristeza da filha, S/N rapidamente encontra uma solução para este problema.

- E que tal, nas férias, eu te levar a ver baleias e golfinhos no mar ?

- A sério, tu fazias isso ? - dispara a cabeça na direção da mãe

- Claro, bebé. - arruma o cabelo da pequena, desarrumado pelo vento, atrás das suas orelhas - Nós ainda não decidimos onde é que vamos este verão, e ir a uma cidade com praias não soa nada mal.

- YAY! - festeja e volta imediatamente a cabeça para o rio quando ouve mais movimentos estranhos

O resto da viagem de barco é passado assim, Natasha focada totalmente na água, e a mãe a observá-la com contentamento. No entanto, enquanto Nat está ocupada com a sua observação de peixes, S/N começa já a pensar nas férias de verão.

Todos os verões S/N faz questão de levar a filha a um estado diferente. A este ponto já se tornou numa tradição, já que a mais velha não tem dinheiro para visitar o estrangeiro, como fazia quando ainda era casada. Mesmo assim, estas viagens são extremamente divertidas, e uma das partes favoritas das duas é a viagem de carro, que é feita cheia da melhor música e comida.

- Foi tão divertido, mamã! - exclama quando desembarcam, não conseguindo parar de narrar todos os pequenos acontecimentos da viagem como se a mãe não tivesse estado o tempo todo com ela - O rio, os peixes, e depois as pipocas que me compraste... Mas ainda estou com fome. - afirma seriamente e passa a mão em círculos pela barriga, fazendo a mãe gargalhar

- Vamos almoçar, ou ainda queres ir a mais algum lado ? - questiona a filha, querendo que a pequena tenha um maior poder de decisão no seu aniversário

- Não, - nega com a cabeça - vamos almoçar.

Então, S/N guia a filha de volta ao carro e começa a conduzir numa direção desconhecida da mais nova. Assim que chegam ao Central Park, as duas pulam para fora do carro, e S/N pendura no braço uma cesta de piquenique que tinha preparado antes de acordar a filha.

Como é sábado, o parque está repleto de outras famílias, mas mesmo assim, há bastante espaço no relvado para elas se sentarem. Natasha toma a liderança de escolher o sítio ideal, parando debaixo de um grande e velho cedro.

- Aqui é perfeito. - afirma, ajudando a mãe a estender uma manta no chão

Ela não perde tempo a sentar-se no meio da manta, tirando os sapatos e pousando-os em duas pontas para impedir que a manta voe com a brisa. A mais velha faz o mesmo com os seus próprios sapatos, e senta-se à frente da filha com as pernas dobradas.

- O que trouxeste, mamã ? - olha entre a mãe e o cesto

- Trouxe duas sanduíches de pão de baguete com frango grelhado, queijo, tomate e alface. - pousa um contentor com as sanduíches à sua frente - Batatas fritas caseiras, uma salada com tomate, pepino e cebola. - a pequena faz uma cara de desgosto perante a cebola, algo que ela simplesmente detesta, fazendo a outra gargalhar - Não te preocupes, Tasha, a salada é para mim. - a pequena solta um pequeno suspiro de alívio - E para sobremesa trouxe bolachas com pepitas de chocolate, mas-

- YAY! - festeja com a sua dancinha icónica, interrompendo a mãe sem querer

- Mas, - gargalha - só podemos comer uma ou duas, porque logo à tarde vamos comer o teu bolo e todos os outros doces que vamos ter lá.

- Ok, mamã. - concorda facilmente, na verdade nem ouvindo metade do que a mais velha diz, pois está demasiado distraída com a sanduíche à sua frente

- Vá lá, podes comer, bebé. - incentiva, visto que a filha está praticamente a babar-se com o cheiro da comida

Em dois segundos a pequena já está a mastigar um grande pedaço de pão, um sorriso de contentamento preenchendo grande parte do seu rosto.

O almoço é preenchido com conversas e piadas contadas pelas duas. Há um ar de entusiasmo e felicidade que paira sobre elas, evidenciando o quão especial o dia de hoje é. Todavia, no fundo da mente de S/N, uma preocupação permanece.

Scarlett.

Alguns dias depois de a loira aparecer na sua loja, S/N pediu o contacto da ex esposa a Melanie. Ela ainda tinha o contacto de Scarlett da época em que ainda eram casadas, mas com certeza que passado uma década, este teria mudado. Ela estava certa. Assim, depois de muito pensar e ponderar, teve de ganhar coragem para falar com a Johansson.

Ela teve várias conversas sérias com Natasha, querendo ter a certeza da resposta da filha, e se ela estava confortável com a presença da sua outra mãe na sua festa. A ruivinha mostrou algumas reservas, mas no final acabou por admitir que seria bom ter Scarlett lá.

Natasha não é ingénua, contrariamente ao que muitos possam pensar, ela sabe o que esta situação e a sua decisão acarretam. A verdade é que este pode ser o primeiro passo da outra mãe para voltar à sua vida. A pequena tem muitas dúvidas e inseguranças em relação a Scarlett, mas a verdade é que a falta que ela sente pela loira, por vezes chega a ser maior que tudo isto. Por isso, ela acabou por dizer sim. Todavia, ela não hesitará a afastar a mãe caso ela faça algo a ela, ou a S/N. A sua mamã sofreu (e ainda sofre, apenas o esconde muito bem) imenso com o divórcio, e Natasha nunca irá permitir que a Johansson as magoe. Dentro do que lhe é possível, ninguém magoa a sua mamã. Ninguém.

Francamente, S/N tem mantido um segredo da filha. A mais velha realmente chegou a contactar Scarlett por mensagem, mas a resposta da ex esposa deixou-a em dúvida. Será que ela vai aparecer na festa ou não ? S/N escreveu-lhe um longo e detalhado parágrafo, descrevendo aquilo que ela e Natasha tinham acordado, para além da informação da festa de aniversário da criança. Mas, para surpresa da mais velha, Scarlett respondeu com um simples "Ok, muito obrigada". Nem sequer confirmou se viria, ou não à festa de aniversário. S/N sabe que a Johansson não merece, mas por Natasha, ela concedeu-lhe o benefício da dúvida.

Depois de arrumarem tudo de volta dentro do cesto de piquenique, S/N pegou na mão da filha, conduzindo-a na direção oposta ao carro.

- Mamã, onde vamos ? - pergunta em confusão à mãe

- Já vais ver. - sorri e aperta delicadamente a sua mão à volta da da pequena

As duas continuam a adentrar o parque e Natasha vira a sua atenção para as árvores, procurando por algum movimento por entre as folhas.

- Mamã, olha! - exclama e puxa o braço da mais velha para chamar a sua atenção - É o Henry. - acena ao esquilo e gargalha

S/N gargalha com a filha, achando aquela uma das visões mais fofas do planeta. Existem dezenas de esquilos em Central Park, e todas as vezes que cá veem, Natasha sempre procura um por entre as árvores. O mais engraçado é o facto de, para ela, todos os esquilos serem o Henry (o primeiro esquilo que viu quando visitou o parque pela primeira vez). A mãe não tem coragem de lhe dizer a verdade, por isso continua a alimentar essa pequenina mentira.

- Bill! - exclama ao ver o homem mais velho limpar uma mesa da esplanada do seu café

O homem alto e barrigudo levanta a cabeça ao ouvir a voz fina da ruivinha, sorrindo largamente ao vê-la aproximar-se.

- A minha Johansson favorita! - cumprimenta com o mesmo entusiasmo, levantando os braços em festejo

- Hoje é o meu aniversário. - revela com um gigantesco sorriso depois de correr até ao mais velho

- Eu sei. Parabéns. - diz e ri da felicidade da pequena - Eu tenho uma coisa para ti lá dentro. - aponta com a cabeça para o café e pendura o pano no ombro - Vamos ? - estende a mão à criança

Natasha concorda facilmente, seguindo o homem careca para dentro do café. Eles passam por alguns clientes e param atrás do balcão, de onde Bill pega uma média caixa de cartão branco.

- Oi, Bill. - S/N cumprimenta o homem assim que se junta a eles

- Olá, S/N. - cumprimenta de volta com um sorriso simpático, ao mesmo tempo pegando na pequena e sentando-a em cima do balcão

- O que é isto ? - Nat questiona e aponta para a caixa

- Bom, - penteia a sua longa barba com a mão - eu ouvi dizer que alguém vai ter uma festa de aniversário hoje. - a criança levanta o dedo no ar imediatamente, fazendo os mais velhos gargalhar - E como a aniversariante gosta muito das minhas sanduíches italianas, eu decidi fazer três dúzias de mini sanduíches para a festa dela.

- Obrigada, Bill. - atira-se para o homem e abraça-o com força - Elas cheiram muito bem. - elogia ao abrir a tampa da caixa e dando uma pequena espreitada

Assim, Natasha entretém-se por alguns minutos a descrever o que planeia fazer na sua festa. Com animação também revela que toda a sua família Johansson vai estar presente, e durante todo o tempo que fala, o mais velho ouve-a alegremente.

- Eu adoraria ficar mais tempo para conversarmos, mas se queremos chegar antes dos convidados, temos de ir. - S/N interrompe o momentos dos outros dois

- Não há problema, vemo-nos para a semana, não é, Nat ? - Bill pergunta à pequena, pousando-a no chão e colocando a caixa nas suas mãos

- Sim! - exclama e para ao lado da mãe - Tchau, Bill. - despede-se sem muitos rodeios, caminhando diretamente para a porta

- Quanto é que te devo ? - S/N questiona, procurando a carteira na sua bolsa

- Ah, não te preocupes. - abana a mão no ar - Vai aproveitar o dia com a tua filha, para a semana tratamos disso.

- Tens a certeza ? - pergunta com alguma incerteza

- Tenho. Agora, vai, vai. A tua filha está à tua espera. - praticamente empurra a mais baixa para fora do café

- Ok. - gargalha - Obrigada, Bill. Vemo-nos para a semana. - acena ao sair do estabelecimento e o homem acena de volta para as duas

- E agora ? - a ruivinha vira-se para a mãe enquanto caminham de volta para o carro

- E agora ? - tenta conter um sorrio - Agora é a tua festa, bebé. - gargalha e a pequena festeja, até começando a caminhar mais rápido

Durante a viagem de carro para casa, Natasha não para de constantemente dizer à mãe para andar mais rápido. O seu pequeno corpo está praticamente a vibrar em impaciência, e quando a mãe ri da sua precipitação, a ruivinha lança-lhe um olhar matador, até fazendo a mãe acelerar um bocadinho mais só para se livrar daquele olhar intimidante.

- Chega- - nem tem tempo de dizer a palavra toda, pois a pequena está a pular para fora do carro assim que a mãe o estaciona

Abanando a cabeça de um lado para o outro e com um pequeno sorriso nos lábios, S/N pega na sua bolsa e na caixa de cartão ao sair do carro, trancando-o logo a seguir.

- Vá, mamã. Anda! - uma Natasha super impaciente resmunga junto ao elevador

- Estou a ir, estou a ir. - acelera o passo

Ao chegarem à porta de casa, algumas vozes podem ser ouvidas de lá de dentro. Já sabendo que uma delas pertence definitivamente a Amanda, S/N abre a porta, deixando a filha entrar primeiro.

- Será que é a aniversariante que acabou de chegar a casa ? - Amanda surge da cozinha com um olhar matreiro

Natasha apenas sorri e entrelaça as mãos atrás das costas, não saindo do lugar.

- Aqui está a mulher do dia! - exclama e aponta uma mão na sua direção - Parabéns, pequena! - abre os braços e ajoelha-se no chão

A ruivinha corre até à melhor amiga da mãe, caindo num forte abraço com ela.

- Obrigada, Amanda. - agradece num sussurro

As duas estão tão confortáveis nos braços uma da outra, que nem reparam que estão sentadas no chão frio do apartamento. De repente, do canto do olho, a criança vê mais movimento vindo da cozinha, e quando reconhece as duas mulheres, outro sorriso surge nos seus lábios. Rapidamente, e sem pensar duas vezes, corre dos braços de Amanda para a cozinha, deixando para trás uma morena completamente estupefacta.

- Vó Melanie, tia Nessa! - praticamente pula para os braços das mulheres - Estava com tantas saudades vossas. - enterra o rosto no ombro da tia, antes beijando a sua bochecha um par de vezes

- Parabéns, princesa! - dizem ao mesmo tempo, formando um abraço de grupo

A uns metros dali, Amanda ainda está sentada e com o queixo praticamente no chão.

- Wow, Nat... - murmura - Estou a sentir o amor.

S/N ri baixinho da amiga enquanto tira o casaco e o pendura, chamando a atenção da morena, que dispara a cabeça na sua direção.

- E tu estás a rir-te de quê ? - franze as sobrancelhas e cruza os braços à frente do peito, parecendo uma criança quando um doce lhe é negado - Não é justo! - bate um pé no chão - Ela já não me vê à mais tempo que elas, e mesmo assim está mais feliz quando as vê. - um beicinho aparece nos lábios

- Oh... - diz com falsa e exagerada simpatia, aproximando-se da amiga - Não fiques assim, Manda. Vá. - estende-lhe uma mão e ajuda-a a puxá-la para cima - Não precisas de ficar triste, a Tasha também gosta de ti. - diz com voz de bebé, pousando as mãos nas bochechas da mais baixa

- Vai à merda. - revira os olhos e empurra as mãos de S/N para o lado, pisoteando fortemente de volta para a cozinha 

Com a caixa numa mão, S/N segue a amiga, claro, não parando de gargalhar por um segundo sequer. Todavia, assim que adentra a cozinha, vê Amanda com a filha no colo, o seu beicinho substituído por um gigante sorriso.

- Oi, S/N. - uma voz cumprimenta do seu lado

- Oi, Nessa. Oi Melanie. - beija rapidamente a bochecha da loira - Tudo bem ? Pronta para a festa ? - pousa a caixa no balcão e abre-a, começando logo a tratar de preparar o resto da comida - Não sabia que vinhas tão cedo.

- Estou bem, obrigada. A minha mãe convidou-me para ir almoçar lá a casa hoje, então decidi vir com ela agora. Por isso, se precisares de ajuda já sabes onde estou. - encosta a anca ao balcão

- Oh, perfeito! - Amanda exclama subitamente - Eu já estou farta de trabalhar e já que cá estás, vou aproveitar para passar tempo com a aniversariante. - diz e nem dá tempo para ninguém responder, pois praticamente atira a criança para o seu ombro e sai da cozinha

As três mulheres gargalham do comportamento infantil da morena, voltando rapidamente a por mãos à obra.

- Preparada para hoje ? - Melanie murmura ao ouvido de S/N com um olhos preocupados

- Espero que sim. - responde com um riso nervoso e sem retirar os olhos da fruta que está a cortar, sabendo acerca do que a mais velha se está a referir

*Coff* Scarlett *Coff*

- Eu vou estar aqui até ao fim da festa, por isso se alguma vez precisares de mim, ou de uma pausa, só precisas de vir ter comigo. - pousa uma mão reconfortante no fundo das suas costas - Ok ? - pergunta quando a mais nova não mostra nenhuma reação às suas palavras

- Ok. - concorda num sussurro depois de alguns segundos - Obrigada. - força um pequeno sorriso e olha de relance para a morena

Um par de horas mais tarde, os convidados começam a aparecer. Maria, a melhor amiga de Natasha, foi a primeira a chegar e Fury, seu pai, apareceu com tantos presentes nos braços, que todos os restantes adultos ficaram surpreendidos. A desculpa de Maria para isto: Nat é a sua melhor amiga, e como esta é a primeira festa de aniversário dela a que vem, tem de compensar de alguma forma por todas as outras a que não veio.

A seguir, Hunter, Karsten, Christian e Fenan chegam, fazendo a criança largar tudo o que estava a fazer para os ir cumprimentar. E assim que começaram a ser demasiadas pessoas para o pequeno apartamento, o grupo sobe para o telhado, onde as mesas já estavam cheias de comida e jogos, balões e flores decorando cada cantinho. S/N estava preocupada que os grandes vasos de flores fossem ser incomodativos, mas na verdade, parecem ajudar a criar um calmo e tranquilo ambiente juntamente com a leve música de ambiente.

O clima está ameno, e graças à quente luz do sol que bate no prédio, as quatro crianças (Natasha, Maria, Fenan e Hunter), podem fazer todas as brincadeiras que os seus corações desejam.

S/N também está a aproveitar o dia. Sentada num sofá com Christian, Vanessa e Amanda, ela aproveita para conversar sobre os mais variados tópicos. Mesmo assim, o seu instinto maternal não a deixa relaxar totalmente, uma vez que os seus olhos tentam encontrar a filha de vez em quando para ver se tudo está bem. De todas as vezes que ela olha para Natasha, a pequena está imersa num jogo ou a gargalhar altamente, aquecendo o coração da mãe de uma forma inimaginável.

No entanto, ela repara em algo em que mais ninguém parece notar. Ocasionalmente, os olhos da filha gravitam para a porta do telhado, como se ela esperasse por mais alguém. Já passa quase uma hora e meia desde o início da festa, e a pessoa que aparentemente dava tudo para cá estar, ainda não apareceu. Por detrás de todos os sorrisos e gargalhadas de Nat, S/N consegue ver a tristeza e desilusão que ela sente por Scarlett ainda não ter chegado. Esse pequeno brilho nos olhos da ruivinha parte o seu coração em mil pedacinhos. Será que Scarlett seria capaz de fazer isto à própria filha depois de tudo o que fez para ganhar autorização para vir à festa ? S/N gostaria de acreditar que não, mas depois de tudo o que tem acontecido durante esta última década, nada a consegue mais surpreender.

-... eu ainda não sei se ela já começou à procura de um apartamento, mas eu não tenho qualquer problema em deixá-los ficar aqui por algumas semanas. - S/N diz antes de beber um gole da sua bebida

- Eu ainda não consigo acreditar que a Margot vem viver para Nova Iorque. - Vanessa comenta

- Pois podes acreditar. - gargalha - Vais ver que não vai demorar muito para ela estar cá a chatear-nos a cabeça. - gargalham

- E o namorado dela vem com ela ? - Christian questiona, encostando-se totalmente no sofá

- Hm Uhm. Ele é super simpático e engraçado, por isso eu tenho a certeza que ele se vai adaptar super bem ao nosso grupo. - comenta

- Como é que ele se chama ? - Vanessa pergunta com as sobrancelhas franzias - Eu sinto que tu já me disseste, mas entretanto já me esqueci.

- Ryan. - responde e a loira abana a cabeça em compreensão - Ele é advogado, pode ser que ganhes um amigo de trabalho.

- Pode ser é que abra uma firma com ele. - retruca - Os velhos com que trabalho ainda acham que as mulheres só são boas para limpar e cozinhar. - reclama

- Então tu não deves ser mulher, Nessa. - Christian comenta - É que eu acho que nunca te vi cozinhar ou limpar na minha vida. - brinca, fazendo todos gargalhar altamente

Porém, a gargalhada de S/N é interrompida quando Amanda pousa uma mão no seu ombro, silenciosamente desviando a sua atenção para a porta do telhado. Scarlett fecha a porta atrás de si, tentando ser o mais silenciosa possível para não chamar a atenção de ninguém. Ela está sozinha, e está vestida com um conjunto de roupa prática mas elegante, algo tipicamente Scarlett. Ela olha ao seu redor, aparentemente à procura de algo ou alguém, e assim que os seus olhos pousam sobre uns que já estavam a olhar para ela, um pequeno e tímido sorriso surge nos seus lábios.

- Ah, desculpem, mas eu tenho de ir ali. - S/N diz ao grupo, levantando-se e pousando o copo numa mesa

Os outros três olham para ela em compreensão, e observam em silêncio S/N aproximar-se da ex esposa.

- Oi, S/N. - Scarlett murmura assim que a outra se aproxima dela o suficiente para a ouvir

- Oi, Scarlett. - sorri, mantendo alguma distância entre elas

- Ah, desculpa chegar atrasada. - coça o pescoço em nervosismo - O Romain vinha hoje buscar a Rose lá a casa, mas ele veio atrasado e eu não a podia deixar em casa sozinha, já que o Colin levou o Cosmo a casa dos pais dele hoje. Eu juro que não estou atrasada porque não queria vir, ou porque me esqueci, é que eu realmente não consegui vir mais cedo. - divaga rapidamente em nervosismo, tentando justificar-se da melhor forma

- Tudo bem, Scarlett. - interrompe-a, tentando tranquilizá-la - Não é a mim que te tens de justificar. - diz e automaticamente os olhos das duas encontram Natasha - Ela ainda não me disse nada, mas eu sei que o facto de tu não estares aqui a horas deixou-a triste. Ela não para de olhar para a porta à espera que tu apareças.

O coração da loira parte-se e derrete-se ao mesmo tempo. Fica triste por ser a razão da tristeza da filha, mas ao mesmo tempo não consegue deixar de sentir felicidade ao saber que a pequena deseja a sua presença.

- Eu quero tanto dar-lhe o maior abraço do mundo. - admite num sussurro e dá um passo à frente, sendo logo impedida de dar mais por S/N - Há algum problema ? - pergunta preocupada

- Não. - diz e a Johansson liberta um suspiro de alívio - Só acho que devíamos fazer isso lá dentro, onde há privacidade.

- Oh, boa ideia. - concorda e a sua voz falha, mia uma vez mostrando o seu nervosismo

- Porque não entras enquanto eu vou buscar a Natasha ?

- Ok. - suspira e dispara a cabeça para o lado quando ouve a gargalhada da filha, sentindo o coração acelerar

Isto pode correr de duas formas. Ou bem, ou mal. Scarlett espera que seja a primeira.

Os minutos parecem alongar-se enquanto a loira espera impacientemente na sala do apartamento. Ela caminha de um lado para o outro com os braços cruzados à frente do peito, tentando conter os tremores que tomam conta do seu corpo. Scarlett está nervosa, não há como o negar. O que é que ela vai dizer à filha ? Ela não sabe quais são os seus gostos, qual a sua cor favorita, que filme prefere ver quando está doente, se sabe andar de bicicleta, ou qual a sua comida preferida. Scarlett não sabe nada sobre a filha, a sua própria filha. Que mãe é assim ? Uma horrível, ela tem a certeza. Pelo menos, Scarlett está segura de que Natasha gosta da Marvel. Isso facilitou a sua busca pelo presente ideal, só espera que a filha goste dela.

A porta do apartamento é aberta, e a primeira coisa que consegue ouvir é a fina e doce voz da pequena. Pequenas borboletinhas invadem o seu estômago e ela para imediatamente de andar de um lado para o outro. Ela vira-se para a entrada da sala, limpando as mãos suadas nas calças. Primeiro ela vê S/N, mas no segundo seguinte Natasha surge no seu campo de visão. A ruivinha veste um vestido verde com flores brancas, algo que combina perfeitamente com os seus olhinhos cor de esmeralda. Parece que Nat está a contar algo entusiasmante à mãe, pois está a falar a cem à hora e as suas mãozinhas movimentam-se rapidamente para acompanhar a história.

Ao chegarem à sala, S/N olha de relance para Scarlett, já que Natasha parece não estar ciente de nada à sua volta. É só uns segundos mais tarde que a pequena olha para a loira, finalmente apercebendo-se de uma outra presença. Instantaneamente um sorriso surge nos lábios da atriz, e por sua vez, a ruivinha esconde-se por detrás da mãe, ficando tímida de repente.

- Oi, Natasha. - Scarlett cumprimenta com um tom de voz calmo e tranquilo, baixando-se à altura da filha

- Olá. - murmura, olhando para a mãe quase como uma forma de reconforto. Percebendo isto, S/N começa a pentear os cabelos da filha com os dedos, vendo logo a filha relaxar visivelmente

- Eu queria pedir-te desculpa por chegar atrasada à tua festa. - Scarlett diz, chamando a atenção da criança de volta para si - A minha outra filha, a Rose, foi para casa do pai hoje, mas ele estava um pouco atrasado para a vir buscar, por isso eu acabei por ficar atrasada para a tua festa também. - explica, esperando sinceramente que a filha não fique ressentida por algo que estava fora do seu controlo - Espero que não venha muito atrasada. - sorri

- Não faz mal. - murmura e sai um pouco detrás da mãe - Tu vieste. É a primeira vez que vens a um aniversário meu. - diz, sem saber lançando uma facada no coração da loira - Mas não trouxeste a Rose, pois não ? - olha à sua volta, vendo se consegue ver a pequena loira em algum lugar

O já desfeito coração de Scarlett, quebra-se ainda mais perante as palavras da criança. É visível o quão ela não gosta da sua irmã. Mas quem a pode culpar ? A Johansson nega com a cabeça, ouvindo um suspiro de alívio da ruivinha logo a seguir.

- Hoje sou só eu. - bate com as mãos nos joelhos e ri em nervosismo - Parabéns, Natasha. - diz de repente, a expressão no rosto doce e gentil

- Obrigada. - agradece e sai de trás da mãe completamente, ficando ao seu lado - Hoje eu faço onze anos, não sei se sabias disso. - informa inocentemente

- Claro que sei. - a sua voz quebra, um sentimento de mágoa caindo sobre si ao saber que a filha pensa que tem tão pouco valor para si, que nem saberia quantos anos tem - Lembro-me perfeitamente do dia em que nasceste. - sorri, surpreendendo S/N que olha para ela com olhos arregalados - Eras uma bebé tão pequenina e com uns olhinhos tão verdes, que todas as enfermeiras me disseram que tu eras uma das bebés mais bonitas que elas já tinham visto. - tenta conter as lágrimas - Mas agora és uma menina toda crescida que já anda na escola.

- Tu vais ficar ou vais embora outra vez ? - Natasha pergunta subitamente - Porque se fores embora outra vez eu não quero que tu sejas mais minha mãe.

Estas palavras surpreendem ambas as adultas. Nat é só uma menina que deseja o amor das suas duas mães, e mesmo depois de toda a dor que Scarlett lhe causou, parece que esse ainda é um dos seus desejos. Não há como a culpar, ela é só uma menina que deseja ser amada.

- Não, Natasha, não. - apressa-se a negar - Eu estou aqui para ficar se tu me deixares. - pousa as mãos nos ombros da filha, olhando diretamente para ela, para que a ruivinha perceba o quão seria ela está

- Por favor não me deixes outra vez... - sussurra, abaixando a cabeça quando várias lágrimas começam a percorrer as suas bochechas

S/N prende os lábios com os dentes, impedindo que algum som escape. Também os seus olhos se enchem de lágrimas perante a dor que a voz da filha carrega. Ela daria tudo para acabar com a sua dor, mas na realidade não há nada que possa fazer, isso está nas mãos de Scarlett.

- Hey, pequenina. - murmura, limpando rapidamente as várias lágrimas que tinham escapado - Eu nunca te vou deixar. Nunca, nunca, nunca. Nunca mais. - assegura a filha, acariciando as suas bochechas - Anda, vamo-nos sentar ali no sofá para podermos falar. - sugere, considerando este o melhor momento para ser sincera com a pequena e dizer-lhe tudo o que sente

Ao levantar-se estende uma mão a Natasha, que com alguma hesitação, a aceita. A pele da mais velha vibra perante o macio toque da filha, é como se o seu corpo tivesse estado a desejar este contacto há anos e finalmente o tivesse conseguido.

- Eu posso deixar-vos sozinhas se preferirem. - S/N sugere da entrada da sala, não sabendo muito bem o que fazer nesta situação, mas sabendo que como este é um momento importante para a filha, talvez ela preferisse ficar sozinha com Scarlett

- Por favor fica, S/N. - Scarlett quase suplica - O que eu vou dizer não é só para a Natasha, como para ti também. Por isso, por favor senta-te.

S/N hesita mas acaba por concordar com a cabeça, caminhando silenciosamente para o único sofá da sala. Ela senta-se numa ponta do sofá, soltando logo uma lufada de ar quando a filha pula para cima de si, sentando-se no seu colo. Então assim ficam, numa ponta S/N e Natasha, e na outra, Scarlett, que olha para elas com um misto de culpa e arrependimento, e carinho. As suas mãos ainda não pararam de tremer, e para se preparar para o que vem a seguir, ela respira profundamente.

- Eu quero começar por vos pedir desculpa. - começa, fazendo de tudo para que a sua voz saia com clareza e firmeza - Eu sei que um milhão de desculpas não vai fazer nada para remediar tudo o que eu fiz e causei, mas neste momento, vocês merecem-nas e é tudo o que vos posso dar. Eu cometi imensos erros durante toda a minha vida, mas deixar-vos para trás é sem dúvida o pior de todos eles. Eu não só vos deixei para trás, como vos abandonei completamente. Eu não vos peço perdão, mas que me deem uma oportunidade de desfazer tudo o que eu fiz. Já se passaram dez anos desde a última vez que eu fiz parte desta família, e eu não quero que me recebam de braços abertos, porque vocês merecem que eu vos mostre através das minhas ações que eu quero estar aqui convosco.

Scarlett desabafa tudo o que sente, tentando dizer tudo aquilo que tinha planeado dizer na viagem para cá, pois são tantas as coisas que têm de ser ditas.

- E tu, Natasha. - vira a sua atenção para a filha, planeando ter uma conversa mais íntima com S/N quando tiverem oportunidade de estarem sozinhas - Eu sei que podes pensar o contrário, mas eu amo-te com todo o meu coração. - pousa uma mão na perna da pequena, acariciando o locar com o polegar - Eu estou aqui para ficar, pequenina. - assegura novamente - Eu amo os meus filhos igualmente, e espero que tu me dês a oportunidade de te provar isso. Eu não tenho sido a mãe que tu precisas, aliás não tenho sido uma mãe para ti sequer. Mas, por favor, acredita em mim quando te digo que eu me sinto como a pior mãe do mundo por te ter abandonado, e espero que através das minhas ações possas ver o quão séria eu estou em relação a isto. - diz enquanto olha fixamente para um par de olhos verdes semelhantes aos seus

- Isso significa que vais vir ver os meus teatros ? - sussurra

- Teatros ? - questiona com leve confusão, inclinado a cabeça para o lado

- A Tasha vai entrar no clube de drama da escola para o ano, não é verdade, bebé ? - S/N explica, sorrindo para a filha quando ela olha para si com um sorriso orgulhoso

- Mas claro que sim, Natasha. - concorda imediatamente - Eu vou estar na primeira fila da plateia para te apoiar.

- Vais mesmo ? - pergunta surpresa e com imensa insegurança

- Sim, Nat. Como já te disse, eu estou aqui para ficar.

- Para sempre ? - questiona para ter a certeza, isto parece bom de mais para ser verdade

- Para todo o sempre. - sorri

- Mas ainda dói aqui dentro quando penso em ti. - comenta com tristeza e estranheza ao apontar para o coração, pois pensava que se a mãe voltasse à sua vida, toda a dor desapareceria

- Eu sei, Natasha. - pega na mão da filha e trá-la até o seu peito - Também me dói muito aqui dentro quando eu penso em ti, porque eu sei que te magoei muito. - a ruivinha olha para Scarlett com lágrimas nos olhos, fazendo os seus olhos também ficarem marejados - Mas eu prometo-te pequenina, a partir de hoje eu vou ser a outra mãe que tu precisas. A tua mamã é a melhor mãe do mundo e eu espero que possa ser metade da mãe que ela é para ti. - diz e olha de relance para S/N, vendo-a a olhar para si e Natasha com um pequenino sorriso

Em completa surpresa para Scarlett, Natasha atira-se para os seus braços, abraçando o seu pescoço com força. Não demora dois segundos para ela abraçar de volta com a mesma intensidade, finalmente libertando as lágrimas que tinha estado tão fortemente a conter.

- Desculpa. Desculpa. - repete uma e outra vez enquanto balança o corpo de um lado para o outro, mantendo a filha o mais próxima de si possível

S/N assiste com um misto de emoções. Por um lado, não pode deixar de se sentir completamente feliz pela filha, que finalmente tem um dos seus maiores desejos concretizados, ter Scarlett de volta. Ela já perdeu conta de todas as vezes que se sentiu como uma mãe inadequada por não poder dar uma vida familiar normal à filha, mas agora parece que isso vai mudar. Mas por outro lado, ainda sente uma enorme raiva para com Scarlett. Não é isto que a vai fazer esquecer dos últimos dez anos, e perdão é a última coisa na sua mente. Pela filha, ela vai conviver com Scarlett, mas internamente, tem dúvidas de como a sua convivência com a loira vai correr. Mas não adianta pensar muito nisso neste momento, a sua filha está feliz e isso é tudo o que interessa.

- Eu tenho uma prenda para ti, pequenina. - Scarlett diz depois de algum tempo, limpando as lágrimas da filha com os dedos cuidadosamente

Os olhos da ruivinha arregalam-se em expectativa e impaciência, e rapidamente pula para fora do colo da loira para que a Johansson vá buscar o presente, fazendo as duas adultas gargalhar.

- Espero que gostes. - comenta ao sentar-se de novo, pousando um grande embrulho retangular branco no seu colo, fazendo S/N olhar para si em questão

Sem perder tempo, a pequena rasga o papel sem piedade, soltando um gritinho de entusiasmo e animação quando se apercebe do que tem nas mãos. Um poster do último filme dos Vingadores está dentro de uma moldura de madeira, tendo um monte de assinaturas a toda a sua volta.

- Eu sei que gostas muito da Marvel, por isso pedi a todos os atores que assinassem este poster para a minha ruivinha favorita. - acaricia os cabelos da filha - Alguns deles ainda escreveram umas pequenas mensagens para ti, por isso depois podes lê-las e descobrir o que eles te disseram.

- Eu adorei, Scarlett. Obrigada! - agradece e faz a sua pequena dancinha de celebração, surpreendendo a loira. Parece que Natasha é mais parecida consigo do que alguma vez pensou. No entanto, o seu peito aperta um bocadinho quando a criança lhe chama Scarlett, mas um passinho de cada vez - Mamã, olha! - mostra animadamente a moldura à mãe, revelando instantaneamente que quer o poster pendurado por cima da sua cama - Posso ir mostrar o meu presente à Maria e a Fenan ? - pergunta à mãe

- Eu acho que sim, Tasha. Se a Scarlett não tiver mais nada para conversar ? - diz em tom de questão

- Não, podes ir pequenina. É a tua festa de aniversário, vai-te divertir. - sorri e acaricia a bochecha da ruivinha

- Obrigada, mamã. - pula para o chão e beija a bochecha da mãe - Obrigada, Scarlett. - beija a bochecha da loira e corre para fora do apartamento, certamente para se gabar a todos que tem um poster autografado da Marvel

Scarlett e S/N gargalham da felicidade da pequena, olhando entre si quando voltam a ficar em silêncio, não sabendo muito bem o que dizer uma à outra.

- S/N, - a loira decide quebrar o silêncio - eu queria falar contigo também. Há imensa coisa que eu te quero dizer, e acho que mereces uma explicação depois de tudo o que aconteceu. - tentativamente pousa uma mão na coxa da ex esposa, sorrindo em alívio quando a outra não a afasta

- Eu acho que sim, deveríamos conversar, mas não aqui e não agora. Hoje é o aniversário da minha filha e eu quero estar com ela, e acho que tu também.

- Mas podemos conversar noutra altura. Talvez amanhã, ou na próxima semana. - diz esperançosa

- Talvez. - sorri docemente e levanta-se, querendo juntar-se à filha o mais rapidamente possível para não perder nada do seu dia - Vamos ? - gesticula com a cabeça para a porta, estendendo uma mão a Scarlett para a ajudar a levantar

- Vamos. - concorda e pousa a mão na da mais alta. Contudo, quando S/N vai largar a sua mão, Scarlett aperta-a com força, impedindo-a de o fazer e sorrindo-lhe

A Johansson não sabe se algum dia vá ficar tudo bem entre elas, ela só pode esperar que sim. Mas entretanto, vai fazer tudo ao seu alcance para corrigir todos os erros que cometeu.

————
N/A: Hello, pessoas lindas deste planeta. Estou de volta com um novo capítulo. O que acharam ? O que acham que vai acontecer entre elas as três ? A Natasha só quer ser amada pela Scarlett, e parece que a aceitou bem de volta à sua vida. Mas e a S/N ? 🤔

Okumaya devam et

Bunları da Beğeneceksin

316K 15K 64
• Onde Luíza Wiser acaba se envolvendo com os jogadores do seu time do coração. • Onde Richard Ríos se apaixona pela menina que acabou esbarrando e...
4.1K 616 26
- 1 de dezembro.. 𝘖𝘴 𝘱𝘳𝘦𝘱𝘢𝘳𝘢𝘵𝘪𝘷𝘰𝘴 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘶𝘮𝘢 𝘥𝘢𝘴 𝘮𝘦𝘭𝘩𝘰𝘳𝘦𝘴 𝘦́𝘱𝘰𝘤𝘢𝘴 𝘥𝘰 𝘢𝘯𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘷𝘢𝘮 𝘢 𝘵𝘰𝘥𝘰 𝘷𝘢𝘱𝘰...
74.1K 3.1K 41
o título já dis muito 😘
1.1M 53.7K 73
"Anjos como você não podem ir para o inferno comigo." Toda confusão começa quando Alice Ferreira, filha do primeiro casamento de Abel Ferreira, vem m...