Estúpido Cupido! ⁿᵒᵃⁿʸ

By graywson

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【 adp. 𝗻𝗼𝗮𝗻𝘆. +💘 】 Para onde vamos quando morremos? Essa é uma pergunta que todo mundo já se fez em al... More

Prólogo - parte 1
Prólogo - parte 2
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Epílogo

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By graywson

NOAH U.

Era difícil tentar imaginar o que a Vanessa fazia ali na empresa. Meus sentimentos estavam confusos e eu não sabia como agir. A única coisa que eu poderia fazer era ouvir.

— O que você faz aqui? — perguntei.

— O meu chefe decidiu abrir uma filial nos Estados Unidos e vai ficar aqui por alguns meses, então eu estou aqui também.

— Temporariamente. — completei como se precisasse confirmar aquela informação.

— Isso. — assentiu. — Pensei em vir te ver. Não sei se isso foi uma boa ideia, mas eu sinto como se nós não tivéssemos colocado um ponto final digno para nós dois, então achei que poderíamos ter uma conversa pacífica agora.

— Sobre o que, Vanessa? Você ficou longe por anos, as coisas mudaram.

— Eu sei e eu entendo. Só quero ter certeza de que você não guarda nenhum sentimento ruim por mim.

— Sentimento ruim? Eu amava muito você. Não fiquei bravo por você ter ido embora, eu entendo que você precisava e agora, depois que o meu pai me fez algumas revelações, entendo que você escolheu ir sozinha porque estava pensando em mim.

— Uau. — ergueu as sobrancelhas em surpresa. — Pelo que seus pais me relataram quando nos vimos na Rússia as coisas não pareciam estar indo tão bem pra você.

— Como eu disse, as coisas mudaram. Não se preocupe com o que eu penso sobre você, está tudo bem. — fui sincero.

— Isso é ótimo. — ela não falou aquilo com tanta firmeza, talvez ainda estivesse confusa sobre se realmente pensava assim. — Então eu acho que não será estranho se eu te chamar para um café. — sorriu suavemente. — Está livre amanhã?

Confesso que aquele pequeno sorriso me fez sentir algo como um formigamento. Talvez eu não tivesse colocado um ponto final definitivo na minha história com a Vanessa, mas isso era apenas uma especulação. Além do mais, eu notei que ainda era difícil para mim dizer não para ela.

— Sim, estarei livre. — respondi positivamente.

— Perfeito! — sorriu ainda mais. — No Ofelia's. O mesmo horário que costumávamos ir.

— Combinado. — assenti e sorri de canto.

— Antes de ir... — mirou o chão como se estivesse tímida. — Eu posso te dar um abraço?

— Ah... Eu acho... Bem... — cocei a nuca. — Ok. Um simples abraço. — eu disse mais para mim mesmo.

Dei a volta na minha mesa e Vanessa caminhou a passos cuidadosos até mim. Ela era tão baixinha quanto eu me lembrava e eu não sei porque notei, mas ainda usava o mesmo perfume.

Ela passou as mãos em volta do meu corpo e colocou sua cabeça contra o meu peito, como sempre fazia quando costumava me abraçar antes. Segundo ela, assim era mais fácil, pois eu era mais alto e seus braços precisavam de um certo esforço para alcançar meus ombros. A abracei de volta, passando minhas mãos por suas costas e apoiando meu queixo no topo de sua cabeça.

Ainda éramos um encaixe perfeito.

— Até amanhã, Noah. — ergueu a cabeça sem me largar e ficou nas pontas dos pés, depositando um beijo em minha bochecha.

Quando ela se afastou e saiu da sala, eu fiquei com aquela sensação confusa no peito. Me senti bem com aquele abraço, fiquei feliz em vê-la e de certa forma isso me deixou levemente emocionado, mas isso não era nem de longe parecido com o que eu sentia antes. Tudo era muito intenso quando se tratava da Vanessa e agora tudo era só... confuso.

Como era o horário de almoço, eu me preparei para sair. Assim que cruzei a porta da minha sala, estranhei ao ver Any ainda em sua mesa olhando diretamente para a minha porta como se estivesse me esperando.

— Você não saiu mais cedo como eu disse para fazer? — perguntei.

— Eu ia almoçar com a Heyoon, mas achei que talvez você fosse querer companhia. Então, quer que eu peça algo naquele restaurante francês que você gosta? Posso pedir uns cupcakes de sobremesa. — sorriu esperançosa.

— Isso é muito legal da sua parte, Any, mas... — foi só eu dizer esse "mas" que o sorriso dela morreu. — Eu marquei um almoço com o Josh e não posso cancelar.

— Certo. Ok. Tudo bem. — desviou o olhar.

Eu sabia que ela estava incomodada e também sabia o porquê. Minha ex namorada acaba de deixar a minha sala e eu percebi como Any fez o possível para não deixá-la entrar.

— Ela só veio garantir que eu não a odeio. — expliquei. — Não foi nada demais.

— Você não precisa se explicar, eu não te questionei sobre isso. — ficou séria.

— Eu sei, mas eu acho necessário deixar claro.

— Ok. — assentiu.

— Eu e você podemos almoçar amanhã, certo?

— Amanhã. — concordou, abrindo um sorriso fraco.

Pensei em me aproximar e me despedir com um beijo, mas o clima estava estranho demais para isso. Apenas acenei com a cabeça e fui até o elevador.

Almoçaria com Josh em um restaurante próximo da empresa e ele me garantiu que tinha notícias sobre a Any. Eu estava nervoso para o que iria ouvir, mas tentava me manter consciente e sempre pensando no quão bem eu me sentia perto dela. O problema era que com a aparição de Vanessa todas essas minhas questões amorosas voltaram a ser um mar de "talvez".

Já no restaurante, Josh jogou para mim uma única folha referente à universidade onde Any havia se graduado. Eu li aquilo brevemente, não entendendo a importância.

— É isso? — franzi a testa. — Não parece muita coisa.

— Exatamente. Não é muita coisa. É a coisa mais antiga que existe sobre ela em qualquer lugar da cidade onde ela diz ter crescido. É como se a Any tivesse surgido do nada na faculdade.

— Pelo que ela me contou, seus pais não eram muito adeptos a coisas contemporâneas.

— A ponto de não registrarem o nascimento da própria filha em um cartório? — franziu a testa. — Isso é absurdo! As únicas coisas sobre ela são os registros da universidade e os lugares onde trabalhou após se formar. Qualquer coisa antes disso é inexistente.

— Antes disso ela era uma adolescente, então com o que eu deveria me preocupar? — dei de ombros. — Acho que está tudo bem.

— Está tudo bem namorar uma garota que cresceu com uma família fantasma? — riu. — O nome que ela tem hoje pode nem ser real.

— De qualquer forma, eu não vou apontar dedos na direção da Any. Chega de perguntas difíceis. Ela pode ter bons motivos para tudo isso e pode não estar pronta para revelar. Sabe-se lá o que ela passou, certo? — me mantive calmo quanto aquilo.

— Por que está tão paciente? Nem parece você. — Josh me olhou com curiosidade. — Tem alguma coisa ocupando a sua cabeça?

— Bem... — pigarreei. — Talvez a Vanessa aparecendo do nada no meu escritório.

— O que!? O que ela faz aqui?

— Alguma coisa sobre uma filial americana. — suspirei. — Ela vai ficar alguns meses.

— E a primeira coisa que ela fez foi te procurar? — pareceu surpreso.

— Sim. Nós vamos tomar café da manhã juntos amanhã no Ofelia's.

— Noah, isso não parece muito bom.

— Por que não?

— Porque ela significava muita coisa pra você. Essa mulher fodeu com a sua cabeça e você custou muito a confiar em alguém do sexo oposto de novo. Não quer recomeçar isso, quer?

— Eu não vou recomeçar nada, vai ser só um café da manhã.

— E depois disso vai ser só um jantar, só uma troca de mensagens, só uma ligação, só um beijo... E aí ela vai estar na sua cama e na sua vida de novo.

— Ela vai embora em alguns meses, então não vejo como eu poderia cogitar em fazer isso. Além do mais, a Any está na minha vida agora e eu não vou descarta-la só porque a Vanessa achou que esse seria um bom momento para me ver.

— Por que você só se apaixona por mulheres complicadas? — suspirou.

— Bom, eu sou complicado. — sorri fraco.

[•••]

ANY G.

Quando acordei naquela manhã, havia uma mensagem de texto de Noah avisando que iria chegar pelo menos duas horas atrasado à empresa e que eu não deveria me preocupar em chegar tão cedo. Ele não disse o que iria fazer, o que me deixou muito curiosa e preocupada.

Sei que desde que começamos a sair o meu cargo de assistente pessoal era praticamente inexistente, mas havia o motivo de que estávamos sempre juntos e que Noah me tratava tão bem que era incapaz de pedir que eu fizesse qualquer coisa para ele. Mas agora ele estava distante e nem mesmo o trabalho me fazia sentir próxima dele.

Como ainda estava muito cedo, levantei para preparar o café e sentei na janela da cozinha, observando o resto do nascer do sol no horizonte. Será que eu sentiria falta disso quando estivesse no limbo? Eu seria capaz de sentir qualquer coisa naquele lugar? Pensar nisso me fazia ver o quanto eu já estava aceitando essa realidade.

— Bom dia! — a voz alegre de Jack invadiu a cozinha.

— Mal dia. — respondi com desânimo, dando um gole em meu café.

— Gostei desse humor! — sorriu. — O que aconteceu de ruim? — foi até a cafeteira e se serviu de uma xícara.

— A Vanessa, ex namorada do Noah, resolveu voltar para dizer oi. — suspirei. — Ele estava superando ela, mas não superou totalmente. Agora que ela está de volta eu aposto que vai ser bem difícil estar perto dele.

Jack caminhou até mim e pousou sua mão em meu joelho.

— O passado às vezes não fica no passado.

— Os fantasmas batem à porta para azedar as coisas. — completei com um sorriso sem humor. — Agora eu entendi. Ela vai foder tudo, não vai?

— De muitas maneiras. — desviou o olhar sugestivamente.

Bufei e joguei a cabeça para trás, o que foi uma péssima ideia porque eu bati com força contra o batente da janela.

— Puta merda! — reclamei colocando a mão atrás da cabeça.

— Eu amo desgraças matinais. — riu.

— Cale a boca, Azazel! — me irritei e imediatamente o demônio ficou sério e quieto. — Acho que eu vou fazer uma corrida pra relaxar. — desci da janela e deixei a minha xícara vazia na pia. — Vou aproveitar minhas duas horas de folga.

— E eu vou ao parque tentar deixar algumas pessoas tristes.

— Boa sorte com isso.

[•••]

Com meus fones em um volume alto, eu tentava afastar os pensamentos ruins, fazendo com que o exercício físico descarregasse a energia negativa que eu vinha acumulando. Sentindo que era o suficiente, eu resolvi voltar para casa e me arrumar para ir à empresa.

Estava passando em frente ao Ofelia's Coffee quando pensei em comprar alguns cupcakes para o Noah. Agradá-lo com doces era uma das minhas últimas cartadas.

Mas eu me arrependi assim que passei pela porta da cafeteria. Parei na entrada olhando diretamente para uma das mesas que estava a pelo menos cinco metros de mim. Nela estavam Noah e Vanessa. Os dois riam enquanto conversavam. Ele se inclinava na direção dela e ela tocava o ombro ou o cabelo dele sempre que podia. Eram gestos claros de atração.

Não consegui me mover e até senti meu lábio inferior tremer como se eu estivesse prestes a chorar. Então essa era a coisa importante que o obrigou a adiar suas horas de trabalho? Ele decidiu sozinho que não queria mais sair comigo e por isso não me avisou que teria um encontro com outra mulher? E tinha que ser justo a única mulher para quem ele já declarou o seu amor?

Vanessa levantou da mesa e pediu licença provavelmente para ir até o banheiro. Como ela saiu de seu campo de visão, Noah podia me ver. Assim que seus olhos chegaram em mim ele ficou muito sério, quase pálido. Nenhuma outra ação foi feita e sua expressão permaneceu daquela maneira até eu me virar e resolver sair daquele lugar.

Coloquei a música no máximo em meus fones e iniciei uma nova corrida enquanto deixava as lágrimas rolarem por meu rosto. Eu poderia dizer que estava muito triste, mas também havia a raiva. Não seria eu se eu não ficasse com raiva. Uma ova que eu iria entender os motivos do Noah e dane-se se eu precisava dele para salvar a minha alma. No momento, eu preferia que ele fosse à merda.

As pessoas avisavam quando queriam terminar com alguém ou eu estava presa no século XX sobre isso? Não era possível que alguém tolerasse tal coisa, independente da época.

Quando entrei em meu apartamento, Jack estava arrumando sua gravata em frente ao espelho. Ele olhou para mim com a testa franzida quando notou que eu estava chorando.

— Quem fez isso com você? — perguntou.

— O idiota do Noah! — gritei com raiva. — Ele estava tomando café da manhã com a Vanessa! É isso? Ele vai me dispensar sem aviso prévio? Eu o deixei tão puto assim com os meus segredos!? — respirei fundo. — Eu tenho que me acalmar... — tentei diminuir o tom de voz.

— Se acalmar? Não, não, não. — negou com a cabeça. — Coloque toda a sua Ira para fora. Grite, xingue, arremesse alguma coisa se quiser. — ele foi até a janela da sala e a abriu. — Se quiser jogar algo pela janela há grandes chances de acertar a cabeça de alguém. — falou com animação.

— Eu vou ficar só com a parte dos gritos e palavrões. — eu disse com certa estranheza.

— Estou ouvindo. — sorriu largamente.

Tomei fôlego e comecei a gritar palavrões diversos, direcionando minha raiva ao Noah. Falei coisas que jamais cogitei em dizer antes – e olha que eu sempre tive uma boca porca. Quando acabei, soltei um suspiro longo e aliviado.

— Isso foi maravilhoso! — Jack aplaudiu com alegria. — Sim, você tem tanto potencial! — chegou perto de mim e fungou, me cheirando. — Poucas pessoas conseguem exalar tanta Ira.

— Não tenho tempo para os seus assuntos sombrios. Vou tomar um banho e ir trabalhar.

[•••]

Ele ainda não estava lá quando eu cheguei e eu não sabia como agir quando ele aparecesse. Bom, enquanto eu não descobria, a primeira opção era ser indiferente. Aquele era meu local de trabalho e eu deveria agir como tal.

Quando ele entrou na minha sala, meu sangue ferveu e eu lutei contra aquele sentimento rancoroso. Noah parou do outro lado da mesa e me olhou com a expressão séria, mas havia um resquício de outra coisa ali. Vergonha talvez? Eu me envergonharia também.

— Bom dia, doutor Urrea. Precisa de alguma coisa? — falei formalmente.

— Preciso conversar com você.

Respirei fundo e me recostei contra a minha cadeira.

— Eu acho melhor não fazermos isso na empresa. Isso pode atrapalhar o nosso desempenho e não deveríamos misturar as coisas.

— Só está dizendo isso porque está chateada comigo.

— Isso não é verdade.

— Essa regra não existia quando eu fodi você em cima da minha mesa.

Meu rosto esquentou e eu tive certeza de que estava vermelha.

— Eu preciso trabalhar e o doutor também. — insisti.

— Para com isso, ok? Não deixe o seu pavio curto falar mais alto. Vanessa e eu estávamos apenas tomando café da manhã. Só isso.

— Isso não é da minha conta, mas se você tivesse o mínimo de respeito por mim deixaria claro em que ponto nós dois estamos. Você não quer mais sair comigo? Eu ainda sou a sua assistente? Você não me pede nada desde que começou a desconfiar de mim. Falando nisso, você confia em mim? — a mágoa era evidente em minha voz e eu não me preocupei em disfarça-la.

— Vamos até a minha sala e a gente conversa sobre tudo isso com calma.

— Calma não é uma coisa que eu tenho e eu não posso me dar ao luxo de tentar ter. Você tem muito tempo para pensar sobre o que quer, Noah. Algumas pessoas simplesmente não escolhem que destino seguir. Se soubesse o quanto é privilegiado, não faria ninguém esperar por suas boas vontades. — a esse ponto, meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu me praguejei por ser tão chorona.

Noah franziu a testa e me olhou de maneira preocupada.

— O que quer dizer? Você está bem?

— Eu ainda posso piorar muito, então digamos que sim, eu estou bem nesse momento. — forcei um sorriso. — Ao trabalho, doutor Urrea!

Desistindo daquela conversa, Noah se deu por vencido e assentiu.

— Faremos isso depois. — ele disse antes de entrar em sua sala.

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