Capítulo 8

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Com muita dificuldade, ela sentou e as encarou.

- Meu nome é Hara. Quem são vocês e por qual motivo me trouxeram para cá? - Hara olhou para baixo e franziu a testa - E por que isso está em mim?

Thalassa deixou as ervas de lado e se aproximou devagar.

- Olá, Hara - ela abriu os braços num gesto de boas-vindas - Você está com as bruxas e está segura.

Hara tocou as ataduras no corpo.

- Não consigo me lembrar o que houve exatamente.

Rieka pegou um banco de madeira para perto da outra e se sentou.

- Você estava sendo chicoteada. Tem certeza de que não se lembra disso?

A expressão de Hara tornou-se mais suave por um momento, para, depois ser substituída por raiva.

- Ah, sim. Aquele maldito. Todos eles. Tolos. Eu não estava fazendo nada demais, só que vocês sabem como são as pessoas mundanas. Não podem ver nada diferente que já querem acabar com aquilo, mesmo que não seja nada errado.

As outras duas bruxas se entreolharam e imediatamente se sentiram pra baixo. Rieka e Thalassa sabiam muito bem o significado e o peso daquelas palavras.

- Então a sua mãe te abandonou, Hara?

- Sim - Hara respondeu - Fui criada pelo meu pai, mas ele faleceu na bastante tempo. Ele sabia sobre as origens da minha mãe, mas nunca quis dar muitos detalhes sobre ela. Era muito doloroso reviver as lembranças.

- Lembranças geralmente são dolorosas de se reviver, mesmo as felizes - Thalassa disse, olhando para o vazio - Se não são de imediato, tornam-se depois que compreendemos que aquilo nunca mais voltar.

Hara sorriu.

- O que você acabou de dizer é forte. Aposto que tem muitas coisas na sua cabeça para ter um pensamento desse.

Por um momento, Rieka se sentiu culpada. Sabia que algumas dessas coisas foram causadas por ela, mesmo que não tivessem sido intencionais. Ela não podia fazer muito no momento, no entanto, uma vez que Thalassa ainda nutria sentimentos pela bruxa de cabelos roxos e qualquer ato poderia ser interpretado como uma tentativa de reatar.

Ela levantou do banco e pigarreou.

- Então, eu...vou... - Rieka gaguejava tanto que parecia que as palavras não queriam sair da boca - Com licença - e saiu, antes que falasse alguma besteira.

A bruxa saiu à passos apressados. Coçava a cabeça de nervosismo. Sabia que o motivo disso era Hara, mas o que, exatamente, a deixava assim?

Ela continuou andando sem olhar para a frente até que trombou em alguma coisa, e teria caído no chão se não a tivessem segurado pela cintura.

- Que bom que te encontro - era Vanna - Vamos logo, pelo amor da Lua. Todas estão me enchendo de perguntas sobre o que você fez e quem é essa estranha que você trouxe.

O grupo gostava de se encontrar na floresta, onde, ao mesmo tempo, cuidavam das plantações e do pomar - a alimentação das bruxas era totalmente vegetariana, pois consideravam os animais como seus aliados da natureza. No meio, havia uma clareira não muito espaçosa em que as outras estavam espalhadas o máximo que lhes era permitido, aparentemente esquecidas das obrigações. Saber das novidades com certeza era mais importante.

Quando Rieka aparece, todos os pares de olhos se voltaram para ela. Antes que pudessem falar, Vanna estendeu a mão direita e pediu silêncio.

- A líder fala primeiro, depois vocês perguntam - disse, e se afastou para um canto.

Rieka deu alguns passos mais para o centro e pigarreou, se preparando para falar. Sentindo que era a milésima vez que contava a história só naquela dia, relatou-a novamente.

A última frase mal havia saído de sua boca e um turbilhão, praticamente uma balbúrdia, começou. Parecia que o grupo, além de ter esquecido de manter a ordem, havia se multiplicado e agora eram centenas. Rieka assoviou e todas se calaram instantaneamente.

Uma bruxa de cabelos cacheados e de um tom claro de rosa chamada Bitna, levantou.

- Essas são as únicas informações que temos sobre essa...Hara?

- Exatamente - a líder respondeu - Estamos esperando que se recupere o máximo possível para que possamos fazer um interrogatório formal.

As outras assentiram e trocaram olharam, parecendo conformadas. Todas escutavam Rieka em qualquer situação.

Vanna levantou a mão do canto em que estava, praticamente escondida.

- O que vamos fazer em seguida? Tem alguma resposta daquela Haydée?

A algazarra explodiu outra vez. Erin assoviou para tentar manter a ordem. A discussão que se seguiu foi tamanha que foram necessárias quase duas horas para que se lembrassem dos outros deveres.

Mais tarde, Rieka se revirava na cama, tentando dormir. As tentativas foram inúteis, já que não conseguia parar de pensar em Hara e em como era bonita e tinha um brilho desafiador nos olhos. Até a maneira de falar parecia que ela estava perguntando quem se atreveria a mexer com ela.

Rieka riu de si mesma. Nunca tinha perdido o foco tão facilmente antes e não podia acreditar em como estava sendo extremamente boba. O objetivo maior e principal era conseguir direitos e liberdade para bruxas. Nada mais que isso. Amor e qualquer coisa parecida deveriam ficar nos últimos planos.

Mas será que eu já estou amando uma pessoa que mal conheço? , ela se perguntou quando suas palavras finalmente estavam comevandoa e o sono a vir lhe abraçar.

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Hello! Tudo bem com vocês? O que acharam?

Não esqueçam de deixar uma curtida :)

Perguntinha: será que a mãe de Hara era alguém importante?

*Este capítulo eu dedico à minha namorada, por quem eu me apaixonei à primeira vista e sigo amando cada vez mais.*

MUNDOS CRUZADOSWhere stories live. Discover now