Sparks • Bucky Barnes

By sarahverso

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𝑺𝑷𝑨𝑹𝑲𝑺. ⸻ Aos 26 anos, a vida de Charlotte Zhang não estava indo conforme havia planejado aos dezesseis... More

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epígrafe
prólogo
primeiro ato | o acordo
01 | boneca
02 | traição
03 | elevador
04 | descoberta
05 | harper
06 | noivado
07 | minha história
08 | docinho de morango
09 | namoradinha
10 | a mudança
segundo ato | o namoro
11 | daisy's
12 | sessão de fotos
13 | aniversário
14 | bem-vinda
15 | quites
16 | bandidos e traficantes
18 | pixels
19 | primeira audiência
20 | bucky barnes
21 | babá
22 | luz de velas
23 | minha mulher
24 | bom dia
25 | no paraíso
26 | recaída
27 | declaração
28 | juras de amor
29 | flores e decepção
30 | diamantes

17 | cinema

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By sarahverso

━━━━━━━━

O HOMEM acordou naquela manhã sentindo o corpo inteiro arrepiado, o lençol que o envolvia coberto de suor e o coração batendo disparado em seu peito, tudo graças a um sonho incrivelmente adorável e erótico com sua namorada falsa — a mesma que havia tomado conta de sua mente e cada mísera partícula que o compunha, fazendo seu coração bobo e frágil bater feito uma bateria de escola de samba do Rio de Janeiro.

Bucky esfregou as mãos no rosto, encarando o teto branco da sala de estar. Não conseguia tirar a imagem de Charlotte Zhang beijando todo o seu corpo, enquanto sussurrava que o amava, de sua mente. Ele olhou ao redor, sentindo seu pau erguer a cueca que o cobria, animado demais com o sonho quente.

Ele cobriu o quadril com uma almofada e sentou-se no sofá. Só então Bucky notou que estava sozinho em casa, sem a tal dona de seus pensamentos. Não sabia se sentia alívio ou preocupação. Charlotte não costumava acordar tão cedo assim, Bucky sempre acordava primeiro que ela. 

Jogando o lençol para o lados, procurou sua blusa sobre a mesa de centro, encontrando seu celular e um bilhete com a letra bonita da mulher. Bucky franziu o cenho, lendo o conteúdo do bilhete e arregalando os olhos. Ela tinha ido trabalhar mais cedo. 

— Que porra...

Ele desbloqueou o celular e seus olhos arregalaram ainda mais. Uma da tarde? Como assim? Ele nunca dormia até tarde assim. O seu máximo era dez da manhã. Isso explicava os sons insanos que seu estômago fazia. Estava faminto. 

Céus. Será que Charlie tinha o visto... naquele estado embaraçoso? E por quê diabos ela não havia o acordado quando levantou para ir trabalhar? Bucky soltou um suspiro, levantando do sofá e vestindo a blusa. Ele encontrou um ou outro gato espalhado pela sala e cozinha, seja dormindo, comendo ou brincando. 

Há quatro dias atrás, Bucky tinha voltado para a casa às duas horas da manhã completamente aos pedaços, sangrando por todo o apartamento até ser encontrado por seu anjo da guarda, que cuidou de suas feridas e o colocou para dormir como se ele fosse uma criancinha mimada e manhosa. Apesar da vergonha — afinal de contas, deve ter dito e feito coisas desnecessárias no seu estado deplorável de dor e inconsciência —, estava muito agradecido e ainda mais apaixonado por Charlotte, se é que era possível. 

Ainda estava se recuperando, no entanto, ainda sendo cuidado por sua enfermeira particular, que o enchia de comida, carinho e atenção. Charlie o dava remédios para dor, para infecções e fazia curativos todas as noites. Estava amando tudo aquilo. Porém, não aguentava mais ficar dentro de casa. Não aguentava mais ler as mensagens do grupo com Sam, Nat e Amy sobre as missões e não poder ajudá-los. Estava proibido por restrição de Charlotte e Amelia Griffins até estar totalmente recuperado. 

Bucky foi até a cozinha, bebendo o café frio que Charlie havia feito naquela manhã e tomou os remédios que ela havia deixado separado. Em seguida, decidiu tomar um banho gelado para dar um jeito naquele suor e nos pensamentos obscenos que estava tendo desde que acordou. 

Ele demorou bastante tempo debaixo da água fria, sussurrando e gemendo o nome de Charlie enquanto deslizava o punho de vibranium por seu membro, imaginando ela; apenas ela e sua boca, suas mãos, seu corpo. Ela por inteiro. 

Ao sair do banho, Bucky estava decidido a desrespeitar as restrições de sua namorada e melhor amiga, mas por uma boa causa. Ele vestiu uma calça jeans cinza, moletom com capuz preto, uma jaqueta bomber azul marinho e suas inseparáveis botas de couro. Então, passou perfume, desodorante, ajeitou os fios molhados de seu cabelo e escovou os dentes, antes de pegar o celular, a carteira, as chaves e o capacete.

Charlotte iria matá-lo. 

(...)

Bucky Barnes estacionou em frente ao restaurante, pendurando o capacete no guidão da moto. Ele desceu e ajeitou a jaqueta, tirando de dentro da mesma um buquê simples de lírios, gérberas e rosas. 

Os seus olhos pairaram sob as janelas do restaurante, que pelo horário já estava funcionando a todo vapor. As garçonetes andavam por todo o local, carregando bandejas recheadas de comidas e bebidas. Ele checou o relógio em seu pulso e entrou no Daisy's, buscando Charlotte com os olhos azuis.

Todos que estavam presentes no restaurante pararam o que estavam fazendo para observá-lo. Murmúrios espalharam pelo local, dedos sendo apontados em sua direção, risadas e sorrisos felizes, apaixonados e admirados, e um ou outro celular surgiu em seu campo de visão. Bucky quis revirar os olhos, mas segurou-se o máximo que pode, colocando um sorriso forçado em seus lábios e acenando para as pessoas que o cumprimentavam.

Apesar do desconforto e a vergonha — odiava ser tratado como um animal silvestre em um zoológico —, Bucky caminhou pelo restaurante, procurando o rosto de Charlotte em meio às pessoas. E, saindo dos fundos do restaurante, segurando uma bandeja recheada de comida e bebidas coloridas, com seu cabelo preso em um rabo de cavalo e seu vestido verde pastel e avental rosa, ele a viu caminhar em sua direção, totalmente distraída com o bloco de notas em suas mãos.

Charlotte Zhang estava exausta, uma leve camada de suor espalhava-se por seu rosto levemente maquiado. Os seus braços doíam de tanto carregar as bandejas de comidas e as pernas doíam de tanto circular pelo restaurante e a cozinha. Enquanto lia os pedidos que havia anotado em seu bloquinho e seguia até uma das mesas, não notou a presença imponente do homem alto e musculoso parado em seu caminho.

Quase. Quase que tinha acontecido um acidente desastroso e cheio de milk shakes e hamburgers, se Bucky Barnes não tivesse pigarreado, chamando a atenção dela. Charlie cessou seus passos de uma vez, segurando a bandeja pesada com as duas mãos e arregalando os olhos para o homem à sua frente.

— Bucky?

— Oi, moranguinho.

Charlie franziu o cenho, olhando de relance ao redor, notando os olhares curiosos e nem um pouco discretos de seus clientes. Ela forçou um sorriso e o olhou, tombando a cabeça para o lado.

— O que está fazendo aqui, ursinho?

— Surpresa! — disse ele, sorrindo e empurrando o buquê que havia comprado na direção dela.

Ele pegou a bandeja com uma mão, enquanto Charlie pegava o buquê com ambas as mãos e levava o nariz até as flores para cheirá-las. Um sorriso bonito surgiu nos lábios dela fazendo o coração de Bucky dar múltiplos saltos mortais em seu peito e as malditas borboletas se tornarem elefantes enquanto faziam uma festa em seu estômago, deixando-o parado feito um bobo apaixonado — o que ele, de fato, era: um grande bobão e completamente e loucamente apaixonado por Charlotte Zhang, sua namorada falsa. 

— São lindas, Bucky! — disse ela, sentindo as bochechas arderem. 

— Muito linda — murmurou ele, sorrindo e a olhando de cima a baixo. Então, uma ideia passou pela sua cabeça. Eram, em todos os casos, "namorados", né? E namorados trocavam selinhos em público, né?

Ele não era o maior fã de demonstrações públicas de afeto, algo que nos anos 40, não dava a mínima, só queria beijar na boca e dar um amasso com uma garota gostosa. Mas, hoje, depois de tudo que passou e sendo, infelizmente, uma figura pública — onde existiam olhos curiosos e julgadores em toda parte —, Bucky preferia manter todo o afeto com seus encontros entre quatro paredes. 

Contudo, parte do plano deles era fingir serem um casal apaixonado quando estivessem em público; era fazer as pessoas acreditarem no namoro deles. E com esse pensamento em mente, Bucky se aproximou de Charlie e segurou o queixo dela com dois dedos, colando seus lábios ao dela em um selinho demorado. 

— Hm... Estou trabalhando, bebê — Charlie disse, afastando-se dele e olhando ao redor envergonhada. 

— Desculpa — disse, passando a língua pelos lábios e deslizando a mão do queixo dela até a mão gelada e suada.

— O que está fazendo aqui? — repetiu sua pergunta. 

— Vim te buscar. Vamos a um encontro, que tal?

Charlie umedeceu os lábios, colocando o buquê embaixo do braço e tentando pegar a bandeja da mão de Bucky. Mas, ele negou com a cabeça e apontou para o bloco de notas em sua mão. Ela revirou os olhos e juntos foram entregar os pedidos das pessoas, com Bucky carregando a bandeja pesada enquanto ela colocava os pratos e copos nas mesas.

Assim que a bandeja esvaziou, Charlie guiou Bucky até um canto afastado do restaurante, perto do jukebox e dos banheiros. Ela pegou a bandeja vazia e a colocou debaixo do braço, voltando a cheirar o buquê.

— Um encontro? — perguntou. — Não posso sair agora. O restaurante está lotado.

— Quando é seu intervalo?

Charlie pegou o braço dele e olhou as horas no relógio de pulso, soltando um estalo com a língua.

— Foi a vinte minutos atrás. Agora eu só paro no fim do expediente, tigrão.

— Estamos sozinhos não precisa desses apelidos horriveis. — Charlie riu. — E que horas você sai hoje?

— Às quatro e quinze.

Bucky soltou um murmúrio, olhando ao redor enquanto ponderava. Estava sem nada para fazer mesmo. Se voltasse para casa iria voltar a dormir ou ler um livro.

— Ah, então eu espero. — Deu de ombros.

— Você vai esperar?

— Sim.

— Bucky, faltam duas horas para às quatro!

— E?

— E falta muito tempo. O que você vai ficar fazendo? — Ela franziu o cenho, olhando-o de cima a baixo. Então, a expressão serena, doce e bonita modificou para uma brava e séria. — Você nem devia estar aqui! Se eu bem me lembro mandei você ficar de repouso, seu cabeça dura.

Bucky espalmou as mãos no ar em sinal de rendição e sorriu de lado.

— Eu já estou me sentindo bem melhor, Charlie.

Ela fez uma careta e o entregou o buquê para ele segurar. Então, ergueu a blusa dele para examinar o curativo que havia feito na noite anterior. Sem sinal de sangue. Os hematomas roxos e verdes estavam começando a desaparecer.

— Eu já tomei os meus remédios. E se te deixa mais tranquila, eu trouxe os que eu preciso tomar mais tarde.

— Teimoso... — murmurou, revirando os olhos. — Se você começar a sentir dor ou abrir esses pontos, eu mesma te enfio uma faca.

Bucky sorriu, puxando-a para um abraço apertado. Ele enfiou o rosto no pescoço dela e riu, distribuindo beijinhos pela pele quente e arrepiada. A sua desculpa para tal? Os clientes curiosos que tentavam olhar para eles ou vinham usar o banheiro. 

— Tá, ta — disse ela, empurrando-o. — Vou colocar essas flores na água enquanto isso.

— O que tem de gostoso para comer? — indagou. seguindo Charlie pelo restaurante feito uma criança perdida e atentada. Ela pegou o cardápio de plástico e o entregou.

— Senta naquela mesa. Daqui a pouco vou pegar seu pedido, tá? Mas, eu recomendo o sanduíche de presunto e queijo e o milk shake de morango.

— Tá, vou querer isso aí. Pode trazer um refrigerante também? E uma porção de fritas, uma torta de maça e aquele donut bonitinho ali. — Ele sorriu de lado a lado, fazendo Charlie rir e bufar, enquanto anotava tudo que ele havia pedido em seu bloco de notas.

Duas horas depois — e três milk-shakes e duas águas —, com a barriga estufando pela quantidade de comida que havia ingerido, Bucky Barnes continuava sentado no mesmo lugar. Não tinha muito o que fazer em um restaurante, além de comer, é claro. Mas, já tinha comido e bebido mais do que devia.

Agora, ele assistia pela vigésima vez o mesmo vídeo no YouTube. Já não se importava com as outras pessoas ao seu redor e estava totalmente debruçado sobre a mesa, batucando os dedos sobre o tampo de madeira e sentindo os olhos pesarem enquanto assistia um rapaz de moicano verde desmontar e montar várias armas.

Charlotte estava limpando algumas mesas, vez ou outra olhava na direção de Bucky para conferir o que ele estava fazendo. Ele já havia comido e bebido — gastando em torno de cem dólares —, já havia lido e relido o cardápio, escolhido seis músicas no jukebox, mexido no celular — seja vendo vídeos, trocando mensagens com alguém ou falando com Sam via chamada vídeo. Bucky tinha até tirado um cochilo de quarenta minutos sobre a mesa dura e gelada do Daisy's, tudo isso só esperando o fim do turno dela. Por ela

Ela terminou de limpar as mesas do seu setor, juntou alguns cardápios e foi até os fundos do restaurante para se trocar. As suas colegas suspiravam e sussurravam o quanto ela era sortuda por ter um namorado tão lindo, carinhoso, fofo e atencioso. E ela sorria, concordando. 

Ao trocar seu uniforme por uma calça jeans escura e uma blusinha fresca. Charlie pegou sua bolsa e voltou para o salão. O celular estava caído na mesa, o vídeo sobre armas ainda rolando na tela, Bucky dormia de novo, com a boca aberta e os cabelos bagunçados.

Charlotte se abaixou, bloqueando o celular dele e sussurrando no ouvido dele:

— Vamos acordar, Bela Adormecida?

Ele resmungou, franzindo os olhos e coçando o nariz. Os fios do cabelo de Charlie, agora soltos, tocando o rosto dele.

— Bucky... Você está babando na mesa.

Nada.

— Ah... — murmurou, mordiscando o lóbulo da orelha dele. — Vou aproveitar que você está dormindo e ficar pelada...

Ele abriu os olhos, girando a cabeça para observá-la. Os olhos levemente vermelhos e pequenos pelo sono. Bucky soltou um suspiro longo e sorriu preguiçoso.

— Caraca, você é muito linda... — murmurou. — E você não está pelada, gata.

Ela riu, apertando o nariz dele.

— Eu sabia que usar a palavra mágica com P iria funcionar — explicou, ajeitando a bolsa nos ombros. — Seu safado!

Ele deu de ombros, enfiando o celular no bolso e olhando ao redor. O Daisy's já estava bastante vazio em comparação de quando havia chegado; apenas três clientes estavam espalhados pelo local, focados totalmente em suas comidas e bebidas.

— Uma mulher gostosa está sussurrando no meu ouvido, mordiscando minha orelha e ameaçando ficar pelada... — disse, como se explicasse algo óbvio e extremamente sério. — Claro que eu iria acordar. Eu poderia estar morto, mas se você dissesse que estava pelada... Ai!

Ele segurou os pulsos dela, evitando que os tapas fortes acertassem seu peito.

— Você é muito pervertido — disse, rindo.

— Você gosta... — Sorriu de lado, abaixando-se para beijar a bochecha dela. — Pronta?

Charlotte o empurrou e concordou com a cabeça, deixando Bucky pegar a sua bolsa e a guiar até o lado de fora. Ela franziu o cenho, encarando a moto preta estacionada na frente do restaurante.

— Você veio de moto? Nesse estado?

— Eu estou bem, Charlie. — Revirou os olhos, subindo na moto e colocando o capacete. — Sobe aí.

— Você não manda em mim. E se você ficar resmungando de dor essa madrugada... A minha ameaça de mais cedo vai se concretizar, Bucky Barnes.

Ele sorriu, levantando a viseira do capacete e a puxando para perto. Fofa. Charlotte brava era a coisa mais adorável do mundo. E quando ela se preocupava daquele jeito por ele, querendo o seu bem estar e melhora... Céus, como queria beijá-la até que seus lábios doessem e o mundo acabasse ao redor deles.

Pegando o outro capacete, Bucky colocou o cabelo de Charlie para trás e passou o capacete na cabeça dela, fechando e amarrando com cuidado. Em seguida, desceu as mãos pelos ombros dela até pegar as mãos geladas e suadas entre as suas.

— A minha enfermeira é muito boa — elogiou. — Ela cuida direitinho de mim. 

— Hm.. — murmurou ela, segurando um sorriso bobo de iluminar seu rosto. 

— Agora, você poderia, por favor, subir na moto? 

— Pra onde vamos? — indagou ela, subindo e abraçando a cintura dele. 

— Vamos ao cinema, que tal? — sorriu, ligando Lola e dando partida, não esperando uma resposta de sua garota.

(...)

Pelo horário que chegaram no cinema, não tinha nenhum filme interessante disponível além de um infantil sobre insetos e unicórnios coloridos. Bucky comprou pipoca e sorvete para Charlie — ainda estava cheio pelo que havia comido no Daisy's, então apenas bebeu um refrigerante. 

Ao saírem do filme, Charlotte tinha o rosto molhado por conta das lágrimas e Bucky tinha um vinco em meio as sobrancelhas. 

— Não acredito que o besouro morreu... — disse ela, limpando o rosto com as mãos. — Depois de tudo o que ele passou e fez no filme todo? Não é justo, tadinho.

Bucky a olhou, franzindo ainda mais o cenho.

— Como que um unicórnio e um peixe transam? — indagou, passando um braço sobre os ombros dela. — Tipo... Não faz sentido.

Charlotte deu uma cotovelada nas costelas dele, olhando-o com um misto de surpresa, diversão e irritação. Ele encolheu os ombros e riu, usando a manga de sua jaqueta para limpar o nariz dela que escorria.

— Melequenta, é uma pergunta genuína. 

Ela bufou, batendo o pé no chão. Melequenta. Aquele terror de apelido. No entanto, o apelido trouxe muitas lembranças para eles. Haviam se conhecido meses atrás, quando ela estava aos prantos e largada no corredor. E odiava admitir, mas, sim, estava coberta de melecas naquele dia. 

— O besouro morreu, Bucky! Ele sacrificou tudo que ele tinha para salvar a fauna e a flora — disse. — E tudo que você está pensando é em como o Flubby e a Solar fazem sexo?

Bucky gargalhou.

— Esse filme foi um horror! — comentou. — E, de novo, é uma pergunta genuína. Não vai me dizer que você não pensou, nem por um minuto, como o Flubby e a Solar fizeram seis bebês cavaleixe?

— É peixórnio! — corrigiu, revirando os olhos. — E não! Não pensei, Bucky.

— Pensou, sim! Eu vi a sua cara quando aqueles monstrengos surgiram do nada! — Gargalhou, bagunçando os cabelos dela e recebendo vários tapas no peito. — Ai, ai, ai! A minha barriga!

Ela arregalou os olhos, vendo o homem se encolher em um banco enquanto tinha as mãos sobre o abdômen. Não conseguia ver o rosto dele, mas Bucky gemia de dor, ofegava, resmungava e fungava. Não se perdoaria se tivesse o machucado, ou pior, batido tão forte que havia aberto os pontos que havia feito nele.

Charlie tocou os ombros dele, sentindo o coração disparar em seu peito. Ela conseguiu segurar o rosto dele com as mãos e o virou em sua direção, não vendo nenhuma lágrima ou expressão de dor. No entanto, antes que o repreendesse ou xingasse, Bucky inclinou a cabeça para frente e colou a boca na dela, roubando um selinho estalado.

Não teve tempo de reagir, pois tão rápido quanto ele a beijou, ele já havia corrido para longe dela, gargalhando feito uma criança travessa. Charlie sentiu as bochechas corarem, mas riu, seguindo Bucky pelo shopping.

Bucky estava parado ao lado de uma cabine de fotos instantâneas quando o encontrou, ainda rindo todo presunçoso. Ela beliscou o bíceps dele e apontou o dedo na direção do rosto dele, que riu mais ainda. Rindo na cara do perigo. Sabia que Charlie poderia bater nele de novo, mas também sabia que ela ficaria com dó e medo de machucá-lo ainda mais e agravar o seu estado de saúde. Era jogo sujo usar de sua condição atual para provocá-la e irritá-la, mas estava adorando ter uma vantagem sobre ela.

Ele olhou ao redor, observando a cabine de fotos. Era preta e tinha uma cortina vermelha na porta. Em uma das paredes tinha vários modelos de como as fotos poderiam ser, desde quatro a dez, na horizontal ou vertical, com efeito ou sem.

— Vamos? — perguntou ele, abrindo a cortina e examinando o interior. Bem simples. Um banco acolchoado, algumas luzes, uma gaveta com acessórios e a câmera acoplada na parede ao lado de uma telinha.

Charlie ficou na ponta dos pés para olhar por sobre os ombros dele. Nunca tinha entrado em uma cabine daquelas para tirar fotos. Sempre viu filmes ou séries, ou até celebridades, usando esse tipo de cabine. Achava bem fofo o tipo de fotos naquele estilo e sempre quis ter suas próprias fotos.

Bucky pegou a carteira no bolso da calça, tirou uma nota de cinco dólares e enfiou no espaço necessário, escolhendo a quantidade e o estilo de fotos que queria. Em seguida, entrou na cabine e se sentou no banco, esperando por Charlotte. 

Ela franziu o cenho, tombando a cabeça para o lado e disse:

— Onde eu vou sentar? Você ocupou o espaço inteiro da cabine com seu corpo de três metros.

Bucky revirou os olhos, sorrindo. Então, deu um tapinha em seu colo.

— Aqui tem um lugar pra você, melequenta.

— Eu vou cuspir na sua boca quando você estiver dormindo — resmungou, entrando na cabine e sentando-se no colo de Bucky.

O homem aumentou o sorriso, abraçando-a pela cintura e abrindo as pernas para que ela pudesse ficar mais confortável em seu colo. Ele esticou o braço até o botão que iniciava as fotos e cutucou a cintura de Charlotte com o dedo de vibranium para fazê-la rir no momento em que o primeiro flash piscava.

— Outra pose! — disse ela, recuperando-se do riso e virando-se no colo dele para olhá-lo e fazer o sinal de paz e amor sobre a sua cabeça, enquanto Bucky fazia uma careta e fingia estrangulá-la. 

Na pose seguinte, Bucky apertou a cintura dela com um braço e com a outra mão, enfiou um dedo no nariz dela, fazendo uma careta de nojo enquanto Charlie tentava ficar brava, mas não conseguia segurar o riso.

— Palhaço!

— Tinha que ter uma fazendo menção honrosa às suas melecas, né — disse, sacudindo os ombros e rindo da careta dela. — Vamos, tem mais três fotos!

— Não sei o que fazer.

Bucky segurou o rosto dela com as mãos e virou em sua direção, fazendo Charlie arregalar os olhos.

— Se você me bei... Credo! — disse, interrompendo-se quando a língua de Bucky tocou a sua bochecha e outro flash iluminava a cabine. Ele gargalhou, usando a mão para limpar os resquícios de saliva no seu rosto. 

— Essa vai ficar boa — comentou ele, sorrindo de leve. Ele acariciou a bochecha dela com o polegar, umedecendo os lábios com a ponta da língua. Charlie sentiu o coração disparar. E, por um breve momento, achou que ele fosse beijá-la de novo. Ele não iria, né?

A última vez que se beijaram, no aniversário de Blake, foi a um mês atrás. Depois disso, eles apenas trocavam selinhos quando estavam em público. E estava satisfeita com isso, apesar de, ás vezes, desejar sentir a boca dele novamente.

Bucky a olhava com muita intensidade, a boca levemente entreaberta e a respiração ofegante. Era muito intenso e intimidante. Não se cansava de dizer o quão bonito Bucky era, mas ali, tão de perto, com seus narizes a centímetros de distância, a beleza dele era de tirar o fôlego

Ela abaixou a cabeça, quebrando o contato visual e sentindo as bochechas queimarem. A mão de Bucky envolveu seu queixo, dois dedos erguendo sua cabeça. Um flash iluminou os olhos azuis dele, e ela viu determinação, desejo e algo a mais que não soube dizer o que era. 

Não teve tempo de afastar ou dizer algo, nem ao menos tentou, quando o nariz dele tocou o seu e os lábios rosados encostaram nos seus de leve. A mão dele se abriu em sua bochecha, os dedos longos chegando até a base de sua nuca com firmeza. Ele fechou os olhos, respirando fundo enquanto roçava o nariz em seu rosto. 

Charlie fechou os olhos, abrindo a boca e tocando o peito dele com a mão trêmula. E entendendo aquilo como um consentimento, Bucky selou os seus lábios. E foi como se o mundo parasse ao redor dele e não existisse mais ninguém além deles e daquele momento. 

A outra mão de Charlotte foi até a nuca dele, puxando-o mais perto e abrindo a boca mais para receber a língua de Bucky. O beijo começou lento, com Bucky provando a sua boca e explorando cada cantinho com a língua habilidosa. 

Céus, como desejou beijá-la novamente. Ele tinha perdido as contas de quantas vezes havia sonhado com aquilo; de tê-la em seus braços novamente, de sentir os toques dela, os lábios macios. 

Ele deslizou a mão até a nuca dela, agarrando os cabelos da região e guiando a cabeça de Charlie no beijo. A sua mão livre encontrou residência na coxa de Charlie entre as suas pernas. A posição não era a das melhores, estavam totalmente tortos enquanto se beijavam, mas não davam a mínima. 

Ele apertou a coxa dela com força, aumentando a velocidade do beijo e puxando os cabelos dela em seu punho. Charlotte soltou um gemido baixo e rouco, arranhando a sua nuca com as unhas compridas. Porra

— Eu senti falta do seu beijo — murmurou ele, puxando o lábio inferior dela entre os dentes e sorrindo de lado.

— Cala a boca — disse ela, ficando de pé e apoiando as mãos em seus ombros. Bucky franziu o cenho, quase decepcionado por ela ter se afastado, mas logo entendeu o que Charlie queria.

Ele sentiu o estômago gelar e seu pau pulsar quando Charlotte sentou em seu colo novamente, desta vez, de frente pra ele, bem colada ao seu corpo. Bucky abriu a boca para dizer algo, mas Charlie o calou com um beijo, enfiando a língua em sua boca e bagunçando seus cabelos. Puta que pariu. Se isso fosse um sonho, ele não queria nunca mais acordar. 

— Me toca, porra — remungou ela, mordiscando o seu lábio inferior, chupando-o e gemendo contra seus lábios. 

E Bucky obedeceu, colocando as mãos na cintura dela, deslizando-as por todo o corpo de Charlotte Zhang. Ele puxou o cabelo dela para trás, levando a boca até o pescoço arqueado e arrepiado, distribuindo beijos, lambidas e mordidinhas pelo local. Charlie riu, remexendo-se em seu colo.

— Acho melhor você ficar bem quietinha — disse ele, apertando a bunda dela. — Ou vai encontrar algo que não quer.

— Quem disse que não quero? —  sussurrou, rebolando contra o volume da calça dele. Bucky jogou a cabeça para trás, apoiando-a na parede da cabine.

— Charlie, Charlie... — Riu baixo. — Não comece algo que não vai terminar, amor.

Ela sorriu de lado, voltando a beijá-lo como se Bucky fosse sua sobremesa favorita, lambendo, chupando, mordendo seus lábios. Ela puxava os seus cabelos, arranhava a sua pele, apertava os seus ombros e gemia o seu nome baixinho. Estava fodido. Se ela ao menos soubesse a felicidade — e desejo — que estava sentindo... A forma que seu coração batia desenfreado em seu peito, querendo abrir um buraco em sua pele e cair nas mãos dela.

Não queria pensar nas consequências daquele beijo tão cedo. Charlotte só queria Bucky. Ela só queria beijá-lo da forma que deveria ter feito no aniversário de Blake, de corpo e alma; com tudo de si. E, céus... Bucky beijava bem pra caralho. Ele sabia exatamente o que fazer com as mãos e a boca. Ele sabia exatamente o que dizer para deixar o seu corpo em combustão.

Estava prestes a cometer uma loucura em meio a um shopping lotado de Manhattan. Estava prestes a jogar todas as suas regras para o alto. Estava prestes a encontrar algo que queria, prestes a começar algo... O seu quadril começou a se mover sobre o de Bucky, daquela forma gostosa e lenta, quando a cabine em que estavam começou a apitar, fazendo Charlie dar um pulo no colo de Bucky e quase cair para trás.

— Caralho — resmungou ele, encarando a câmera apontada para eles e a pequena tela ao lado. As palavras em letra cursiva piscavam na telinha, dizendo que as fotos estavam prontas e impressas do lado de fora. 

Charlotte engoliu em seco, saindo do colo de Bucky e ajeitando as roupas e os cabelos enquanto os seus olhos fixavam-se em um local bem interessante do corpo de Bucky Barnes. Ele estava duro, o volume generoso empurrando a calça jeans que ele vestia de uma forma extremamente tentadora. 

Ele pigarreou, ajeitando a virilha e ficando de pé, passando as mãos pelos cabelos bagunçados.

— Hm... Melhor a-a gente ir... — disse ele, abrindo as cortinas vermelhas e espiando o lado de fora. Estava vazio, ainda bem. — Vem!

Charlie saiu da cabine e parou ao lado de Bucky, vendo-o pegar as fotos da cabine e examinar cada uma delas com interesse. As fotos estavam em preto e branco e na vertical, e realmente, cada uma das poses bobas que fizeram tinham ficado boas, engraçadas e espontâneas.

— Opa... — murmurou ele, rindo.

— O que?

— Olha as últimas — disse, entregando a foto para Charlie. 

As duas últimas fotos estavam bem quentes, por assim dizer. A primeira era Bucky segurando o queixo de Charlie enquanto eles se olhavam. E a última... Os dois estavam se beijando com desejo, a mão dele enfiada em seu cabelo e a sua agarrando a blusa dele. 

— Meu Deus...

Eles riram, analisando as fotos em silêncio, as bochechas coradas e os corpos colados e quentes. Em suas mentes, tudo que pensavam era no amasso gostoso e no que teria acontecido se a cabine não tivesse os interrompido.

━━━━━━ ☆ ━━━━━━

Nota da autora: Não vou me estender muito aqui, maaaaas VEIO AI MAIS UM BEIJO! E dessa vez os dois estavam na mesma vibe, e que vibe, né? hehehe

Espero que tenham gostado! 🩷

Vejo vocês semana que vem com um capítulo ENORME hihihi

Até mais! 🥰😘

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