Vermelho: a cor do sangue

By Sandmanlil

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Na cidade de Sultern, os desafios anuais para os adolescentes lançam uma sombra sinistra sobre a pacata comun... More

Epígrafe.
Dedicatória.
Notas.
Playlist.
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By Sandmanlil

" Nós nunca vamos ficar livres
Cordeiro ao matadouro
O que você vai fazer
Quando há sangue na água
O príncipe da sua ganância
É seu filho e sua filha
O que você vai fazer
Quando há sangue na água
Blood // Water - Grandson "

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Os seis adolescentes reagiram com evidente surpresa diante da presença ameaçadora da figura encapuzada. Um silêncio tenso dominou o ambiente, quebrado somente quando a figura, com um gesto intrigante, retirou o capuz, revelando seu rosto de forma clara e impactante, instigando uma nova onda de curiosidade e receio entre o grupo.

A face revelada da figura que, agora, era uma garota, exibiu traços conhecidos, lançando um lampejo de reconhecimento nos olhares dos adolescentes. Um murmúrio de especulação percorreu o grupo, enquanto tentavam conectar aquela garota com a situação.

A garota, agora sem seu disfarce, fixou o olhar intensamente nos adolescentes, como se lesse os segredos ocultos em cada expressão. O silêncio persistiu, carregado de expectativa, aguardando as palavras que desvendariam o propósito dessa reunião enigmática.

― Eu conheço você. ― afirmou Jessica.

― Todos vocês conhecem. ― disse a garota de cabelos curtos com uma voz grave e adornada por machucados.

― Você é aquela garota do jogo que estava com o Steve... ― completou Halsey, conectando os pontos enquanto a tensão na sala atingia um novo patamar.


A

revelação da identidade da garota do jogo que esteve ao lado de Steve provocou um murmúrio inquietante entre os adolescentes. Olhares perplexos se cruzaram, e a atmosfera carregada de mistério ganhou um novo matiz de compreensão.

A garota, agora reconhecida, permaneceu impassível, como se estivesse ciente do impacto de sua presença Martinne, em particular, fixou seu olhar nela, tentando decifrar as implicações dessa ligação com Steve e o que isso significava para o enigma que os envolvia.

A voz grossa da garota quebrou o silêncio.

― Temos assuntos importantes a discutir, e rápido. ― Ela lançou um olhar desafiador ao grupo, indicando que o verdadeiro desafio estava prestes a se desenrolar.

― Como você chegou aqui? ― perguntou Martinne, visivelmente confusa.

A garota suspirou antes de compartilhar sua angustiante história.

― Eu fugi. Eles tinham machucado o garoto antes de jogá-lo da sacada. Steve os distraiu, lutou e os enganou por minha causa. Mas quando perceberam, eu já estava bem longe. Então usaram Steve, o mataram, e foi por minha culpa. ― A voz da garota tremia, carregada de pesar. Antonnie e Martinne trocaram olhares, absorvendo a gravidade do que ela estava falando.

O peso da confissão pairava no ar, deixando um silêncio carregado de emoções na oficina. Todos estavam com expressões sérias, absorviam a trágica narrativa da garota.

Helan rompeu o silêncio com uma pergunta impregnada de compaixão.

― Como você e Steve acabaram lá? Onde diabos vocês estavam?

A garota de cabelos curtos assentiu, seus olhos fixos em Halsey.

― Fui obrigada a jogar também, assim como vocês. Mas estou aqui para ajudar.

Martinne deu um passo à frente, a confusão estampada em seu rosto.

― Ajudar como?

A garota suspirou, percebendo a desconfiança no grupo.

― Tenho informações que podem mudar o rumo desse jogo. Sei quem está por trás disso e como podemos sair dessa.

Jessica cruzou os braços, ainda cética.

― E por que deveríamos confiar em você?

Ela olhou diretamente para Jessica, seu olhar firme.

― Porque não temos outra escolha. Estamos todos na mesma situação e a única maneira de sair disso é trabalhando juntos.

Antonnie, que estava quieto até então, deu um passo à frente.

― Se você realmente sabe algo que possa nos ajudar, então fale. Estamos ouvindo.
olhou diretamente para ela, seus olhos brilhando com uma intensidade feroz.

Ela olhou fixamente para o chão por um momento, reunindo coragem antes de compartilhar a continuação de sua história.

― Steve e eu estávamos investigando os jogos depois que exporam o que ele fez com aquela garota, no drive in. ― Martinne congelou. ― Estavam ameaçando nós com outros segredos, então decidimos por nós mesmos fazer uma investigação. Mas tinha coisas que não faziam sentido. Acabamos descobrindo uma rede obscura que opera nas sombras de Sultern, manipulando pessoas e eventos. Eles nos descobriram, e foi assim que tudo começou a desmoronar.

Antonnie e Martinne trocaram olhares, percebendo que estavam agora envolvidos em algo muito maior e mais perigoso do que podiam imaginar. A sala estava impregnada com a gravidade da situação, enquanto a garota continuava a desvendar os fios intricados dessa teia sombria que os envolvia.

― Qual é o seu nome? ― perguntou a voz doce de Halsey, ecoando na sala, interrompendo momentaneamente a tensão com uma nota de curiosidade sincera.

― Sou Britney Blogger. ― respondeu a garota, revelando seu nome à medida que a oficina enchia com o eco de sua voz.

― Por que você não foi à delegacia ainda, Britney? ― Janet perguntou, expressando a dúvida que pairava no ar.

Britney suspirou antes de responder à pergunta direta de Janet.

― Eles têm olhos em todos os lugares. Me coloquei em perigo para ir atrás de vocês, e vocês correm perigo por estar aqui comigo. Se eu me aproximar da polícia, colocarei todos em risco. E não estamos seguros pedindo ajuda a polícia.

Janet assentiu, compreendendo a complexidade da situação. O grupo, agora unido por um propósito maior, começou a discutir estratégias para investigar e enfrentar a ameaça, mantendo-se nas sombras para proteger a todos.

― Você conhece todos nós? ― Halsey perguntou, e Britney confirmou.

― Sim, tive acesso a todas as informações sobre vocês.

Um murmúrio de inquietação percorreu a sala, enquanto os adolescentes processavam a revelação da menina.

Antonnie perguntou a Britney como ela tinha conseguido todas aquelas informações, expressando a preocupação compartilhada pelo grupo.

Britney respirou fundo antes de responder, escolhendo cuidadosamente suas palavras.

― Existe uma sala escondida no subsolo da floresta, onde guardam registros sobre os sobrenomes importantes da região.

Ao ouvir a explicação de Britney, Helan mostrou claramente sua insatisfação. Seu rosto refletia uma mistura de frustração e desconfiança.

― Isso é absurdo. Não podemos simplesmente confiar nela. Como saberemos se está falando a verdade? ― questionou Jessica, evidenciando a crescente tensão na sala.

― Concordo. Não confio em você. Como podemos ter certeza de que está falando a verdade e não é uma pessoa do lado deles, nos usando para o jogo, assim como fizeram com Steve? ― Janet avançou um passo, cruzando os braços.

― Acabou de ignorar tudo que eu disse, Janet! Estou em perigo, arrisquei muito para encontrar Martinne, saí do meu esconderijo e mostrei a vocês a verdade. Isso me torna uma pessoa morta. ― Britney falou com raiva.

― Você é uma pessoa morta desde que entrou nessa, Britney. Poderia ter sido você a morrer. Não culpe Martinne ou Janet; simplesmente, não procure um culpado. ― Helan deu um passo à frente.

A sala ecoava com vozes sobrepostas, emoções à flor da pele, enquanto os adolescentes tentavam encontrar terreno comum em meio à confusão crescente.

A tensão na sala permanecia palpável, mas Martinne, com um olhar determinado, interveio para acalmar os ânimos.

― Todos nós estamos nisso juntos agora. Acusar uns aos outros não nos levará a lugar nenhum. Precisamos encontrar uma escapatória. Britney está tentando ajudar, e nossa prioridade deve ser nós proteger e não nós colocarmos uns contra os outros.

Antonnie, observando a cena, tentou dissipar o clima.

― Concordo com Martinne. Brigar entre nós só enfraquecerá, e já não estamos fortes. Vamos nos concentrar em encontrar soluções para acabar com esse jogo! ― Goulart deu uma pausa. ― Aquele dia foi o Steve, mas e amanhã? E depois? Quem será o próximo? Não queremos pagar pra ver, então parem com essa desconfiança e vamos usar o senso comum.

A sala, mesmo que ainda carregada de desconfiança, começou a se acalmar à medida que os adolescentes, cada um processando suas emoções, tentavam encontrar um caminho comum para enfrentar os desafios iminentes.

As palavras de Britney carregavam um peso sombrio, revelando os horrores pelos quais ela havia passado.

― Obrigado, Antonnie. Eu sou uma vítima. Eles queriam que eu escolhesse um de vocês para ocupar o meu lugar. Tive muitas opções, mas se eu fizesse isso, seria minha ruína. Me neguei, fugi, me escondi, mas eles me encontraram, me torturaram por dias até aquele maldito jogo de respostas. Foi quando percebi que não tinha escolha. Vi minha vida, meus sonhos, meu futuro e tudo que era reservado para mim serem destruídos por essas pessoas.

O silêncio se abateu sobre a sala enquanto as palavras de Britney ecoavam, revelando o horror que ela havia enfrentado. Halsey, expressando compaixão, falou em um tom solidário.

― Lamento muito, Britney. Ninguém deveria passar por algo assim. Estamos aqui para ajudar, para garantir que isso não continue. ― Halsey fala, tentando ser solidária.

A atmosfera na sala começou a mudar, à medida que a compreensão e a empatia começaram a substituir as tensões anteriores. Os adolescentes, agora unidos pela compaixão diante das adversidades compartilhadas, começaram a planejar como enfrentar a ameaça que pairava sobre todos eles.

― O que temos que fazer? ― Helan perguntou.

― Vamos acabar com o jogo. ― A garota disse com firmeza, sua determinação ressoando na oficina. ― Precisamos reunir informações, seguir as pistas que Steve deixou antes de ser pego. Descobrir o qual o intuito com o jogo e o por que todos anos colocam crianças para participar e como vamos impedi-los. Acredito que, se o jogo acabar, podemos seguir nossas vidas em paz. ― Blogger disse determinada.

― Agora conta, por que o ferro velho? Aqui é um tanto suspeito. ― Janet disse, fingindo inocência.

― Entendo suas desconfianças, Monre, mas aqui é onde eu me escondo. Não me encontram aqui, e espero que continue assim. ― Britney respondeu, explicando sua escolha de refúgio enquanto mantinha um olhar cauteloso.

― Já terminamos aqui? ― Jessica perguntou.

― Sim. Amanhã, nos encontraremos neste mesmo lugar a meia noite.

― Por que tão tarde? ― Helan bufou.

― Não podemos correr o risco de nos encontrarem. Se isso acontecer, todos sofrerão, e as consequências serão graves. Vocês precisam confiar em mim. Até o fim dessa merda doentia, deixará alguns de vocês a sete palmos abaixo da terra e outros no inferno. ― Britney alertou, sua voz carregada de seriedade.

Os adolescentes trocaram olhares, absorvendo a gravidade das palavras da Blogger. Uma sensação de urgência se instalou na sala, reforçando a importância de seguir o plano meticulosamente da garota.

― Está bem, nos encontraremos aqui de noite. Mas precisamos garantir que todos estejam a salvo até lá. ― Martinne reforçou a preocupação com a segurança do grupo.

Britney assentiu, reconhecendo a validade desse ponto.

― Cada um de vocês deve tomar precauções para não chamar a atenção. Até amanhã, fiquem atentos e se cuidem. Não chamem atenção, por favor!

Os adolescentes concordaram, cada um absorvendo a seriedade da missão que tinham pela frente. Com um último olhar determinado, eles se dispersaram, prontos para enfrentar a noite e se preparar para o desafio que os aguardava ao amanhecer.

Martinne esperou até que todos os adolescentes saíssem, então ficou a sós com a menina.

― Eu sinto muito por tudo. ― ela expressou sua dor.

― Você não tem culpa, Martinne. Não tem culpa em nada. ― Britney respondeu, deixando a garota sozinha. Contudo, Antonnie apareceu logo em seguida, chamando sua atenção.

Antonnie, ao perceber a expressão séria de Martinne, aproximou-se com cautela.

― Está tudo bem?

A garota suspirou antes de compartilhar suas preocupações.

― Britney passou por coisas horríveis. Precisamos ajudá-la, mas também precisamos garantir a segurança de todos nós. Isso é muito maior do que imaginávamos.

Antonnie assentiu, compreendendo a gravidade da situação.

Eles saíram da oficina e caminharam em direção ao carro quando Janet se aproximou de Austin.

― Por que Scarlet não veio? ― ela puxou o braço da morena.

― Não faço a menor ideia. ― Austin respondeu, compartilhando a confusão da menina enquanto continuavam seu caminho rumo ao veículo.

― Tem certeza que não sabe, Martinne? ― A de cabelos azuis se aproximou.

― O que você está insinuando, Janet? ― ela perguntou, visivelmente intrigada com a abordagem da garota.

Monre, com um olhar inquisitivo, continuou a questionar a morena.

― Você sempre está com ela e não acho que Scarlet simplesmente esqueceu ou desistiu.

Martinne, surpresa com a acusação, respondeu com firmeza.

― Janet, eu juro que não sei. Scarlet não me disse nada. Talvez ela não tenha conseguido sair de casa, ou não pôde sair. Eu simplesmente não faço a menor ideia.

A tensão entre as duas cresceu, revelando as fissuras na confiança das garotas.

Antonnie, percebendo a tensão, interveio suavemente.

― Melhor irmos. ― Ele bateu no capô do carro, indicando que era hora de ir embora. Austin assentiu, deixando a garota para trás.

O motor do carro do garoto roncou suavemente enquanto ele acelerava, deixando o ferro velho para trás. O veículo seguiu pelas ruas, direcionando-se ao condomínio da casa de Scarlet. O interior do carro estava repleto de silêncio tenso, enquanto os adolescentes processavam a complexidade da situação, cada um perdido em seus próprios pensamentos, ansioso pelo que aguardava ao chegarem ao destino.

À medida que o carro avançava pelas ruas, a ansiedade pairava no ar, tornando o trajeto para o condomínio quase palpável. Martinne concentrado na direção, ocasionalmente trocava olhares com Antonnie, expressando uma solidariedade silenciosa diante das incertezas que os aguardavam.

Ao chegarem ao condomínio, o silêncio persistiu enquanto o garoto estacionava o carro.

― Então está entregue. ― Antonnie batucou o volante.

― Infelizmente. ― Ela jogou a cabeça para trás e bufou, expressando a frustração que pairava no ar. ― Fale para meus irmãos que eu os amo, e que logo estaremos juntos. ― ela fechou os olhos, sentindo uma dor no coração.

― Fique com nós, te garanto, minha vó e ninguém lá vai se incomodar. ― ele virou para a morena.

― Não posso, nem que eu quisesse, na verdade. Nora iria até o inferno para me encontrar. ― o carro se manteve em um silêncio.

Martinne então saiu do carro, dirigindo-se à porta da mansão, quando Antonnie gritou para ela.

― Nós vemos amanhã, Martinne. ― A despedida dele ecoou na noite, marcando o fim da jornada deles por enquanto, enquanto cada um se encaminhava para o que aguardava, conscientes de que o amanhã traria novos desafios e revelações.

Ela acenou para o garoto, agradeceu com um leve sorriso e dirigiu-se à porta da mansão. O som dos passos ecoava no silêncio da noite, enquanto ela refletia sobre os acontecimentos tumultuados.

Ao entrar na mansão, ela sentiu ao clima pesado que pairava no ambiente. A casa parecia guardar segredos, e ela não estava interessada em saber a verdade.

Ela deu um passo à frente quando Nora a chamou com brutalidade.

― Onde esteve, Martinne? ― A garota virou-se e pôde ver a família Collins na mesa, faltando apenas Robin. Scarlet estava lá, sentada e encolhida, ao lado de Edgar. No entanto, algo parecia errado com ela, seus olhos estavam sem vida, seu sorriso agora parecia morto. O ambiente na mansão estava tenso, e ela sentiu que algo significativo havia acontecido na sua ausência.

― Fui dar uma volta. ― Ela deu de ombros sem dar importância.

― Sabe que horas são? É quase uma da manhã, eu te disse para não sair. ― A mulher se levantou da mesa, e Owen fez o mesmo. O semblante de preocupação pairava na expressão dele, enquanto Scarlet permanecia em silêncio, seus olhos sem vida fixos em Martinne.

― Eu te disse, Nora, eu não sou uma de suas filhas para você me controlar. Desculpe, mas não vai rolar. ― Austin disse sinceramente, defendendo sua autonomia diante da autoridade imposta. O ambiente tenso na mansão Collins parecia prestes a explodir, enquanto as emoções conflitantes entre eles se intensificavam.

Nora olhou para a garota com uma mistura de raiva e frustração, mas antes que pudesse responder, Owen, cujo olhar estava tenso, interveio com uma voz grossa.

― Chega, Nora. Martinne tem o direito de tomar suas próprias decisões. No entanto, poderia ter nos avisado. Nós se preocupamos com você, Martinne. ― o homem se colocou ao lado da esposa, deixando os dois filhos sentados na mesa, o clima entre eles estava péssimo.

― Se preocupar comigo? Eu já disse, vocês nunca se preocuparam em saber se eu tinha comida antes, e agora dispenso toda a ajuda. Vocês deveriam se preocupar é com as duas filhas de vocês e esse doente que chamam de filho. ― Ela apontou para Edgar que, parecia não ter gostado de ser chamado de problemático já que fechou a cara. ―
Essa família é toda problemática. Antes de dizer que se preocupam comigo, olhem para o que está bem na frente de vocês. Robin precisa de ajuda, e Scarlet, muito mais. Mas claro, é a Martinne Austin que é o problema.

O silêncio que se seguiu na sala refletia a intensidade das palavras da garota, enquanto o ambiente na sala ficou carregado. Scarlet, ainda com seu olhar distante, suspirou pesado, enquanto Nora, Owen e Edgar permaneciam em silêncio, absorvendo a crítica direta.

Martinne, encarando o desconforto, dirigiu-se às escadas, decidida a se afastar da família em conflito.

― Se alguém precisar de mim, estarei fora dessa situação problemática. Vocês sabem onde me encontrar. ― Com isso, ela subiu as escadas, encontrando o olhar de sua melhor amiga, que lutava para conter as lágrimas, mas estava à beira de derramar tudo.

Ela entrou em seu quarto com raiva, batendo a porta com força. Ligou o interruptor, jogou-se na cama macia, exausta e necessitando de uma boa noite de sono para tentar deixar para trás as tensões do dia. O silêncio do quarto oferecia um refúgio momentâneo do caos que reinava lá embaixo.

[...]

Na manhã seguinte, a jovem Austin foi despertada pela empregada da casa, percebendo que estava quase atrasada para a escola.

Martinne, apressada, vestiu-se rapidamente e desceu as escadas. Na mesa estavam apenas Edgar e Robin. A garota se aproximou da mesa e dirigiu-se a Robin.

― Cadê todo mundo? ― Martinne perguntou.

― Scarlet foi mais cedo para a escola. E a mamãe saiu junto mais cedo com o papai. ― Robin disse calma, tomando seu café da manhã.

― Posso levar você para a escola, se quiser. ― Edgar se pronuncia.

― Ah, não, obrigado, prefiro ir a pé então. ― Martinne disse grosseira, afastando-se deles. ― Sabe onde está Jeff, Robin?

― Ele deve estar lá fora... ― A loira diz e volta a comer.

― Não compreendo por que você me trata assim, Martinne. Estou confuso. ― Edgar expressa, parecendo triste pela atitude da garota.

A menina o encara ele com desdém e pega uma fruta para comer, iria a procura de Jeff, para chegar na escola.

― Me fale. Se fiz algo, me diga para que eu possa pedir desculpas. Agora que a casa também é sua, e moramos juntos, na mesma, esse clima entre nós é péssimo. ― Edgar pede, buscando esclarecimentos.

Martinne então o encara com desprezo.

― Primeiro, que fique claro que não considero este lugar minha casa. Vim pra cá sem saída. E segundo, não há "nós" aqui.

Ele parece absorve as palavras da garota, ciente da distância entre eles. Um silêncio desconfortável se estabelece, mas ele persiste.

― Compreendo que as circunstâncias não são ideais. Podemos tentar tornar isso mais suportável, pelo menos enquanto compartilhamos a casa? ― Edgar propõe, esperançoso de amenizar a tensão entre eles.

― Não tenho tempo para suas lamentações, Edgar. Procure outro para incomodar. ― Ela diz antes de sair da sala e se encaminhar para fora.

Ela encontra Jefferson, o motorista, do lado de fora, cuidando do carro.

― Bom dia, Jeff. ― ela cumprimenta com amabilidade.

― Bom dia, senhorita Martinne. ― ele responde com um sorriso.

― Jeff, poderia me levar para a escola? Estou atrasada. ― solicita Martinne.

― Certamente, senhorita. Entre antes que se atrase mais. ― o homem abre a porta e sorri novamente de maneira afável. Martinne agradece, e ele se apressa para o banco do motorista. ― O senhor Owen me pediu para ficar disponível hoje para a senhorita; você tem uma consulta médica à tarde. Então, serei seu guarda-costas-motorista. ― ele brinca, pegando a menina de surpresa pela lembrança, recorda-se da consulta. Não estava nada ansiosa para voltar ao hospital.

― Obrigada, Jeff. ― ela expressa gratidão. ― Pode me dizer se a Scarlet está bem? Notei que ela está agindo de forma diferente.

― Tenho poucas coisas para contar, pouco tenho frequentado a casa, estou temendo que vou ser demitido. ― Jefferson revela, tenso.

― Como assim? ― Austin expressa confusão.

― A senhorita Nora recusa constantemente meus serviços, o senhor Owen passou a dirigir seu carro, e as duas meninas parecem não precisam mais de mim. ― O homem responde, parecendo triste.

― Não creio que Scarlet permitiria que te demitissem. Você é importante para ela. ― Martinne assegura.

― Estou duvidando um pouco disso. Scarlet está tão diferente do que era. Não a reconheço mais, parece ter medo de tudo e de todos, sua alegria está sumindo aos poucos. ― Jefferson desabafa.

Martinne absorve as palavras de Jeff, refletindo sobre a transformação preocupante em Scarlet. Enquanto o carro avança pela cidade, uma sensação de inquietação paira no ar.

― Tem algo afetando Scarlet. Ela precisa de ajuda. ― Martinne diz com angústia, compartilhando a preocupação do homem pela loira.

― E talvez você seja a ajuda que ela precisa. ― Jefferson comenta.

Martinne reflete sobre as palavras de Jefferson enquanto o carro se aproxima da escola. Uma determinação silenciosa se forma em seu olhar, indicando que irá ajudar a melhor amiga da melhor forma possível.

Chegando na escola, a garota se despede do motorista e entra no prédio. Ela vai até o armário, bagunçando um pouco as coisas enquanto procura os livros. A manhã seria longa já que há uma prova importante, e a menina estava na missão de garantir notas ótimas.

Logo depois da prova há aula extracurricular, Martinne está determinada a entrar em uma faculdade, então suas notas tinham que ser impecáveis, nem que fosse só pra ter um boletim bom e apresentável. Embora não se rotulasse como nerd, Austin tinha fama de se esforçar mais que a maioria dos colegas. Em alguns momentos, chegou a fazer provas e trabalhos para outros em troca de dinheiro, mas abandonou essa prática quando percebeu o que poderia acontecer se alguém descobrisse.

Ela fecha o armário e se encaminha para a sala onde terá a prova, encontrando-a vazia devido aos alunos estarem em outras aulas. Aproveitando a oportunidade, decide estudar. Com os eventos tumultuados dos últimos dias, sua vida escolar parece estar escapando de suas mãos, mas, na realidade, ela deseja se manter focada nos estudos, apesar dos desafios recentes.

Enquanto folheia os apontamentos na sala silenciosa, ela reflete sobre a necessidade de manter o equilíbrio entre os acontecimentos tumultuados de sua vida pessoal e o compromisso com os estudos. A escola representa uma constante em meio ao caos, e ela está determinada a não deixar que tudo isso a afastem de suas metas acadêmicas. Com a mente concentrada nos livros, ela busca encontrar estabilidade.

Martinne vê seus estudos interrompidos com a entrada do detetive George na sala. Bufando, já cansada da presença dele.

― Não tem um lugar nessa escola que não consegue me deixar em paz? ― ela murmura, questionando-se.

― Como vai, Martinne? ― o detetive cruza os braços, encarando-a.

― Eu vou bem. ― ela solta uma risada, tentando amenizar o clima tenso. ― Tem algo em que eu possa te ajudar? ― pergunta curiosa.

― Ah, não, não. Vi você entrando aqui e fiquei curioso em saber por que está sozinha.

― Eu tenho uma prova, então precisava estudar em um lugar tranquilo. ― ela dá de ombros.

― Martinne... Eu confirmei os seus alibis, mas... tem algo que eu gostaria de perguntar. ― George se aproxima e aperta os olhos. ― Por que você sai à noite escondida? Parece que isso acontece quase todas as noites. ― o detetive George questiona, observando atentamente a reação de Martinne, que congela, escondendo a mão trêmula por baixo da coxa.

Assim que ela estava prestes a responder, o sinal tocou, indicando o início da próxima aula.

― Eu tenho uma prova agora... Com licença. ― ela disse, e o detetive George assentiu. Ela pegou seus materiais e saiu da sala, esperando que ele saísse para poder retornar. Ao abrir novamente o armário, fingiu procurar algo, sentindo os olhos do detetive sobre ela. Evitou encará-lo, e assim que ele saiu de sua visão, ela se permitiu suspirar de alívio.

Ela estava curiosa em saber quem contou ao homem sobre suas saídas à noite.

Suspirou de nervosismo e arrependimento. Aquilo era apenas o começo de algo que logo iria desmoronar em bem aos seus pés. O detetive não era idiota, percebeu facilmente seu nervosismo imediatamente. Ela se considerava estúpida, repetindo mentalmente a palavra. Como poderia ter vacilado assim?

[...]

Os últimos 30 minutos restantes para a prova se esvaíram, mas Martinne não conseguiu se concentrar em nenhuma questão, deixando todas em branco. O sinal tocou, indicando o fim do exame, e os alunos formaram fila para pegar suas mochilas e sair da sala. Quando ela chegou à mesa do professor, ele olhou para a prova com uma expressão confusa, notando que todas as questões estavam em branco. Ele levantou os olhos, encarando-a.

― Martinne, o que aconteceu? Você não respondeu a nenhuma pergunta. ― Ele perguntou, claramente surpreso com a atitude incomum da aluna.

Ela visivelmente desconfortável, tentou articular uma resposta.

― Eu... Não consegui me concentrar. ― Ela disse e ficou olhando para o homem esperando que sua explicação fosse aceita.

― Você não costumava agir assim, Martinne. ― ele repreendeu.

― Eu sei, professor... Mas é que... ― ela começou a explicar, mas não conseguiu continuar.

― Faz dias que você está diferente, tudo bem? Lembre-se de que temos um psicólogo aqui, se quiser conversar... ― ele ofereceu apoio, preocupado com as mudanças recentes no comportamento de Austin.

― Já disse que estou bem e não preciso de um psicólogo. ― Ela responde com brutalidade, irritada pela insistência do professor. Ela deixa a sala com raiva, caminhando apressadamente até esbarrar em Brandon. ― err... e aí, Brandon. ― ela cumprimenta, tentando disfarçar a tensão que carrega consigo.

― E aí, Martinne. Tudo bem? ― ele pergunta.

― Estou ótima, maravilhosa. ― ela responde ironicamente, e ele ri.

― Parece que todo mundo está de bom humor hoje. ― ele brinca. ― Acabei de cruzar com a Scarlet, não sei se ela foi mal-educada por ainda estar chateada pelo término ou se está apenas tendo um dia ruim, mas agora acho que é só um dia péssimo.

― Dá um desconto para ela, Nora e Edgar ficam o tempo todo em cima dela, não a deixam em paz. ― Martinne bufa, acalmando-se.

― Edgar ainda está em Sultern? ― Brandon pergunta, surpreso.

― E não parece ter previsão de ir embora ― ela responde. ― Bom, Brandon, preciso ir. ― ela se despede, sem dar tempo para o garoto retribuir.

Correndo para o laboratório, a garota se prepara para a próxima aula de ciências. Ao entrar apressada na sala, pede desculpas à professora, que responde com gentileza e a orienta a se sentar ao lado de alguém.

Martinne procura por alguém e encontra Gaspar, que está sozinho. Com um suspiro, ela caminha lentamente até o outro lado da sala, decidindo sentar ao lado dele.

Quando ela faz menção de aproximar, o garoto a encara com sua expressão fechada, mas ela evita seu olhar. O garoto é filho do marido da diretora, o homem que recentemente que foi preso. Os rumores era que ele roubava carros e assaltava a bancos. Embora ninguém saiba ao certo o que aconteceu, também ninguém tem coragem de se aproximar de Gaspar.

Ignorando os olhares curiosos dos colegas, ela decide se sentar ao lado do garoto. A tensão no ar é palpável, mas ela escolhe não se deixar afetar pelas fofocas que circulam sobre o pai dele.

Gaspar, por sua vez, mantém sua expressão fechada, revelando pouco sobre si mesmo. A reputação do pai parece lançar uma sombra sobre sua vida na escola, tornando-o um mistério intocável para a maioria dos estudantes.

A aula se arrasta, a professora prolonga um período de quarenta minutos para o que parece ser cinco horas. Alunos estavam dormindo e outros conversando, mas Martinne se encontra em uma situação desconfortável. Ela não encara Gaspar durante toda a aula, mas percebe que ele vira o rosto na direção de Austin sempre que ela comete algum erro no projeto. A irritação cresce na garota.

― Você tem algum problema? ― ela pergunta, visivelmente irritada.

Gaspar permanece calado, concentrando-se em suas anotações.

― Você está errando em todas as respostas. Isso vai nós fazer perder os pontos. ― Gaspar comenta sem olhar diretamente para a garota.

― Não estou errando, não. ― ela responde, defendendo-se.

― Está sim, não estamos no oitavo ano para falar qualquer coisa sobre as reações química, e você está respondendo com tanto desleixo. ― ele responde, curto e grosso, cortando qualquer contato visual.

O atrito entre Martinne e Gaspar aumenta durante a aula, criando uma tensão evidente. A garota, incomodada com as críticas do menino, decide responder à altura.

― Eu sei muito bem em que ano estamos. Se não está satisfeito, faça sozinho! ― ela retruca, revelando sua frustração diante das críticas.

― Não estou aqui para fazer tudo sozinho, mas também não estou disposto a perder pontos por sua causa. ― Ele responde, firme.

Martinne encara ele, percebendo que a discussão estava indo longe demais. Enquanto a aula continua, o clima na sala se torna ainda mais tensa, com os dois alunos evitando qualquer interação a mais.

― Está tudo bem? ― a professora se aproxima, percebendo a aura pesada.

― Poderia me trocar de dupla? Minhas ideias não batem com as de Gaspar. ― Martinne pergunta dura, lançando um olhar raivoso para o garoto.

A professora, observando a tensão entre os dois, concorda em fazer a troca. Ela respira aliviada, enquanto Gaspar permanece sério, refletindo sobre o desentendimento que acabou de ocorrer. A mudança nas duplas traz um alívio temporário, mas o clima na sala de aula ainda permanece carregado.

A aula logo termina, e Martinne é a primeira a sair, seu humor estava péssimo e descontaria no primeiro que aparecer. Ao chegar ao refeitório, avista Scarlet sentada com algumas meninas. Ela decide abandonar a fila e se aproximar da mesa onde a loira está.

― Podemos conversar? ― Martinne pergunta, direcionando sua fala a Scarlet e às outras meninas, encarando-as com uma expressão estranha.

― Saiam daqui. ― Scarlet fala firme para as garotas, e Austin se senta de frente à loira.

― O que está acontecendo, Scarlet? Não me diga que não houve nada. ― ela pergunta, querendo de uma vez por todas saber o que a loira tem, enquanto as outras meninas se afastam da mesa.

― Não estou te entendendo, Martinne. ― Collins faz uma expressão de desentendida.

― Você não é a mesma. Me conte, o que houve? Por que não apareceu no ferro velho? Por favor, Scarlet, somos melhores amigas. Fala comigo, me diz que eu te ajudo. ― A morena pede, buscando compreender o que está acontecendo com a amiga.

― Você não pode me ajudar, nem se quisesse. ― A loira então se retira da mesa e caminha para dentro da escola, enquanto Martinne a segue com o olhar. Scarlet não era assim, Austin a conhecia bem. Em um impulso, ela se levanta e vai atrás dela.

A morena alcança Collins nos corredores da escola, tentando entender o que está acontecendo com a amiga.

― Scarlet, por favor, eu quero ajudar. Não quero ver você assim. ― Martinne expressa sua preocupação enquanto tentava se aproximar.

A loira se vira para a morena com lágrimas nos olhos.

― Você não entende! Sua vida sempre foi só seus irmãos, seu pai sempre foi um foda-se e você é livre. Mas comigo não é assim! Minha mãe é Nora Collins, e eu preciso ser Scarlet Collins. A Scarlet que você conheceu, está morta! MORTA, e não tem nada que você possa fazer para mudar isso. ― Scarlet grita, chamando a atenção de alguns alunos no corredor. Ela limpa uma lágrima e sai correndo, deixando Martinne triste e abalada no corredor.

Scarlet estava morrendo por dentro, e ela se vê perturbada, percebendo que talvez tenha sido egoísta em suas preocupações, sem compreender completamente o fardo que a menina carregava.

Janet se aproxima da morena, seus olhos expressam tristeza.

― Não force ela a falar. Scarlet te dirá no tempo certo. ― Ela aparece ao lado de Martinne, encarando o lugar onde Scarlet estava. Austin vira o rosto para Janet. ― Helan está lá fora, vamos. ― A garota dos cabelos azuis puxa a garota para fora da escola. ― Aliás, desculpa pelo o que eu fiz de te botar contra a parede. Estava nervosa.

Austin balança a cabeça aceitando as desculpas de Monre.

As duas correram, passando pelo porteiro, e chegaram ao outro lado da rua, onde estava o fusca de Helan. Ambas entram no carro.

― E aí, Martinne. ― Helan cumprimenta, e a garota sorri.

― Por que estamos aqui? ― Austin descansa a cabeça no banco do fusca e pergunta curiosa.

― Bom... Eu e Helan não confiamos na Britney, então... Vamos seguir todas as pistas que ela disse que ela e Steve passaram.

― E como sabem dessas pistas? ― perguntou Martinne.

― Helan vai explicar. ― Janet passou a pergunta para Helan, que fez uma careta.

― Certo... Não surtem, mas eu meio que tive que invadir a mansão dos Blanche. ― Helan revelou, já se preparando para o discurso de Austin.

Martinne ergueu as sobrancelhas, surpresa com a revelação de Helan.

― O QUÊ? Invadir a mansão dos Blanche? Vocês estão loucas?! ― exclamou, expressando sua incredulidade.

Helan e Janet trocaram olhares, antecipando a reação de Martinne.

― Eu disse que ela reagiria assim. ― Janet cruzou os braços.

― Olha, Martinne, foi a única maneira de termos acesso às pistas que Britney mencionou. Não queremos que ela saiba, é exatamente por isso que não perguntamos diretamente a ela... ― Delayan tentou acalmar a garota.

Martinne suspirou, reconhecendo a gravidade da situação.

― Vocês são loucas... Estão investigando aquela casa de cima a baixo, e você entra lá assim? E se você deixou algum rastro de que esteve lá? ― questionou.

― Se acalma, eu tomei muito cuidado e sabia o lugar certo onde encontrar e o que encontrar. ― Helan levanta um caderno, deixando a morena confusa.

― Não vou nem perguntar como você sabe. ― Ela fala, indignada.

― É realmente uma história muito longa. Precisamos ir logo. ― Janet diz, e a menina se cala. O fusca então parte. ― Você confia em Britney? ― ela pergunta para a garota.

― Eu honestamente não sei... Não a conheço direito, não sei o que pensar. É difícil entender por que Steve se envolveria em tudo isso. ― ela expressa sua incerteza, refletindo sobre os acontecimentos recentes.

― Não conhecia Steve tão bem, mas pelo o que dizem sobre ele, é bastante difícil acreditar que ele faria algo assim. ― Helan diz, fazendo ela repensar em tudo que acreditava.

O fusca segue pela estrada enquanto o silêncio reina por um momento. As garotas estavam imersas em seus pensamentos, tentando entender tudo.

― Britney está escondendo algo de nós. Precisamos ser cuidadosas e descobrir a verdade. ― Janet comenta, quebrando o silêncio.

― Vamos descobrir o que está acontecendo, mas com cautela. ― Delayan acrescenta, olhando para a estrada.

O fusca adentra uma rua vazia, e em breve, Helan se dirige para uma área coberta por vegetação ao redor. O carro sobe lentamente o morro que se apresenta.

― Para onde estamos indo? ― Martinne questiona.

― Vamos para o local onde Britney disse que encontrou informações sobre nós. ― Janet responde, revelando o propósito da direção escolhida.

Martinne permanece em silêncio, observando o céu que gradativamente escurece, indicando a iminência de uma chuva forte.

Encostando a cabeça na janela, ela solta um suspiro exausto. A menina só queria ajudar Scarlet, mas parece que suas tentativas intensificaram ainda mais a barreira que se formou entre elas. O desafio de compreender o que está acontecendo se torna cada vez mais difícil, e a jornada em busca da verdade parece envolta em nuvens de incerteza.

O fusca continua sua trajetória, avançando pela estrada deserta. O clima dentro do carro está carregado de tensão, refletindo os desafios que elas teriam que enfrentar.

Martinne olha para o caderno de Steve, ainda tentando processar a revelação sobre a invasão à mansão dos Blanche. Enquanto isso, a preocupação com Scarlet pesa em seu coração.

― Iremos resolver tudo isso e logo ela voltará a agir normalmente. ― Janet quebra o silêncio, mostrando solidariedade ao perceber que a expressão triste era pelo ocorrido com Collins.

Martinne assente, agradecendo a presença das meninas ao seu lado. No horizonte, nuvens escuras anunciam a chuva iminente, criando um cenário sombrio para o momento.

O fusca finalmente chega ao local indicado pelo caderno de Steve. É uma área isolada, onde era visto apenas árvores e o céu. As três saem do carro e observam ao redor, percebendo a atmosfera carregada de mistério.

― Tá brincando? Não tem nada aqui. ― Janet reclama, examinando a área ao redor.

O céu fica cada vez mais carregado, e os primeiros pingos de chuva começam a cair.

"Existe uma sala no subsolo na floresta, onde há informações sobre todos os sobrenomes importantes."

A lembrança da frase de Britney acendeu uma ideia.

― Busquem por uma porta ou qualquer coisa que leve ao subsolo. ― Martinne diz, afastando-se das garotas.

Elas começam a explorar a área, investigando cuidadosamente em busca de algum indício de porta. O céu continua a despejar gotas de chuva, deixando a situação ainda mais assustadora.

Janet examina uma área próxima às árvores, enquanto Helan verifica uma saliência no terreno. Martinne se aproxima de uma grande rocha, examinando-a minuciosamente.

― Acho que encontrei algo aqui! ― exclama Helan, apontando para uma porta camuflada sob a vegetação.

Elas se reúnem em torno da porta ansiosas para entrar e ver se Britney realmente falava a verdade.

Martinne e Helan fazem força para abrir a porta.

― Quem vai entrar primeiro? ― pergunta Janet, observando o lugar escuro.

Ambas se entreolha tentando decidir quem iria apenas pelo olhar.

― Eu entro primeiro. ― Martinne decide, avançando corajosamente em direção à porta entreaberta.

― Martinne você está com a perna e o ombro machucado. Deixa que eu entro. ― Helan a afasta e se aproxima da entrada.

Com um pouco de agilidade, Delayan pula para dentro do lugar. Janet e Martinne aguardam ansiosamente do lado de fora.

Helan pega a lanterna que trouxe consigo.

― Tem uma escada aqui. ― sua voz soa abafada.

― Traga a escada aqui para podermos descer. ― Janet grita.

Ela volta rapidamente com a escada, posicionando-a na entrada do local. Ela se afasta para abrir espaço para descerem.

― Cuidado com os degraus. ― adverte ela, deslizando a mão pela parede para encontrar um interruptor, mas não achando nenhum.

Janet é a primeira a descer, seguida por Martinne. Antes de fechar a porta, ela observa cuidadosamente o ambiente. Uma sensação a incomoda, como se algo estivesse a observando, pronto para atacar a qualquer momento.

Ao descer da escada, Helan entrega uma lanterna a cada uma, pedindo que se separem, a penumbra revela uma sala repleta de documentos empoeirados e prateleiras repletas de pastas antigas. O ambiente silencioso é interrompido apenas pelos murmúrios das garotas enquanto exploram.

― Olhem isso. ― Janet aponta para um conjunto de pastas empilhadas. ― Parece que contém informações sobre Sultern.

Martinne se aproxima, examinando os documentos com atenção. A sensação de ser observada intensifica-se, mas ela tenta ignorar.

― Vejam tudo. Quanto mais soubermos, mais perto estaremos de acabar com isso. ― Helan fala, determinada.

As três continuam a busca por qualquer coisa que pudesse esclarecer o por que do jogo.

Enquanto examinam os documentos empilhados, um ruído estranho ecoa pelo lugar fazendo com que as elas se sobressaltem. A lanterna ilumina rapidamente a sala, revelando sombras dançantes nas paredes.

― Isso foi estranho e assustador... ― murmura Martinne, sentindo a tensão no ar.

Janet ergue a lanterna, iluminando um canto escuro da sala onde algo parece se mover. Helan se prepara, pronta para reagir a qualquer surpresa.

― Talvez seja só um animal. ― sugere Delayan, tentando acalmar os ânimos.

Contudo, a sensação de que estão sendo observadas persiste, e elas continuam cautelosas enquanto prosseguem na busca por informações. O lugar guardava mistérios que estacam prestes a se revelar.

Martinne se distancia um pouco das duas e se aproxima de outra gaveta, notando que está trancada. A curiosidade cresce dentro dela.

― Helan, você tem algo que eu possa usar para abrir essa fechadura? ― Austin pergunta, e aguarda enquanto Helan vai até sua mochila, retornando em seguida com uma chave de fenda.

Com a chave de fenda em mãos, Martinne volta à gaveta trancada. Ela observa a fechadura por um momento, determinada a descobrir o que está guardado ali. Com habilidade, ela introduz a chave de fenda e começa a trabalhar para destravar a gaveta, enquanto Janet e Helan observam com interesse, esperando para ver o que será revelado. A sala silenciosa parece sussurrar segredos.

A gaveta cede finalmente ao esforço da garota, revelando documentos antigos e empoeirados. Ela examina cuidadosamente o conteúdo, encontrando informações sobre famílias, eventos passados e detalhes que parecem ter sido mantidos em segredo.

Martinne pega uma pasta com o nome "Evaristo Cooper", o nome para ela parecia ser familiar. Evaristo com certeza era um nome que não se vê todos os dias.

Janet e Helan se aproximam para examinar os documentos, cientes de que cada página pode conter pistas importantes. A tensão daquele lugar se mistura à adrenalina do momento, enquanto elas pegam outros documentos dentro da gaveta.

Martinne devolve os documentos que pegou e de repente encontra o nome "Nora Collins". Um arrepio percorre a garota, e ela pega a pasta. Ao abri-la, examina todas as informações disponíveis. Nora Collins, mãe de três filhos, sendo que o mais velho não morava com ela devido a questões de saúde. Nora era formada em diversas áreas, com um currículo impecável. No entanto, algo chama a atenção de Martinne: uma foto de Nora na delegacia com a placa de seu nome. O arquivo revela que Nora foi responsável pela morte de Mariano Rocheles. Quem diabos era Mariano Rocheles.

Martinne devolve a pasta e volta a mexer nas outras, encontrando algo que menos esperava: uma pasta com o nome de Joseph Austin. Intrigada, ela pega a pasta e a abre. As informações revelam que Joseph está listado como morto há quase seis anos, sua esposa era Rosalie González, que desapareceu muitos anos atrás. Joseph ficou responsável pelos três filhos, sendo que a filha mais velha, Martinne Austin, cuida deles atualmente.

O momento de descobertas é interrompido por um barulho repentino, fazendo as três saltarem de susto. O som ecoa na sala subterrânea, criando uma atmosfera ainda mais tensa e misteriosa. Martinne, Janet e Helan trocam olhares nervosos, conscientes de que tinha mais gente presente naquele lugar.

Elas permanecem em alerta, tentando identificar a origem do barulho. A escuridão da sala subterrânea envolve-as, aumentando a sensação de mistério e apreensão. Cautelosas, as três decidem explorar o local com mais cuidado, preparadas para enfrentar o que fosse que se esconde nas sombras. O suspense aumenta, e a chuva lá fora parece ecoar o clima tenso que permeia cada passo delas.

Enquanto exploram as gavetas e documentos, cada sombra e silêncio tornam-se mais intensos. A lanterna de Helan ilumina detalhes intrigantes nas paredes e prateleiras repletas de pastas. A presença de algo desconhecido paira no ar.

De repente, Janet avista uma porta ao fundo da sala. Intrigada, ela se aproximam, a sensação de que descobertas importantes aguardam do outro lado se intensifica. As três trocam olhares determinados, prontas para desvendar os segredos que aquela porta esconde. O suspense se adensa, e a chuva lá fora parece ecoar o ritmo acelerado de seus corações.

Martinne hesita por um momento antes de abrir a porta. Ela sente a tensão no ar enquanto gira a maçaneta. A porta se abre revelando uma sala adicional, menor e com um odor horrível.

― Porra. ― Helan coloca a manda do casaco e tosse.

Martinne faz uma careta com o cheiro, mas entra, a luz da lanterna revela uma cena inesperada: uma série de quadros com fotos de pessoas, muitas delas conhecidas, como amigos, colegas e até mesmo membros da família de Martinne e de todos os outros jogadores. Cada foto está meticulosamente marcada com anotações, datas e conexões complexas.

― O que caralho é isso? ― Janet pergunta, se aproximando das fotos.

Seus olhos se erguem para o quadro novamente, e ela se surpreende com uma imagem. Era diversas delas no ferro velho, fotos de Martinne com Antonnie, e outras de Halsey e Jessica entrando junto. Martinne arranca a foto de Britney e obseva bem, aquilo não era apenas fotos. Martinne estava começando a entender o que estava acontecendo.

― Acho que já está na hora de irmos. ― Martinne diz para Helan e Janet, que encaram o quadro perplexas.

As amigas trocam olhares enquanto a tensão no ambiente parece aumentar. A sala secreta revela mistérios sobre suas vidas que deixam todas inquietas. Martinne, segurando a foto dela com Antonnie, sente um frio na espinha.

― Vamos sair daqui. ― Janet confirma, consciente do desconforto que paira no ar.

As três começam a se afastar da sala, mas um som ecoa pelo lugar, um som de algo se movendo. A luz piscante revela sombras se movendo pelas paredes, criando uma sensação de inquietude.

― De onde está vindo essa Luz?― Delayan pergunta com surpresa.

A luz misteriosa intensifica-se, iluminando um caminho antes oculto. As sombras ganham forma, revelando uma figura encapuzada no final do corredor. Martinne, Janet e Helan sentem seus corações acelerarem e acabam gritando.

O medo toma conta das meninas ao perceberem a faca na mão da sombra. Seus olhos se arregalam e a tensão no corredor aumenta.

Elas recuam instintivamente, mas a sombra se aproxima lentamente, mantendo a faca visível. A luz misteriosa destaca o rosto encapuzado, revelando apenas olhos frios e determinados. A respiração das meninas fica presa enquanto a figura avança, mergulhando-as em uma sensação de terror.

A sombra finalmente fala, uma voz rouca e desconhecida que ecoa no corredor sombrio.

― Vocês encontraram algo que não deviam. Agora, precisam fazer uma escolha. A verdade ou a segurança. O que será? ― A figura encapuzada aguarda a resposta das meninas, a faca ainda brilhando com a luz.

O coração de Martinne acelera enquanto ela tenta processar a escolha diante delas. Ela troca olhares nervosos com Janet e Helan, todas conscientes de que suas vidas estão prestes a mudar irreversivelmente. A figura de capuz aguarda, imperturbável, pela decisão que determinará o destino delas.

O corredor sombrio parece fechar-se em torno das meninas enquanto a figura de capuz se aproxima com passos lentos. A respiração alta da garotas parecem ser o único barulho evidente do lugar.

Helan e Janet olham apreensivas para Martinne, tentando se comunicar para fazer um plano de fuga. A verdade pode revelar segredos obscuros, mas a segurança oferece um refúgio temporário da ameaça à sua frente. A tensão atinge seu ápice.

Nesse momento tenso, Austin desvia o olhar para a barra de ferro ao lado de Janet, indicando sutilmente uma possível estratégia para enfrentar a figura ameaçadora. O medo e a incerteza pairam no corredor escuro, enquanto elas tentam formular um plano que as deixassem sair vivas.

As três trocam olhares rápidos, delineando um plano improvisado. A figura encapuzada se aproxima delas cada vez mais. Martinne, decidida, sussurra um rápido comando para Janet pegar a barra de ferro.

Com movimentos coordenados, Janet agarra a barra de ferro e avança, enquanto Helan e Martinne permanecem em alerta. A tensão no corredor atinge seu ápice enquanto a confrontação iminente se desenrola, misturando a busca pela verdade com a necessidade urgente de segurança diante do desconhecido.

Janet reuniu toda a força antes de lançar a barra de ferro em direção à cabeça da figura encapuzada. O objeto corta o ar, criando um rastro visual na penumbra. O impacto iminente paira no ar, enquanto a barra de ferro avança na direção da figura.

Porém antes da barra atingir a pessoa, a faca em sua mão atinge Janet. Ela deixa a barra de ferro cair, causando um barulho que ecoou em todas as sala daquele lugar.

Martinne e Helan olham assustadas para aquela situação, quando a faca sai em câmera lenta, deixando o sangue cair e as garotas se darem conta do que estava acontecendo, a faca novamente atinge outra parte de Janet.

Helan ia correndo na direção da garota quando Janet gritou com dificuldade:

― Saiam! Agora!

Com lágrimas nos olhos, Martinne apressou Helan em sair pelas escadas, encontrando a porta do subsolo trancada.

― Dá pra vocês apressarem, pelo amor de Deus! ― Janet exclama com a voz fraca, Martinne consegue ver que a faca sai e atinge mais uma vez.

― Se acalma. Acho que está trancada. ― Martinne responde.

A tensão atinge seu ápice quando Helan, com muita dificuldade, consegue abrir a porta com uma trava especial. Ela é a primeira a sair e ajuda Martinne a escapar.

Assim que elas estavam prestes a fechar, o corpo de Janet é largado com brutalidade no chão e a figura corre para as escadas.

― Precisamos ir, Helan. ― Martinne fala desesperadamente.

― Temos que ajudar ela... ― ela diz chorosa.

― E nós vamos, vou procurar a polícia. Vamos, Helan. Não podemos ficar aqui, ou as próximas seremos nós.

Então veem a porta sendo forçada para se aberta. Helan, com dor no coração, sai correndo deixando Janet lá. As gotas de chuva começam a engrossar junto com os passos das garotas. Elas se aproximam do fusca, entram com rapidez e partem em busca de ajuda.

A estrada se estende diante delas enquanto Helan dirige com pressa em direção à cidade. A tensão no ar é palpável, e Martinne mantém os olhos atentos ao retrovisor, meio esperando que a figura encapuzada apareça a qualquer momento.

― Precisamos chegar à delegacia o mais rápido possível. Janet precisa de ajuda urgente. ― Martinne expressa sua preocupação, olhando para a loira.

― Eu sei, Martinne. Estou indo o mais rápido que posso. ― Helan responde, acelerando um pouco mais.

Enquanto isso, a chuva desaba lá fora, tornando a tarde ainda mais triste, uma frase volta a mente de Austin.

"Eles têm olhos em todos os lugares".

A frase de Britney novamente ecoa pela mente da garota. Tudo parecia fazer sentido agora.

― Droga, Helan. Era óbvio que isso aconteceria. Fomos ingênuas, eles têm olhos por toda Sultern. ― Martinne grita, compreendendo minuciosamente o plano do jogo. ― Fizeram isso de propósito. ― Ela balança a cabeça, incrédula.

― Do que está falando, Martinne? ― Helan desvia o olhar da rua por um momento.

― Eles sabiam que Britney viria atrás de nós e que vocês não acreditariam facilmente nela. Por isso foi fácil conseguir esse maldito caderno. ― Martinne pega o livro e o atira com brutalidade. ― Era uma armadilha desde o começo, Helan. Como fomos tão idiotas? Eu deveria ter percebido. Senti que alguém nós observava o tempo todo.

As palavras de Martinne reverberam no interior do fusca enquanto elas se afastam de Sultern, buscando refúgio no ferro-velho. A chuva intensifica-se, mas a determinação da garota permanece inabalável.

― Não podemos ir para a polícia. Muda a rota e vai para o ferro velho. ― Martinne fala e helan concorda.

Chegando ao ferro velho, surpreendem-se ao encontrar Antonnie, Scarlet, Halsey e Jessica. Todos juntos ao lado de Britney. Eles pareciam tensos.

― O que vocês fizeram? ― Britney se ergue abruptamente, enquanto Antonnie e Halsey a contêm.

― O que fizemos? O QUE VOCÊ FEZ!? ― Helan grita exaltado.

― Onde estavam? E onde está Janet? Não conseguimos contato com nenhuma de vocês. ― Antonnie diz calmo.

― Janet precisa de ajuda ― Martinne afirma.

― O que vocês fizeram, porra?― Britney se altera novamente. ― Seja lá o que fizeram, arrumaram um problema para todos. ― ela puxa o celular e mostra a mensagem que todos receberam igualmente.

"Regras quebradas."

― PROBLEMAS? Que se foda isso. Janet vai morrer em poucas horas. Se já não estiver morta. ― Helan diz, andando de um lado para o outro nervosa. ― Eu deveria ter salvado ela.

― Helan, pelo amor. Você seria esfaqueada também. Pense um pouco. ― Martinne tenta parecer compreensiva.

― O que aconteceu com vocês? E com Janet? ― a voz de Scarlet ecoa.

― Fomos atrás de algumas informações que Britney disse... e encontramos um bunker cheio de papeis e informações sobre tudo e todos. ― Austin tentou falar, mas é interrompida.

― O QUE? ― Britney grita. ― Vocês entraram naquela porra? Não pensam, porcaria? E agora colocaram todos em perigo. Agora sabem que eu tenho contato com vocês. Meu Deus, vamos morrer.

― Eles já sabiam, muito antes do que você imagina. Você fazia parte do plano. Vir até aqui, Britney, era o plano deles. Eles queriam que fôssemos lá. Foi tudo armado. ― Martinne diz no tom que a garota. ― Eles sabem que estamos aqui e que agora sabemos os plano deles, mas não podemos fazer nada, e Janet foi esfaqueada lá, esfaqueada três vezes. Porra três vezes. ― Martinne joga a foto que pegou do quadro e jogou no chão, fazendo todos olhar a foto. Ela se afastou de todos sentando no chão.

― E vocês caíram! Porcaria, agora Janet vai morrer. Deveriam ter me ouvido e ficado na de vocês sem chamar atenção.

― Não culpe nós por não acreditar em você, Britney. Sua história estava mal contada. Como saberíamos que cairíamos em uma armadilha? ― Helan diz.

― Vocês foram burras em confiar nisso. Agora todos estão em risco por causa da impulsividade das três. ― Britney resmunga.

― Não podemos perder tempo culpando uns aos outros. Precisamos encontrar uma solução para salvar Janet e todos nós. ― Scarlet sugere, tentando acalmar os ânimos.

― Não tem como salvar Janet. Se a esfaquearam ela, nesse momento deve estar morta. Ela vai morrer, independente do que for, ela vai morrer. ― Britney diz passando a mão nos cabelos.

― Como não tem jeito de ajudar? ― Helan pergunta nervosa.

― É. Janet está morta desde que entraram lá e anseio que vocês também. Porra, agora vocês não estão mais seguras. ― Britney fala, deixando evidente o resquícios de nervosismo.

― Do que está falando? ― Martinne questiona confusa, e a garota permanece em silêncio. ― Vamos, Britney, conte por que não estamos seguras? ― ela insiste.

A garota bufa e se acomoda nas antigas cadeiras de carros, capturando a atenção de todos os adolescentes.

― Eu sou Brianna McLean. ― Britney revela, evitando encarar os jovens.

Martinne arregala os olhos em surpresa.

― Brianna McLean? Quem é essa? ― Halsey pergunta.

― A garota que desapareceu nos jogos de 2018. ― Martinne e Scarlet dizem em uníssono. Um olhar compartilhado entre elas, mas sem sorrisos.

― Brianna foi para nadar no rio e nunca mais voltou. ― apenas Scarlet prossegue. ― Foi um dos casos mais misteriosos da época, pois tudo relacionado a Brianna havia desaparecido. Não havia corpo, fotos, nem paradeiro, era como se tudo estivesse tudo minuciosamente planejado para ninguém descobrir. ― Um arrepio percorre Martinne, relembrando o quão perturbadora essa história era na época.

― Você está dizendo que é essa garota, então? ― Helan pergunta, desacreditada.

― Não estou dizendo, estou afirmando. Eu participei do jogo, mas acreditem se quiserem, nossos desafios eram pesados. Sempre fui de fazer tudo que me dava na telha, e não seria um jogo que me controlaria. Então, um dia, desafiei todos eles. Eu testei até onde eles conseguiam ir, mas fui para o rio e nunca mais vi minha mãe nem meus irmãos. ― Britney faz uma pausa. ― Fui cobaia dessa porra por quatro anos. Quatro dolorosos anos. Quando tive a oportunidade de finalmente ser livre, eu teria que escolher um de vocês para ir ao meu lugar, mas não poderia permitir que alguém passasse pelo que eu vivi. Iria ser livre, mas com o peso de uma vida nas mãos. ― A garota parecia querer chorar, suas mais tremiam e todos encaravam a situação com pena.

― E Steve...? ― Jessica pergunta pela primeira vez.

― Quando descobri que os adolescentes mais riquinhos de Sultern iriam participar. ― ela apontou com o nariz para Antonnie, Scarlet e Jessica. ― Eu vi minha oportunidade. Consegui me esconder por um ano, pulando de bairro em bairro. Infelizmente, dei o azar de me encontrar com Steve. Ele se achava o dono do mundo, foi fácil conseguir o que eu queria. Apenas dei o que queria, e ele abriu portas que ajudaram meu mundo. ― ela limpa as lágrimas e da um risada amarga. ― Ele ficou obcecado por mim, pensou que iríamos ser como um casal de criminosos. Mal sabia ele que eu só usava sua obsessão para me manter segura. ― Britney continua, revelando mais da sua história.

― Você usou o Steve? Sua puta! ― Jessica se alterou, fazendo todos a encarar estranho.

― Você abriu as pernas para ele de graça. ― Halsey respondeu com raiva fazendo a morena se calar.

― Não tinha intenção de prejudicar nenhum de vocês, só precisava de ajuda para chegar em vocês, E foi fácil, Martinne era a única que não tinha segurança na cola. ― Britney se levanta. ― Não posso mais ficar aqui. Todos vocês vão morrer porque são adolescentes impulsivos e idiotas, é isso que o jogo quer de vocês seus riquinhos mimados. Antes de morrerem, vão sofrer muito. Martinne, acredita mesmo que se seguir as ordens deles, seus irmãos estaram seguros? ― Britney pergunta a Martinne, aguardando a resposta.

― Eles garantiram que sim.

― É mentira. Vão torturar você até o fim, e seus irmãos são a ponte para isso, nenhum de vocês nunca mais estaram seguros. Mesmo que saiam vivos dessa merda, isso nunca acaba. Seus irmãos serão os próximos, seus filhos, os filhos dos seus filhos, seus primos, seus amigos. Não tem fim, porque não é apenas um jogo comandado por uma pessoa, são diversas. Vocês quebraram a cara quando descobrir que até seus pais podem estar por trás disso.

― Nossos pais? O que quer dizer? ― pergunta Halsey, tentando compreender a profundidade da situação.

― Esse jogo é uma manipulação, uma experiência macabra que transcende gerações. Criaram para ter o nosso controle. Querem punir vocês pelos seus erros. Como se fôssemos peões em um tabuleiro cruel, onde cada movimento deles nos leva para mais perto da morte, mas nunca para perto do fim de acabar. ― Britney expõe, com um olhar pesaroso.

― E o que podemos fazer para escapar disso? ― indaga Martinne, buscando uma solução.

― Não tem jeito. Mas não deem a eles o controle total. Tentem encontrar uma brecha, uma maneira de virar o jogo contra eles. ― Britney sugere, seu semblante determinado.

Após suas palavras, ela encerra sua fala e se retira da oficina, deixando os adolescentes para trás.

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Até o próximo...

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