INTERE$$EIRA ━ palmeiras

By ellimaac

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━━━━━ ❝Puta, vagabunda, interesseira, sem talento, forçada, sem graça.❞ 𝐈𝐒𝐀𝐁... More

𝐃𝐑𝐄𝐀𝐌𝐂𝐀𝐒𝐓
𝟎𝟎 | 𝐏𝐑𝐎́𝐋𝐎𝐆𝐎
𝟎𝟏 | 𝐏𝐀𝐂𝐈𝐄̂𝐍𝐂𝐈𝐀
𝟎𝟐 | 𝐂𝐇𝐀𝐂𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟑 | 𝐀𝐂𝐎𝐌𝐏𝐀𝐍𝐇𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟒 | 𝐒𝐎𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒
𝟎𝟓 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐎𝐋𝐓𝐀 𝐍𝐎 𝐏𝐀𝐒𝐒𝐀𝐃𝐎
𝟎𝟔 | 𝐁𝐄̂𝐁𝐀𝐃𝐀
𝟎𝟖 | 𝐒𝐔𝐀 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟎𝟗 | 𝐂𝐎𝐌 𝐎 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀?
𝟏𝟎 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙? 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟏𝟏 | 𝐔𝐌 𝐏𝐑𝐄𝐒𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟏𝟐 | 𝐔𝐌𝐀 𝐌𝐀̃𝐄
𝟏𝟑 | 𝐋𝐈́𝐑𝐈𝐎𝐒 𝐁𝐑𝐀𝐍𝐂𝐎𝐒
𝟏𝟒 | 𝐀𝐆𝐈𝐍𝐃𝐎 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟏𝟓 | 𝐃𝐎𝐑 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀
𝟏𝟔 | 𝐓𝐈𝐍𝐈, 𝐓𝐈𝐍𝐈
𝟏𝟕 | 𝐔𝐌 𝐃𝐈𝐀 𝐂𝐎𝐌𝐈𝐆𝐎
𝟏𝟖 | 𝐆𝐈𝐍𝐄𝐂𝐎𝐋𝐎𝐆𝐈𝐒𝐓𝐀
𝟏𝟗 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐉𝐔𝐍𝐈𝐍𝐀
𝟐𝟎 | 𝐁𝐀𝐑𝐂𝐄𝐋𝐎𝐍𝐀
𝟐𝟏 | 𝐅𝐔𝐒𝐎 𝐇𝐎𝐑𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟐𝟐 | 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟑 | 𝐏𝐀𝐑𝐀𝐁𝐄́𝐍𝐒
𝟐𝟒 | 𝐃𝐄𝐂𝐈𝐒𝐈𝐎𝐍𝐄𝐒
𝟐𝟓 | 𝐑𝐈𝐕𝐀𝐈𝐒
𝟐𝟔 | 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐈𝐍𝐇𝐀
𝟐𝟕 | 𝐍𝐎𝐕𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄
𝟐𝟖 | 𝐄𝐌 𝐂𝐀𝐒𝐀
𝐛𝐨̂𝐧𝐮𝐬 (𝐢𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐞 𝐭𝐭)
𝟐𝟗 | 𝐆𝐎𝐒𝐒𝐈𝐏?
𝟑𝟎 | 𝐌𝐄 𝐒𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐀𝐈́𝐃𝐎
𝟑𝟏 | 𝐔𝐌𝐀 𝐂𝐔𝐑𝐓𝐀 𝐕𝐈𝐀𝐆𝐄𝐌
𝟑𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐌𝐎𝐑𝐎𝐍𝐀𝐍𝐃𝐎
𝟑𝟑 | 𝐑𝐄𝐂𝐎𝐌𝐏𝐄𝐍𝐒𝐀
𝟑𝟒 | 𝐄𝐑𝐑𝐎𝐒
𝟑𝟓 | 𝐅𝐀𝐂̧𝐀 𝐌𝐄𝐋𝐇𝐎𝐑
𝟑𝟔 | 𝐀𝐋𝐋𝐈́ 𝐄𝐒𝐓𝐀́
𝟑𝟕 | 𝐒𝐄𝐔 𝐅𝐀𝐕𝐎𝐑𝐈𝐓𝐎
𝟑𝟖 | 𝐃𝐈𝐒𝐓𝐑𝐀𝐂̧𝐀̃𝐎
𝟑𝟗 | 𝐃𝐎𝐈𝐒 𝐅𝐈𝐋𝐇𝐎𝐒
𝟒𝟎 | 𝐃𝐎𝐌𝐈𝐍𝐆𝐎
𝟒𝟏 | 𝐓𝐈𝐌𝐄 𝐃𝐀 𝐕𝐈𝐑𝐀𝐃𝐀
𝟒𝟐 | 𝐒𝐄𝐔 𝐈𝐃𝐈𝐎𝐓𝐀
𝟒𝟑 | 𝐄𝐒 𝐋𝐎𝐂𝐎
𝟒𝟒 | 𝐏𝐀𝐏𝐀𝐈𝐒
𝟒𝟓 | 𝐓𝐇𝐎𝐌𝐀𝐒 𝐂𝐑𝐀𝐐𝐔𝐄 𝐕𝐄𝐈𝐆𝐀
𝟒𝟔 | 𝐔𝐌𝐀 𝐕𝐀𝐆𝐀𝐁𝐔𝐍𝐃𝐀
𝟒𝟕 | "𝐏𝐎𝐑 𝐕𝐎𝐂𝐄̂"
𝟒𝟖 | 𝐍𝐎𝐕𝐎 𝐀𝐂𝐎𝐑𝐃𝐎
𝟒𝟗 | 𝐌𝐀𝐋𝐃𝐈𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐈𝐊𝐀𝐒
𝟓𝟎 | 𝐏𝐑𝐄𝐂𝐈𝐒𝐎 𝐃𝐀 𝐒𝐔𝐀 𝐀𝐉𝐔𝐃𝐀
𝟓𝟏 | 𝐀 𝐏𝐄𝐒𝐒𝐎𝐀 𝐈𝐃𝐄𝐀𝐋
𝟓𝟐 | 𝐄 𝐀 𝐂𝐀𝐍𝐉𝐈𝐂𝐀
𝟓𝟑 | 𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄
𝟓𝟒 | 𝐏𝐑𝐀 𝐄𝐒𝐓𝐀𝐑 𝐂𝐎𝐌 𝐄𝐋𝐀
𝟓𝟓 | 𝐅𝐈𝐍𝐆𝐈𝐑
𝟓𝟔 | 𝐍𝐄𝐒𝐒𝐀 𝐅𝐀𝐑𝐒𝐀
𝟓𝟕 | 𝐒𝐄 𝐅𝐎𝐑 𝐍𝐄𝐂𝐄𝐒𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎
𝟓𝟖 | 𝐍𝐔𝐍𝐂𝐀 𝐄𝐕𝐎𝐋𝐔𝐈𝐑
𝟓𝟗 | 𝐍𝐎 𝐏𝐔𝐄𝐃𝐎 𝐌𝐀́𝐒
𝟔𝟎 | 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀 𝐍𝐎 𝐋𝐔𝐆𝐀𝐑
𝟔𝟏 | 𝐅𝐀𝐌𝐈́𝐋𝐈𝐀
𝟔𝟐 | 𝐃𝐄𝐒𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐀 𝐃𝐄 𝐒𝐎𝐋𝐓𝐄𝐈𝐑𝐀
𝟔𝟑 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟏
𝟔𝟒 | 𝐀 𝐆𝐑𝐀𝐍𝐃𝐄 𝐅𝐄𝐒𝐓𝐀 𝐏𝐓𝟐

𝟎𝟕 | 𝐀𝐇𝐎𝐑𝐀 𝐒𝐎𝐘 𝐏𝐀𝐏𝐈

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By ellimaac

no dia seguinte pela manhã
JOACO

TENTO MAIS UMA VEZ. Porque não é possível que essa mulher tenha desaparecido desse jeito sem nem dar uma mísera pista para onde tenha ido. Isabella só pode estar jogada em algum canto da casa do Luan. É a única explicação. Perdida pelos banheiros ou sei lá o quê. Essa mulher sumiu do mapa.

Por isso, porque desistir não é uma opção, faço mais uma ligação a ela, na expectativa que atenda e diga: estou viva, cacete, me deixa em paz.

Só depois de ouvir a voz daquela maluca, eu irei me acalmar. Enquanto isso não acontece, eu fico aqui nessa loucura em busca da rubia despistada.

Mas o que acontece com a minha inútil ligação?

Exato, a chamada vai direto pra caixa postal.

Meu peito se aperta em preocupação. Era só o que me faltava Isabella dar como desaparecida.

Calma. Não posso ser precipitado e pessimista. Ela deve estar muito bem, viva e saudável, em algum canto desse planeta que não seja em algum cativeiro porque foi sequestrada.

Teria como essa mulher ser sequestrada?

Isabella não seria tão sonsa pra confiar num desconhecido, seria?

Realmente, não sei, conheço essa garota há tempos e ela já cometeu várias sonsices. Não duvido de mais nada.

A última vez que eu vi essa maluca, nós estávamos na festa e ela estava com uma cara esquisita, bem infeliz. Não me disse o porquê de estar estranha, mas eu sabia bem que tinha coisa errada. Continuei sem saber o motivo porque precisava colocar o menino pra dormir. Acabei ficando sozinho com a criança no quarto. Tom não demorou muito pra pegar no sono. Mas quando eu voltei pra festa, Isabella já tinha sumido pelo mundo.

Eu procurei por ela.

Mas a casa já estava começando a esvaziar. Estava ficando tarde. Então, como uma pessoa nada inconveniente, subi, peguei o menino, coloquei dentro do carro (ainda bem que a Isabella havia deixado a chave comigo) e meti marcha pra minha casa.

Eu não ia abandonar o menino lá na casa do Luan, né? Não sei se a Isabella tem toda essa liberdade em deixar o filho na casa dos outros, e como ela sumiu, assumi a paternidade momentânea.

Excelente, ahora soy papi.

Nesse momento já está de manhã e eu ainda estou tentando saber o paradeiro dessa mulher. Onde ela foi parar e com quem ela está. Isabella não pode ter sumido do nada e por nada. Alguma coisa aconteceu.

De duas, uma, ou foi sequestrada ou está jogada em algum canto na casa do Luan. E qualquer uma das opções me preocupa. Se eu abandonei a Isabella lá naquela casa, ela vai me matar.

— Tio Piquerez — um moleque de um metro de altura vem em minha direção aqui na sala com os olhinhos expressivos de um cachorro sem dono e de quem acabou de acordar. — 'Tô com fome.

Verifico as horas no celular e percebo que já passou das nove, se esse menino estuda hoje eu não sei, mas que eu não fiz questão de acordá-lo, eu não fiz mesmo. Criança dormindo é um paraíso que não pode, em hipótese alguma, ser desfeito. É falta de respeito.

E Tom dormiu do meu lado na cama, porque fiquei com medo dele acordar durante a noite precisando de alguma coisa. 'Cê acha que eu iria conseguir olhar pra esse menino lindo dormindo e acordá-lo? Nunca. É por isso que não tenho filhos. Não nasci pra ser pai.

Eu só acordei normalmente e vim direto pra sala, fazendo questão de deixar o menino muito bem acomodado no meu quarto, dormindo seu soninho sem ninguém para perturbá-lo e muito menos preocupado com a escola.

Hoje é quinta-feira, qual a chance das aulas serem canceladas?

— Fome? — pergunto de volta, só pra ter certeza. Ele balança bem a cabeça em concordância. Pulo pra fora do sofá, pego em sua mão e o levo junto comigo até a cozinha. — Qué comes por la mañana?

— Tudo, tio. Pão, bolacha, ovo, sucrilhos.

Tu madre te deja comer tanta porcaria?

Isabella é toda cheia de restrição com a comida, segue uma dieta balanceada que eu não duvido nada que aplique para o próprio filho. Coitado do menino, deve ser triste viver de salada e verduras o tempo todo.

— Não — ele encolhe os ombros, meio preocupado de acabar sendo infeliz com a comida na minha casa também. — Mas meu pai deixa. Quando eu 'tô na casa dele, ele sempre deixa eu tomar danone de manhã. Minha mãe fala que só posso tomar iogurte natural. Por quê? Danone é muito mais gostoso.

— Ainda bem que no estas em casa, né?

Chegamos na cozinha e eu pego o menino no colo para colocá-lo no banco alto onde ele rapidamente acomoda os bracinhos no balcão, esperando ansiosamente sua refeição.

Tengo copos de maís no armario, quieres?

¿Qué tienes? — Tom me pergunta de volta, usufruindo de seu espanhol para conseguir se comunicar comigo.

— Copo de... — Ah, espera, não é assim que se chama no Brasil. Esqueci. Por isso o pego no armário e coloco o pacote em cima do balcão junto de uma vasilha de vidro e uma colher. — Isto.

— Ah, sim. Sucrilhos — o garoto me corrige, enchendo a vasilha até o topo.

Uma criança feliz com o café da manhã. Comecei bem.

Vas a tener que guardarte este segredo, falou? — Tom me olha com curiosidade e concorda assim que eu pego o danone de dentro da geladeira e o deixo ainda mais animado. — Tu mama no puede saber ou vai matar a los dos.

— Bico fechado — o garoto passa o zíper na boca e falta pular quando pega o danone e enche a vasilha. Danone de morango com sucrilhos, combinação dos céus. Tom vai comendo que nem percebe, e eu fico ali, observando o menino se alimentar e me sentindo realizado em fazer algo que preste. Mas o silêncio não é prolongado e o menino volta a falar (agora com a boca cheia): — Onde está minha mãe?

No sei, também.

— Mas você está com o carro dela, né?

— Si.

— Então como ela foi embora da festa? Pegou um uber? Ou ela ficou com a tia Clarisse? São melhores amigas, minha mãe costuma dormir lá.

— Costuma? — Fico mais aliviado em ouvir isso.

Então ela deve estar na casa ainda. Clarisse deve ter deixado Isabella dormir em um dos quartos de hóspedes.

Rapidamente pego meu celular e encaminho uma mensagem ao Luan, só para ter certeza. A resposta vem minutos depois. Um não bem gritante que me causa um certo pânico indesejado.

Só que o que me deixa ainda mais atônito é a próxima mensagem que ele me manda:

"Mayke me disse que ela saiu da minha casa acompanhada. Talvez tenha arrumado alguém. Clarisse tinha me dito que o Tom ficou com meus filhos, então tá de boa."

Arrumado alguém? A Isabella? Não, isso é impossível.

O que me faz pensar que talvez ela tinha sido mesmo sequestrada, confiou em desconhecido, será? Porra, Isabella, sua tonta.

— Tio? — Tom me dá um leve susto, me despertando dos pensamentos. — 'Cê tem Nescau aí?

Caralho, apagou de bater mó vasilhona de sucrilhos com danone e agora quer nescau? Tinha que ser filho do Veiga mesmo.

Contudo, pego o nescau do armário e preparo um copão de leite com chocolate pra ele.

— Tome.

— Obrigado!! — Ele me agradece com um sorrisão e desce da cadeira pra caminhar até a sala.

Acredito que ele queira tomar o leite enquanto assiste tv, é o que eu faria também. Por isso o sigo, mas antes disso, preciso de mais informações sobre a Isabella, afinal, é a única coisa que me atormenta agora.

— Tom, vem aqui, compañero — o menino me obedece, parando de andar e virando em minha direção com os olhos arregalados de curiosidade e segurando o copão de leite com nescau como se fosse a melhor refeição de sua vida. — ¿Puedes decir si tu madre se está envolviendo con alguien?

— Envolvendo?? — Tom arregala ainda mais os olhos, em choque com essa palavra. — Isso não é uma coisa errada? Envolvendo de envolver com drogas? TIO!! MINHA MÃE 'TÁ SE ENVOLVENDO COM COISA ERRADA?

Ele grita e eu não sei se caio na gargalha ou me preocupo com a mentalidade desse garoto. De bobo ele não tem nada, e Thomas é esperto até demais. Tenho que tomar cuidado com o que vou dizer ou como irei me explicar ou ele entenderá tudo errado.

A questão é, vou conseguir me explicar? Logo eu? Se já me comuniquei com duas crianças na vida foi muito. Agora estou tendo que bater um papo precioso com o mini Veiga porque preciso extrair o máximo de informação sobre sua mãe.

— No, Tom. Se envolvier en... como, namorar, sabes? Significa estar com alguém no sentido de estar, é, prácticamente namorando con alguien. — Eu tentando ensinar uma criança devia ser gravado e relembrado a cada segundo que eu desejar um filho. Sou péssimo nessa tarefa. Não sei nem explicar uma expressão popular. — Entendes?

— Namorar? — Tom franze o cenho e me olha de um jeito tão específico que eu vejo o Veiga todinho nele. Mas o menino logo abre um sorrisão espontâneo pra cacete e cai na gargalha. Assim do nada. — Minha mãe não namora, tio.

Olha o moleque debochando de mim. Um moleque de cinco anos.

— No. Yo sei. — Concordo com ele. — Pero ella no necesita namorar para estar con alguien.

— Ué, mas se ela está se envolvendo com alguém no sentido de namorar, mas não é namorar, então é o quê?

Ê, caralho. Como que eu explico isso agora?

Não sei fazer isso. Eu nem falo português direito. Minha mente mal funciona em espanhol. Agora estou diante de uma criança, tendo o dever de me explicar porque me coloquei numa situação complicada com as palavras e expressões populares que Tom ainda não compreende, afinal só tem cinco anos.

— Como se envolve com alguém sem namorar, tio?

— As veces la gente solo quiere ficar.

— Ficar? Como assim? Ficar com alguém é namorar? Pensei que ficar era só ficar, de estar perto. Não é?

— No. Mira, presta atención. Hablamos de ficar con alguien también, no sentido de haber beijado a persona.

— Sem namorar??

— Sí, solo te beijas y no tienes que namorar. Eso es ficar.

— AAAAA — Tom parece completamente encantado em saber desse novo significado para a palavra ficar. — Isso é demais. Então não é preciso namorar para beijar na boca, né?

— Eso. Pero eres demasiado joven para eso.

— 'Tá, 'tá — ele revira os olhos, mas sua mente está a mil depois dessa conversa. — Espera, minha mãe faz isso? Ela fica com as pessoas??

Puta merda. E agora? O que eu falo pra esse menino? Se eu disser que sim, vai mudar a visão que tem sobre sua própria mãe? Afinal, a Isabella realmente sai por aí ficando com qualquer um? Até onde eu sei, sou seu único esqueminha.

No. No. — Escolho a opção mais óbvia, mesmo que seja de certo modo mentirosa. — Tu madre es del tipo que namora, a la que le gustan las cosas serias.

Tom começa a rir de novo, achando divertido o que digo.

— Tio, minha mãe não namora. Ela nunca namorou, esqueceu?

Sí, yo sei, pero quiero... Esquece eso. Respóndeme solo si alguna vez has visto a tu madre acompañada de un hombre.

— Já. — Ele balança a cabeça, assentindo, dando um gole em seu leite logo em seguida.

Minha vez de arregalar os olhos, em choque.

— Sério? De quién???

— De você, ué. É o único homem que anda pra cima e pra baixo com a minha mãe. E... espera um pouco. Ah, não, tio Piquerez. Você está ficando com a minha mãe????

Agora fodeu tudo. Expliquei pro menino que existe o termo ficar e estou aqui todo interessado em saber se a mãe dele esta se envolvendo com mais alguém além de mim. E, como eu disse, Tom é esperto demais para não entender com clareza toda a minha preocupação excessiva.

— Credo, tio. Você é melhor amigo da minha mãe e amigão do meu pai. Isso é errado!

— No, no... no, Tom. — Estou gaguejando e perdendo o pouco de moral que me resta. — No estoy ficando com tu mama.

— 'Tá sim, não minta pra mim. Ela 'tá aqui? — Ele olha ao redor, preocupado. — 'Tá escondendo ela de mim? Vocês não querem que eu saiba pra não contar pro papai, né? Eu prometo não contar, relaxa. MÃE! PODE SAIR DO SEU ESCONDERIJO.

— No, Tom. Escúchame, por favor. — Me abaixo, ficando na mesma altura que ele e seguro seus ombros. Só não posso gaguejar. — Tu madre es mi amiga. Solo mi amiga. Pero ela sumiu e eu no sei onde estas. No atendes mis llamadas e parece que saiu acompañada de la casa de Luan. Por eso creo que está saliendo con otra persona.

— Liga pra minha vó — Tom sugere na maior naturalidade, sem se preocupar com nada do que digo. — Minha mãe costuma dormir na minha vó quando não está se sentindo bem.

Isso faz todo o sentido.

Porra. Ela não estava bem ontem. É obvio. Aconteceu alguma coisa que não a deixou contente e ela foi pra casa de sua mãe. A única coisa que não faz sentido é o fato de ela ter deixado o Tom pra trás. Será que confiou tanto em mim assim ou pensou que eu deixaria o menino dormindo na responsabilidade da Clarisse?

Bom, não sei, mas se for o caso, ela vai atrás dele logo logo.

— Valeu, Tom — agradeço ao menino, muito mais tranquilo em saber que Isabella pode só estar com a mãe. Simples. E eu aqui perdendo os cabelos atrás dela.

— Posso assistir televisão agora?

— Sí, el control esta en la mesa del centro.

Dispenso o menino que vai até a sala, se acomoda no meu sofázão e bebe seu leite enquanto coloca em alguma coisa no YouTube, vejo Zeus deitar ao lado do garoto no sofá antes de eu pegar meu celular e fazer uma ligação a tia Lucia que me atende logo em seguida:

— Hola, mi hijo.

— Hola, tia. Todo bien?

— Sí, sí. Muy bien, hijo. El día está hermoso hoy, voy a preparar pasta con salsa blanca. ¿Vienes a almorzar aquí con Isabella? — O espanhol de tia Lucia continua tão bom quanto na época que morava na divisa da Argentina com seu falecido marido. Ela, por ser brasileira, mal tem o sotaque português.

— No, tia. En realidad, estoy procurando a Isabella. Ontem estuvimos en la fiesta de Luan y ella... bom, salió con alguien, creo. Yo no sé donde está.

— ¿Isabella ha salido con alguien? Eso es imposible, hijo. — Tia Lucia fica muito surpresa e incrédula do que ouve. — ¿Cuándo fue la última vez que esta chica estuvo envolvieda con un extraño? Sabes que ella tiene un trauma por eso. Isabella no dejaría una fiesta así.

— Pero ella desapareció, tía. No contesta mis llamadas.

— No. No. — Ela se recusa a acreditar. — Debe estar en casa de alguien conhecido. Escúchame, hijo. Intentaré llamarla y la encontraré. ¿Estás con Tom?

— Yo estoy.

— Bien. Déjenme conmigo, si no la encontramos. Pero la encontraré, conozco a mi hija. Y sé que no estás en casa de un extraño.

— Está bien, tía. Me da noticias.

— Por supuesto, hijo. Te llamaré lo antes posible. Besos.

E dito isso ela desliga a chamada.

Tia Lucia acaba de me dar uma garantia. Que Isabella não sairia de uma festa com um desconhecido. Ela nunca faria isso. Ok. O que me faz pensar que ela saiu de lá com alguém conhecido. Que ela saiu da festa com alguém, já é meio óbvio, não? A grande questão é, quem foi o indivíduo?

E antes mesmo que minhas dúvidas se tornassem ainda maiores, meu celular começa a vibrar em minha mão. Ergo o aparelho para enxergar melhor a tela iluminada e me deparo com o nome dela. Uma chamada de Isabella Machado, a desaparecida.

Eu amo o fato do Piquerez não saber como ser pai e mesmo assim não abandonar a tarefa. VAI virar até melhor amigo do Tom de tanto que faz as vontades do menino.

E o Pique todo preocupado com a Bella, mal sabe ele...

Foi difícil escrever na cabeça de alguém que provavelmente pensa em espanhol. Mas né? kkkk Espero que tenham gostado.

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