MUNDOS CRUZADOS

By eusoulouiedeluna

936 266 1.5K

"O Trio" é como elas são chamadas. Ou eram. Nada era páreo para elas até que um dia têm que se separar. Haydé... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
AVISO

Capítulo 6

57 20 130
By eusoulouiedeluna

Rieka estava escondida nas sombras aguardando o momento certo, como fez em toda a sua vida. Tinha que ficar ali até a hora de sair. Ela só não sabia quando seria isso.

No momento, o lugar estava lotado de gente, principalmente guardas, e todos estavam espalhados.  Rieka podia ficar invisível se prendesse a respiração, mas alguém poderia esbarrar nela e arruinar tudo. Aí ela seria presa, torturada, condenada por um julgamento falso - ela já estaria morta no momento em que fosse pega - e executada em praça pública na frente de dezenas de pessoas. Não era exatamente uma cena agradável.

Quando a saída estava relativamente vazia, ela se esgueirou rapidamente para fora. Teve que voltar a ficar visível pois seu fôlego tinha acabado incrivelmente rápido. Felizmente, não havia ninguém à vista. Rieka pôs o capuz do manto na cabeça e começou a andar para longe dali.

Do lado de fora da passagem secreta, Rieka observou se tinha alguém, mas não. Ótimo. Até aquele momento, tudo estava indo conforme o combinado.

Porém, a parte final e mais complicada do plano, ir embora, ainda não tinha sido concluída.

Entrando no primeiro cômodo destrancado, ela tirou a saca das costas e, de dentro, tirou roupas velhas roubadas de uma serva aleatória e uma touca branca para cobrir seu cabelo roxo. Cabelos de cores incomuns eram típicos do povo dela.

Ela guardou as roupas que usava antes e o mato e, ao sair, fechou a porta do cômodo sem fazer barulho. No caminho para o portão, as pessoas a ignoravam e ela teve que se segurar para não revirar os olhos e bufar. Não têm uma grama de neurônio, pensou. Mesmo assim, manteve o olhar para a frente ao portão onde havia dois guardas de prontidão.

Quando Rieka foi atravessar o máximo de atenção que lhe deram foi um olhar de esguelha. Fora isso, foi como se uma brisa tivesse passado e não um ser humano.

Do lado de fora, três garotas a esperavam sentadas em montes de tijolos. Uma delas deu um breve sorriso para ela e fez sinal para as outras se levantarem. Juntos, as quatro se puseram a andar.

- Como foi? - perguntou Ammie, sussurrando.

- Fácil até demais - respondeu Rieka, sem mexer a boca. Pararam de falar pois vinha passando um pelotão. Assim que se foram e o grupo de Rieka voltou a andar, ela passou a olhar ao redor. As roupas das pessoas iam de vestidos remendados a túnicas com bordado de filigrana e botas listradas de couro, com certeza muito caras.

Nunca deixava se perguntar como tinham deixado que chegasse a esse ponto. O povo dela dividia igualmente suas moedas e pertences, a não ser que fossem muito pessoais. Na verdade, elas não tinham tanto o que dividir. Foram tão caçadas que certas coisas tinham se tornado artigo de luxo.

Eram as bruxas, afinal. Perseguidas, torturadas, presas, assassinadas. Ordens da imperatriz Fernan assim que ascender ao poder.

Rieka nunca conseguiu entender de verdade essa perseguição, mas acreditava que tudo isso acontecia porque podiam fazer coisas que pessoas normais, chamados de comuns, não podiam.

Isso não era exatamente uma novidade, porém. A humanidade sempre odiou o que é diferente e que não entendem, mas que nunca tentaram fazê-lo.

Por que tentar acabar com o preconceito se ele proporciona a manutenção do poder e dos privilégios?

Uma bruxa não podia andar sozinha ou sem esconder quem é sob pena de alguém a flagrar e fazer sabe a Lua o quê.

Por isso as mais velhas, as Anciãs e a Suprema, decidiram que o melhor seria se esconder e recitar preces até que o mundo fosse um lugar mais justo e escolhedor para todos. Todavia, palavras e orações por si só nem sempre funcionam como a ferramenta salvadora dos fracos e oprimidos. Muitas vezes, é preciso agir e tomar atitudes que vão deixar marcas na pele sensível da sociedade.

Então, Rieka juntou algumas pessoas que estavam dispostas a lutar e formou um grupo.

Formado por um total de doze pessoas, ele se dividia quando era preciso para certos momentos - afinal, seria suspeito essa quantidade de gente junta num lugar só.

Infelizmente haviam características que as distinguiam dos comuns: seus dedos mais longos e cabelos de cores diferentes, por exemplo. Enquanto o de Rieka era de um roxo intenso, o de Ammie era rosa; Vanna tinha fios prateados e Erilyn, ou simplesmente, Erin, tinha os seus da cor da esmeralda mais bela que já foi encontrada. Tinham algumas outras cujos cabelos eram de cores mais comuns como castanho e loiro, mas só aquelas que eram fruto de uma relação entre uma bruxa e um comum - pelo método tradicional, sabe como é - enquanto as outras eram concebidas por meio da magia.

As quatro formavam o grupo principal, com Rieka como líder e Vanna como sua vice. Na mesma medida que a primeira representava o intenso da escuridão a segunda era o brilho poderoso da luz.

De repente, elas param. Um grito de dor ecoou.

Rieka olhou ao redor, mas não era possível ver de onde o som vinha.

Gritaram de novo.

- Por ali - Vanna apontou para uma rua estreita e elas mudaram o percurso para lá. Assim que chegaram, tinha lá uma pequena multidão formada ao redor de um cadafalso de madeira.

Uma mulher estava amarrada sobre um bloco de pedra.

A parte de cima do seu corpo estava e as costas delas, rasgadas. Seu cabelo vermelho cereja estava solto e cobria seu rosto quase completamente, mas ainda era possível ver o suor se acumulando. Um homem de túnica e capuz que deixava apenas os olhos de fora estendia um chicote de couro mais uma vez e acertou a mulher por cima dos machucados abertos.

Apesar disso, ela não gritava. Muito pelo contrário, se mantinha calada como se a boca tivesse sido costurada. Os gritos, na verdade, vinham das pessoas que assistiam.

Rieka podia sentir uma força emanando da mulher, intensificando a raiva dela pelo que estava acontecendo.

- É uma bruxa - sussurrou para as outras três - Precisa ser salva imediatamente.

A bruxa se aproximou de uma mulher idosa e perguntou:

- O que está acontecendo?

A idosa tinha um certo sadismo nos olhos quando respondeu:

- Aquele demônio ali estava fazendo coisas maléficas quando acharam ela. Disseram que falava coisas profanas. Coisas que vão contra o Senhor.

Rieka inspirou para se acalmar. Se eu meter o murro na cara dessa velha vai dar problema, pensou.

- A senhora sabe o que seriam essas coisas?

A mulher franziu a testa e suas muitas rugas se acentuaram. Lembrava muito uma fruta murcha.

- Ora, é claro que não! Como é que eu saberia o que os demônios dizem? Sou uma mulher devota até os ossos! Não me misturo com esse tipo de coisa! - e saiu, batendo os pés no chão.

Rieka teve que fazer força para não revirar os olhos e dizer algo que iria estragar o plano, por isso apenas respirou fundo e se afastou.

Então ela foi pega usando magia, ela pensou, nesse caso, vou salvá-la com o que a condenou.

A bruxa fez sinal para que as outras a seguissem e começou a andar e a empurrar as pessoas, até parar diretamente na frente do palanque.

Arrancou a touca e balançou a cabeça para que as mesas se esphassem e descessem em cascata pelas costas. Não precisava olhar para trás para saber que Ammie, Erin e Vanna estavam fazendo o mesmo.

Ela fechou os olhos e se concentrou. Escavou dentro de si e, quando abriu os olhos, enviou uma onda de luz solar para todas as direções. As pessoas ao redor caíram e as chicotadas pararam, mas mesmo assim a mulher não olhava para ela.

No entanto isso não importava, desde que conseguissem levá-la embora dali em segurança.

O homem que segurava o chicote, um carrasco, olhava-a com ódio e fez sinal para chamarem outros, certamente pensando que iria conté-las. Ledo engano. Quando deram alguns passos para se aproximar, foram varridos dali por uma lufada poderosa de vento que era uma combinação das forças de Ammie, Erin e Vanna. O carrasco ficou assustado e Rieka sentiu uma enorme satisfação com aquilo.

- Todos nós cometemos erros, isso é fato - disse enquanto subiu os degraus do cadafalso - Mas o pior de todos é o que se comete contra uma bruxa.

Então, ela sacou uma adaga que estava escondida e prendeu a respiração, ficando invisível.

O carrasco largou o chicote e olhou para os lados, procurando por ela. Rieka tinha anos de prática prendendo o fôlego, mas era sempre chega e grossa nesse aspecto, nunca desperdiçando seu poder com coisas que não precisavam.

Desta vez, porém, ela precisava agir devagar para que suas colegas soltassem a mulher e tirá-la de lá sem serem notadas.

Rieka avançou e fez um rasgo na parte da frente da roupa do homem, que atacou, mas acabou não acertando nada pois a bruxa era ágil e já tinha se desviado.

Ela acertou um pontapé nas costas dele, que caiu de cabeça no chão. Pelo canto do olho, viu que a mulher já não estava mais amarrada. Então, soltou a respiração e puxou o homem para que virasse e olhasse para ela, diretamente nos olhos. Ele estava zonzo e parecia fazer um grande esforço para não ficar inconsciente.

- E é o tipo de erro que só se comete uma vez - e cortou a garganta do homem.

Quando a bruxa se levantou e olhou ao redor, restavam apenas Vanna, que segurava a mulher no colo, Ammie e Erin.

- Vamos embora daqui. - Rieka disse. Ela embainhou sua adaga e saiu sem olhar para trás.

******
Hello! Tudo bem com vocês? O que acharam?

Não esqueçam de deixar uma curtida :)

Perguntinha: o cara do chicote merecia uma surra, sim ou claro?

Continue Reading

You'll Also Like

25.2K 2.4K 57
são só imagines da Deusa Paola Carosella
66.1K 7.3K 45
𝐖𝐈𝐍𝐆𝐒 | Conta a história de Alyssa Targaryen, sua emancipação, erros, atos de rebeldia e fidelidade. Como lutou pelos seus ideais, por sua honr...
26.8K 118 14
[C O N T O S] ❍ [ E R O T I C O] ❍ [ E M A N D A M E N T O] Ah eu acho que enganei os curiosos. Se perca no prazer. Quando as luzes se apagam, é...
47.6K 5.5K 50
Harry Potter ( Hadrian Black ) recebe sua carta para Escola de Magia e bruxaria de Hogwarts , mas as dores e abusos de seu passado o tornam diferente...